Venenos



Primeiro de tudo, espero que vocês estejam gostando (ta, eu já fiz notinhas como essa não sei quantas vezes, mas é que eu sou meio insegura hehehe). Eu quero só situar vocês no tempo e no espaço, para que vocês não se sintam (muito) perdidos.
De acordo com a linha do tempo oficial da Wikipedia, Voldemort nasceu em 1926. Na verdade, em 31 de dezembro de 1925. Por isso no primeiro capítulo estamos no verão (julho) de 1937, tendo ele completado onze anos em 31 de dezembro de 1936.
Tom completa dezoito anos em dezembro de 1943 e no dia seguinte obviamente já estamos em 1944, sete anos depois dele entrar em Hogwarts. Na fic ele está “adiantado” alguns meses – na verdade ele só deveria acabar o sétimo ano em julho de 44, mas aí ele já teria completado dezoito anos e não precisaria voltar para o Orfanato, e bem, foi necessário para a trama que ele voltasse.

Nesse momento Tom Riddle ainda não é Voldemort propriamente dito, mas vocês podem notar que ele possui um vasto conhecimento de feitiços desconhecidos até mesmo do Ministério e começou a reunir os primeiros comensais (no caso, Avery que foi subjugado pelo Voto Perpétuo mas ainda não tem a marca negra tatuada, já que o Tom ainda nem cogitou essa hipótese).

Fazendo uma ligeira “retrospectiva” dos últimos capítulos: Resumindo, Tom está inesperadamente curtindo seu trabalho na Borgin&Burkes, quando descobre que alguém está com o Medalhão de Slytherin que ele obviamente considera uma herança, e uma misteriosa “taça” que mais tarde ele viria a descobrir ser a taça de Helga Huffle-Puff. Então ele põe seu magnífico cérebro para funcionar e começa a bolar um plano para roubar a taça, matar a mulher, jogar a culpa em alguém e fugir para algum lugar. Antes que alguém aí pergunte, a tal Academia Islandesa de Magia das Trevas será importante num futuro próximo, mas não agora.

E nesse meio tempo ele se viu num romancezinho com Amada Benson (céus, minha capacidade de criar um personagem novo em cima de um nome qualquer dado pela autora é mesmo uma coisa inexplicável...). E não, ele não se apaixonou. Eu mantenho minha promessa de fazer um Voldemort realista, e se J.K. disse que ele não amou, então pronto, ele não amou. Nem Amada o amou (por mais que ela alegasse isso), era no máximo uma “paixonite”, como com a Francis, e ela também tinha outros motivos que vocês verão nesse capítulo para se envolver com o Tom . E o Tom, bem, Tom só queria era sexo mesmo ^^.

Eu vou ter que fazer esse ano “voar”, assim como muitos outros no futuro, já que nada de muito importante vai acontecer nele. Já em 1945... Bem, “figurinhas de sapo de chocolate” lembram algo relacionado a essa data? Hehe...
É isso ae, people... Obrigada pelos comentários e continuem comentando! Agora vamos ao que interessa...

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Tom acordou algumas horas depois com o barulho fogos anunciando a chegada do ano novo e a estranha luminosidade que penetrava pela janela.
Ele virou para o lado e checou a respiração da mulher ao seu lado, constatando que ela estava em sono profundo. Enojado consigo mesmo, agora que tomava consciência de seus últimos atos, levantou cuidadosamente e tateou à procura da varinha no bolso de sua calça. Antes que pudesse murmurar o feitiço, no entanto, Amada suspirou profundamente e sua cabeça emergiu do cobertor. Exibia uma expressão de tímida satisfação no rosto, mas sua voz soou melancólica quando ela perguntou:
“Aonde você vai?”
Tom não respondeu, apenas continuou a arrumar a malão. Seria muito mais fácil se simplesmente acenasse a varinha e recolhesse seus pertences espalhados pelo quarto, mas Amada já devia estar desconfiando de alguma coisa. Tinha a impressão de ter tocado fogo no criado mudo quando, mais cedo... No entanto, preferiu não arriscar apagar a memória dela mais uma vez; muitos Obliviates seguidos podiam eventualmente, fazer uma pessoa perder a memória toda de vez.
“Para onde você está indo?” – Amada perguntou novamente; os olhos marejados de lágrimas brilhantes.
“Não é da sua conta” – Respondeu Tom, seco. Já era bastante humilhante ter dormido com uma trouxa, não daria mais satisfações de sua vida a ela.
No entanto a garota não pareceu se abalar com aquelas palavras.
“Me leva com você.” – Ela suplicou, aos sussurros.
“Não. Não posso, e nem levaria se pudesse.” – Respondeu.

Trouxa asquerosa, quem ela pensa que é?

Amada, porém, não aceitou aquela última resposta tão tranqüilamente.
“Me leva, Tom. Me leva com você...”
Tom não respondeu. Estava tendo dificuldades em fechar a mala. Ignorava totalmente as lágrimas e a súplica desesperada de Amada. Na verdade, tudo aquilo o enojava profundamente...
“Não me deixa, não, fica comigo...” – Ela implorou mais uma vez, pulando da cama e jogando-se aos pés do rapaz.
Tom apontou a varinha ameaçadoramente, encarando o arremedo de mulher prostrado aos seus pés, agarrado nele como se fosse sua tábua salvadora.
“Não me obrigue a isso...” – Tom ameaçou, apontando a varinha para a cabeça da garota.
“Você sabe o que me espera, daqui há três anos, quando eu for embora, não sabe?” – Rugiu; um grito desesperado brotando de sua garganta.
Tom sacudiu a perna que Amada se agarrava, fazendo-a se soltar. Tentando reunir um último fiapo de dignidade, a garota se levantou e o encarou.
“Meu futuro é virar freira- o que está fora de cogitação depois de hoje; serva ou prostituta. Eu sempre soube disso, não existe futuro para alguém como eu. Não existe futuro para gente como nós, gente como você...”
A cólera subiu pelo corpo de Tom como um veneno que se espalhasse rapidamente por suas veias, e antes que pudesse se conter, desferiu um violento tapa no rosto de Amada, fazendo-a cair no chão aos seus pés novamente.
Nunca diga isso, nunca... Você não sabe de nada, de nada...
Case comigo, e a gente pode se livrar disso juntos...” – Ela suplicou mais uma vez, enxugando as lágrimas na barra das calças de Tom. Seu nojo cresceu...
“Eu te amo, Tom. Eu te amo...” – Soluçou.
“Estúpida... Saia da frente!”
“Eu te amo...”
Estupefaça!” – E Amada caiu desmaiada a seus pés.

[...]

O feitiço redutor que lançara sobre suas malas tinha sido uma idéia realmente fabulosa, pensou Tom. Desse modo foi totalmente possível fugir na calada da noite, sem pensar no que faria quando o Ministério descobrisse a quantidade de magia realizada na frente daquela trouxa infeliz. Bem, ele nunca tinha se dado bem com os trouxas mesmo...

Mas por algum motivo obscuro o Ministério não apareceu para apreender sua varinha nas semanas e meses que se seguiram. O mais provável, raciocinou Tom, é que eles estivessem ocupados demais com os ataques desesperados de Grindewald para se importarem com uma mera trouxa atacada – em legítima defesa (ou assim julgava Tom), ainda por cima.

O fato é que Grindewald estava mesmo desesperado. Seus Darknights morriam feito moscas e os poucos que restaram estavam se escondendo ou trancafiados em Azkaban. Também deve ser por isso que ele nunca mais me chamou...

O último ataque de Grindewald tinha sido uma invasão à força de Azkaban na tentativa de libertar seus Darknights, o que Tom considerou uma imensa burrice, uma vez que o ataque serviu apenas para Grindewald atrair a inimizade dos Dementadores para si, o que não era de forma alguma algo desejável. Tom pensou que se fosse com ele, tentaria conquistar a amizade dos guardas primeiro, para depois...

E então, naquela manhã calma de Outubro, enquanto tomava tranqüilamente seu café da manhã n´O Caldeirão Furado, uma manchete de jornal chocante chamou sua atenção.

GRINDEWALD, O GRANDE BRUXO DAS TREVAS É PRESO E TRANCAFIADO EM AZKABAN

Apenas a manchete impressa em letras garrafais na primeira página foi o suficiente para fazer Tom se engasgar com o café quente que tomava. Murmurando maldições terríveis para as próximas vinte gerações do auror que o tivesse apanhado, levantou-se de um salto, apanhou pena e pergaminho e começou a redigir uma carta requerendo uma visita a Grindewald, dando a desculpa furada de estar trabalhando num projeto na ala psiquiátrica do Hospital St.Mungus que visava estabelecer um perfil psicológico de Bruxos das Trevas.
Assim, lá se foi Tom gastar seu final de semana numa desagradável viagem a Azkaban, que consistia em embarcar num navio que mais parecia um petroleiro enferrujado, já que toda a área próxima da prisão (inclusive a submersa) era obviamente protegida por feitiços anti-aparatação. Ao menos o navio era enfeitiçado para voar alguns centímetros acima do mar, o que decididamente apressava a viagem.

Algumas horas e muitos enjôos depois, Tom finalmente pôde pisar em terra firme, coisa que ele nunca pensou que acharia tão bom. Mas assim que a primeira lufada do ar daquele lugar invadiu seus pulmões, ele decidiu que preferia até mesmo o velho petroleiro.

Era uma espécie de fortaleza retangular de concreto cinzento e manchado, com uma comprida torre em forma de chaminé, totalmente fechada e sem janelas, com a exceção da pequena brecha no topo da torre, por onde alguma criatura encapuzada espiava do alto. Era visível um risco branco no chão de terra contornando a ilhota. A partir dali, era impossível realizar aparatação. Um auror alto e negro esperava Tom olhando-o desconfiado na margem do pequeno ancoradouro onde o navio aportou. Um vento gelado fustigava as vestes dos bruxos e fazia gotas de água encharcarem tudo ao redor. Um arrepio percorreu a espinha de Tom quando cruzou o portão de ferro guardado fortemente por dois dementadores encapuzados. No fundo de sua mente ecos vieram à tona...

Ele é Tom, pelo pai, com quem espero que se pareça, Servolo pelo avô que um dia há de se orgulhar do neto que tem e Riddle, para que nunca se esqueça de suas origens...
Dizia a voz fraquinha de uma mulher, depois a súbita visão de seus olhos esgazeados, fixos num ponto qualquer, vazios e sem vida...
“Você... Você é o filho de Mérope?” - Murmurava um homem trêmulo de pânico, acuado contra a parede, e depois um flash de luz verde...

“São mesmo terríveis, esses dementadores, não?” – Perguntou o auror que o acompanhava, pousando uma mão companheira em seu ombro.
Tom deu-se conta de que tinha escorregado contra a parede, caíra sentado no chão e suava frio. Irritado com a demonstração de fraqueza, empurrou a mão do auror para o lado e se ergueu soberbamente. O auror deu de ombros e continuou trilhando o caminho através dos corredores escuros e frios, de onde era possível vez por outra ouvir um gemido indistinto de sofrimento e o barulho de matraca da respiração dos dementadores.
Subiram por uma velha escada em caracol até chegarem em mais um corredor particularmente gélido, onde mais dementadores guardavam celas simples.
“Aqui está” – Disse o auror nervosamente – “Setor de segurança máxima. Bem, agora é com você - err - Vou me retirar”. – O auror saiu batendo o pesado portão de ferro que separava aquele corredor dos demais.
Mas Tom desejou que ele não tivesse ido. Com o rapaz sozinho ali, os dementadores pareciam ter se concentrado em sugar apenas a sua alma. Aparentemente, as almas repletas de tristeza, solidão e desesperança dos prisioneiros não alimentavam os dementadores devidamente.
Tom caminhou ao longo do corredor, evitando olhar para os prisioneiros que o encaravam suplicantes. Sim, ele adorava olhares suplicantes, mas aquela era uma situação tão bizarra que não pôde evitar de sentir uma certa pena dos prisioneiros. Quando, de repente, o barulho contínuo da respiração dos dementadores com que Tom já tinha se acostumado, cessou. Conseqüentemente, os ecos pararam de ressoar em sua mente. As criaturas voltaram o olhar (ou o que quer que correspondesse a olhos debaixo daquela capa) ao rapaz ligeiramente perturbado, parado no meio do corredor. Os dementadores se entreolharam. A despeito do fato de estarem o tempo todo andando para lá e para cá no espaço entre as celas, eles pareciam estranhamente quietos. Então todos os quarenta dementadores começaram a avançar lentamente pelo corredor em direção a Tom.
Tom recuou uns passos para trás, mas deu com as costas numa parede. Um beco sem saída. Na verdade, toda Azkaban era uma espécie de labirinto para dificultar fugas. Quando levados às suas celas, os prisioneiros eram vendados de modo a não reconhecerem o caminho, e conseqüentemente, não decorarem o local da saída. Poucos conheciam os caminhos, e Tom era um dos muitos que os desconheciam. Assim, se viu acuado contra uma parede enquanto dezenas de dementadores avançavam. Desesperado, sabendo que aquela grossa porta de ferro era totalmente à prova de som, apanhou a varinha; tentando lembrar de uma lembrança feliz...
”Expecto Patronum”
Puxou pela memória; Dumbledore me levando para Hogwarts... Mas seu coração se encheu de ódio pelo professor, e nada além de fiapos prateados surgiram de sua varinha. Os dementadores avançavam, havia um a palmos de distância de seu rosto; ele recuou mais contra a parede sólida... O momento que descobri ser o Herdeiro de Slytherin... Aquela lembrança, porém, não parecia ser suficiente; Tom viu a cabeça de um lagarto emergir da ponta de sua varinha e voltar; o dementador a centímetros; ele podia ver um buraco preto que parecia recheado de vácuo, cercado de feridas nojentas, o hálito podre...
Meu primeiro beijo... - Mas o desprezo por Francis dominou seu ser novamente...
O ruído de matraca estava de volta; ele pôde ver um par de fendas vermelhas encarando seu rosto...
Já era... Estou perdido...
Não existe futuro para gente como nós, gente como você...
Os olhos mortos de sua mãe...
Sentiu a boca do dementador se aproximando da sua, sentiu algo ser sugado, sentiu como se estivesse sendo esvaziado, um balão murchando... Viu a bolinha esverdeada saindo de sua boca, como tinha feito na criação de sua primeira Horcrux...
Um sentimento animalesco brotou em seu peito. Era mais que medo, era ódio, ódio como nunca sentira na vida. Não, não, não quero acabar assim... É tudo culpa do maldito Dumbledore... O rosto de Dumbledore surgiu em sua mente e o ódio aumentou, sentiu vontade de matar, de ver sangue escorrendo pelas mãos. Cada vez mais próximo, o dementador encostou a mão gelada em seu pescoço, forçando-o a abrir a boca. O ódio aumentou, o ódio mais profundo que já sentira; era possível sentir o seu próprio cheiro de medo...

Mas então subitamente o dementador se afastou.
Olhando ao redor, esperando ver algum patrono, alguém que o tivesse salvo, Tom percebeu que ainda estava sozinho. O dementador que o atacara estava caído no chão e era cercado pelos outros que se afastaram temerosos. Ainda espantado, Tom engatinhou para fora do círculo de dementadores e aliviado, se encostou contra a grade de uma cela que parecia vazia. Seu coração batia descompassado e ele tentava organizar seus pensamentos... Uma voz conhecida, grave, profunda e gutural soou do fundo da cela em cujas grades Tom se apoiava. Grindewald parecia muito divertido.

“Parabéns, Riddle. Você conseguiu envenenar um dementador”

[...]

Ninguém nunca descobriu que tinha sido Tom Riddle quem contrabandeara uma varinha para a cela de Grindewald. Em seu lugar foi preso um simpático novato da área psiquiátrica do Hospital St.Mungus chamado James Taller, não por acaso o mesmo nome com que Tom tinha se apresentado na entrada de Azkaban. O Ministério também nunca descobriu que esse mesmo Tom Riddle era capaz de falsificar documentos com uma facilidade assombrosa.

Então, mais uma vez Tom apreciava os fogos em homenagem ao ano-novo, na sacada de seu quarto em alguma pensão barata na Londres Trouxa e brindava sozinho com uma taça de champanhe enquanto fazia uma retrospectiva íntima do último ano. Realmente, descobrir que era capaz de envenenar dementadores com sua alma foi uma coisa fantástica. Nas outras duas visitas que fizera a Grindewald (ainda usando o nome de James Taller) percebeu que os dementadores morriam de medo dele. Sequer ousavam se aproximar, o que tornou suas visitas muitíssimo mais confortáveis.

Ao mesmo tempo, elaborava uma lista de resoluções de ano-novo. Nunca conseguia realmente cumprir todas as definições. No ano anterior, por exemplo, tinha prometido a si mesmo não se envolver com mais trouxas. Mas ele era humano, afinal de contas. Por enquanto, pelo menos, pensou. Lançou mais um olhar de desprezo à trouxa nua que dormia em sua cama e então à sua varinha escondida no bolso da calça. Acrescentou à sua lista mental que precisava aprender a lançar Maldições Imperdoáveis sem ser detectado.

Mas acima de tudo, preciso cumprir meu Voto. E apanhar o medalhão de Slytherin. - Pensou - E realmente parar de dormir com essas trouxas... - Acrescentou, dando um último gole em sua taça e lançando-a contra a parede, antes de depositar umas libras na mesa de cabeceira e sair para a noite.

[...]

O estoque de ingredientes para poções da Borgin&Burkes continha substâncias decididamente suspeitas. Isto é, se você não estivesse pretendendo inventar uma poção que fizesse um bruxo perder seus poderes e virar trouxa. Porque era exatamente isso que Tom Riddle estava tentando fazer.

Tom trabalhava incansavelmente em seu invento, embora nunca tenha sido realmente um bom preparador de poções. Segundo Slughorn, lhe faltavam qualidades como paciência e leveza nas mãos. Ele era decididamente melhor com uma varinha. No entanto, ali estava a poção verde-fluorescente que segundo seus cálculos deveria transformar lentamente o bruxo que a bebesse em um aborto; flutuando de uma forma etérea, nem liquida nem gasosa, num frasco fortemente arrolhado.
No momento em que se preparava para adicionar uma última porção de lágrimas de hipogrifo (que Burkes não soubesse que ele andava furtando os estoques - eram realmente caras), o dono da loja surgiu atrás do balcão silenciosamente e começou a escrever num pergaminho as tarefas que Tom teria de cumprir naquela semana.
“Então, Riddle, hoje você volta na casa da Smith para me conseguir aquela armadura de vez...” – Falou Burkes, entediado, enquanto contava as moedas de ouro na velha caixa registradora.
Tom suspirou, cansado. Continuava a não ser um trabalho desinteressante, a prova disso é que de nenhuma outra maneira ele conseguiria os ingredientes da poção, mas não queria de modo algum mofar o resto da vida atendendo de balconista naquela loja. E de qualquer jeito, sua dívida com Burkes já tinha sido paga. Até pouco tempo atrás, o velho adorava esfregar na cara de Tom a quantidade absurda de ouro que lhe devia e o quanto Tom teria de ralar para pagar a dívida. Desde a semana anterior, no entanto, o velho Burkes parecia ter abdicado desse hábito.
“Está me ouvindo, Riddle?” – Berrou Burkes por cima da caixa registradora.

Sim, ele estava. Ouvindo muito bem, por sinal... Ainda não tinha se esquecido do medalhão de Slytherin que Hepzibá comprara do próprio Burkes. Provavelmente o medalhão que Morfino dissera que sua mãe roubara antes de fugir.

Durante os últimos tempos conturbados, enquanto esteve atribulado desenvolvendo a poção e acompanhando de perto o caso Grindewald – Dumbledore decididamente estava levando a melhor; Tom não tivera muito tempo para pensar no modo como pegaria o medalhão que estava em posse de Hepzibá Smith. Mas teria que fazer isso em breve, porque provavelmente teria de fugir para longe e o prazo para cumprir o Voto Perpétuo estava terminando, e de qualquer maneira, Tom não queria ter de passar o resto da vida caçando Grindewald. E a qualquer momento Dumbledore poderia levar a melhor e Grindewald seria derrotado sem que Tom fizesse nada para ajudar, ou seja, descumpriria sua promessa. E morreria. O que, claro, estava completamente fora de cogitação.

Naquela noite, porém, Tom teve uma oportunidade tão perfeita quanto jamais poderia ousar em ter. Foi, de fato, como ordenara Burkes, à casa de Hepzibá Smith – um tanto fora do horário, devido a um desagradável retardo causado pelas insistências de Arabela Figg em lhe servir chá mais e mais vezes, mas nada que o preocupasse. A velha simplesmente o idolatrava...

[...]


"Eu trouxe flores para você", Tom disse baixo, produzindo um ramalhete de rosas do nada.
"Você é um menino malcriado, você não deveria ter! " gritou a velha Hepzibá "Você mima esta velha senhora, Tom... Sente- se, sente-se. . . . Onde Hokey está? Ah... "
A elfa doméstica tinha voltado enérgica ao quarto trazendo uma bandeja com vários bolos que ela acertou no cotovelo senhora dela.

A Elfa Doméstica! Como não pensara nisso antes?

"Sirva-se, Tom", disse Hepzibah, "eu sei como você ama meus bolos. Agora, como está você? Você parece pálido. Eles o exploram demais naquela loja, eu disse isso cem vezes..."

"Bem, qual é sua desculpa para estar me visitando este horário? " ela perguntou, piscando.

"Sr. Burke gostaria de fazer uma oferta melhor para a armadura feita por elfos", disse Voldemort. "Quinhentos e cinquenta Galeões, ele diz que é o melhor que - "

"Agora, agora, não tão rápido, ou eu pensarei que você está aqui só por causa das minhas quinquilharias! " Hepzibá fez beicinho.

"Me ordenam vir aqui por causa delas", disse Tom baixinho. "Eu sou só um pobre assistente, senhora, que tem que fazer como é mandado. O sr. Burke deseja que eu indague-"
"Oh, Sr. Burke! " disse Hepzibah, balançando a pequena mão. "Eu tenho algo a mostrar para você que eu nunca mostrei ao Sr. Burke! Você pode manter segredo, Tom? Você promete que não contará para o Sr. Burke que eu tenho isto? Ele nunca me deixaria descansar se soubesse que eu mostrei isto a você, e eu não estou vendendo, não para Burke, não para qualquer um! Mas você, Tom, você apreciará isto por sua história, não pelos muitos galeões você poderia adquirir para isto".
"Eu ficaria alegre em ver qualquer coisa que a Senhorita Hepzibah mostrar para mim", disse Tom baixinho e Hepzibá deu outra risadinha como garota.
"Eu mando Hokey buscar para mim... Hokey onde você está? Eu quero mostrar para o sr. Riddle nosso melhor tesouro... Na realidade, traga ambos, enquanto você faz isto. ... "
"Aqui, senhora", chiou a elfa doméstica e Tom viu duas caixas de couro, uma em cima da outra, movendo se pelo quarto como se tivesse vontade própria, mas ele sabia que a elfa minúscula estava os segurando em cima da cabeça dela, passando entre mesas, pufes e bancos.
"Agora", disse Hepzibá, pegando as caixas da elfa, colocando as no colo e preparando se para abrir a de cima, "eu acho que você gostará disto, Tom... Oh, se minha família soubesse que eu estou mostrando isso para você... Eles não podem esperar para colocarem as mãos nisto!"
Ela abriu a tampa. Tom se esticou para ter uma visão melhor e viu o que se parecia uma taça dourada pequena com duas asas finamente forjadas.
"Eu gostaria de saber se você sabe o que é isso, Tom? Apanhe, dê uma boa olhada! " Hepzibá sussurrou e Tom esticou uma mão longa e fina e ergueu a taça através de uma asa para fora de suas capas sedosas.
"Um texugo", Tom murmurou, examinando a gravura na taça. "Então isto era...? "
"De Helga Hufflepuff , como você muito bem sabe, você é um menino inteligente! " disse Hepzibá, indo para frente com um ranger alto das roupas e beliscando a bochecha oca dele. "Eu não lhe falei eu era uma descendente direta? Isto foi passado na família durante anos e anos. Linda, não é? E dizem que possui todo tipo de poderes, mas eu não os testei completamente, eu só a mantenho segura bem aqui..."
Ela retirou a taça do longo dedo indicador de Tom e guardou suavemente na sua caixa.
"Agora então", disse Hepzibá felizmente, "onde Hokey está? Oh sim, aí está você - guarde o objeto agora, Hokey."
A elfa levou a taça encaixotada obedientemente e Hepzibá voltou a atenção dela para a outra caixa mais aplainada no colo dela.
"Eu penso que você gostará deste mesmo muito mais, Tom", que ela sussurrou. "Se incline um pouco, querido menino, assim você pode ver... Claro que, Burke sabe que eu tenho este aqui, eu comprei isto dele, e eu tenho certeza que ele adoraria voltar a ter quando eu tiver ido... "
Ela deslizou o gancho do filigrana para atrás e sacudiu a caixa aberta. Lá, sobre o veludo carmesim liso, havia um medalhão dourado pesado.
Tom retirou o medalhão, sem convite para isso, e segurou isto contra a luz, o encarando.
"A marca de Slytherin", ele disse baixo, quando a luz refletiu num S serpentino ornado.
"Isso mesmo! " disse Hepzibá, aparentemente encantada, aparentemente, à vista de Tom que contemplava ao medalhão dela. "Eu tive que pagar um braço e uma perna por isto, mas eu não pude deixar isto passar, não um real tesouro assim, tinha que ter isto na minha coleção. Burke comprou isto, aparentemente, de uma mulher pobre, devia ter roubad, mas não tinha nenhuma idéia de seu verdadeiro valor –”
"- Eu soube que Burke lhe pagou uma ninharia, mas veja você... Bonito, não é? E novamente, possui todos os tipos de poderes, entretanto, eu só o mantenho seguro... "
Ela pegou de volta o medalhão.
"Eu realmente achava que você ia gostar disso, querido Tom..."
Pela primeira vez, ela olhou ele em cheio no rosto.
"Você está bem, querido? "
"Oh sim", disse Tom baixo. "Sim, eu estou muito bem. ... "
"Eu pensei - foi ilusão de ótica, eu suponho - " disse Hepzibá, olhando nervosa. "Aqui, Hokey, leve embora estes e os tranque novamente... Os feitiços de sempre... "


A velha reiniciou seu velho papo vazio de sempre. Tom mostrou-se interessado, mas a verdade era que sua mente estava naquelas maletas, contendo os dois preciosos tesouros. O Medalhão de Slytherin que era seu por direito e a taça de Huffle-Puff... Bem, depois que Hepzibá morresse, ele seria o único descendente vivo de algum dos Quatro Grandes e de certa forma, era justo que a taça ficasse com ele. Tinha planos, muitos planos, a por em prática com aqueles preciosos objetos...

A velha Hepzibá agora passeava pelo corredor do hall mostrando a Tom mais uma tonelada de suas velharias inúteis. Exibia particularmente orgulhosa um feio vaso amarelo muito antigo que diziam ter pertencido à feiticeira Cliodna.
“E aqui, Tom, Cliodna guardou desde tempos imemoriáveis essa poção; dizem que é a mais mortífera de todas. É claro que nunca foi testada, mas eu não me atreveria a beber nada com isso daí...” – Dizia Hepzibá, mostrando um pó branco muito fino do qual emanava um brilho sinistro. Depois fechou o pote novamente e começou um novo monólogo sobre um busto de bronze talhado pelo próprio Merlin que se encontrava encarrapitado no alto da escada. A Velha Hepzibá continuou a andar pelo corredor, sem reparar que Tom Riddle tinha se detido em frente ao pote com a poção de Cliodna e a examinava com vivo interesse.
Veneno, é? Pois sim...
Á despeito de sua finalidade letal, a poção tinha um cheiro estranhamente doce. Um cheiro doce que lembrava... Açúcar.

Silenciosa e lentamente, sem chamar a atenção da velha senhora, Tom apanhou o vaso e despejou todo o seu conteúdo no açucareiro ao lado do bule de chá.

Dois dias depois, Hepzibá seria encontrada por sua elfa Doméstica deitada com o grande nariz enrugado na xícara de chá entupida de “açúcar”. Morta.


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Putz, o que é que foi esse capítulo? Um lixo :-P
Sério, ficou ruim, mas eu realmente não sei qual é o problema dele... Como reescrevê-lo daria muito trabalho, então fica assim mesmo hehehe... Demais comentários, veja a notinha acima ^^

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