O Fogo e a Água
-Conta Hagrid!Por favor!-Pediu Rony, pela décima nona vez, desde que chegaram na cabana, no dia seguinte da festa de boas-vindas para os alunos estrangeiros.
Harry, Rony e Hermione haviam acordado bastante cedo para um sábado.Após observarem a falível tentativa de Fred, Jorge e Lino de conseguirem pôr seus nomes no Cálice de Fogo-agora posto no saguão de entrada, e protegido por uma linha etária-, e se divertirem com as barbas que Fred e Jorge ganharam ao atravessar a linha, os três amigos foram visitar Hagrid em sua cabana.O guarda-caça estava muito ‘‘arrumado’’ quando recebeu os garotos.Agora, depois de almoçarem com Hagrid, Hermione e os meninos se divertiram tentando convencer Hagrid a contar quais eram as tarefas do torneio.
-Não conto.É surpresa!-Dizia ele, cheio de entusiasmado, segurando uma enorme agulha de osso, em uma mão, e uma linha amarela de cerzir, na outra.-Cansada de falar do torneio e das barbas dos gêmeos, Hermione tirou do bolso da capa, uma caixa de papelão.
-Hagrid, eu fundei um movimento e... bom, eu queria que você se alistasse...-começou a garota.Harry e Rony se entreolharam, e sorrindo um para o outro, viraram as cabeças para a janela, onde batia uma chuva fina.Hagrid franziu a testa, e segurou com firmeza, a agulha.
-Um movimento?De quê propósito?-Perguntou, curioso.
-Eu o batizei como o Fundo de Apoio à Liberação dos Elfos, o F.A.L.E, cujo tema e missão é obter os direitos dos elfos domésticos, como seu ordenado, férias, e principalmente, suas condições de trabalho decentes...
-Esperai, Hermione.-Interrompeu Hagrid, colocando a agulha de osso, no braço da poltrona.-Ordenado?Férias?Direitos?Você acha que os elfos querem isso?-Rony mal conseguiu abafar o riso, de onde estava, mas Hermione o ignorou, fitando Hagrid, respondeu, indignada.
-É lógico!A escravidão dos elfos é bárbara!Andei lendo muito na biblioteca...
-Hermione, os elfos não querem salário.Muito menos férias...
-Eles querem sim!-Protestou Hermione impaciente.-Olhe... dois sicles, para você se alistar.E assim você compra um distintivo.-Hermione entrega a caixa para Hagrid, e este a recebe incomodado, mas logo que vê o seu conteúdo, a devolve para Hermione.
-Não, Hermione.-Disse Hagrid, sério, pegando a agulha novamente.-Não conte comigo.
-Mas Hagrid!A vida dos elfos é mortificante!São castigados; o tempo todo.São considerados escravos dos humanos!Você precisava ver Wink, a elfa do sr. Crouch ser humilhada na frente de muita gente, e ser acusada de algo que não fez!
-Seria fazer a eles uma maldade, Hermione.-Disse Hagrid, tornando a cerzir suas meias caídas em seu colo.-Faz parte da natureza deles cuidar dos serem humanos, é disso que eles gostam, entende?Você os faria infelizes se tirasse o trabalho deles e os insultaria se tentasse lhes pagar um salário.
-Mas Harry libertou Dobby e ele foi à lua de tanta felicidade!-Insistiu Hermione.-E ouvimos dizer que ele está exigindo salário agora!
-Tudo bem, tem aberrações em toda espécie da natureza.Não estou dizendo que não haja elfo esquisito que aceite a liberdade, mas você jamais convenceria a maioria deles a concordar com isso, não, nada feito ,Hermione.-Totalmente contrariada, Hermione guardou a caixa no bolso da capa, e não falou muito depois disto.
Hermione, Rony e Harry, depois e assistirem Hagrid partir ‘‘arrumado’’, com Madame Máxime e seus alunos para a Festa das Bruxas, depois de dizer que, iriam acompanhá-los, e saíram sozinhos da cabana, e caminharam pela escuridão dos jardins, quando Hermione sussurrou para os amigos.
-Ah, são eles.Olhe lá!-Vítor Krum e Karkaroff caminhavam, lado a lado, seguidos pela delegação de Durmstrang.Hermione viu que o jogador nem sequer olhou para os lados ao chegarem no portão de carvalho.Isso, inesperadamente, a chateou.
O banquete daquela noite, foi muito inquieto.Não só os alunos pareciam ansiosos, alguns professores também, inclusive os diretores das escolas.O Cálice de Fogo estava, agora, em cima da mesa principal, em frente ao diretor.Finalmente, quando os pratos foram esvaziados, as atenções se concentraram em Dumbledore.
-Bem, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir.-Disse Dumbledore, de pé, mais uma vez.-Estimo que só precise de mais um minuto.Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado.-O diretor indicou uma porta atrás dos professores acomodados.-, onde receberão as primeiras instruções.
Hermione consultou o relógio, tensa.A qualquer momento, o cálice iria anunciar os três campeões.Ela olhou a sua volta, muitos alunos também olhavam os seus relógios.Hermione girou a cabeça para trás, e viu Vítor Krum a observando.Ele retirou os olhos dela, assim que os dois se encararam.Sua expressão carrancuda se intensificou, quando voltou os olhos para o Cálice de Fogo.Mal ela sabia, que dentro de alguns segundos, Krum se tornaria mais famoso do que era no mundo inteiro...
-Impossível!-Exclamou Hermione, mal podendo acreditar no que acabara de presenciar.Ela e Rony tinham acabado de sair do salão, onde os nomes dos campeões foram anunciados, pelo Cálice de Fogo.Vítor Krum fora escolhido, para ser campeão de Durmstrang, Fleur Delacour era a campeã de Beauxbatons e Cedrico Diggory, campeão de Hogwarts.Mas algo saiu errado, algo que ninguém previra.Harry Potter fora escolhido, para ser o quarto campeão!Depois que ele atravessou a câmara, atrás da mesa dos professores, não demorou nada, para o minúsculo professor de feitiços, liberar todos do salão.
-Não, Hermione.-Disse Rony, bastante abatido desde que o nome de Harry saiu no cálice.-É possível sim.É tão possível que ele conseguiu.-Os dois amigos subiram a escada de mármore, junto com os demais alunos da Grifinória.Todos pareciam espantados com o acontecido, mas, ao contrário de Rony e Hermione, nenhum parecia preocupado, ou chateado.
-Ele conseguiu!-Gritou Fred Weasley, para os colegas.-O cara conseguiu!Que sortudo!
Hermione e o resto dos alunos de sua casa rumaram para a torre da Grifinória, todos muito impressionados.Assim que chegaram, Fred e Jorge já estavam planejando uma festa para comemorar o acontecido.Porém, Rony subiu para o dormitório, sem dizer uma palavra, e Hermione o seguiu.Quando entrou no aposento, Hermione viu Rony sentado na sua cama, observando o chão.Ela se sentou na cama de Neville, e contemplou Rony por um momento.
-Você está bem, Rony?-Perguntou.Rony continuou a contemplar os sapatos.
-Estou ótimo.-Respondeu ele, secamente.-Não tão melhor quanto Harry deve estar, agora que é um campeão.
-O Harry não colocou o nome dele no Cálice de Fogo!-Disse Hermione, com a absoluta certeza de que estava certa.Rony não respondeu, mais deu uma risadinha de desdém.-É impossível, ele ter feito isso!Dumbledore traçou a linha etária!E o cálice é um objeto extremamente poderoso, para ser passado para trás, por alguém do quarto...
-Não o defenda!-Grunhiu Rony, virando-se repentinamente para Hermione.-Quem se importaria em colocar o nome dele no Cálice de Fogo?Você não percebe?Não entende?Deve ter havido algum motivo para ele ter feito isso, sem falar comigo!
-Rony...
-Ele colocou o nome no cálice!Ganhar fama e dinheiro!Quem não quer isso?Eim, Hermione?-Rony estava ficando com as orelhas vermelhas, mas Hermione respirou fundo, então disse calmamente.
-Olha, conversa com ele.Eu tenho certeza que irão esclarecer isso juntos.Eu tenho certeza de que ele...
-Boa noite, Hermione.-Disse Rony, se deitando na cama, e virando para o outro lado.Hermione ficou olhando as costas de seu amigo.Pensava que ele também não acreditaria que Harry estivesse posto o seu nome no cálice, mas a atitude de Rony, infelizmente, era presumível.Ela se levantou da cama, caminhou até a porta, e com a mão da maçaneta, disse para a sombra escura de Rony.
-Boa noite.
Os dias que se sucederam em Hogwarts, foram piores para Harry.Embora Hermione o ajudasse a enfrentas as amolações dos alunos das Sonserina, não conseguiu pensar em um jeito das outras casas pararem de ignorá-lo, nem fazer ele e Rony voltarem a se falar, pois brigaram logo que Harry chegou no dormitório, no dia que foi escolhido para ser campeão.Como se não bastasse todos os problemas, Hermione encontrara Vítor Krum na biblioteca, um pouco antes do almoço de segunda feira.Ele observava as estantes; parecia que era a primeira vez que entrava ali.Quando passou entre as estantes, onde estava a mesa que Hermione se debruçara para terminar um dever de Aritmancia, ele parou subitamente.Segurando a prateleira da estante, Krum se virou lentamente para Hermione, mas sua atenção foi chamada quase instantaneamente, por um grupo de garotas um pouco mais distante dos dois.Elas sorriam e cochichavam.Krum tornou a encarar os olhos de Hermione e sua expressão carrancuda o acompanhou, assim como as garotas, para um canto mais distante.Os risinhos não pararam, vencida pela raiva, Hermione torceu para que fosse a primeira e última vez, que Krum fosse visitar a biblioteca.
Naquele mesmo dia, depois do almoço, Hermione e Harry desceram para as masmorras, assistir à aula de poções.Quando se aproximaram da sala, viram os alunos da Sonserina usando um distintivo no peito.Em letras vermelhas e brilhantes, podia se ler: ‘‘Apóie CEDRICO DIGORRY- o VERDADEIRO campeão de Hogwarts.’’
-Gostou Potter?-Perguntou Malfoy, em alto e bom som, quando ele e Hermione chegaram perto.-E isso não é só o que eles fazem, olha só!-Malfoy pressionou o distintivo contra o peito, e em letras verdes, pôde-se ler: POTTER FEDE
Os alunos da Sonserina caíram na gargalhada e todos apertaram os seus distintivos, emitindo a mensagem POTTER FEDE, à toda sua volta.Hermione viu o rosto de Harry corar.Disposta a defender o amigo, ela zombou.
-Ah, engraçadíssimo-Disse para Pansy e suas amigas, que morriam de rir.- , é realmente engraçadíssimo.-Hermione procurou Rony, e o viu com Dino e Simas, encostado na parede.Ele demonstrou o mais absoluto sinal de indiferença com a cena.
-Quer um, Granger?-Ofereceu Malfoy, estendendo um distintivo para a garota, que o olhou com desprezo.-Tenho um monte.Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá-la, sabe, e não quero que uma sangue-ruim a suje.-Hermione sentiu uma onda de raiva e vergonha, mas Harry agiu por ela.Pegou a varinha e apontou para Malfoy.As pessoas afastaram dos dois, rapidamente.Hermione, em desespero, gritou.
-Harry!
-Anda, Potter, usa.-Desafiou Malfoy, erguendo a própria varinha.Hermione previu que isso não iria prestar.-Moody não está aqui para proteger você agora, usa, se tiver peito...-Hermione olhava de Malfoy, para Harry, e deste, para Rony, ainda parado junto à parede, com o resto dos estudantes que recuaram.Antes de pensar em mais alguma coisa, Hermione viu Harry e Malfoy agirem, ao mesmo tempo.
-Furnunculus!
-Densaugeo!
Feixes coloridos disparam das varinhas, mas levaram um encontrão no ar, e desfecharam em diagonal, fazendo de Goyle e Hermione, seus alvos.Goyle berrou, e pôs as mãos no nariz, de onde começaram a crescer enormes e ridículos furúnculos roxos.Hermione sentiu que seus dentes maiores do que o normal, estavam derretendo.Saiu lágrimas em seus olhos, e uma dor aguda e horrível em seus dentes da frente, então os tampou com as mãos.
-Mione!-Hermione sentiu o amigo tirar as suas mãos de sua boca, então viu, pela expressão dele, que algo estava errado com os seus dentes.Não demorou muito para Hermione sentir algo duro, roçar no seu queixo.Entrando em pânico, a garota apalpou os novos dentes, com as mãos.
-AAAAHHH!-Gritou, e o som rebolou nas paredes e ecoaram pelo corredor.
-E que barulheira é essa?-Perguntou uma voz mansa atrás deles.Snape acabara de abrir a porta da sala.Os alunos da Sonserina gritavam, ao tentar dar explicações, mas Snape escolheu Malfoy.
-Explique.-Disse, apontando o dedo fino para Malfoy.Com ar de inocente, Malfoy respondeu.
-Potter me atacou, professor...
-Atacamos um ao outro ao mesmo tempo!-Hermione ouviu Harry gritar.
-...e ele atingiu Goyle, olhe...-Snape analisou a cabeça inchada de Goyle, então ordenou.
-Ala hospitalar, Goyle.-Hermione queria que o professor a olhasse, queria permissão para sair dali, e consertar os dentes, que agora atravessavam a gola de sua roupa, mas tinha tanto medo em mostrar os dentes, que ainda tentava escondê-los.
-Malfoy atingiu Hermione!-Disse Rony.-Olhe
Quando Rony a obrigou mostrar os dentes, Pansy e suas amigas apontaram para ela, e desataram a rir, silenciosamente, atrás de Snape, que com seu olhar frio, respondeu com sua voz mais calma.
-Não vejo diferença alguma.-Hermione lamentou, esqueceu que teriam uma aula importante sobre antídotos, deu as costas e disparou pelo corredor, as lágrimas passando velozmente em seu rosto, enquanto corria, com as mãos nos dentes gigantes.Era uma sorte que os corredores estivessem desertos, assim seria mais tranqüilo o caminho para a Ala Hospitalar.Quando chegou no saguão, ouviu passos.Com medo de que a vissem com os dentes ultrapassando o seu peito, Hermione ficou de cabeça baixa e correu o mais veloz que pôde para a escada de mármore.Mas quando estava no quinto degrau, algo grande colidiu com ela, fazendo-a retirar as mãos dos dentes, para tentar se apoiar em alguma coisa, afim de não rolar nas escadas.Hermione soltou um gritinho de susto, e sacudiu as mãos inutilmente, no ar.
-Cuidado!-Ouviu uma voz, e a quem ela pertencia, segurou Hermione pelo pulso.
-Focê está...?!-Hermione ergueu os olhos.Na sua frente, estava Vítor Krum.Deveria estar saindo agora da biblioteca.Quando Krum viu os longos dentes de Hermione, a menina chorou com mais vontade que nunca, desviou do corpo paralisado de Krum, e continuou correndo, aos soluços.
**O cérebro de Vítor trabalhava velozmente.A primeira coisa que lhe ocorreu, foi correr atrás da garota, a garota que ele vira no camarote, no salão, nos sonhos, na biblioteca e agora, no saguão.Depois que a viu na biblioteca, teve a impressão de que ela não gostou de vê-lo lá, e foi isso que o segurou nos degraus.Mas, o que acontecera com os seus dentes?Ela provavelmente foi azarada.E uma azaração muito maldosa.Porém, por que alguém teria o motivo de lançá-la?Ao pensar nisso, Vítor sentiu uma onda de fúria com a pessoa que fizera isso com a garota.Queria vê-la, consolá-la, protegê-la de todos que queriam lhe fazer mal.Antes de mover a perna para seguí-la, uma voz o chamou.
-Vítor, meu rapaz!Você se esqueceu da pesagem das varinhas?-Era Karkaroff.Tinha acabado de sair de uma sala, logo abaixo.Vítor lembrou do que Karkaroff falara, mas com o acontecimento dos últimos minutos, e a visita à biblioteca tinha varrido isso de sua mente.-Venha, é por aqui.-Vítor virou, desceu os degraus da escadaria, e ficou frente a frente com Karkaroff.
-É por aqui, meu filho.Não posso acompanhá-lo, tenho uns negócios para resolver com Dumbledore.Sabe, acho que ele não se coube de felicidade, quando o quarto campeão foi escolhido.Isso é ultrajante!-Quando Vítor chegou à porta da sala, Karkaroff deu uma palmadinha em seu ombro, e disse.
-Mas eu sei que você vai vencer!Vamos dar uma surra neles!Bem, eu já volto.
Karkaroff apressou-se pela escadaria de mármore.Vítor recordou, que no começo, se assustou ao ser nomeado campeão, pelo Cálice de Fogo, mas logo depois que o cálice cuspiu um quarto nome, o nome do famoso Harry Potter, uma coragem e um desejo de vencer invadiu a sua mente.Iria mostrar a todos que não era só bom em quadribol.Antes de entrar na sala, Vítor lembrou que a menina do camarote de honra era amiga do Harry Potter.Isso, infelizmente, ele não podia mudar, contudo, queria muito fazê-la torcer por ele, o que não aconteceria, se dependesse dela...
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