O começo



Everybody Hurts – r.e.m

Harry estava cruzando o átrio do ministério da magia, Rony e Hermione vinham hesitantes logo a trás. Todos traziam as varinhas bem apertadas contra a mão direita e olhavam ao redor buscando sinais de algo fora do comum. Tudo parecia normal para esse horário da noite, o lugar completamente deserto não os tranqüilizava, principalmente porque deixaram Lupin na entrada duelando contra Belatriz Lestrange. A presença dela guardando a porta indicava que estavam na pista certa, Voldemort realmente estava no ministério.

Os três passaram correndo pela fonte até o acesso aos elevadores. Harry sentiu uma fisgada no peito ao se lembrar da cena que aconteceu no final de seu quinto ano, Dumbledore dando vida às estátuas e lutando contra Voldemort. Realmente as duas situações estavam se tornando muito parecidas com uma pequena diferença: dessa vez Harry contava apenas com suas próprias habilidades e com a ajuda dos amigos para conseguir vencer. Essa perspectiva de finalmente poder lutar diretamente contra Voldemort lhe deixava muito ansioso.

Eles desceram pelo elevador até o departamento de mistérios e Harry novamente tomou a frente para refazer um caminho que conhecia muito bem.

***

*
Quando o dia é longo
E a noite, a noite é somente sua,
Quando você tem certeza [que] já teve o bastante desta vida,
Bem, persista...
*

Gina andava corredores até a antiga sala de Dumbledore. Passara a tarde inteira na ala hospitalar ajudando na cura de um grande grupo da ordem. Pelo que sabiam eles foram atrás de uma pista do paradeiro de novos comensais. Aparentemente a missão se mostrara mais complicada que o previsto causando sérios ferimentos em alguns deles.

Ela olhou de relance para um alto relógio de pendulo e acelerou as passadas ao constatar que já passava da meia noite. Estava atrasada para a primeira reunião da ordem da qual fora permitida de participar. Quando chegou á gárgula do sétimo andar respirou um pouco tentando se recompor, disse a senha que a professora McGonagall lhe dera mais cedo (baratas de chocolate) e entrou no antigo escritório.

Vazio. Isso era realmente estranho, esperou alguns instantes encarando a sala deserta como se aguardasse a materialização dos membros da ordem. Quando já pensava que a professora lhe passara informações erradas, notou um pedaço de pergaminho bem desgastado em cima da mesa. Aproximou-se o suficiente para distinguir as palavras escritas numa letra garranchosa.

A sede da Ordem da Fênix encontra-se em Godric’s Hollow, 23.

Godric’s Hollow, onde ela tinha ouvido falar desse lugar? Esse nome não era totalmente estranho... Gina teve seus pensamentos interrompidos por uma parede da sala que se movia, pelo visto a noite ainda guardaria muitas surpresas. Quando a sala parou e ela pode ver uma nova parede que apareceu onde antes era um nicho escuro. Uma porta vermelha (isso mesmo, vermelha) estava perfeitamente centralizada no branco da pintura.

Sem pensar duas vezes Gina segurou a maçaneta e abriu a porta. O que lhe esperava do outro lado ela nunca seria capaz de imaginar. Havia saído no alto de um auditório que, segundo seus cálculos, abrigaria umas 200 pessoas em seus confortáveis assentos de veludo vermelho berrante. O que mais surpreendia era encontrar praticamente todos os lugares ocupados, até onde ela sabia era uma simples reunião da ordem, assim como as que aconteciam toda a semana e que ela fora impedida de participar.

Pensando bem ela nunca tinha ouvido falar de um lugar como esse fazendo parte da sala do diretor de Hogwarts, também achava muito estranho permanecer escondido. O auditório não parecia seguir os padrões de Hogwarts, ao contrário dos corredores de pedra da escola ali o chão era brilhante, Gina conseguiu se ver refletida no assoalho cinzento. Tudo era intimidador, ela sentiu uma corrente de ar passar por si, e ficou levemente impressionada quando viu que o lugar não tinha janelas. Quando fitou as pessoas á sua volta percebera que ninguém havia notado a sua presença, todos olhavam para frente com uma expressão preocupada. Todos eram mais velhos. Muito mais velhos.

Ela parecia ser a única que continuava em pé. Tratou de se acomodar numa das últimas fileiras ao lado de um homem de aparência rígida, orelhas excepcionalmente pontudas e o chapéu bruxo mais estranho que já vira na vida sobre elas. Sentiu-se pequena diante da elegância do senhor, ela ainda usava a mesma calça jeans de alguns dias a trás e uma capa caramelo realmente grande demais para ela, os tênis estavam em estado deplorável. Ela apressou-se em tentar prender os cabelos arrepiados.

Uma voz bastante imponente chamou a atenção de Gina, ela vinha do lugar mais baixo do auditório. Sentadas numa mesa em formato de meia lua estavam aproximadamente 15 pessoas, o homem que começava o discurso estava sentado mais ou menos no lugar central, no entanto era complicado dizer com certeza. Ela decidiu prestar atenção em suas palavras. De alguma forma tentava entender porque a professora lhe mandara até ali.
_... Todos devem estar se perguntando qual o motivo desse pronunciamento, como os senhores já devem ter notado, estão reunidos aqui representantes bruxos de todos os continentes. Pelo que consta essa é a primeira vez em milênios que tantas pessoas influentes no mundo mágico se reúnem para discutir um assunto em comum. Eu, Eitor Andred Wentworth, como atual chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia da Inglaterra, agradeço a presença de todos e passo a palavra ao senhor Croaker, pesquisador do departamento de mistérios. _ O senhor Wentworth fez uma pausa neste momento, Gina teve a impressão de que era para dar mais efeito ao discurso. O homem olhou para todos ao seu redor e completou com um meio sorriso amarelo_ Ou como muitos preferem chamá-lo, inominável da sala de registros.

Gina estava perplexa, aquilo não tinha sentido. Por que ela estava ali? Decididamente não era por ser um membro respeitável do mundo mágico. O Senhor Croaker começava um falatório interminável com uma voz falha e estranhamente fina, o que contrastava muito com sua aparência misteriosamente comum. Pode notar que ele devia ter uns vinte centímetros a menos do que o senhor Wentword, que com certeza tinha muito mais presença do que o tímido inominável. Ela já havia desistido de prestar atenção, pelo visto o assunto não tinha nada a ver com a sua realidade.

Croaker falava algo sobre alguns testes realizados em setores secretos do ministério, estavam baseados em pesquisas que foram feitas séculos a trás por um grupo de alquimistas (bruxos especializados no estudo e criação de novos feitiços e poções). Todos ao seu redor pareciam absorver todas as palavras do inominável de forma tão elegante que ela novamente se sentiu deslocada.

Passou a notar os detalhes do escandaloso chapéu da senhora de idade sentada a sua frente, de longe não parecia que existiam tantas contas assim no bordado... Gina sentia seus pensamentos vagarem cada vez para mais longe..

*
Não desista de si mesmo,
Pois todo mundo chora
E todo mundo sofre
Às vezes...
*

***

Harry, Rony e Hermione haviam chegado ao departamento de ministérios, contavam com a sorte de encontrar rapidamente a porta certa, Harry caminhou até o centro da sala circular, parou e voltou a cabeça para Rony e Hermione:

_Tem que haver uma maneira mais rápida de localizar as portas certas do que tentativa e erro, não podemos perder mais tempo. _ Dizendo isso abaixou a cabeça e fechou os olhos, por um instante tudo paralisou.

Uma brisa fraca e gélida pareceu invadir o local, as luzes azuladas dançavam no seu ritmo. Ela balançava os cabelos negros e revoltos de Harry da direita para a esquerda. Por alguns instantes Rony pode ver um brilho fraco saindo do corpo do amigo. Harry levantou a cabeça e apontou para uma porta ao lado da que estava a sua frente. Rony e hermione observavam perplexos quando Harry abriu a porta indicada e encontrou uma sala já conhecida, praticamente igual a que encontraram dois anos a trás, com o estranho arco coberto pelo véu no centro. Algumas luzes se refletiam no rosto de Harry, indicando uma intensa batalha no aposento.

_Vamos?_Perguntou ele parando á porta e olhando para trás.

Eles entraram esitantes, viram um violento confrontro entre alguns membros conhecidos da ordem e os comensais da morte. Antes que pudessem fazer qualquer coisa, surgiram adversários á suas frentes. Harry estuporou com facilidade o comensal e olhou em volta procurando seu verdadeiro alvo. Olhou para todos na sala, a procura de um par de odosos olhos vermelhos. Sua mente se reteve, mesmo que contra a sua vontade, no véu um pouco abaixo na sala, certamente aquilo não lhe traria boas lembranças. Apenas alguns instantes depois encontrou o que procurava, uma figura alta, envolta por uma capa negra, nariz em fenda, face em um tom morto de cinza, e o que mais chamava a atenção: Olhos vermelhos, odiosos olhos vermelhos.

Olhou uma última vez para trás a tempo de trocar um olhar determidado com os amigos que ainda duelvam. Se comunicou sem palavras com Lupin que acabava de entrar na sala, muito machucado, mas Harry ficou feliz em constatar, inteiro.
Se virou lentamente e caminhou até onde era esperado por seu destino.

*
Às vezes tudo está errado,
Nesse momento é hora de cantar junto.
Quando seu dia é noite, sozinho,
(Agüente, agüente)
Se você tiver vontade de desistir
(Agüente....)
Se você achar que teve demais desta vida,
Bem, persista...
*

***

Silêncio. O discurso do sr. Croaker havia terminado e aparentemente falara sobre algo surpreendente, todos presentes se encaravam perplexos e empolgados. Gina estava alheia a tudo isso, não fizera questão de ouvir o falatório do homem, mas sabia que na sua atual situação não seria facilmente impressionável. O auditório pareceu ganhar vida nos últimos minutos, todos murmuravam exitados e se remechiam nas poltronas. O senhor Wentworth se encontrava em pé, mostrando que realmente era uma pessoa intimidadora. Todos se calaram quando ele continuou seu discurso:

_Certamente os senhores estão muito animados com as novas notícias, e com certeza tem muitas perguntas sobre as novas descobertas... _Neste momento foi interrompido por uma voz esganiçada na primeira fileira:
_Há quanto tempo vocês trabalham no projeto?

Wentworth deu um meio sorriso macabro mostrando que já esperava essa pergunta.

_Na verdade, esses estudos datam de antes mesmo da construção da nossa querida Hogwarts. As pesquisas estavam lá há muito tempo, bastava adequá-las ao nível de magia do nosso ambiente que apresenta grandes diferenças comparados ao daquela época.

_Se as pesquisas já existiam há tanto tempo assim, por que só agora estamos tomando conhecimento delas? _Agora era uma mulher que perguntava, seu tom era severo e altivo. _Tendo em vista, claro, sua importância. _Acrescentou mançamente segundos depois, parecendo se dar conta do tamanho da sua agressividade.

_Na verdade as pesquisas voltaram á ativa alguns anos a trás, comandadas por uma das mais geniais inomináveis que já tivemos: Lílian Potter. _Gina apurou seus ouvidos ao ouvir esse nome_ O problema é que devido á alguns pequenos impasses e imprevistos naquela época os manuscritos foram escritos em códigos, algo que demorou em ser traduzido. E como não fazia sentido convocar uma reunião do porte desta sem ter em mãos todas as informações, adiamos até o dia em que tivéssemos certeza de... Tudo.

Gina percebia que a cada frase de Wentworth as pessoas ficavam mais agitadas e despejavam apenas mais perguntas. Será que ninguém estava preocupado com a guerra? Nesse instante Harry poderia estar arriscando sua vida para salvar essas pessoas e elas estavam discutindo sobre uma pesquisa já existente a mais de mil anos? Para ela nada tinha o mínimo sentido.

*
Pois todo mundo sofre,
Consiga conforto em seus amigos.
Todo mundo sofre...
*

***

Harry podia sentir. Voldemort encontrava-se a poucos metros, num lugar amplo mais ou menos no meio da sala. Eram poucos passos até o campo de batalha improvisado, mesmo assim a caminhada pareceu acontecer em câmera lenta. Todos pararam o que faziam, azarações ficaram entaladas em gargantas, combatentes esqueceram-se da própria batalha, tentativas de fuga foram descartadas. Tinham seus olhos sobre ele. Agora todos podiam sentir. O garoto meio franzinho de cabelos arrepiados carregava muito mais do que seu destino até a luta. Ele carregava sobre os ombros o destino de muitas outras pessoas, o futuro e a fé de uma nação inteira nos braços ainda fracos, talvez algo de proporções que ele nem chegaria a imaginar. Harry não exitou em nenhum momento até se encontrar frente á frente com seu oponente. Os segundos pareceram ter medo de passar para os seguintes. A cabeça de cabelos revoltos que atraía as atenções de todos se levantou aos poucos, revelando olhos verdes brilhantes. Era um olhar determinado, o olhar de quem sentia que chegara a hora de se provar. Um olhar um tanto vago que fez parte de uma realidade injusta, que perdeu algumas das pessoas mais importantes, que abriu mão dos seus momentos felizes com as pessoas amadas, mas que mesmo assim não parecia fraquejar. Era um universo inteiro que se abria a partir daqueles olhos, eles lutavam por algo maior. Sabia que todos depositavam nele as esperanças de dias melhores, de uma vida de verdade, e estava disposto a tudo para finalmente fazer o que a muito tempo sabia que tinha que fazer: a justiça.

Oposto aos olhos verdes, um olhar em chamas parecia devorar cada pedacinho do corpo do jovem. Era assacino, vingativo, odioso. Por alguns intantes pareceu haver alguma conexão entre os olhares, como se eles se entendessem melhor do que qualquer outros e respeitassem como sábios. No entando essa sençasão passou antes mesmo de ser percebida por qualquer um no aposento, se havia algo entre os dois seres que se encaravam, era ódio.

_Saudade de mim Potter?_disse a voz assoviada e seca de voldemort _Garanto que está com medinho...

Harry encarou as fendas vermelhas de modo autoritário, como o de um pai censurando um filho depois dele errar numa lição já aprendida. Voldemort pareceu diminuir no mínimo uns 30cm nesse momento.

_Não estou aqui para conversar... _Disse harry numa voz que ecoou por todas as paredes_ Mas já que insiste em manter um social... Sabe, sinto pena de você, seus contatos vem diminuindo com o passar do tempo, ás veses eu fico até chocado com o nível a que se rebaixa... Tom.
¬_Como se atreve a me chamar por esse nome imundo Potter? Logo você se juntará aos seus pais idiotas, ao seu padrinho sujo e ao velhote presunçoso.
_Eu não sou insano como você Tom, eu não temo a morte. Eu temo uma vida sem esperanças, eu temo que no dia da minha morte eu olhe para trás e descubra que não vivi, que a minha existencia não tenha significado nada em meio as outras tantas outras. Por isso não tenho medo de morrer por algo que eu acredito, eu acredito na vida. E você, você vem interferindo nisso des de quando eu me entendo por gente.
_Potter, Potter, achei que talvez você já tivesse aprendido que esperança é para os fracos. O que realmente faz a diferença é o poder, ou você tem, ou não tem como no seu caso. Você é fraco menino, você nunca seria ninguém se não fosse por mim, você está sozinho.

Harry pareceu prender a respiração por um instante, não aguentava mais essa espera, essas enrolações. Tudo o que queria era acabar logo com aquilo, no entando Voldemort não parecia muito disposto a duelar. Finalmente decidiu dar o ponta pé inicial.

_Eu não estou sozinho. _ Harry murmurou como se falasse para si mesmo antes de apertar com mais força a varinha.

Naquele instante apenas olhares muito rápidos e atentos captariam a sequencia de ataques que aconteceu. Era uma chuva de feitiços amarelos, vermelhos, azuis e verdes que acabavam por bater em escudos ou se dispersavam pelo ar despois de desviados. Os dois magos estavam absolutamente envolvidos no que faziam, não havia tempo para deslizes, exitações de segundos já garantiam vantagem para o lado oposto. Ninguém soube ao certo por quanto tempo eles trocaram os intencivos ataques, agora Voldemort Havia desaparecido com um rodar de capa. Tudo ficou em silêncio.

Harry apenas deu um grito de raiva, sabia que o inimigo não ousaria fugir, não agora. Ele estava se escondendo, lhe testanto, acabando com a sua paciência. Harry fechou os olhos e se concentrou. Quando sentiu aquilo não acreditou que era possivel. Abriu novamente os olhos para encarar o que a sua mente previra. Voldemort reaparecera á sua frente, lhe lançou um feitiço desconhecido. Harry caiu de joelhos, franziu as feições, seus músculos estavam completamente contraídos, Voldemort ria ao fundo. No entanto poucos prestaram atenção nesse fato, apenas dirigiam seus olhares para Harry.

O garoto sempre se esforçara para esconder sua dor, durante sua infancia não soube o verdadeiro significado de família. No começo tentava gostar dos tios, no entanto depois de reprimido em todas as suas demonstrações de carinho ele se fechou, aprendeu a não chorar, a não demonstrar como isso doía. Nunca teve para quem contar seus pesadelos mais mirabolantes sem se sentir reprimido. Ele simplesmente não sabia o que era ser amado e mostrar seus sentimentos até chegar a Hogwarts. Poucos foram os que viram alguma demonstração de fraquesa de sua parte. Ele não queria dar esse prazer justamente a Voldemort. No entanto por mais que se esforça-se todos notaram a sua agonia, queria que sua cabeça explodisse, com certeza seria menos doloroso do que aquilo. Quando Harry percebeu que já não aguentaria mais, a dor cessou repentinamente, seus sentidos iam desaparecendo aos poucos.

*
Não se resigne,
Oh, não! Não se resigne
Quando você sentir como se estivesse sozinho.
Não, não, não, você não está sozinho...
*

***

Abriu os olhos, estava frio, seus musculos protestavam, se sentou e olhou a volta. Estava na mesma sala de antes, mas ela estava vazia, não havia mais Voldemort, feitiços, comensais ou membros da ordem. Havia apenas o veu. Harry se sentiu atraído para lá, os murmúrios ficavam cada vez mais altos, o véu balançava suavemente acompanhando o ritmo. Agora ele estava mais próximo, se levantasse a mão poderia tocar no tecido do véu. Deu um passo á frente e sentiu algo morno o elvolvendo. Começou a cair, havia cruzado o arco.

Soltou um pequeno gemido, sentiu-se envolvido por tecidos fofos e mornos. Abriu os olhos com calma, estava numa das camas da ala hospitalar de Hogwarts, seu cérebro voltou a funcionar de maneira rápida. Afinal o que tinha acontecido? Sentou-se na cama e sentiu alguém se atirando no seu pescoço.

_Harry? Tudo bem? Tem alguma coisa doendo? Você quer me matar do coração docinho? _Era uma garota escandalosa mas muito bonita, como Harry pôde reparar, cabelos castanhos estremamente longos, olhos levemente puchados, no entanto ele não tinha a mínima idéia de quem era ela ou de como ele havia parado ali. Quando Harry ia abrir a boca para perguntar quem era a garota ouviu uma voz familiar:

_E daí cara tudo bem? Nossa você acabou com os Corvinais, aquela sua manobra foi fantástica. Eu quero só ver a cara deles quando você descer hoje inteio pro salão. _Dizia a voz empolgada de Rony Wheasley apenas para deixar o moreno mais confuso.
_Humpt. A única coisa que vocês conseguiram fazer foi mostrar que além de irresponsáveis são completamente loucos. _Era a voz de Hermione, ela usava um tom extremamente frio e estava do outro lado da ala ao lado de uma garota um pouco mais nova, com cabelos extremamente negros.

Antes que Harry pudesse entender o que havia acontecido, Rony já estava retrucando estranhamente frio e irônico:

_E a única coisa que você consegue fazer é estudar para se mostrar como a melhor e se meter na vida dos outros para não demonstrar que na verdade você não tem vida.

Harry havia se assustado, afinal o que estava acontecendo? Porque Mione estava agindo assim? Era como se ela não os conhecesse. Sentindo-se perdido e impotente Harry observou Hermione atirar seus livros na mochila e ir na direção da porta. Mas não sem antes passar por eles comentando para a menina que tinha ficado para trás:

_Eu sei que ele é seu irmão, mas eu não consigo aguentar esses dois! _E saiu batendo a porta com mais força do que o necessário.

Agora sim Harry se encontrava realmente confuso, afinal quem era o irmão daquela menina? Olhou em volta como que tentando enchergar mais alguém além de Rony e a garota que havia se atirado nele. “Eu sei que ele é seu irmão, mas eu não consigo aguentar esses dois!” Hermione estaria se referindo a Rony? Não, Harry tinha certeza que ele não tinha nenhuma irmã além de Gina. Passou a observar mais atentamente aquela figura, percebeu que a garota ia se aproximando. Ela tinha cabelos longos e extremamente negros, tinha uma parencia frágil típica de aguém que parecia estar com seus 12 anos. Ela se parecia com algum conhecido, no entanto ele não conseguia definir claramente com qual. A estranha menina se proximou e lançou um olhar mortífero á garota escandalosa que ainda estava ao lado da sua cama, entendendo o recado a garota se retirou calada, num balançar das mechas castanhas.

Sem aviso prévio a frágil estranha se atirou em seu pescoço, parecia estar fazendo algo completamente normal. Harry se perguntou por alguns instantes o que havia com ele para que tantas desconhecidas o agarrasem pelo pescoço. Pôde ouvir a voz da garota saindo por entre suas mechas:

_Harry você quase matou a Melissa de preocupação, mamãe está vindo para cá trazendo ela. Você tem que parar de rachar a cabeça cada vez que decide jogar, nossa família quase surta. _Ela finalmente o soltou e jogou a mochila nos ombros sem perceber a cara de espanto que o garoto fazia. _Eu vou descer, acho que elas chegam daqui a pouco então eu preciso comer alguma coisa antes que mamãe fale que eu ando caindo por ai. _Ela saiu com um pequeno aceno de cabeça direcionado a eles.

_Cara, acho que eu vou também, ainda não terminei a redação do Lupin_ Rony fazia uma engraçada careta e passava também pela porta.

Agora estava sozinho, encontrou algumas vestes estranhas na cômoda ao lado da cama e se dirigiu ao banheiro. Retirou o pijama que vestia e colocou a outra roupa, reparou que as vestes não eram suas, mesmo assim haviam lha servido perfeitamente. Se encarou no espelho, ele estava diferente, talvez pela ausência de olheiras, talvez pelas roupas do tamanho certo (antes ele usava apenas as vestes largas do Duda). Se aproximou mais com o intuito de lavar o rosto e sentiu falta de algo eu sua testa. Afastou os cabelos do rosto e teve que se controlar para não gritar, não havia nenhuma marca em sua testa, a cicatriz tinha desaparecido. Harry saiu do banheiro ainda atordoado, que loucura era aquela? O que aconteceu com o mundo? Quem eram aquelas pessoas estranhas que agiam como se sempre o conhecessem? Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz:

_Você pensa que o mundo está louco. Já pensou que o problema pode estar com você e não com o mundo?

Ele não conseguia acreditar no que os seus olhos viam, sentada ali na cama, estava uma pessoa que ele já havia visto várias vezes em fotografias e lembranças. Uma mulher ruiva com incríveis olhos verdes, olhos iguais aos seus. Isso não podia ser verdade. “_Harry você quase matou a Melissa de preocupação, mamãe está vindo para cá trazendo ela.” Mamãe? Sua mãe? Será que podia ser verdade? Será que de alguma forma ela estava viva? Não! Não podia ser.

_Mas está tudo errado, você... você morreu, e as pessoas não são mais as mesmas...

Ele tentava falar algo, as palavras não saiam, seu inconciente berrava que era a primeira vez que falava com a sua mãe. ELA ESTÁ MORTA! Ouviu uma voz dentro de si novamente.

_Eu, não morri, eu estou aqui, viva, como eu poderia ter morrido? _ A voz dela era doce, carinhosa. O carinho que sempre desejou mas que lhe foi tirado. Seus olhos estavam ficando quentes.
_Mas na verdade você morreu... não pode... não é real... isso é uma ilusão? É uma brincadeira? Eles estão brincando comigo?

Não tinha como acreditar, era bom demais para se acreditar, era como se estivessem lhe dando uma nova chance, uma vida normal que ele sempre quis.

_Não eu realmente não morri, agora não posso afirmar quanto a sua mãe.

Harry sentiu uma fisgada na nuca, como assim quanto a sua mãe?

_Mas você não é ela? _A voz dele tinha saido trêmula, ele tentava não chorar.
_Quem? A sua mãe? Não. Eu sou a mãe do Harry Potter.

Ele sorriu por dentro e falou com calma:

_Eu sou o Harry Potter.
_Não. Você não é. Pelo menos aqui não.

Perguntas inundavam a sua mente, afinal que lugar era quele? Quem a sua mãe pensava que ele era? Afinal era ele, ali, o filho dela.

_Como assim? _tentava controlar o tom da voz, mesmo sabendo que esta saia estranhamente estridente e assustada.
_Você é muito parecido fisicamente com ele. Mas aqui você não é ele.

Era para ele entender?

_É claro que sou, eu sou o verdadeiro Harry.
_Não, na nossa verdade você não é ele.

Nossa verdade? Como assim nossa verdade? Existe apenas a verdade e não a verdade de cada um. E ele sabia que era Harry de verdade. Tentou se controlar:

_Como assim na nossa verdade?
_Não seja tão precipitado e irá entender. O que forma uma pessoa?_ Ela lançou a pergunta no ar e não esperou por qualquer resposta antes de continuar _ A personalidade dela não é? A essência. Mas o que forma isso? Na verdade acredito que é uma mistura do que a pessoa é com tudo o que ela viveu e as pessoas que ela conheceu. E o que pode mudar uma pessoa? Se na vida dela acontecer algo importante ou algum fato marcante ela realmente não será mais a mesma. Existe algo que você considera de verdade, que não está aqui e que poderia ter mudado tudo? _ A voz dela ainda saia serena, calma.

Ficou com raiva.
Como assim algo de verdade que não está aqui? Ele nem sabia mais o que era verdade. Repentinamente algo lhe veio a mente: A cicatriz não existia. Se ali não existia cicatriz nenhuma então o confronto com Voldemort nunca havia acontecido, seus pais estariam vivos, talvez ele tivesse irmãos, talvez... Ele e Rony não seriam amigos de Hermione porque Quirrel nunca teria libertado o trasgo, ele seria apenas um garoto normal, jogando quadribol e saindo com garotas. Seus pensamentos começaram a se multiplicar: Porque Voldemort não o atacaria? Talvez porque aqui não existe a profecia, só podia ser isso. Mas porque a profecia existia? Porque voldemort existia, susurrava uma incansável vozinha em sua mente. Então...

_Voldemort. É isso não é? Aqui ele não existe?
_Eu não sei quem é esse._ Disse ela sem a necessidade de fazer nenhum sentido.
_Então isso aqui é como tudo seria se Voldemort nunca tivesse existido?
_Não, isso é um lugar onde isso nunca existiu.
_Então nada aqui é de verdade?
_Tente entender. Tudo isso é verdadeiro para nós, no entanto para você parece não ser o suficiente.

Parece não ser o suficiente? Como assim? Isso é tudo o que ele sempre quis. No entanto Ao encarar a mulher a sua frente se sentiu fraquejar, realmente aquela não era a sua mãe, percebeu isso nesse momento. Aquela mulher nunca viveu em tempos negros, nunca deu a sua vida pelo filho. Ele não precisava disso, a existência de Voldemort, querendo ou não, tinha formado quem ele era. Percebeu que não conseguiria mais viver daquela forma despreocupada, ele era uma pessoa marcada, que havia sido retirada de sua luta, precisava voltar.

_Como eu fasso para que tudo volte ao normal?
_Aqui está tudo normal, como sempre foi. Exceto pelo fato de que você acordou no corpo do meu filho.

Harry comessava a sentir raiva da calma da mulher, será que ela não compreendia?

_Então como eu fasso para voltar para a minha realidade?
_Tenho certeza de que você sabe exatamente como voltar, afinal você chegou até aqui não é? Eu acho que a questão seria você deseja realmente voltar.

Desejar voltar, como ele poderia desejar voltar se aqui, vivendo como o filho dessa mulher, ele tinha tudo o que sempre quis? Uma outra voz invadiu a sua mente: “Não vale apena viver sonhando e se esquecer de viver.” Essa não era a sua realidade, por mais que desejasse que assim fosse, para ele isso nunca poderia ser real. E na realidade Voldemort devia estar esperando para um combate, esse era realmente um bom motivo para voltar. Encarou a mulher á sua frente como que decorando cada um dos seus traços, e ia abrir a boca para extrair dela um modo de voltar quando se sentiu mole, perdendo os sentidos. A última coisa que viu foi os olhos verdes, lindos olhos verdes.

Estava caindo novamente, sentia algo morno passando em cima da sua pele, fazendo cócegas. Ouviu alguns ruídos sem importância, viu Voldemort duelando á frente com Snape, se sentiu estranho quando percebeu que seu corpo estava deitado a alguns metros de distância, alntes que pensasse em qualquer coisa, notou que estava sendo atraído pelo próprio corpo e que segundos depois uma dor dilacerante tomou conta de seus ossos. Estava de volta.

Abriu os olhos com calma e foi se levantando. Tudo se passava em camera lenta. Aos poucos alguns dos presentes que haviam voltado a duelar pararam para lhe observar. Por suas feições de incredibilidade percebeu que todos estavam pensando que morrera. Refocando sua concentração ele ignorou todas as suas dores e fez que pareceu o certo naquele instante: correu na direção do inimigo.

Antes que Voldemort percebesse o que estava acontecendo, Harry o abraçou pelas costas e pulou na direção do véu. Todos prenderam a respiração, Os dois faziam um arco e estavam prestes a atravessar o arco quando tudo parou.
A sua frente, ofegante, estava Snape com a varinha apontada para eles. O mestre de poções havia feito um feitiço de levitação e impedido a queda. Harry fez a única coisa que lhe pareeu sensata:

_Snape... Por favor...

Snape arregalou os olhos como que inceto do que deveria fazer, mas sob o olhar decidido do garoto desfez o feitiço e observou os dois corpos atravessando finalmente o arco.

Harry ainda ouvia os gritos de Voldemort, até que finalmente, envolvido pelo calor morno já conhecido, ele foi perdendo os sentidos.

*
Se você está por sua própria conta nesta vida,
Os dias e noites são longos,
Quando você sentir [que] teve demais desta vida
Para persistir...
*

***

Gina estava alheia a “empolgante” discução dos “mais importantes representantes do mundo mágico”, estava concentrada apenas em uma coisa: o estranha vazio que sentia no peito, isso não podia ser um bom sinal. Fechou os olhos com força percebendo que começava a chamar a atenção de várias pessoas á sua volta. Derrepente sentiu o vazio ser completado pela dor, berrou com toda a sua força, lágrimas escorriam pelos cantos dos seus olhos. A ultima imagem que viu foi de um par de olhos verdes se perdendo por entre um véu feito de trevas. Com um suspiro caiu desmaiada no chão cinza-brilhante.

*
Bem, todo mundo sofre
Às vezes, todo mundo chora.
E todo mundo sofre
Às vezes...
E todo mundo sofre
Às vezes...
*

***

A muitos quilômetros de distância uma pequena vila acabava de acordar. Donas de casa escancarravam as janelas, recebendo um sol do fim da primavera que enunciava o começo dessa preguissosa manhã. Próximo a praça central e frente á uma pequena igreja, feirantes começavam a receber marcadorias e organizá-las em suas bancas. Algumas crianças brincavam um pouco mais a diante ignorando os gritos de uma senhora que tentava defender suas margaridas do perigo eminente que os pequenos representavam. Aquela era apenas uma cidadezinha qualquer, que parecia existir dependendo apenas da sua própria realidade, completamente alheio a tudo o que acontecera num lugar muito distante dali, apenas algumas horas a trás.

O vilarejo era delimitado por um portal de entrada em um dos lados da rua principal, na outra extremidade existia apenas um bosque, e a rua continuava por uma estradinha antiga e tortuosa. Os moradores raramente tocavam no assunto da direção que a trilha através da mata tomava, sabiam, ou pelo menos escutavam por ai, que no final encontrava-se uma grande casa em ruínas.Algumas vezes acontecimentos estranhos na cidade foram justificados, pela convenção do próprio povo, como produto do passado sombrio desse lugar, e principalmente pela história que acompanhava os antigos moradores da casa no final da trilha. No entanto fazia realmente muito tempo que não se ouvia pronunciar qualquer palavra sobre esse lado obscuro da vila. Até auele momento ela não passava de um lugar obsolutamente normal.

A atenção de algumas pessoas foi desciada de seus afazeres quando notaram uma sombra que descia através do caminho embrenhado na mata. Segundos depois a cidade parava para encarar o jovem que andava tranquilamente pelas ruas. Sua aparencia nada convencional atraia ainda mais a curiosidade de todos, ele usava uma capa negra um tecido grosso mas mesmo assim esvoaçante, que cobria praticamente toda a veste verde extremamente escura, os abotoamentos prateados davam uma elegância exepcional ao figurino, justificavam a postura imperial. Cobrindo parcialmente suas feições estava o chapéu mais estranho que já passara por ali, era um acessório pontudo e afunilado, que pendia levemente para um dos lados. As crianças próximas discutiam a possibilidade da figura ser uma bruxa dos contos de fada, o mais velho pôs um ponto final na questão falando, seguro de si, que bruxas não existiam.

O rapaz apenas continuava caminhando de forma alinhada e arrogante, nem se importando com o ocasional interresse das pessoas em si, tinha coisas mais importantes para pensar. Uma coruja negra pousou sobre seu ombro sob alguns olhares arregalados das senhoras mais próximas, ele não deu importancia a ave. Repentinamente pareceu se lembrar de algo. Colocou algumas moedas dentro de um pacotinho preso ao pé da coruja e retirou um jornal que ela também carregava. Abaixou o rosto para ler a capa: VOLDEMORT DESTRUÍDO POR HARRY POTTER
Saiba de detalhes inéditos (pg. 6 e 7).
COMENSAIS DA MORTE APRISIONADOS
Confira quem são eles (pg. 8; 9 e 10).
Saiba mais sobre Hermione Granger, truxa que ainda nega seu relacionamento com o eleito (pg. 5).
“Finalmente acabou...” declaração do ministro da magia á sociedade bruxa (pg. 14 á 17).

O rapaz apenas jogou o jornal ainda fechado dentro da lata de lixo mais próxima, ergueu a cabeça contemplando o céu claro do dia, revelando cabelos extremamente claros e olhos cinzentos contraídos pela claridade.

_Isso é apenas o começo..._ exclamou antes de continuar andando pelas calmas ruas do vilarejo e sendo acompanhado por novos olhares de feirantes que recebiam as mercadorias e dos senhores de roupão que saiam ás varandas a procura do jornal diário.

*
Então agüente, agüente...
Agüente, agüente,
Agüente, agüente,
Agüente, agüente...
Todo mundo sofre...
Você não está sozinho...
*

***

N/A: eu sei que esse não foi um bom capítulo e que se alguém estiver acompanhando essa fic deve estar com um ódio mortal de mim. Mas eu tenho uma explicação: a minha mente extremamente trágica trabalhou muito nesses últimos dias, a trama foi criando forma e eu precisei escrever esse segundo prólogo para que a história não ficasse muito fragmentada. (aiii coitadinho do Harry... amo ele ;x;x)
N/A2: não, essa não vai ser mais uma daquelas fics em que o Draco vira bonzinho, o Harry um vilão e a Gina uma histérica. Eu sou completamente H/G e serei H/G até a morte (será que eu sou uma menina dramática?). No próximo capítulo a história vai finalmente ganhar forma, daí sim eu paro com essas embolações...
N/A3: quero agradecer as pessoas que comentaram, adoro comentários! Mas não sei por que ainda tenho a impressão de que estou falando sozinha nesse momento ;x;x conheço várias pessoas que leram e não comentaram ;/;/ como eu vou saber se devo continuar?
Usahuisahiusah..
Bjssss
Quero comentários ein??

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