Vvigésimo Nono Dia
Gina teve uma noite muito mal dormida.
Sonhara a noite inteira que estava andando por uma casa escura e ouvia barulhos de gemidos e, quando abre uma porta, encontra com Draco e Mandy Blanck embolados em cima de uma cama em uma posição mais vista nem imaginada.
Foi quando acordou, às seis e meia da manhã, com olheiras e uma aparência horrível. Parecia que tinha acabado de voltar de uma imensa guerra e que havia sido a única sobrevivente.
Tomou um banho bem quente, para aliviar a tensão.
Quando saiu de lá, resolveu que estava na hora de empacotar as coisas de Draco, ela não tinha esse direito. Sair xeretando na vida dele, como se fosse dela – embora, de certa forma, fosse dela.
Guardou-a cuidadosamente, bem mais ajeitado do que estava, quando as pegou pela primeira vez.
Depois de molhar a pena no tinteiro, pela última vez, Draco assinou o fim da página:
“Draco Malfoy”
Pousou a pena na escrivaninha e deixou o diário aberto, para que a tinta pudesse, enfim, secar. O sono assaltava-lhe e manter os olhos abertos era quase uma missão impossível, resolveu deitar um pouco para descansar, mas acabou por adormecer, não vendo a coruja que entrou no quarto, para deixar um embrulho e, acidentalmente, esbarrou nas páginas, ainda molhadas.
Quando, por fim, acordou, já tinha passado das cinco horas da tarde e foi assaltado por um imenso sentimento de urgência. Tinha que falar com Gina, tinha que tentar acertar as coisas antes que fossem tarde demais.
Pegou o diário e saiu com ele do quarto, colocou um sapato e penteou rapidamente o cabelo, escovou o dente em cinco segundos e colocou-se a descer as escadas, em direção ao salão principal.
Encontrou, Gina, entretanto, apenas duas horas depois de ter saído em sua procura, ela estava sentada, à beira do lago, segurando uma caixa bonita que Draco reconheceu como a caixa onde guardava as cartas de Mandy Blanck.
“Gina?”, chamou ele, mas não esperava, de fato, que ela respondesse.
No entanto, ela o surpreendeu erguendo os olhos e fitando-o com atenção.
“Oi”, falou ela, com a voz fraca e baixa.
“Está tudo bem?”, perguntou ele, olhando-a com atenção.
“Só não dormi direito”, confirmou Gina, enquanto batia de leve no lugar vago ao seu lado “Sente aqui, Draco, temos que conversar”
Ele o fez e ficou em silêncio, esperando que ela começasse.
“Então...”, fez Gina, com um sorrisinho “Isso te pertence!”
E entregou a caixa, a mão dos dois roçaram de leve, mas, se Gina percebeu, não se deixou abalar. Draco, no entanto, sentiu algo na boca do seu estômago.
“Obrigado... E, bem... Espero que você não esteja mais chateada com todo esse lance, Gin, eu realmente...”
“Tá tudo bem!”, cortou ela, mas Draco sabia que nada estava bem “Quero dizer, o que mais eu esperaria? As coisas estão bem como estão, Draco”
“Vai ser o suficiente para que possamos voltar ao normal?”, perguntou ele, enquanto passava a mão sobre a superfície lisa e dura da caixa de madeira.
Gina ficou em silêncio por mais algum tempo, possivelmente pensando no que poderia acontecer, ou se ainda havia alguma chance dos dois voltarem aos seus corpos originais.
“Eu acho que sim”
“Como assim?”, perguntou Draco, surpreso “Achei que você me odiasse”
“Certas coisas não se podem mudar, Malfoy”, disse Gina, séria.
“Ahn... Antes que eu me esqueça. Isso aqui é seu!”, e deu a ela o diário.
Gina pegou o diário e olhou-o, com nostalgia.
“A gente se odiava mesmo, hum?”, perguntou ela, enquanto folheava o começo do diário e deixou uma gargalhada escapar, lendo em voz alta “Como é que alguém pode ser tão idiota? E será que ele já reparou com a Parkson parece com uma cadela no cio? Hum... Vai ver ele gosta de garotas assim!”
Draco também deu uma risadinha.
“É... Eu costumava gostar de garotas assim, você sabe”, disse ele, pensativo “Eu devo ter mudado bastante, nos últimos dias”
“Não tanto... Mas está um mês em abstinência”
Draco deu um risinho.
“Eu nunca fiquei um mês...”
“Hey! Eu sou uma menina, ok? Não preciso ouvir isso!”, retrucou Gina, fechando os olhos e tapando os ouvidos.
Draco riu.
“Bem, acho que eu tenho que ir”, disse Gina, levantando-se e deixando Draco Malfoy sozinho.
Estava há uns cinco metros de distância, quando voltou-se para ele.
“Malfoy?”
“Sim?”
“Eu não te odeio, sabe... Só estou um pouco brava, só isso”, disse, sorrindo.
“Como assim?”
“Oh, você é um cara esperto. Vai descobrir!”, sorriu Gina, dando as costas para ele e caminhando para dentro do castelo.
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