Seguindo Adiante



Harry tinha plena consciência do que estava fazendo, mas não pôde deixar de se sentir atordoado, com a perspectiva de uma conversa com Dumbledore depois de todos os acontecimentos em Hogwarts. Após se sentar de frente para o diretor, o mesmo abriu um sorriso e começou:

-Bem, Harry, você deve ter algumas perguntas.

-Tenho, sim senhor. - disse ele, apressado, antes que pudesse se conter. - O senhor foi mesmo, quero dizer, não pode mais...?

Dumbledore fitou Harry através de seus oclinhos de meia-lua, como costumeiramente fazia, e disse:

-Harry, preciso que você entenda uma coisa. Nos tempos em que estamos, situações como essa são extremamente comuns...

-Mas... - tentou Harry, em vão.

-Mas não é só por isso que teremos que abaixar a cabeça para tudo que está acontecendo. - interrompeu ele. - Voldemort está ficando cada vez mais forte, cada vez mais sem limites, o que é muito prejudicial para a comunidade bruxa, e você precisa cumprir a tarefa que deixei pendente.

-A tarefa de destruir as Horcruxes? - perguntou Harry, já sabendo a resposta.

-Exatamente Harry.

-O medalhão... Era falso. Dentro continha um bilhete de um tal de R.A.B. - dizia Harry, nervoso, olhando para baixo, e com as mãos no bolso.

-Um bilhete? - Dumbledore pareceu impressionado. -Você poderia lê-lo?

Harry fez um aceno afirmativo com a cabeça e retirou o medalhão do bolso, que estava molhado com o suor de sua mão, que passava a maior parte do tempo apertada à ele.

-"Ao lorde das trevas," - começou ele. - "sei que há muito estarei morto quando ler isto, mas quero que saiba que fui eu quem descobriu seu segredo. Roubei a Horcrux verdadeira e pretendo destruí-la assim que puder. Enfrento a morte na esperança de que, quando você encontrar um adversário à altura, terá se tornado outra vez mortal. R.A.B." - terminou Harry, dobrando novamente o bilhete e o guardando no medalhão, que por sua vez, foi para o bolso do garoto.

Dumbledore ficou calado absorto em pensamentos durante um tempo, o que deu a Harry uma boa chance de olhar para a janela e admirar o crepúsculo que resplandecia no céu lá fora.

-Interessante... - disse Dumbledore para si mesmo, dando uma risada. - E muito intrigante, por sinal. Engenhoso, sim, muito engenhoso.

-Professor? - chamou Harry baixinho, como quem acorda uma pessoa de um sono inquieto.

-Ah, desculpa Harry. - respondeu ele, rindo-se novamente. - Minha cabeça está a mil, sabe, agora que não tenho mais a penseira. E por falar na penseira, Harry, ela agora está a sua disposição. Creio que você não voltará para Hogwarts, mesmo que ela abra, mas você sempre poderá passar aqui para me fazer uma visitinha. - disse Dumbledore, com um sorriso paternal, parecendo bem disposto.

-Sim, obrigado, professor. - agradeceu Harry, esboçando um sorriso. - Posso lhe fazer mais uma pergunta? - perguntou ele, inesperadamente.

-Só mais uma?

-O senhor sabe quem é R.A.B.?

-Tenho minhas dúvidas, Harry. Mas ainda não posso dizê-las. Não quero que você se prenda à conclusões de um velho preso a uma moldura. - falou Dumbledore, sorrindo e olhando em volta de sua moldura.

Harry franziu a testa. Não era certo Dumbledore se diminuir daquela maneira, uma vez que ele fora o maior bruxo que Harry já havia conhecido.

-Agora preciso que me escute, Harry. Preciso que me escute com atenção. - continuou Dumbledore, agora sério. - Você tem um caminho muito perigoso para seguir, mas ninguém melhor do que você para segui-lo.

-Mas professor, como vou achar as Horcruxes? Vai ser impossível! Elas podem estar em qualquer lugar! - disse Harry, começando a se sentir ansioso.

-Com a ajuda de seus amigos, Harry, nada é impossível. E você já tem pistas bastantes significativas. Você sabe quais são as possíveis Horcruxes, e até quantas elas podem ser. - dizia Dumbledore, calmo. - Não vou dizer que será fácil, mas tenho certeza de que você será bem sucedido.

As palavras de apoio de Dumbledore foram bem vindas, mas mesmo assim, Harry continuava se sentindo ansioso. E assim, repetiu para si mesmo a relação de objetos que deveria buscar, mas dessa vez em voz alta.

-O medalhão, a taça, a cobra... Alguma coisa de Gryffindor ou de Ravenclaw...

-Exatamente, Harry. Esses são os quatro objetos que deve buscar. Se quiser uma dica, eu diria que seria bom você refazer os passos do passado. É o que eu faria. O passado nos diz muita coisa.

-Como assim, professor?

-Creio que Tom tem muito a nos dizer ainda. - finalizou Dumbledore, com um piscar de olhos.

Para Harry, a frase de Dumbledore finalizava a questão. Mas ainda havia muitas coisas a perguntar. Infelizmente, nessa hora McGonagall entra pela porta do escritório e diz:

-Alvo, têm um jornalista do Profeta Diário querendo falar com você. - e ao dizer isso, olhou para Harry como se tivesse acabado de perceber que ele estava ali. - Ainda aqui, Potter? O Expresso de Hogwarts já vai sair! O Sr. Weasley e a Srta. Granger estão lhe procurando! Corra, antes que perca o trem!

Harry concordou com a cabeça e levantou-se. Olhou para Dumbledore, sem saber o que dizer. Para a felicidade de Harry, foi Dumbledore que falou:

-Não esqueça, Harry. Siga adiante, não pare. Você conseguirá. E se precisar, bem, sempre poderá me encontrar aqui!

-E se a escola fechar, professor? - perguntou Harry, esquecendo-se que estava mudo.

-Hogwarts é, foi e sempre será minha casa. Continuarei aqui mesmo que a escola vá abaixo. A propósito, Minerva, poderia lançar um feitiço anti-destruição na minha moldura? Por via das dúvidas... - completou ele com mais uma piscadela para Harry.

Harry deu um sorriso e se sentiu relativamente mais feliz, por ver Dumbledore tranquilo, como sempre fora. Após se despedir dos dois professores, desceu as escadas e encontrou Rony, Hermione e Gina o esperando no Saguão de Entrada.

-Corre, Harry, a gente vai perder o trem! - gritou Rony, começando a andar em direção a porta de carvalho.

Hermione acompanhou o amigo, mas Gina esperou Harry chegar até ela.

-Vamos então? - ela disse.

Harry, sorrindo, lhe deu um beijo, segurou sua mão, e disse:

-Vamos.

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