A Profecia de Francis



O.B.S.: À partir deste capítulo, vou colocar as datas e locais no início para facilitar o entendimento e notas à respeito do comportamento de Tom e relacionando-o ao futuro Voldemort.


1945-1947 – Londres/Paris


Naquela mesma noite, após uma rápida passagem em casa para escrever uma carta anônima contendo informações preciosas sobre Grindewald para Dumbledore, Tom aparatou diante da grande casa quase desabando de feitiços protetores cercando-a, que servia de sede para a Ordem das Trevas de Grindewald.
O principal disfarce que ocultava a enorme mansão não era, como poderia se esperar, um Fiel do Segredo. Toda a rica vizinhança tinha sido transfigurada num bairro paupérrimo de subúrbio trouxa, onde a casa mais rica sequer contava com reboco sobre os muros de tijolo aparente. A mansão agora não passava de um barracão de madeira mal erguido sobre pilastras de concreto aparentes, com toneladas de lixo fedorento completando o cenário deprimente.
Tom se aproximou da porta oculta por uma cacimba de lixo transbordante e tocou a campainha. Como esperava, uma velha senhora caquética o recebeu. Os olhos da mulher o analisaram de cima à baixo e ela mandou que Tom entrasse.

Imediatamente o cenário mudou. A mansão retomou suas proporções originais e o luxo ofuscante de tapetes persas e maçanetas de ouro reluzente substituiu a pobreza miserável que sugeria a aparência exterior. A velha senhora imediatamente assumiu a forma de um elfo doméstico igualmente velho.

Sussurros nervosos ecoavam da grande sala de reuniões no segundo piso. Tom subiu as escadas cautelosamente e empurrou a porta entreaberta sem bater. As vozes estavam muito exaltadas.

“...e então o maldito Dumbledore chega com dezenas de aurores e nos faz o favor de quebrar a maldita Profecia” – Rugiu o velho bruxo
“...é o fim, estamos encurralados” – Sentenciou uma Darknight loira com a voz muito sombria, ao lado de seu mestre.

Pressentindo ter chegado em uma péssima hora, Tom empurrou a porta e pigarreou alto, anunciando sua presença.

“Riddle, meu caro Riddle, entre e junte-se a nós. Estávamos justamente discutindo estratégias para contornar a situação difícil em que nos encontramos. Situação passageira, é claro, mas, de qualquer maneira...” – Grindewald suspirou cansado.
Tom se assustou; nunca tinha visto o velho Bruxo das Trevas agir daquela maneira quase gentil. Ele parecia completamente exausto e até mesmo o brilho maníaco tinha desaparecido de seu olhar. Seus servos pararam de cochichar entre si e encararam Tom com desconfiança. Um olhar sob a máscara, no entanto, chamou sua atenção...

O que diabos ela está fazendo aqui?!

“Velha ao meu escritório depois, Riddle, precisamos conversar sobre aquele seu servicinho...” – Disse Grindewald, antes de se retirar.
Os outros se retiraram atrás de seu Mestre, permanecendo apenas Tom e a Darknight loira. Assim que a porta se fechou atrás deles, a mulher retirou a máscara e revelou o rosto conhecido.
Thomas Riddle! O mundo é mesmo muito pequeno...” – Disse a mulher, com uma gargalhada aguda. Tom sorriu-lhe de volta.
“Ora, ora, ora! De volta às origens, Francis?”
Francis concordou com um aceno da cabeça e um novo sorriso. Tom não pôde deixar de notar que aquele conhecido sorriso pervertido dela estava aparecendo com uma freqüência bem maior do que aparecia quando ainda freqüentavam Hogwarts.
E céus, como ela cresceu!

“Nunca imaginei que justo você ia virar um pau-mandado de Grindewald. Você sempre me pareceu tão superior a isso...” – Ela disse, acendendo um cigarro nas mãos enluvadas.
“E você, que faz aqui?”
Francis deu uma longa tragada em seu cigarro, como se pensasse, antes de responder:
“Uma dama indefesa precisa se proteger.”
Foi a vez de Tom Riddle rir. Francis podia ser tudo, menos uma dama indefesa...
“Se você está pretendendo dar o Golpe do Baú no velho, aconselho-a a se apressar; Dumbledore pode chegar a qualquer momento.”
“Você não devia falar assim de seu mestre, Tom”
“Ele não é meu mestre.” – Respondeu, divertido. Enrolou a manga esquerda da blusa e mostrou o antebraço sem a Cruz Flamejante. Francis não pareceu se abalar.
“Não é isso o que diz a Profecia.” – Ela disse, fitando a recém-surgida expressão de curiosidade de Tom.
“Profecia? Que Profecia?”
“Não me diga que você não sabia...?”
Francis assumiu um falso ar etéreo e forçou uma voz rouca e profunda.
A queda do Grande Feiticeiro das Trevas enfim chegará, pelas mãos de seu servo mais rebelde, surgido no início dos tempos através da mais pura ancestralidade manchada pelo sangue comum daquilo que Ele mais abomina... E o Grande Feiticeiro não o marcará como servo, mas como um igual e a ele ensinará suas Artes e aquilo que para o Servo Rebelde será maior sua força e sua maior fraqueza. A Queda do Grande Feiticeiro das Trevas enfim chegará pelas mãos de seu servo mais rebelde surgido no início dos tempos através mais pura ancestralidade manchada pelo sangue comum daquilo que Ele mais abomina...

Francis parecia deliciada com a visão de Tom completamente perplexo, absorvendo cada uma de suas palavras. Terminou seu relato com uma profunda gargalhada divertida e acrescentou:
“Grindewald está profundamente convencido de que aquele que o derrotará é você, Tom. Por qual outra razão ele teria se mostrado tão solicito em lhe passar informações, se não fosse para cumprir os dizeres da profecia e depois mata-lo? E, me desculpe, você não se considera um servo? Eu ouvi Grindewald falando com você sobre um servicinho que você teria prestado a ele. Que eu saiba, apenas servos prestam servicinhos a seus mestres...” – Ela parou para soltar mais uma baforada de fumaça para o teto.
“C-como foi que ele me descobriu?”
“Fui eu, bobinho. Fui eu, e não Avery, quem contou tudo sobre você; como você era Herdeiro de Slytherin, porém mestiço, que nasceu no início dos tempos, ou seja, na virada do ano, e fui eu quem contou que você era muito interessado em Artes das Trevas. Você não achou que ia sair ileso do mau que me causou, achou?” – Francis continuava usando o tom de voz sonhador e ligeiramente divertido, que fazia o sangue de Tom ferver de ódio...

Vadia desgraçada...

“Agora, se me dá licença, tenho assuntos pessoais a tratar.” – Ela disse, apagando o cigarro no cinzeiro de pedra e saindo.

[...]

Tom bateu na porta de madeira escura à sua frente com uma mão trêmula enquanto a outra apertava compulsivamente o frasco de poção verde-fluorescente escondida no bolso interno de suas vestes. A voz grave de Grindewald mandou-o entrar.
“Precisamos conversar, Riddle. Sente-se.” – Disse o velho bruxo apontando para uma cadeira à sua frente.
Tom reparou que o brilho maníaco tinha voltado aos olhos do bruxo. Não conseguiu evitar de pensar nos dizeres daquela profecia... Um mau pressentimento o invadiu...

Ele vai me matar...

“Quero saber como andam as investigações do projeto secreto de Dumbledore com o Ministério Italiano.” – Mas pelos seu tom de voz, Tom pôde perceber que o que menos lhe interessava naquele momento eram os projetos secretos.
“Hum... Bem, eu ainda não consegui muitas informações...”
Tom observou a mão de Grindewald escorregar para dentro das vestes procurando a varinha discretamente. Suas mãos também buscaram a varinha. Os dois bruxos, o jovem e o velho, se encararam por alguns momentos, quando...

BUM!

Um barulho no andar de baixo desviou a atenção de Grindewald. Rapidamente, o velho bruxo se levantou e colocou a cabeça para fora da porta, buscando alucinadamente a origem daquele ruído ensurdecedor. Tom aproveitou e despejou a poção enfraquecedora no cálice de bebida.
No entanto, tudo parecia calmo. Os poucos Darknights que ainda estavam na casa desceram e começaram uma investigação meticulosa pela casa. Como não encontrassem nada, voltaram a seus postos, convencidos de que a origem daquele barulho era devido a alguma batida de carro na rua trouxa lá fora. Grindewald retomou seu assento em frente ao de Tom.
“Posso saber onde você está trabalhando agora, Riddle?” – Perguntou Grindewald, novamente não demonstrando o mínimo interesse na conversa.
Já tinha a varinha na mão esquerda e preparava-se para aponta-la para Tom por debaixo da mesa. Mas antes, porém, tomou o cálice de vinho onde Tom tinha despejado a poção e deu um grande gole do liquido. O rapaz não pôde deixar de sorrir...
BUM!
Novamente, o barulho que desviou a atenção de todos. Agora, no entanto, era possível saber a origem exata das explosões: Dumbledore e dúzias de aurores tinham finalmente quebrado a barreira de proteção mágica criada ao redor da casa. Grindewald e os Darknights desceram rapidamente para o átrio de entrada, onde Dumbledore com sua expressão mais estranha no rosto, e os aurores que já duelavam, tinham aparatado.

Os dois bruxos, Grindewald e Dumbledore, se encaravam com intensidade. Mas enquanto a expressão do bruxo das trevas era de profundo ódio e rancor, o rosto de Dumbledore não expressava nada além de serenidade e um tanto de divertimento.
Tom se escondeu atrás de uma tapeçaria, e se pôs a ouvir a conversa entre os dois.
C´est fini, meu caro Andrew. Se eu fosse você entregava a varinha pacificamente, sem luta. Nós dois sabemos que você está sozinho, agora.” – Dizia Dumbledore.
“E nós dois sabemos que não é você que tem o poder de me derrotar” – Grindewald rugiu em resposta.
“Sim, eu sei da profecia. Você, num gesto de extrema tolice, devo dizer, fez questão de alardear à respeito da sua suposta condição de invencível.”
“Então como pretende me vencer?”
“Acontece que foi graças a uma preciosa informação do seu servo mais rebelde que viemos parar aqui” – Disse Dumbledore calmamente apontando para os aurores que ainda lutavam contra os Darknights.
“O q-que, como...?” – Perguntou Grindewald, aturdido, olhando ao redor.
Tom sentiu um arrepio, e então percebeu que Dumbledore de algum modo o tinha visto atrás da tapeçaria.
“Sugiro que saia daí de trás, Tom. Você precisa estar presente para ver a profecia se cumprir.”
E, de fato, Tom saiu, revelando sua presença. Não lhe ocorreu perguntar como Dumbledore descobrira que a informação na carta anônima tinha sido enviada por ele. Grindewald agora estava cercado; Dumbledore e seus aurores de um lado e Tom do outro; as varinhas apontadas para o coração do bruxo.
“TRAIDOR!” – Gritou Gridewald, em direção a Tom.
Ele ignorou o grito e voltou-se para Dumbledore, que observava a cena, curioso.
“Eu não sabia. Descobri hoje. Eu tenho que mata-lo, não tenho?” – perguntou.

Dumbledore sorriu serenamente.
“Oh, não, veja bem, você já cumpriu sua parte na profecia me revelando o local do esconderijo de Andrew Gild. Não precisa sujar as mãos desnecessariamente... Embora eu tema que você não se importe muito em matar alguém.”
Não ocorreu a Tom corrigir o professor. Grindewald continuava observando a cena aturdido. O rapaz também reparou que sua poção provavelmente estava fazendo efeito, pois repetidas vezes o velho bruxo das trevas fracassou em sua tentativa de desaparatar.
“Não é tão fácil assim me matar, Dumbledore” – Rosnou Grindewald.
“Não, receio que não seja fácil. No entanto, o que eu tenho em mente não é, de modo algum, mata-lo.”
“Então o que é?”
Dumbledore ignorou a pergunta.
“Estou me perguntando agora porque você ainda não agiu”
Grindewald apontou a varinha para Dumbledore e uma enxurrada de feitiços obscuros (a maioria, porém, conhecida de Tom) jorrou de sua boca, nenhum deles, porém, fazendo efeito.
Expelliarmus” – Disse Dumbledore tranqüilamente.
A varinha de Grindewald saltou de sua mão e foi parar na mão estendida do outro bruxo. Grindewald rugiu de ódio e avançou contra Dumbledore, mas antes que suas mãos atingissem o alvo, seu corpo enrijeceu e caiu como uma taboa no chão, petrificado. Intrigado, Dumbledore se ajoelhou ao lado do corpo inerte e examinou-o durante uns momentos. Então voltou um olhar enigmático para o jovem Tom Riddle que assistia a tudo impassível.
“Uma variante da poção enfraquecedora. Foi você...?”
Tom assentiu. Os aurores assistiam a tudo calados.
“Acho melhor irmos agora” – Disse Dumbledore aos aurores – “A imprensa já deve estar chegando e Merlin sabe como eu não estou a fim de dar mais entrevistas. Você pode ficar, Tom, aposto como eles iam adorar ter você.”
Mas a última coisa que Tom queria era uma capa de jornal.
“Uma Ordem de Merlim também não lhe cairia mal, eu suponho”
E com essas palavras, Dumbledore desaparatou ao lado do corpo inerte de Grindewald e os aurores o seguiram, deixando Tom sozinho com os poucos Darkinghts que tinham lutado.

Na outra extremidade da sala, porém, um gemido agoniado chamou sua atenção.
Tom passou pelos corpos feridos, estuporados e até mortos do antigo grupo agora destroçado.
O gemido partia do belo corpo vestido de vermelho de Francis Finningham. Atingida por uma maldição Cruciatus errante. Tom pôde ver que ela estava quase desacordada, mas por um acaso cruel do destino, o feitiço não permitia que a vítima descansasse; ela sofreria até a loucura ou a morte...
Me....ajude...” – Clamou ela, sôfrega.
Foi a vez de Tom ostentar o velho sorriso perverso. Apenas se abaixou e depositou um beijo nos lábios pintados de carmim da bruxa agonizante deitada ao seu lado. E então falou, antes de fechar a porta:
“Adeus, Francis”. – E sorriu de novo.

[...]

As ruelas frias do subúrbio de Paris se insinuavam, tortuosas, à sua frente, como um labirinto escuro que o desafiasse a trilhar seus mistérios.
O ruído de seus passos era abafado pelo pinga-pinga constante da chuva forte que caía ao seu redor, porém sem molha-lo. Chegou finalmente ao seu destino; um beco suspeito atrás de um velho casarão depredado que os sem-teto usavam para se abrigar de dias chuvosos como aquele.

O frio. A escuridão. O miado faminto de algum gato vadio. Tom esperou pacientemente, enquanto observava as gotas de água desviarem de seu corpo como se batessem numa redoma invisível. Consultou o relógio: Dez para meia-noite.

Não deve faltar muito agora...

Então ela surgiu; rastejando silenciosamente, sibilando coisas incompreensíveis para a maioria dos mortais, mas que para Tom Riddle faziam todo sentido do mundo. A grande serpente verde, outrora colorida, serpenteou circulando o jovem homem oculto por uma capa cujo capuz, se baixado, revelaria um belíssimo rosto marcado por uma expressão de euforia e um fulgor vermelho em seus olhos escuros.
“Por onde andou, meu caro rapaz?”
“Cumprindo profecias, creio”
“E o que o leva a tão longe de casa?”
“Receio estar longe de casa desde que me formei. Apenas recebi uma proposta de emprego no Ministério da Magia francês e resolvi que passar o resto da vida como balconista não me cai bem”
Nagini sibilou e sua língua bifurcada farejou o ar.
“Você não sabe mentir para mim”
“E você precisa me ensinar a ser tão talentoso em legilimência”
A cobra mostrou a comprida língua novamente, numa espécie de sorriso.
“Creia-me; você é tão talentoso em legilimência quanto um ser humano pode ser.”
“Mas eu não quero ser humano...”
E nesse momento, o corpo do jovem homem se desmaterializou e tudo que a mente de Tom Riddle pôde enxergar foram as espirais sufocantes do corpo esguio da serpente. Seus olhos agora não eram mais os costumeiros castanho-escuro amendoados e adornados por cílios espessos, e nem expressavam a máscara de ingenuidade e inocente inteligência que Tom sustentava todo dia em seu trabalho e que tinham levado-o a galgar rapidamente os degraus da rígida hierarquia do Ministério da Magia da França, alcançando o posto de vice-Chefe do departamento de execução das Leis Mágicas em apenas dois anos.

Tom Riddle serpenteou, preso no corpo da cobra, voltando pelas ruelas desertas, oculto pelas sombras da noite sem lua. Seu destino era um dos luxuosos Arrondissements onde ele vivia...

A enorme serpente entrou sem ser vista pela janela entreaberta, diretamente no quarto do velho homem que roncava sonoramente. A cobra serpenteou e ficou de frente para o homem, armando um bote poderoso... E então desceu, sequer dando tempo para que ele se defendesse.



[...]

“Terrível, terrível, senhor. Uma perda irreparável. Nenhuma idéia de como isso aconteceu?”
“Não, suponho que não. Uma lástima, realmente. Não entendo como uma cobra pôde simplesmente invadir a casa dele e atacar assim, sem mais nem menos. Em todo caso...”
“Já sabem quem vai assumir, senhor?”
“Riddle, eu suponho.”
“O inglês?”
“É, ele mesmo”
“Mas ele não é um pouco novo para o cargo?”
“Ah, não, Camille, você não sabe do que esse homem é capaz. Um bruxo realmente extraordinário, ele é; foi só por isso que o deixaram trabalhar no Ministério mesmo sendo estrangeiro.”
“É suponho que o Ministério saiba o que está fazendo...”
Mas Pierre e Camille tiveram de parar a conversa, pois o mesmo Tom Riddle sobre quem fofocavam acabava de passar pela entrada principal do átrio, arrancando risadinhas das secretárias e estagiárias que costumavam se juntar naquele horário em que Riddle costumava chegar para o trabalho para observa-lo passar.
“Não é possível!” – Disse Camille para a colega ao seu lado que se abanava com as mãos – “Esse cara só pode ser meio-veela!”
“Cada dia que passa ele está mais bonito!” – Completou a secretária, olhando sonhadora para as costas do bruxo que acabava de tomar o elevador.
Pierre encarou as colegas com profundo desprezo e desapareceu tomando o mesmo elevador que Riddle.

Pensando que durante aqueles dez minutos de espera pelo elevador, seu ego já tinha sido inflado o suficiente para o resto da vida, Tom apertou o botão que o levava ao terceiro andar. Percebeu o olhar de inveja mal disfarçado que o colega lhe lançava. Quando o ascensorista anunciou seu destino, Tom desceu. Estava realmente feliz. O Ministro da Magia Francês, um homem alto e corpulento de bigodes enrolados e uma careca reluzente, que costumava usar vestes de cores chamativas e um chapéu-coco verde-limão, ostentava uma expressão de pesar.
“Vejo que ainda não sabe das notícias, Riddle.”
“Notícias...?”
O costumeiro ar de inocente curiosidade pairou sobre Tom. Aquilo sempre funcionava tão bem...
“É, bem, houve um ataque horrível ontem à noite e Walden Hasburgo está morto. Você, naturalmente, como vice-chefe, foi denominado para assumir o cargo da chefia.”
Tom teve de lutar muito para não demonstrar sua felicidade imediatamente. Ao invés disso, forjou mais uma de suas expressões inocentes, aperfeiçoadas com primor durante os anos em Hogwarts.
“Morreu? Mas como assim...?”
“É bem, parece que uma cobra o atacou na calada da noite. Ainda estamos investigando isso.” – E então o Ministro puxou um lenço branco de suas vestes e enxugou a careca suada de nervosismo – “Você pode assumir, sim? Haveriam formalidades, mas nas atuais circunstâncias... Presumo que você vai querer conhecer sua nova sala, agora.”

Era uma sala redonda de móveis de carvalho muito lustrosos e um tapete felpudo no centro. A escrivaninha estava abarrotada de papéis de aparência enfadonha. O Ministro passou rápidas instruções ao novato Riddle e deixou-o sozinho em sua nova sala, alegando problemas com o Inquérito da misteriosa cobra que atacara o ex-Chefe do departamento de Execução das leis mágicas.

Tom olhou admirado para a sala que exalava autoridade. Tinha sido fácil, extremamente fácil...

Depois da fatídica noite da derrota de Grindewald (nenhuma menção ao seu nome, claro. O mundo mágico jamais saberia que Lord Voldemort foi de fundamental importância na derrota do – oh, que ironia – maior bruxo das trevas daquela época), Tom recebeu uma Ordem de Merlim, primeira classe, o que fez muito bem ao seu cofre quase vazio no Gringotes. Dois dias depois a velha Hepzibá Smith tinha sido encontrada morta, e embora a culpa tivesse recaído sobre a velha elfa Doméstica, Tom fugiu. Alguém em algum momento daria pela falta dos preciosos tesouros que a velha senhora guardava e as suspeitas cairiam sobre Tom.

Estabeleceu-se em Paris e arrumou um emprego no Ministério Francês. Apesar de ser estrangeiro, tinha excelentes contatos no ministério Inglês e as notas que o apontavam como um bruxo extraordinário que logo demonstrou ser. Sendo inteligente, educado e incrivelmente atraente (nesse Ponto Tom tinha de concordar com as secretárias e estagiárias – cada dia que passava, estava mais bonito), conquistou fãs (e claro, inimigos) por onde quer que passasse. E agora, menos de três anos após aportar na cidade, ali estava, numa inegável condição de superioridade e poder. Onde não planejava permanecer por muito tempo. É tudo simplesmente tão fácil que até perde a graça...

Os arquivos continham uma descrição detalhada dos crimes praticados, feitiços utilizados e bruxos envolvidos. Informações preciosas, que qualquer um julgaria inútil, mas que para Tom tinham um grande valor. Assim era possível saber todos os podres de cada bruxo com quem topasse, era possível rastrear qualquer um e lógico, aprender novos feitiços. Porque durante aqueles anos Tom Riddle também tinha se aprofundado no estudo das Artes das Trevas como ninguém.

Naquele fim de tarde, o jovem Voldemort comemorava mais uma vitória.

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Aee \o/ cabou o capítulo! Foi até curto, se considerarmos a quantidade de informação contida nele...
Mas como prometido; vamos à analise das atitudes de Tom.
Primeiro, vocês devem estar se perguntando que tipo de droga eu andei tomando para bolar todo aquele lance mal explicado de profecia. Bem, eu admito que foi uma baita viagem, mas idéia simplesmente “brotou” na minha cabeça, toda prontinha, enquanto eu escrevia esse capítulo e eu não pude resistir. Mas a profecia é importante por quatro grandes motivos:
1)Justifica a importância exagerada que Voldemort dá à sua profecia com Harry Potter.
2)Faz com que ele ganhe uma Ordem de Merlim, e conseqüentemente, uma boa grana que ele precisou para se estabelecer em Paris. A Ordem de Merlim também é uma “ironia”, se é que vocês me entendem. Quem iria imaginar que justo Voldemort recebeu uma condecoração do Ministério
3)Nos apresenta àquela poção verde. Sim, é a mesma que está na caverna e que Dumbledore toma em EdP para retirar a falsa-Horcrux, porém, uma versão primitiva que ainda será melhor desenvolvida.
4)A vingança de Francis, afinal, o Tom arruinou a vida dela. Se bem que no final ela acabou se dando mal mesmo né hehehe...
Deixa eu ver que mais... Ah, e o “adeus” bem cruel do Tom para a Francis faz jus a Lord Voldemort. Eu avisei, eu avisei que meu Tom não é bonzinho!
Tem a questão da beleza do Tom, também. Bem, ele não é meio-veela de jeito nenhum, ele é só um cara muito bonito mesmo. Parte do charme dele se deve ao ar misterioso que o ronda e tal... Se quiserem uma dica, imaginem uma espécie de Tom Cruise+Brad Pitt+Gianechinni+Chris Coulson (que é a base melhorada do Tom). Ok, eu sei que eu to exagerando, mas eu só consigo imaginar um Voldemort assim, sorry.
E o assassinato do chefe do Tom foi o que foi mesmo; ele possuiu a Nagini, foi lá e esganou o cara, para ficar na chefia. Quero adiantar que o próprio Tom admitiu que não quer ser político, mas por enquanto é o maior cargo de poder que ele alcança. Até porque não tem como ele ser Ministro da Magia na França, sendo ele Inglês. Aliás, nenhum funcionário público que eu saiba pode ter outra nacionalidade, mas abriram uma exceção para o Tom por ele ser extraordinário. E ele não vai ficar muito tempo na França, não, ele tem assuntos a tratar em outras partes do mundo...
E o título do capítulo: Não foi a Francis que predisse a profecia, ela não é vidente. Eu coloquei esse título porque é ela quem conta pro Tom. Quem foi a vidente? Bah, sei lá, não importa. A avó da Sibila hauhauhua...
É isso, pessoal, espero que tenham gostado. Ao pessoal de sempre; Miss Robsons (leiam a fic dela, é ótima!), Belinha Black... Muito obrigado pelo incentivo!
E para não perder o hábito: COMENTEM!
E votem em mim, pessoal do hogsmeade...
Bjs,
Lillith R.

p.s.: Ia me esquecendo: Vocês repararam que Grindewald é um anagrama do nome Andrew Gild, certo?

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