Décimo Nono Dia
Definitivamente, esse não era um bom dia.
Nem para Draco, nem para Virgínia Weasley.
O frio estava tão forte que os alunos andavam esfregando os braços, na tentativa de se aquecerem um pouco mais. Mesmo que fizesse apenas duas horas desde que haviam acordados, Draco e Gina já haviam se esbarrado umas trocentas vezes o que ajudava a piorar o dia dos dois.
Era incrível como Hogwarts era incrivelmente pequena e grande ao mesmo tempo. Quando procura, de todas as maneiras, pela pessoa, nunca a encontra, mas quando a deseja longe de você, vivem se esbarrando pelos corredores.
Era assim, pelo menos, que Gina sentia-se.
Depois de Draco ter dito que se arrependia de ter estado com ela, tinha vontade de enterrá-lo, mas não sem antes dar um tapa bem dado na cara dele. A raiva que sentia dele, só aflorou, de fato, momentos antes de pegar no sono – que, normalmente, é quando mais pensamos na vida.
“Como o odeio!”, resmungou Gina, enquanto chutava o ar, indignada com a cara de pau que o garoto havia tido de ir até lá só para dizer, na cara dura, que para ele nada tinham significados o beijos, quando para ela...
“Também não significaram nada para mim!”, berrou, ainda mais indignada “Não estou brava porque para ele não significou nada, estou brava porque... bem... ahn, deixa quieto”, disse, incapaz de pensar em alguma desculpa que convencesse a si mesma.
A idéia de estar apaixonada por Draco Malfoy não havia passado pela sua cabeça, até então.
Não poderia ser possível que ela, Virgínia Weasley, estivesse apaixonada por Draco Malfoy, em quem depositara todo seu ódio desde que havia se dado por gente.
XxXxX
Draco Malfoy estava sentado na fonte, observando os diversos casais que sentavam-se pelo jardim, agarradinhos, para protegerem-se do frio. Ou fazerem outras coisas, mas isso realmente não importa.
Soltando um suspiro exasperado, Draco observou o próprio reflexo na água em movimento da fonte. Observou aqueles cabelos ruivos e bem ondulados, mas com aqueles cachos definidos na ponta, os olhos castanhos escuros e a pele branca, coisas essas, que nunca mais teria, depois do que fizera.
Aquele pensamento fez com que ele sentisse um enorme vazio por dentro.
Alguns anos mais tarde, Draco Malfoy poderia claramente afirmar que estava apaixonado pela ruiva e sofria pelas conseqüências de seus atos impensados, no entanto, ele tinha somente dezessete anos e, jamais havia sentido isso por qualquer outra garota em toda a sua vida.
(Estou um pouco influenciada pela maneira narrativa feita por C. S. Lewis, autor de Crônicas de Nárnia)
Ficou divagando alguns momentos, fantasiando o momento em que encontraria com Gina e ela não ignorasse completamente a sua existência, como se ele fosse os piores dos vermes.
Nesse instante, quando abriu os olhos novamente, encontrou com o seu próprio reflexo, fitando-o.
“Gina?”, perguntou, sentindo um revirar no estômago.
“Não me chame assim, existem pessoas por perto. Me chame de Malfoy”, disse ela, secamente.
“Escute...”
“Escute você. Temos apenas onze dias para que essa droga desse feitiço acabe e eu não quero ficar no seu corpo para sempre, então, não precisamos nem nos ver, nem nos falar, apenas nos dar bem”, falou ela, rapidamente.
“Não consigo entender como duas pessoas podem se dar bem sem se falar, ou se ver”, disse Draco, claramente confuso.
“É possível, sim! Eu me dou bem com a Parvati e não falo com ela! E é exatamente isso que vai acontecer entre a gente! Vamos nos dar bem e, no trigésimo dia, quando toda essa palhaçada acabar, não vou te ver nunca mais e não quero mais saber de você!”, berrou ela, nervosa, quando percebeu que alguns casais estavam olhando para eles.
“Mas, Gin... Malfoy”
“O quê?”
A pergunta havia sido feita com tanta aspereza que Draco recuou e ficou em silêncio, penas fitando-a com os olhos cheios de remorso. Por um minuto, viu-a lutando com uma vontade imensa de abraçá-lo, mas logo, fechou a cara novamente.
“Vou fazer o possível para que exista, nesse onze dias, alguma chance de eu conseguir ficar perto de você sem me sentir enojada ou enraivecida. Deixemos isso bem claro!”
Sem olhar para trás, ela foi embora, com direito até a uma olhada desdenhosa por cima do ombro, pouco antes de sumir dentro do imenso castelo de Hogwarts.
Se antes Draco tinha qualquer esperança de voltar a ter uma relação, no mínimo, amigável com a garota, tal esperança sumiu completamente após tal conversa.
No entanto, ele não podia culpar ninguém, senão ele mesmo.
Passando o cachecol novamente pelo pescoço, para se proteger do frio, caminhou em direção ao castelo, lançando um último olhar aos casais abraçados que espalhados pelos jardins.
“Idiotas”, pensou, com desdém, antes de sumir dentro do castelo, por onde Gina o havia feito alguns minutos antes.
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