A traição dos Servos




Capítulo 13
A traição dos Servos

A fortaleza não era nem de longe como Harry a imaginava, grotesca e sem beleza alguma. Pelo contrário, parecia um palácio de infinita beleza e grandiosidade. Era baseada em um grande arco branco, com inúmeras janelas douradas. Havia duas torres altas e alvas com outras duas bases em cada pilar. Um pouco anestesiado pela visão, o rapaz agora precisava saber como chegar até lá, iria fazer isso quando escutou uma discussão.
_Não adianta, Firenze... Não entraremos em guerra humana. _Disse alguém em uma voz rouca. _Você nem devia estar aqui, é um traidor.
_Você não entende que eles queimaram a floresta? Profanaram a nossa moradia... Quanto tempo acha que passarão sem nos enfrentar? Acha que viveremos em paz se o mal vencer? Será que não estão mais lendo as estrelas? Essa não é somente uma luta humana!!!
_Nos deixe, Firenze. Eles não voltarão a profanar a floresta com aquelas criaturas, mas também não entraremos em uma luta que não nos pertence, somente para agradar seus novos amigos humanos.
_Você ainda se arrependerá por ser tão orgulhoso, Magoriano.

Harry não pôde ouvir mais nada, porque os barulhos de cascos se afastaram. E o rapaz ainda se viu sob a enorme fortaleza. Era engraçado estar ali, mais uma vez na floresta. Tudo ainda era igual, nada havia mudado, mas ainda assim a situação era completamente diferente. Por um segundo o rapaz quis acreditar que era dono do próprio destino, mas ele não podia simplesmente deixar-se viver enquanto tudo e todos sofreriam por sua causa. Harry desejou ter se despedido de tantas outras pessoas, mas não tivera exatamente tempo para isso. Talvez devesse escrever uma carta para as pessoas que gostava, mas Edwiges estava muito longe dali.
Algo tentava faze-lo desistir de ir atrás de Voldemort, de Nagini. Seu coração estava amedrontado e desejava mais que nunca estar junto aos amigos. Não parecia justo, não parecia certo. Ele não desejava morrer, afinal. Estaria sendo egoísta ou covarde? Deixara-se cair sobre os joelhos, a observar a fortaleza acima dele, lentamente balançando, como se estivesse sendo levada por uma brisa fraca. Ele sabia que a mediocridade era pior que a morte, então, estaria sendo como Voldemort a valorizar tanto assim a vida para sacrificar tantas coisas? O medo, afinal, possuía alguma utilidade, mas a covardia não. E ele, jamais poderia acovardar-se. Teria que prosseguir, mesmo que sua vontade fosse fugir dali. No fundo ele sabia que a sua morte teria a mais forte das justificativas.
Sua mente foi distraída quando ele começou ouvir uma bela melodia, que por poucas vezes escutara em sua vida. Era o canto da Fênix, o canto de Fawkes. A ave com o olhar desolado cruzou o céu, e pousou à frente dele. Ela poderia enxergá-lo mesmo sob a capa de invisibilidade?
_Fawkes...? Onde estava...? _ Questionou ele, assustado a alisar as penas da ave.
Fawkes apenas ficou em posição de vôo. Não fora tão difícil que Harry entendesse que precisa subir na ave. Mas a grande pergunta que estava se fazendo era por que Fawkes estava ali e para aonde a fênix o levaria. Assim que o menino se posicionou, com dificuldade porque não era um animal tão grande e Harry agora já era um bruxo adulto, a fênix iniciou um vôo calmo sobre as copas das árvores, em direção ao céu escuro e de lua cheia. Mas ela subiu mais além, e aproximou-se das muralhas da fortaleza. Estaria ela querendo que Harry cumprisse o que tinha ido fazer? Assegurando que não se acorvadaria?

Os muros davam em um terraço amplo e oval, de pedras alvas e polidas, e uma passagem quadrangular, no meio do terraço, devia levar ao subsolo. A ave o fez descer. E, fitou-o por alguns instantes antes de partir. Harry desejou que ela não tivesse ido tão rápido. Arrumou a capa sobre o corpo, para garantir que estaria realmente invisível. Não via ninguém, teriam todos os comensais e aliados de Voldemort partido? Aproximou-se da escada, e preparou-se para descer, mas assim que pôs os pés ali, os degraus sumiram e uma enorme e escorregadia rampa tomou o lugar da escada. O rapaz caiu em grande velocidade, e foi parar estatelado em um jardim enorme, como se acomodassem mil campos de quadribol. Repôs a capa de invisibilidade no corpo assim que a viu largada ao seu lado. Imediatamente percebeu que havia um céu sobre sua cabeça, que na verdade deveria ser um feitiço, como o de Hogwarts, porque estavam no subsolo e não poderia haver céu algum, mas um teto de concreto.

Não havia ninguém à vista a um raio de dezenas de metros. Ao longe um pequeno e estreito rio corria a muitos metros de distância, ao lado de um bosque de árvores nobres e raras, carregadas de frutos estranhos. A área era totalmente circundada pelos muros do palácio, cujas janelas douradas ficavam nos últimos andares e eram tão estreitas que não permitiriam a passagem da menor das crianças. Havia ainda ali um enorme poço, Harry espiou e percebeu enormes ganchos afiados, sentiu o estômago embrulhar ao perceber que alguém se debatia ali dentro, sem voz e com o corpo ensangüentado.
Ao longe ele notou a janelinha de forma triangular que daria exatamente no salão próximo ao quarto de Voldemort. Ele a examinava com atenção pronta para utilizá-la quando escutou passos. Dois comensais caminhavam conversando em expressões sombrias, pareciam ter aparecido do nada.
_O lorde não ficará nada satisfeito quando souber, Alessandro. _Disse um deles, num inglês com sotaque.
_Não temos culpa se aqueles malditos centauros resolveram ajudá-los, temos?_Questionou o outro, no mesmo sotaque.
_E os fugitivos de Azkaban?
_Aurores rebeldes estão guardando as celas. O único que conseguimos tirar de lá foi Lúcio Malfoy. Está com o lorde, suponho. Então, vamos subir para falar com ele?

O outro não respondeu, mas deu-lhe uma pancada nas costas para prosseguir. Harry os seguiu, por onde quer que fossem encontrar-se-iam com Voldemort, e era isso que o rapaz queria. Os dois seguiram em junto às paredes alvas do castelo, em linha reta. Depois de caminharem por quase quinze minutos, pararam em frente a dois outros comensais. Estes dois que eram muito mais corpulentos, pediram algum tipo de senha.
_Marck... Você sabe que somos nós. _Disse o outro, impaciente.
_Senha. _Insistiu o outro, apontando a varinha ameaçadoramente para o que se chamava Alessandro.
_Armada das Trevas, pelo menos era até a gente sair. _Respondeu o outro.

Os comensais que estavam de guarda se afastaram e deixaram à vista um enorme brasão de prata, em cujo centro havia uma serpente entalhada. Os olhos da serpente brilharam e o brasão sumiu, permitindo a entrada por uma porta larga. Os dois passaram apressados sendo seguidos por Harry, que tentava respirar o mais silenciosamente possível. A porta dava em uma outra escadaria, de degraus de mármores escuros, e como da outra vez, a escada sumiu assim que Harry pôs o primeiro pé nela, mas não apareceu nada em seu lugar. O brasão da serpente já havia se trancado atrás dele, e Harry tinha certeza que não poderia ser ouvido nenhum som lá fora. As paredes altas e grossas não pareciam deixar nenhuma passagem.
_TRAIDOR, ESPIÃO... Tem algum aqui. _Murmurou o que se chamava Alessandro, apalpando o ar.
_O que é isso, Alessandro... Não tem ninguém aqui. _Disse o outro.
_ Julio... Você não...? _Perguntou o outro, em tom ameaçador.
_O que está querendo insinuar? Que eu sou um traidor ou espião? _Perguntou Julio, segurando o outro pelas vestes, com violência. _Acho que sei quem é o traidor aqui.
E então este o empurrou no chão e mirou a varinha em sua garganta. O capuz de Alessandro foi repuxado e seu rosto ficou à mostra. Ele possuía cabelos e olhos negros, pele morena e boca bem feita. Não devia ter mais que vinte anos.
_Julio, você é meu primo... Eu nunca pensaria... Perdoe-me... _Disse-lhe, com o peito arfante. _Você não acha que eu trairia o lorde, trairia? Isso deve ser algum tipo de brincadeira do Marck...
_Nunca mais duvide da minha lealdade ao lorde, Alessandro. _Disse-lhe o outro, oferecendo-lhe uma mão. _Temos que ver o que causou isso...
Assim que Alessandro levantou-se e Julio lhe deu as costas, para observar a escadaria que sumira, este pôs a varinha em sua costela.
_Sei que é um traidor. E o lorde me recompensará com sua morte... Tenho nojo do seu sangue que carrego em minhas veias, seu traidor sujo...
_Alessandro... Eu não sou um traidor...
_Sua porcaria suja, me diz o que fez e será apenas um prisioneiro... _Insistiu Alessandro, firmando ainda mais a varinha na costa do outro.
_Já disse que não fiz nada...
_AVADA KEDRAVA.

Assim que a luz verde iluminou as vestes negras de Julio, ele caiu no chão, morto e gélido. Alessandro parecia levemente desapontado. Harry afastou-se o máximo que pôde para não ser descoberto, porque o corpo do homem caíra a poucos centímetros dos seus pés, e ele sabia que sua respiração estava muito forte. Ele mal acreditara no que vira. Assim que Harry afastou-se da escadaria e Alessandro fez menção de subi-la ela voltou a aparecer.
_Eu sempre soube que você era fraco demais, Júlio. _Disse ele para o primo, antes de virar-se e tentar ir embora.
Harry esperou que uma passagem ao alto se abrisse para que ele utilizasse um feitiço estuporante no comensal, que caiu imóvel próximo ao portal. Em seguida o rapaz tirou a vassoura da mochila e montou, chegando sem muitas dificuldades até a passagem sem encostar-se à escadaria.
A porta daria em corredor de pedras escuras e iluminadas por archotes. Harry guardou o mais rápido que pôde a vassoura dentro da mochila. E encarou o local. Dezenas de portas de madeira estavam espalhadas pelo corredor, em cada uma delas havia uma pequenina janelinha de barras de ferro, e um cão do tamanho de fofo estava encostado do outro lado do corredor, roendo um pedaço particularmente grande de carne sangrenta. Ele era marrom e possuía os olhos vermelhos, suas patas eram enormes e cheias de garras afiadas. Talvez fosse impressão de Harry, mas aquilo que ele comia se parecia muito com uma perna humana. Seu coração começou a palpitar muito forte quando o cachorro fitou-lhe, com o olhar voraz. O animal largou o pedaço de carne e pôs-se em posição de ataque, latindo muito alto. Ele poderia vê-lo mesmo que Harry estivesse sob a capa.
_Estupore. _Berrou Harry assim que percebeu o animal correndo.

O feitiço apenas ricocheteou no pêlo do animal e ele acabara de posicionar as duas patas no peito de Harry, derrubando-lhe. Em seguida posicionou os dentes afiados no pescoço do rapaz, que sentiu seu hálito nojento e fétido. Os caninos foram pressionados em seu pescoço e o sangue jorrou quente pelas suas roupas e pela capa, sujando-a toda.
_MALDITO... _Berrou Harry tentando em meio à dor, utilizar outro feitiço contra o bicho. _CRUCIO.
Mas Harry sabia que não tivera forças o suficiente para conjurar um feitiço como aquele, e o animal agora posicionava a bocarra na sua perna esquerda.
_DELETRIO. _Disse, com tanto ódio que se assustou com o próprio tom de voz.

O jorro negro tocou o pêlo do animal e o estourou em milhões de pedaços, fazendo com que pedaços de tripa e olhos caíssem sobre Harry. Assustado, o rapaz levantou-se, e limpou a capa com um feitiço. Sua roupa estava totalmente ensangüentada, e o sangue continuava a jorrar do pescoço e da perna quando o rapaz utilizou feitiços para estanca-lo, mas mesmo assim, a dor era insuportável.
O corredor estava totalmente imundo, mas o rapaz não ligava mais para isso. Continuou lentamente o percurso sob a capa de invisibilidade, até chegar a um outro corredor, mais amplo e que ele reconheceu imediatamente. Estava no mesmo corredor em que estivera há algum tempo atrás como prisioneiro, e lá estava a enfermaria. Não havia muitos aurores à vista desta vez, exceto um que ficava à porta do calabouço e que passava a varinha na borda das vestes, para lustrá-la.
Harry dirigiu-se até a porta da enfermaria, cuidadosamente. Talvez houvesse algo ali que pudesse fazer parar a dor. Moveu a porta muito larga com muito cuidado, mas quase deu um berro ao encontrar o enorme cômodo lotado. Não havia nenhuma maca que não estivesse ocupada por um comensal ferido ou moribundo. E então Harry o viu, Snape passava correndo de uma direção à outra dando poções aos enfermos. Draco Malfoy estava deitado em uma das macas, mas parecia muito bem de saúde não fosse o fato de estar gemendo tão alto.
_Pare de gemer dessa forma, Malfoy ou vou ter que informar o chefe da Armada que você está somente fingindo... _Disse Snape a ele, em sussurros.

Os olhos claros do rapaz se arregalaram e imediatamente ele parou com o fingimento.
_Tem notícias de papai? Quando ele vem me ver? _Perguntou ele, ainda em tom de voz baixo.
_Nenhuma notícia, está com o lorde há horas.
_E o que faz aqui? Por que não está lá com eles? _Perguntou Draco, olhando Snape com curiosidade.
_O lorde acha melhor que eu fique aqui e cuide dos feridos... E é isso que eu farei, Malfoy. _Disse ele, antes de virar-se e ir de encontro à outra maca.

Harry reparou em um comensal totalmente ensangüentado e ferido ao seu lado. Em uma mesinha próxima a sua maca estava meio vidro com uma poção cor-de-rosa. O homem adormecia, e Harry arrastou-se até lá sorrateiramente, envolvendo o vidro em sua capa. Em seguida tomou-a em um só gole. Seu gosto era muito adocicado, e o rapaz quase vomitara, mas fizera efeito instantâneo, ele imediatamente sentira os ferimentos se fecharem e a dor passar.

Snape passara a poucos centímetros dele de encontro a uma das estantes de poções quando parou, pálido, encarando o rapaz. Harry não sabia como ele estava fazendo isso, porque ele estava sob a capa, mas sentiu uma espécie de mão invisível segurar em seu pulso e o arrastar para fora da sala, trancando a porta silenciosamente. O rapaz foi em seguida jogado ao chão, em um baque surdo. Snape abriu a porta segundos depois, e novamente a mão invisível o segurou pelo pulso, arrastando-o. Harry não queria confrontar-se com ele para não chamar atenção do comensal que distraía-se com sua varinha. E então se deixou ser levada silenciosamente até uma outra sala, escura.
Snape trancou a porta com um feitiço ao mesmo tempo em que Harry levantou-se tentando estupora-lo. Antes que o rapaz terminasse a palavra Estupore Snape havia lhe tomado sua varinha, com um feitiço não-verbal.
_Idiota. _Xingou o outro. _Quer colocar tudo a perder?
_Do que você está falando? _Perguntou Harry, tirando a capa.
_Não percebe, Potterzinho? O bebezinho é enfezado demais para perceber que estou do mesmo lado que você? Tsc, tsc, tsc. Inteligência nunca foi seu forte, não é?
_Eu nunca estarei ao seu lado. _Disse Harry, com arrogância. _Você não esteve do lado de Dumbledore quando resolveu mata-lo.
Snape não sorriu, mas seus olhos brilharam de prazer. Como se ele adorasse assistir a impotência de Harry, como ele gostasse de se vangloriar de seu desespero.
_Você achou que era mais inteligente que Dumbledore, não, Potter? _Ele disse, girando em torno do rapaz.
_Se Dumbledore tivesse sido um pouco mais cuidadoso, teria desconfiado de você. _Disse Harry, em voz alta. _Talvez esse tenha sido o maior defeito dele... Confiar demais nas pessoas.
_Pobre Harry, o que faria se soubesse que Dumbledore teve a mesma consideração por mim que teve por ele... _Zombou Snape. _Se mais alguém soubesse as mesmas coisas que Dumbledore sabia a seu respeito, Potter, tenha certeza que não seria poupado. Nem chegaria a esta idade...
_Você sabe...? _Perguntou Harry, abismado.
_Sei muito mais que você, Potter. _Disse-lhe eles. _Afinal, possuía informações de ambas as fontes, não? Você pode imaginar a surpresa de Dumbledore ao descobrir que eu sabia de tudo?
_Por isso estava tão interessado na varinha do olivaras... _Disse Harry, observando-o lentamente, como se de repente tudo fizesse sentido.
Sua expressão fechara-se, como se Harry houvesse lhe enfiado um punhal no peito.
_Não tenho tempo para brincadeiras... _Disse ele, passando os dedos nodosos nos cabelos negros. _Tenho que lhe dizer o que fazer. Será que na entende a gravidade da situação? Ele desconfia de mim, mais que nunca... E não temos muito tempo, Potter. Você sabe onde ele está... Nagini, Lúcio, Weasley e Rabicho estão com ele...
_Eu me recuso a seguir o que você diz se não me explicar porque matou Dumbledore. _Disse Harry, começando a acreditar que de alguma forma, por mais impossível que fosse, Snape não tivesse realmente querido mata-lo. Talvez, afinal, ele merecesse uma explicação, como Sirius merecera.
_Já disse que não temos tempo. _Ele disse, olhando preocupadamente para a porta. _Dolohov e os outros retornaram, você já deve imaginar toda confusão, não, Potter?
O garoto sentiu o estômago congelar, Voldemort sabia que ele havia roubado a varinha e naquele mesmo momento já deveria estar ligando as coisas.
_Quando chegaram? _Harry perguntou, ainda com o tom de voz alterado.
_Ainda esta manhã. Foram mortos assim que disseram tudo a ele, não esperava outra coisa. _Disse Snape, fitando-o com os olhos negros. _Não pensa que ele não ousaria em fazer o mesmo com você, pensa?
_Não importo com isso... Desde que eu consiga destruir Nagini. _Disse Harry. _Depois, se algo me acontecer, acho que vai querer matar Voldemort por mim e ficar no lugar dele, não é?
_E quanto à taça? _Snape questionou, sem dar atenção à acusação de Harry.
_Ah, ela não foi transformada em horcrux. _Disse ele muito depressa, baixando a visão.
_Deve ter um bom motivo para crer nisso, não é? _Perguntou Snape, com desdém. _Espero que não ponha tudo a perder... Agora, limpe essa mancha de sangue na sua capa. Não é muito normal que o ar se corte, se é que me entende.

Então o rapaz percebeu o que ocorrera, esquecera de limpar uma mancha de sangue na capa, o que dava a impressão que havia sangue pairando no ar. Entendendo aquilo como que devesse prosseguir, Harry contentou-se em não fazer mais perguntas. Mesmo que aquilo fosse doloroso demais, conversar e aceitar conselhos do assassino de Dumbledore.

Harry prosseguiu, passando pelo comensal que guardava a prisão, que agora brincava de assassinar moscas com pequenos jorros da varinha.
_Arrá, você não me escapa, seu trouxa asqueroso. _Disse ele em voz triunfante ao atingir uma mosca, que caiu morta no chão.
Observando a cena, Harry apontou a varinha para o homem e estuporou-o. A expressão que o homem fez fora tão hilária, que Harry não conseguiu deixar de dar um leve sorriso. E lembrando-se dos prisioneiros, prometeu que se não fosse morto antes de deixar a fortaleza, por qualquer razão mais absurda, iria tentar salvá-los.

As feições belas e perfeitas de Tom Riddle o encaravam imponentemente no salão seguinte, em um enorme quadro. Então Harry observou uma passagem circular, que devia servir para a utilização de Nagini. Era a melhor forma, devia esperar por ela, e então mata-la silenciosamente com um Avada Kedrava.
Encostou-se à parede e esperou alguns segundos, até escutar passos vindos do corredor. Draco Malfoy vestido em suas vestes negras com o capuz jogado ao ombro, e o rosto pálido entrou no salão.
_Longa vida ao lorde. _Disse ele baixinho fazendo um gesto ao quadro de Riddle.
_Como vai, Nagini? _Perguntou em seguida, observando o buraco circular, em seguida a cobra adentrou o salão, deslizando calmamente pelo chão encerado. _Será que seu lorde não se importaria se eu entrasse para ver meu pai?
Mas a cobra não lhe deu atenção, ao contrário, virou-se para Harry e o encarou, com os olhos amarelados. Lá estava ela, Draco não seria lá um grande problema. Ele poderia matá-la nesse mesmo instante, usando um feitiço não-verbal. Mas não era tão fácil quanto parecia, ela não o estava mordendo nem fazendo com que seu sangue jorrasse. Ele não conseguiria matá-la. Estava começando a entrar em pânico, quando Draco murmurara.
_ Cobra maluca... Nunca se sabe quando ela te entende ou não.
Então Harry teve uma idéia. Ele não precisava de nenhum feitiço para matá-la, ele poderia açoitá-la, um plano genial perpassou sua mente em segundos. Ameace o malfoy, ameace o malfoy, ameace-o....
A cobra imediatamente virou-se para Malfoy, fitando-o ameaçadoramente. Ele encarava-a com estranheza.
_O que houve com você, cobra idiota? Por acaso acha que eu sou um rato ou coisa assim?
Mas a serpente agora posicionara a poucos centímetros do pescoço do rapaz, atenta a qualquer dos movimentos dele.
_Não se atreva, sua cobra burra... _Disse ele, procurando a varinha nas vestes.
O animal então jogara-se contra ele, e enrolara-se ao corpo dele. Malfoy gritava, aterrorizado, enquanto o bicho apertava o laço.
_Papai... P-APAA...
Sua voz acabava de emudecer quando Harry percebera que o plano dera errado. Malfoy, afinal, não havia sido rápido o bastante para matá-la. E agora estava acontecendo justamente o contrário, a cobra estava matando-o. Harry não sabia muito bem porque estava arrependendo-se, afinal, não era lá uma grande perda. Mas começou a pedir que a cobra o soltasse. O animal parecia muitíssimo desapontado, mas Harry percebera que ela estava afrouxando os nós quando Lucio chegou, seguido por Rabicho. Seu rosto se contorceu ao ver o filho ainda nos laços de Nagini.
_Animo Occidendi. _Murmurou instantaneamente.
O feitiço passou de raspão pela cabeça de Malfoy e atingiu Nagini. O animal foi jogado contra Harry, que tentou não guinchar de dor. O rosto magro e abatido de Lúcio voltou-se preocupado para o filho.
_Draco... Veja... veja o que me fez fazer... _Disse ele, em um tom baixo.
Em seguida segurou o corpo mole do filho nos braços e deixou o salão em passos apressados. Rabicho parecia prestes a sorrir, mas tentava manter-se raivoso.
_Não pense que sairá assim daqui, Lúcio. _Disse ele, em voz alta. _Ah, que pena, não tenho mais minha varinha.
Harry aproveitou o momento para afastar-se da cobra. Ainda a observava cuidadosamente, pois temia que a horcrux que continha dentro dela ainda estivesse viva. Rabicho foi até a cobra e a examinou por alguns instantes, tocando sua pele escamosa.
_O lorde não ficará nada feliz, Nagini. _Disse ele, carregando a cobra e pondo-a nos ombros com dificuldade.
E então Harry percebeu, um líquido negro escorria dos olhos do animal e manchava o rosto de Rabicho. Esse parecia enojado, mas arrastava o animal pela cabeça até o corredor que levava aos aposentos de Voldemort. Harry sabia muito bem que Rabicho era medroso demais para conviver todos os dias com aquela cobra, ele deveria estar muito feliz por ela ter finalmente morrido. Mas com certeza temia a reação de Voldemort.



Harry estava caído no chão, ainda envolto pela capa de invisibilidade. Finalmente acontecera, Nagini estava morta e agora ele era a última horcrux, além da alma que Voldemort possuía. Ainda era difícil assimilar isso porque ele mal soubera o que eram as malditas horcruxes há mais ou menos um ano atrás. E, naquela época, Dumbledore não demonstrara nenhum sinal que ele pudesse ser uma delas. E como Harry sempre acreditara em Dumbledore, nem ao menos cogitara essa possibilidade. Não era que Dumbledore estivesse errado daquela vez, ele poderia até ter pensado no assunto, mas simplesmente resignara-se a não mais pensar sobre o assunto. Deveria ser um fardo pesado até mesmo para ele. Dumbledore sempre optara pelo amor, mas jamais sacrificaria alguém para mantê-lo.

Todas as palavras de Dumbledore agora invadiam sua mente. O grande bruxo sempre lhe dissera que ele tinha algo que Voldemort não possuía, e que era isso o que realmente importava. Dissera a ele que poderia ser o amor. Na época Harry jamais entendera, mas agora fazia todo sentido. Mesmo que Dumbledore tivesse dito isso a ele por outras razões. Agora sim ele entendia o que aquilo realmente queria dizer. Quando Voldemort tentara matá-lo em Godric´s Hollow, contara que o rapaz, caso viesse a descobrir toda a verdade, jamais se sacrificasse, jamais preferisse morrer por amor aos outros que viver como uma horcrux de Voldemort. Porque ele simplesmente não amava, e não entendia o que era dar a vida por alguém, pelas pessoas de quem se gosta. Então, Harry sentiu-se feliz, Voldemort teria uma terrível surpresa.


Harry caminhava silenciosamente em direção aos aposentos de Voldemort. Se iria morrer, queria enfrentá-lo primeiro, saber dele toda a verdade. Então o encontrou ao lado de Percy.
_Bom, tenho certeza que quando tudo se acabar, poderemos trazer uma serpente ainda maior e mais rara, milorde. _Disse ele a Voldemort.
Percy agora estava em suas vestes negras, mas sem o capuz, em frente a Voldemort, que sentara-se em uma poltrona, próximo a uma armadura de prata. Voldemort estava mais magro, e seu rosto parecia um tanto cadavérico, parecia-se com uma carcaça.
_Ela não era qualquer cobra... _Sibilou Voldemort, com dureza na voz.
_Ah, sim... Entendo, é claro que entendo. O valor sentimental, é claro. _Disse Percy, com a expressão afetada. _E os Malfoy?
Voldemort o observou com desprezo e depreciação. Algumas cinzas no chão deveriam ser tudo que restara da cobra.
_Rabicho o deixou fugir... _Disse Voldemort, olhando com ódio para o bruxo miúdo que se contorcia no chão, próximo à cama de Voldemort. _Se eu não fosse tão piedoso... Mas é claro que Lúcio e Draco terão o que merecem... Só não entendo o que fez Nagini agir assim, sem meu consentimento...
_Obrigado, milorde. Obrigado por me deixar vivo...
_Não por muito tempo, Rabicho. _Disse-lhe Voldemort. _Somente até eu recuperar a minha varinha. Aquele guardião não ficará vivo por muito tempo... Pedi que ele fosse a primeira cabeça a ser cortada.

Harry sentiu uma contração no estômago. Sirius corria muito perigo desde que resolvera mostrar-se como o detentor da varinha.
_E Potter? _Questionou Voldemort para Percy, com a expressão assustadora.
_Ninguém o viu por lá. _Disse Percy, caminhando de um lado para outro. _Simplesmente evaporou... Deve estar bem longe daqui...
_Vai ser encontrado assim que vencermos a guerra. E os reforços da África?
_Ah, os batalhões da África se recusam a participar da guerra, milorde. _Percy falou, com a voz trêmula. _E a cada momento o lado deles ganham mais reforços. Os centauros, e bruxos estrangeiros. Mas pelo menos temos muitos gigantes a nosso favor.

Voldemort o observou mais uma vez com intenso desprezo e questionou-lhe:
_E as perdas?
_Bom... Como toda batalha... São muitas... Mas não se preocupe, as perdas mais valorosas foram para o lado deles. Você deve conhecer Quim Shacklebolt, não? Foi morto por um dos nossos... Ãh, o centauro Firenzi...
_Eu não me importo... _Disse-lhe Voldemort, impaciente. _Será que não entende, Weasley?
_Ah, Lorde Yarch, agora, milorde. _Disse-lhe Percy. _Assim como o senhor eu não utilizo mais meu nome de família.
_Não espera que eu o chame de lorde, espera, W-e-a-s-l-e-y? _Perguntou-lhe Voldemort levantando-se ameaçadoramente. _Você não acha que está à altura do Lorde Voldemort, acha?
_A-ah, não senhor. _Respondeu Percy, assustado.
_Me entregue aquela varinha, Rabicho.
_A varinha de Belatriz, senhor? _Perguntou Rabicho, levantando-se com dificuldades.
_Você conhece outra? _Questionou Voldemort, furiosamente.
Rabicho rumou para uma sala ao lado e voltou pouco tempo depois com a varinha que pertencera a Beatriz. Voldemort a segurou com desdém, e encarou Percy, que tremera dos pés à cabeça.
_Espero que tenha trago o que te pedi, Weasley, o motivo pelo qual eu o coloquei no cargo de ministro, e a recompensa que você tem adiado desde que entrou no cargo...
_Ah, c-claro que sim... _Disse Percy, tirando uma caixinha prateada das vestes que caberia na palma de uma mão. _Q-quer que eu abra, senhor?
_NÃO. _Berrou Voldemort, cobrindo o rosto com as mãos, assustado.

Em seguida percebendo que Percy também temia abri-la, tirou-a de suas mãos com um feitiço convocatório. Suas mãos longas e pálidas apalparam a caixinha com interesse. Seus olhos se demoraram nas alças de abertura. Em seguida ele a entregou nas mãos de Rabicho, como que a temê-la.
_Guarde-a, onde combinamos, Rabicho. Snape a olhará para mim, mais tarde. _Disse ele, depositando a caixinha nas mãos trêmulas de Rabicho. _Tem certeza da procedência dela, Weasley?
_Claro que sim, Milorde. _Percy disse, orgulhoso. _Vindo da sala trancada do departamento dos mistérios, no ministério. Elas são todas assim, algumas maiores, outras menores.
Voldemort parecia assustado com a quantidade, seus olhos faiscaram.
_Então, Weasley, não há mais nada que possa me informar sobre Potter ou Dumbledore? _Perguntou-lhe Voldemort, com displicência. _Você sabe que qualquer tipo de informação seria bem recompensada...
Percy pareceu pensar a respeito, ambicioso.
_Gina... _Disse ele. _Eles estão... Namorando. Mas é claro que não fará nada a minha irmã, fará?
_Realmente não me interessa fazer nada a ela, Weasley. _Disse-lhe Voldemort. _Ao menos por enquanto.
Harry desejou azarar Percy naquele exato momento, ele fora capaz de entregar a própria irmã nas mãos de Voldemort. Ou ele realmente achava que ele não faria nada a ela? Harry desejou que Gina estivesse segura na casa dos Black.
_Bem, Weasley, acho que vou te dar sua recompensa, agora. _Disse Voldemort, com o olhar maldoso apontando a varinha para Percy. _É algo que você nunca imaginou ganhar tão cedo, sabe?... Avada Kedrava.
O feitiço acertou Percy no estômago, e ele caiu sobre Harry, os dois dando de encontro à parede. A capa de invisibilidade escorregou do corpo de Harry e caiu ao seu lado, cobrindo o chão. Lá estava Harry, encarando Voldemort, petrificado.




*********ATENÇÃO: EU vou por a fic como terminada para que vcs possam baixar como Acrobat Reader, mas é claro, ainda não está terminada. Brigada a todos que estão gostando. Se quiserem fazer amizades ou darem sugestões me procurem no meu orkut (Andréa Costa):
Capítulo 13
A traição dos Servos

A fortaleza não era nem de longe como Harry a imaginava, grotesca e sem beleza alguma. Pelo contrário, parecia um palácio de infinita beleza e grandiosidade. Era baseada em um grande arco branco, com inúmeras janelas douradas. Havia duas torres altas e alvas com outras duas bases em cada pilar. Um pouco anestesiado pela visão, o rapaz agora precisava saber como chegar até lá, iria fazer isso quando escutou uma discussão.
_Não adianta, Firenze... Não entraremos em guerra humana. _Disse alguém em uma voz rouca. _Você nem devia estar aqui, é um traidor.
_Você não entende que eles queimaram a floresta? Profanaram a nossa moradia... Quanto tempo acha que passarão sem nos enfrentar? Acha que viveremos em paz se o mal vencer? Será que não estão mais lendo as estrelas? Essa não é somente uma luta humana!!!
_Nos deixe, Firenze. Eles não voltarão a profanar a floresta com aquelas criaturas, mas também não entraremos em uma luta que não nos pertence, somente para agradar seus novos amigos humanos.
_Você ainda se arrependerá por ser tão orgulhoso, Magoriano.

Harry não pôde ouvir mais nada, porque os barulhos de cascos se afastaram. E o rapaz ainda se viu sob a enorme fortaleza. Era engraçado estar ali, mais uma vez na floresta. Tudo ainda era igual, nada havia mudado, mas ainda assim a situação era completamente diferente. Por um segundo o rapaz quis acreditar que era dono do próprio destino, mas ele não podia simplesmente deixar-se viver enquanto tudo e todos sofreriam por sua causa. Harry desejou ter se despedido de tantas outras pessoas, mas não tivera exatamente tempo para isso. Talvez devesse escrever uma carta para as pessoas que gostava, mas Edwiges estava muito longe dali.
Algo tentava faze-lo desistir de ir atrás de Voldemort, de Nagini. Seu coração estava amedrontado e desejava mais que nunca estar junto aos amigos. Não parecia justo, não parecia certo. Ele não desejava morrer, afinal. Estaria sendo egoísta ou covarde? Deixara-se cair sobre os joelhos, a observar a fortaleza acima dele, lentamente balançando, como se estivesse sendo levada por uma brisa fraca. Ele sabia que a mediocridade era pior que a morte, então, estaria sendo como Voldemort a valorizar tanto assim a vida para sacrificar tantas coisas? O medo, afinal, possuía alguma utilidade, mas a covardia não. E ele, jamais poderia acovardar-se. Teria que prosseguir, mesmo que sua vontade fosse fugir dali. No fundo ele sabia que a sua morte teria a mais forte das justificativas.
Sua mente foi distraída quando ele começou ouvir uma bela melodia, que por poucas vezes escutara em sua vida. Era o canto da Fênix, o canto de Fawkes. A ave com o olhar desolado cruzou o céu, e pousou à frente dele. Ela poderia enxergá-lo mesmo sob a capa de invisibilidade?
_Fawkes...? Onde estava...? _ Questionou ele, assustado a alisar as penas da ave.
Fawkes apenas ficou em posição de vôo. Não fora tão difícil que Harry entendesse que precisa subir na ave. Mas a grande pergunta que estava se fazendo era por que Fawkes estava ali e para aonde a fênix o levaria. Assim que o menino se posicionou, com dificuldade porque não era um animal tão grande e Harry agora já era um bruxo adulto, a fênix iniciou um vôo calmo sobre as copas das árvores, em direção ao céu escuro e de lua cheia. Mas ela subiu mais além, e aproximou-se das muralhas da fortaleza. Estaria ela querendo que Harry cumprisse o que tinha ido fazer? Assegurando que não se acorvadaria?

Os muros davam em um terraço amplo e oval, de pedras alvas e polidas, e uma passagem quadrangular, no meio do terraço, devia levar ao subsolo. A ave o fez descer. E, fitou-o por alguns instantes antes de partir. Harry desejou que ela não tivesse ido tão rápido. Arrumou a capa sobre o corpo, para garantir que estaria realmente invisível. Não via ninguém, teriam todos os comensais e aliados de Voldemort partido? Aproximou-se da escada, e preparou-se para descer, mas assim que pôs os pés ali, os degraus sumiram e uma enorme e escorregadia rampa tomou o lugar da escada. O rapaz caiu em grande velocidade, e foi parar estatelado em um jardim enorme, como se acomodassem mil campos de quadribol. Repôs a capa de invisibilidade no corpo assim que a viu largada ao seu lado. Imediatamente percebeu que havia um céu sobre sua cabeça, que na verdade deveria ser um feitiço, como o de Hogwarts, porque estavam no subsolo e não poderia haver céu algum, mas um teto de concreto.

Não havia ninguém à vista a um raio de dezenas de metros. Ao longe um pequeno e estreito rio corria a muitos metros de distância, ao lado de um bosque de árvores nobres e raras, carregadas de frutos estranhos. A área era totalmente circundada pelos muros do palácio, cujas janelas douradas ficavam nos últimos andares e eram tão estreitas que não permitiriam a passagem da menor das crianças. Havia ainda ali um enorme poço, Harry espiou e percebeu enormes ganchos afiados, sentiu o estômago embrulhar ao perceber que alguém se debatia ali dentro, sem voz e com o corpo ensangüentado.
Ao longe ele notou a janelinha de forma triangular que daria exatamente no salão próximo ao quarto de Voldemort. Ele a examinava com atenção pronta para utilizá-la quando escutou passos. Dois comensais caminhavam conversando em expressões sombrias, pareciam ter aparecido do nada.
_O lorde não ficará nada satisfeito quando souber, Alessandro. _Disse um deles, num inglês com sotaque.
_Não temos culpa se aqueles malditos centauros resolveram ajudá-los, temos?_Questionou o outro, no mesmo sotaque.
_E os fugitivos de Azkaban?
_Aurores rebeldes estão guardando as celas. O único que conseguimos tirar de lá foi Lúcio Malfoy. Está com o lorde, suponho. Então, vamos subir para falar com ele?

O outro não respondeu, mas deu-lhe uma pancada nas costas para prosseguir. Harry os seguiu, por onde quer que fossem encontrar-se-iam com Voldemort, e era isso que o rapaz queria. Os dois seguiram em junto às paredes alvas do castelo, em linha reta. Depois de caminharem por quase quinze minutos, pararam em frente a dois outros comensais. Estes dois que eram muito mais corpulentos, pediram algum tipo de senha.
_Marck... Você sabe que somos nós. _Disse o outro, impaciente.
_Senha. _Insistiu o outro, apontando a varinha ameaçadoramente para o que se chamava Alessandro.
_Armada das Trevas, pelo menos era até a gente sair. _Respondeu o outro.

Os comensais que estavam de guarda se afastaram e deixaram à vista um enorme brasão de prata, em cujo centro havia uma serpente entalhada. Os olhos da serpente brilharam e o brasão sumiu, permitindo a entrada por uma porta larga. Os dois passaram apressados sendo seguidos por Harry, que tentava respirar o mais silenciosamente possível. A porta dava em uma outra escadaria, de degraus de mármores escuros, e como da outra vez, a escada sumiu assim que Harry pôs o primeiro pé nela, mas não apareceu nada em seu lugar. O brasão da serpente já havia se trancado atrás dele, e Harry tinha certeza que não poderia ser ouvido nenhum som lá fora. As paredes altas e grossas não pareciam deixar nenhuma passagem.
_TRAIDOR, ESPIÃO... Tem algum aqui. _Murmurou o que se chamava Alessandro, apalpando o ar.
_O que é isso, Alessandro... Não tem ninguém aqui. _Disse o outro.
_ Julio... Você não...? _Perguntou o outro, em tom ameaçador.
_O que está querendo insinuar? Que eu sou um traidor ou espião? _Perguntou Julio, segurando o outro pelas vestes, com violência. _Acho que sei quem é o traidor aqui.
E então este o empurrou no chão e mirou a varinha em sua garganta. O capuz de Alessandro foi repuxado e seu rosto ficou à mostra. Ele possuía cabelos e olhos negros, pele morena e boca bem feita. Não devia ter mais que vinte anos.
_Julio, você é meu primo... Eu nunca pensaria... Perdoe-me... _Disse-lhe, com o peito arfante. _Você não acha que eu trairia o lorde, trairia? Isso deve ser algum tipo de brincadeira do Marck...
_Nunca mais duvide da minha lealdade ao lorde, Alessandro. _Disse-lhe o outro, oferecendo-lhe uma mão. _Temos que ver o que causou isso...
Assim que Alessandro levantou-se e Julio lhe deu as costas, para observar a escadaria que sumira, este pôs a varinha em sua costela.
_Sei que é um traidor. E o lorde me recompensará com sua morte... Tenho nojo do seu sangue que carrego em minhas veias, seu traidor sujo...
_Alessandro... Eu não sou um traidor...
_Sua porcaria suja, me diz o que fez e será apenas um prisioneiro... _Insistiu Alessandro, firmando ainda mais a varinha na costa do outro.
_Já disse que não fiz nada...
_AVADA KEDRAVA.

Assim que a luz verde iluminou as vestes negras de Julio, ele caiu no chão, morto e gélido. Alessandro parecia levemente desapontado. Harry afastou-se o máximo que pôde para não ser descoberto, porque o corpo do homem caíra a poucos centímetros dos seus pés, e ele sabia que sua respiração estava muito forte. Ele mal acreditara no que vira. Assim que Harry afastou-se da escadaria e Alessandro fez menção de subi-la ela voltou a aparecer.
_Eu sempre soube que você era fraco demais, Júlio. _Disse ele para o primo, antes de virar-se e tentar ir embora.
Harry esperou que uma passagem ao alto se abrisse para que ele utilizasse um feitiço estuporante no comensal, que caiu imóvel próximo ao portal. Em seguida o rapaz tirou a vassoura da mochila e montou, chegando sem muitas dificuldades até a passagem sem encostar-se à escadaria.
A porta daria em corredor de pedras escuras e iluminadas por archotes. Harry guardou o mais rápido que pôde a vassoura dentro da mochila. E encarou o local. Dezenas de portas de madeira estavam espalhadas pelo corredor, em cada uma delas havia uma pequenina janelinha de barras de ferro, e um cão do tamanho de fofo estava encostado do outro lado do corredor, roendo um pedaço particularmente grande de carne sangrenta. Ele era marrom e possuía os olhos vermelhos, suas patas eram enormes e cheias de garras afiadas. Talvez fosse impressão de Harry, mas aquilo que ele comia se parecia muito com uma perna humana. Seu coração começou a palpitar muito forte quando o cachorro fitou-lhe, com o olhar voraz. O animal largou o pedaço de carne e pôs-se em posição de ataque, latindo muito alto. Ele poderia vê-lo mesmo que Harry estivesse sob a capa.
_Estupore. _Berrou Harry assim que percebeu o animal correndo.

O feitiço apenas ricocheteou no pêlo do animal e ele acabara de posicionar as duas patas no peito de Harry, derrubando-lhe. Em seguida posicionou os dentes afiados no pescoço do rapaz, que sentiu seu hálito nojento e fétido. Os caninos foram pressionados em seu pescoço e o sangue jorrou quente pelas suas roupas e pela capa, sujando-a toda.
_MALDITO... _Berrou Harry tentando em meio à dor, utilizar outro feitiço contra o bicho. _CRUCIO.
Mas Harry sabia que não tivera forças o suficiente para conjurar um feitiço como aquele, e o animal agora posicionava a bocarra na sua perna esquerda.
_DELETRIO. _Disse, com tanto ódio que se assustou com o próprio tom de voz.

O jorro negro tocou o pêlo do animal e o estourou em milhões de pedaços, fazendo com que pedaços de tripa e olhos caíssem sobre Harry. Assustado, o rapaz levantou-se, e limpou a capa com um feitiço. Sua roupa estava totalmente ensangüentada, e o sangue continuava a jorrar do pescoço e da perna quando o rapaz utilizou feitiços para estanca-lo, mas mesmo assim, a dor era insuportável.
O corredor estava totalmente imundo, mas o rapaz não ligava mais para isso. Continuou lentamente o percurso sob a capa de invisibilidade, até chegar a um outro corredor, mais amplo e que ele reconheceu imediatamente. Estava no mesmo corredor em que estivera há algum tempo atrás como prisioneiro, e lá estava a enfermaria. Não havia muitos aurores à vista desta vez, exceto um que ficava à porta do calabouço e que passava a varinha na borda das vestes, para lustrá-la.
Harry dirigiu-se até a porta da enfermaria, cuidadosamente. Talvez houvesse algo ali que pudesse fazer parar a dor. Moveu a porta muito larga com muito cuidado, mas quase deu um berro ao encontrar o enorme cômodo lotado. Não havia nenhuma maca que não estivesse ocupada por um comensal ferido ou moribundo. E então Harry o viu, Snape passava correndo de uma direção à outra dando poções aos enfermos. Draco Malfoy estava deitado em uma das macas, mas parecia muito bem de saúde não fosse o fato de estar gemendo tão alto.
_Pare de gemer dessa forma, Malfoy ou vou ter que informar o chefe da Armada que você está somente fingindo... _Disse Snape a ele, em sussurros.

Os olhos claros do rapaz se arregalaram e imediatamente ele parou com o fingimento.
_Tem notícias de papai? Quando ele vem me ver? _Perguntou ele, ainda em tom de voz baixo.
_Nenhuma notícia, está com o lorde há horas.
_E o que faz aqui? Por que não está lá com eles? _Perguntou Draco, olhando Snape com curiosidade.
_O lorde acha melhor que eu fique aqui e cuide dos feridos... E é isso que eu farei, Malfoy. _Disse ele, antes de virar-se e ir de encontro à outra maca.

Harry reparou em um comensal totalmente ensangüentado e ferido ao seu lado. Em uma mesinha próxima a sua maca estava meio vidro com uma poção cor-de-rosa. O homem adormecia, e Harry arrastou-se até lá sorrateiramente, envolvendo o vidro em sua capa. Em seguida tomou-a em um só gole. Seu gosto era muito adocicado, e o rapaz quase vomitara, mas fizera efeito instantâneo, ele imediatamente sentira os ferimentos se fecharem e a dor passar.

Snape passara a poucos centímetros dele de encontro a uma das estantes de poções quando parou, pálido, encarando o rapaz. Harry não sabia como ele estava fazendo isso, porque ele estava sob a capa, mas sentiu uma espécie de mão invisível segurar em seu pulso e o arrastar para fora da sala, trancando a porta silenciosamente. O rapaz foi em seguida jogado ao chão, em um baque surdo. Snape abriu a porta segundos depois, e novamente a mão invisível o segurou pelo pulso, arrastando-o. Harry não queria confrontar-se com ele para não chamar atenção do comensal que distraía-se com sua varinha. E então se deixou ser levada silenciosamente até uma outra sala, escura.
Snape trancou a porta com um feitiço ao mesmo tempo em que Harry levantou-se tentando estupora-lo. Antes que o rapaz terminasse a palavra Estupore Snape havia lhe tomado sua varinha, com um feitiço não-verbal.
_Idiota. _Xingou o outro. _Quer colocar tudo a perder?
_Do que você está falando? _Perguntou Harry, tirando a capa.
_Não percebe, Potterzinho? O bebezinho é enfezado demais para perceber que estou do mesmo lado que você? Tsc, tsc, tsc. Inteligência nunca foi seu forte, não é?
_Eu nunca estarei ao seu lado. _Disse Harry, com arrogância. _Você não esteve do lado de Dumbledore quando resolveu mata-lo.
Snape não sorriu, mas seus olhos brilharam de prazer. Como se ele adorasse assistir a impotência de Harry, como ele gostasse de se vangloriar de seu desespero.
_Você achou que era mais inteligente que Dumbledore, não, Potter? _Ele disse, girando em torno do rapaz.
_Se Dumbledore tivesse sido um pouco mais cuidadoso, teria desconfiado de você. _Disse Harry, em voz alta. _Talvez esse tenha sido o maior defeito dele... Confiar demais nas pessoas.
_Pobre Harry, o que faria se soubesse que Dumbledore teve a mesma consideração por mim que teve por ele... _Zombou Snape. _Se mais alguém soubesse as mesmas coisas que Dumbledore sabia a seu respeito, Potter, tenha certeza que não seria poupado. Nem chegaria a esta idade...
_Você sabe...? _Perguntou Harry, abismado.
_Sei muito mais que você, Potter. _Disse-lhe eles. _Afinal, possuía informações de ambas as fontes, não? Você pode imaginar a surpresa de Dumbledore ao descobrir que eu sabia de tudo?
_Por isso estava tão interessado na varinha do olivaras... _Disse Harry, observando-o lentamente, como se de repente tudo fizesse sentido.
Sua expressão fechara-se, como se Harry houvesse lhe enfiado um punhal no peito.
_Não tenho tempo para brincadeiras... _Disse ele, passando os dedos nodosos nos cabelos negros. _Tenho que lhe dizer o que fazer. Será que na entende a gravidade da situação? Ele desconfia de mim, mais que nunca... E não temos muito tempo, Potter. Você sabe onde ele está... Nagini, Lúcio, Weasley e Rabicho estão com ele...
_Eu me recuso a seguir o que você diz se não me explicar porque matou Dumbledore. _Disse Harry, começando a acreditar que de alguma forma, por mais impossível que fosse, Snape não tivesse realmente querido mata-lo. Talvez, afinal, ele merecesse uma explicação, como Sirius merecera.
_Já disse que não temos tempo. _Ele disse, olhando preocupadamente para a porta. _Dolohov e os outros retornaram, você já deve imaginar toda confusão, não, Potter?
O garoto sentiu o estômago congelar, Voldemort sabia que ele havia roubado a varinha e naquele mesmo momento já deveria estar ligando as coisas.
_Quando chegaram? _Harry perguntou, ainda com o tom de voz alterado.
_Ainda esta manhã. Foram mortos assim que disseram tudo a ele, não esperava outra coisa. _Disse Snape, fitando-o com os olhos negros. _Não pensa que ele não ousaria em fazer o mesmo com você, pensa?
_Não importo com isso... Desde que eu consiga destruir Nagini. _Disse Harry. _Depois, se algo me acontecer, acho que vai querer matar Voldemort por mim e ficar no lugar dele, não é?
_E quanto à taça? _Snape questionou, sem dar atenção à acusação de Harry.
_Ah, ela não foi transformada em horcrux. _Disse ele muito depressa, baixando a visão.
_Deve ter um bom motivo para crer nisso, não é? _Perguntou Snape, com desdém. _Espero que não ponha tudo a perder... Agora, limpe essa mancha de sangue na sua capa. Não é muito normal que o ar se corte, se é que me entende.

Então o rapaz percebeu o que ocorrera, esquecera de limpar uma mancha de sangue na capa, o que dava a impressão que havia sangue pairando no ar. Entendendo aquilo como que devesse prosseguir, Harry contentou-se em não fazer mais perguntas. Mesmo que aquilo fosse doloroso demais, conversar e aceitar conselhos do assassino de Dumbledore.

Harry prosseguiu, passando pelo comensal que guardava a prisão, que agora brincava de assassinar moscas com pequenos jorros da varinha.
_Arrá, você não me escapa, seu trouxa asqueroso. _Disse ele em voz triunfante ao atingir uma mosca, que caiu morta no chão.
Observando a cena, Harry apontou a varinha para o homem e estuporou-o. A expressão que o homem fez fora tão hilária, que Harry não conseguiu deixar de dar um leve sorriso. E lembrando-se dos prisioneiros, prometeu que se não fosse morto antes de deixar a fortaleza, por qualquer razão mais absurda, iria tentar salvá-los.

As feições belas e perfeitas de Tom Riddle o encaravam imponentemente no salão seguinte, em um enorme quadro. Então Harry observou uma passagem circular, que devia servir para a utilização de Nagini. Era a melhor forma, devia esperar por ela, e então mata-la silenciosamente com um Avada Kedrava.
Encostou-se à parede e esperou alguns segundos, até escutar passos vindos do corredor. Draco Malfoy vestido em suas vestes negras com o capuz jogado ao ombro, e o rosto pálido entrou no salão.
_Longa vida ao lorde. _Disse ele baixinho fazendo um gesto ao quadro de Riddle.
_Como vai, Nagini? _Perguntou em seguida, observando o buraco circular, em seguida a cobra adentrou o salão, deslizando calmamente pelo chão encerado. _Será que seu lorde não se importaria se eu entrasse para ver meu pai?
Mas a cobra não lhe deu atenção, ao contrário, virou-se para Harry e o encarou, com os olhos amarelados. Lá estava ela, Draco não seria lá um grande problema. Ele poderia matá-la nesse mesmo instante, usando um feitiço não-verbal. Mas não era tão fácil quanto parecia, ela não o estava mordendo nem fazendo com que seu sangue jorrasse. Ele não conseguiria matá-la. Estava começando a entrar em pânico, quando Draco murmurara.
_ Cobra maluca... Nunca se sabe quando ela te entende ou não.
Então Harry teve uma idéia. Ele não precisava de nenhum feitiço para matá-la, ele poderia açoitá-la, um plano genial perpassou sua mente em segundos. Ameace o malfoy, ameace o malfoy, ameace-o....
A cobra imediatamente virou-se para Malfoy, fitando-o ameaçadoramente. Ele encarava-a com estranheza.
_O que houve com você, cobra idiota? Por acaso acha que eu sou um rato ou coisa assim?
Mas a serpente agora posicionara a poucos centímetros do pescoço do rapaz, atenta a qualquer dos movimentos dele.
_Não se atreva, sua cobra burra... _Disse ele, procurando a varinha nas vestes.
O animal então jogara-se contra ele, e enrolara-se ao corpo dele. Malfoy gritava, aterrorizado, enquanto o bicho apertava o laço.
_Papai... P-APAA...
Sua voz acabava de emudecer quando Harry percebera que o plano dera errado. Malfoy, afinal, não havia sido rápido o bastante para matá-la. E agora estava acontecendo justamente o contrário, a cobra estava matando-o. Harry não sabia muito bem porque estava arrependendo-se, afinal, não era lá uma grande perda. Mas começou a pedir que a cobra o soltasse. O animal parecia muitíssimo desapontado, mas Harry percebera que ela estava afrouxando os nós quando Lucio chegou, seguido por Rabicho. Seu rosto se contorceu ao ver o filho ainda nos laços de Nagini.
_Animo Occidendi. _Murmurou instantaneamente.
O feitiço passou de raspão pela cabeça de Malfoy e atingiu Nagini. O animal foi jogado contra Harry, que tentou não guinchar de dor. O rosto magro e abatido de Lúcio voltou-se preocupado para o filho.
_Draco... Veja... veja o que me fez fazer... _Disse ele, em um tom baixo.
Em seguida segurou o corpo mole do filho nos braços e deixou o salão em passos apressados. Rabicho parecia prestes a sorrir, mas tentava manter-se raivoso.
_Não pense que sairá assim daqui, Lúcio. _Disse ele, em voz alta. _Ah, que pena, não tenho mais minha varinha.
Harry aproveitou o momento para afastar-se da cobra. Ainda a observava cuidadosamente, pois temia que a horcrux que continha dentro dela ainda estivesse viva. Rabicho foi até a cobra e a examinou por alguns instantes, tocando sua pele escamosa.
_O lorde não ficará nada feliz, Nagini. _Disse ele, carregando a cobra e pondo-a nos ombros com dificuldade.
E então Harry percebeu, um líquido negro escorria dos olhos do animal e manchava o rosto de Rabicho. Esse parecia enojado, mas arrastava o animal pela cabeça até o corredor que levava aos aposentos de Voldemort. Harry sabia muito bem que Rabicho era medroso demais para conviver todos os dias com aquela cobra, ele deveria estar muito feliz por ela ter finalmente morrido. Mas com certeza temia a reação de Voldemort.



Harry estava caído no chão, ainda envolto pela capa de invisibilidade. Finalmente acontecera, Nagini estava morta e agora ele era a última horcrux, além da alma que Voldemort possuía. Ainda era difícil assimilar isso porque ele mal soubera o que eram as malditas horcruxes há mais ou menos um ano atrás. E, naquela época, Dumbledore não demonstrara nenhum sinal que ele pudesse ser uma delas. E como Harry sempre acreditara em Dumbledore, nem ao menos cogitara essa possibilidade. Não era que Dumbledore estivesse errado daquela vez, ele poderia até ter pensado no assunto, mas simplesmente resignara-se a não mais pensar sobre o assunto. Deveria ser um fardo pesado até mesmo para ele. Dumbledore sempre optara pelo amor, mas jamais sacrificaria alguém para mantê-lo.

Todas as palavras de Dumbledore agora invadiam sua mente. O grande bruxo sempre lhe dissera que ele tinha algo que Voldemort não possuía, e que era isso o que realmente importava. Dissera a ele que poderia ser o amor. Na época Harry jamais entendera, mas agora fazia todo sentido. Mesmo que Dumbledore tivesse dito isso a ele por outras razões. Agora sim ele entendia o que aquilo realmente queria dizer. Quando Voldemort tentara matá-lo em Godric´s Hollow, contara que o rapaz, caso viesse a descobrir toda a verdade, jamais se sacrificasse, jamais preferisse morrer por amor aos outros que viver como uma horcrux de Voldemort. Porque ele simplesmente não amava, e não entendia o que era dar a vida por alguém, pelas pessoas de quem se gosta. Então, Harry sentiu-se feliz, Voldemort teria uma terrível surpresa.


Harry caminhava silenciosamente em direção aos aposentos de Voldemort. Se iria morrer, queria enfrentá-lo primeiro, saber dele toda a verdade. Então o encontrou ao lado de Percy.
_Bom, tenho certeza que quando tudo se acabar, poderemos trazer uma serpente ainda maior e mais rara, milorde. _Disse ele a Voldemort.
Percy agora estava em suas vestes negras, mas sem o capuz, em frente a Voldemort, que sentara-se em uma poltrona, próximo a uma armadura de prata. Voldemort estava mais magro, e seu rosto parecia um tanto cadavérico, parecia-se com uma carcaça.
_Ela não era qualquer cobra... _Sibilou Voldemort, com dureza na voz.
_Ah, sim... Entendo, é claro que entendo. O valor sentimental, é claro. _Disse Percy, com a expressão afetada. _E os Malfoy?
Voldemort o observou com desprezo e depreciação. Algumas cinzas no chão deveriam ser tudo que restara da cobra.
_Rabicho o deixou fugir... _Disse Voldemort, olhando com ódio para o bruxo miúdo que se contorcia no chão, próximo à cama de Voldemort. _Se eu não fosse tão piedoso... Mas é claro que Lúcio e Draco terão o que merecem... Só não entendo o que fez Nagini agir assim, sem meu consentimento...
_Obrigado, milorde. Obrigado por me deixar vivo...
_Não por muito tempo, Rabicho. _Disse-lhe Voldemort. _Somente até eu recuperar a minha varinha. Aquele guardião não ficará vivo por muito tempo... Pedi que ele fosse a primeira cabeça a ser cortada.

Harry sentiu uma contração no estômago. Sirius corria muito perigo desde que resolvera mostrar-se como o detentor da varinha.
_E Potter? _Questionou Voldemort para Percy, com a expressão assustadora.
_Ninguém o viu por lá. _Disse Percy, caminhando de um lado para outro. _Simplesmente evaporou... Deve estar bem longe daqui...
_Vai ser encontrado assim que vencermos a guerra. E os reforços da África?
_Ah, os batalhões da África se recusam a participar da guerra, milorde. _Percy falou, com a voz trêmula. _E a cada momento o lado deles ganham mais reforços. Os centauros, e bruxos estrangeiros. Mas pelo menos temos muitos gigantes a nosso favor.

Voldemort o observou mais uma vez com intenso desprezo e questionou-lhe:
_E as perdas?
_Bom... Como toda batalha... São muitas... Mas não se preocupe, as perdas mais valorosas foram para o lado deles. Você deve conhecer Quim Shacklebolt, não? Foi morto por um dos nossos... Ãh, o centauro Firenzi...
_Eu não me importo... _Disse-lhe Voldemort, impaciente. _Será que não entende, Weasley?
_Ah, Lorde Yarch, agora, milorde. _Disse-lhe Percy. _Assim como o senhor eu não utilizo mais meu nome de família.
_Não espera que eu o chame de lorde, espera, W-e-a-s-l-e-y? _Perguntou-lhe Voldemort levantando-se ameaçadoramente. _Você não acha que está à altura do Lorde Voldemort, acha?
_A-ah, não senhor. _Respondeu Percy, assustado.
_Me entregue aquela varinha, Rabicho.
_A varinha de Belatriz, senhor? _Perguntou Rabicho, levantando-se com dificuldades.
_Você conhece outra? _Questionou Voldemort, furiosamente.
Rabicho rumou para uma sala ao lado e voltou pouco tempo depois com a varinha que pertencera a Beatriz. Voldemort a segurou com desdém, e encarou Percy, que tremera dos pés à cabeça.
_Espero que tenha trago o que te pedi, Weasley, o motivo pelo qual eu o coloquei no cargo de ministro, e a recompensa que você tem adiado desde que entrou no cargo...
_Ah, c-claro que sim... _Disse Percy, tirando uma caixinha prateada das vestes que caberia na palma de uma mão. _Q-quer que eu abra, senhor?
_NÃO. _Berrou Voldemort, cobrindo o rosto com as mãos, assustado.

Em seguida percebendo que Percy também temia abri-la, tirou-a de suas mãos com um feitiço convocatório. Suas mãos longas e pálidas apalparam a caixinha com interesse. Seus olhos se demoraram nas alças de abertura. Em seguida ele a entregou nas mãos de Rabicho, como que a temê-la.
_Guarde-a, onde combinamos, Rabicho. Snape a olhará para mim, mais tarde. _Disse ele, depositando a caixinha nas mãos trêmulas de Rabicho. _Tem certeza da procedência dela, Weasley?
_Claro que sim, Milorde. _Percy disse, orgulhoso. _Vindo da sala trancada do departamento dos mistérios, no ministério. Elas são todas assim, algumas maiores, outras menores.
Voldemort parecia assustado com a quantidade, seus olhos faiscaram.
_Então, Weasley, não há mais nada que possa me informar sobre Potter ou Dumbledore? _Perguntou-lhe Voldemort, com displicência. _Você sabe que qualquer tipo de informação seria bem recompensada...
Percy pareceu pensar a respeito, ambicioso.
_Gina... _Disse ele. _Eles estão... Namorando. Mas é claro que não fará nada a minha irmã, fará?
_Realmente não me interessa fazer nada a ela, Weasley. _Disse-lhe Voldemort. _Ao menos por enquanto.
Harry desejou azarar Percy naquele exato momento, ele fora capaz de entregar a própria irmã nas mãos de Voldemort. Ou ele realmente achava que ele não faria nada a ela? Harry desejou que Gina estivesse segura na casa dos Black.
_Bem, Weasley, acho que vou te dar sua recompensa, agora. _Disse Voldemort, com o olhar maldoso apontando a varinha para Percy. _É algo que você nunca imaginou ganhar tão cedo, sabe?... Avada Kedrava.
O feitiço acertou Percy no estômago, e ele caiu sobre Harry, os dois dando de encontro à parede. A capa de invisibilidade escorregou do corpo de Harry e caiu ao seu lado, cobrindo o chão. Lá estava Harry, encarando Voldemort, petrificado.




Capítulo 13
A traição dos Servos

A fortaleza não era nem de longe como Harry a imaginava, grotesca e sem beleza alguma. Pelo contrário, parecia um palácio de infinita beleza e grandiosidade. Era baseada em um grande arco branco, com inúmeras janelas douradas. Havia duas torres altas e alvas com outras duas bases em cada pilar. Um pouco anestesiado pela visão, o rapaz agora precisava saber como chegar até lá, iria fazer isso quando escutou uma discussão.
_Não adianta, Firenze... Não entraremos em guerra humana. _Disse alguém em uma voz rouca. _Você nem devia estar aqui, é um traidor.
_Você não entende que eles queimaram a floresta? Profanaram a nossa moradia... Quanto tempo acha que passarão sem nos enfrentar? Acha que viveremos em paz se o mal vencer? Será que não estão mais lendo as estrelas? Essa não é somente uma luta humana!!!
_Nos deixe, Firenze. Eles não voltarão a profanar a floresta com aquelas criaturas, mas também não entraremos em uma luta que não nos pertence, somente para agradar seus novos amigos humanos.
_Você ainda se arrependerá por ser tão orgulhoso, Magoriano.

Harry não pôde ouvir mais nada, porque os barulhos de cascos se afastaram. E o rapaz ainda se viu sob a enorme fortaleza. Era engraçado estar ali, mais uma vez na floresta. Tudo ainda era igual, nada havia mudado, mas ainda assim a situação era completamente diferente. Por um segundo o rapaz quis acreditar que era dono do próprio destino, mas ele não podia simplesmente deixar-se viver enquanto tudo e todos sofreriam por sua causa. Harry desejou ter se despedido de tantas outras pessoas, mas não tivera exatamente tempo para isso. Talvez devesse escrever uma carta para as pessoas que gostava, mas Edwiges estava muito longe dali.
Algo tentava faze-lo desistir de ir atrás de Voldemort, de Nagini. Seu coração estava amedrontado e desejava mais que nunca estar junto aos amigos. Não parecia justo, não parecia certo. Ele não desejava morrer, afinal. Estaria sendo egoísta ou covarde? Deixara-se cair sobre os joelhos, a observar a fortaleza acima dele, lentamente balançando, como se estivesse sendo levada por uma brisa fraca. Ele sabia que a mediocridade era pior que a morte, então, estaria sendo como Voldemort a valorizar tanto assim a vida para sacrificar tantas coisas? O medo, afinal, possuía alguma utilidade, mas a covardia não. E ele, jamais poderia acovardar-se. Teria que prosseguir, mesmo que sua vontade fosse fugir dali. No fundo ele sabia que a sua morte teria a mais forte das justificativas.
Sua mente foi distraída quando ele começou ouvir uma bela melodia, que por poucas vezes escutara em sua vida. Era o canto da Fênix, o canto de Fawkes. A ave com o olhar desolado cruzou o céu, e pousou à frente dele. Ela poderia enxergá-lo mesmo sob a capa de invisibilidade?
_Fawkes...? Onde estava...? _ Questionou ele, assustado a alisar as penas da ave.
Fawkes apenas ficou em posição de vôo. Não fora tão difícil que Harry entendesse que precisa subir na ave. Mas a grande pergunta que estava se fazendo era por que Fawkes estava ali e para aonde a fênix o levaria. Assim que o menino se posicionou, com dificuldade porque não era um animal tão grande e Harry agora já era um bruxo adulto, a fênix iniciou um vôo calmo sobre as copas das árvores, em direção ao céu escuro e de lua cheia. Mas ela subiu mais além, e aproximou-se das muralhas da fortaleza. Estaria ela querendo que Harry cumprisse o que tinha ido fazer? Assegurando que não se acorvadaria?

Os muros davam em um terraço amplo e oval, de pedras alvas e polidas, e uma passagem quadrangular, no meio do terraço, devia levar ao subsolo. A ave o fez descer. E, fitou-o por alguns instantes antes de partir. Harry desejou que ela não tivesse ido tão rápido. Arrumou a capa sobre o corpo, para garantir que estaria realmente invisível. Não via ninguém, teriam todos os comensais e aliados de Voldemort partido? Aproximou-se da escada, e preparou-se para descer, mas assim que pôs os pés ali, os degraus sumiram e uma enorme e escorregadia rampa tomou o lugar da escada. O rapaz caiu em grande velocidade, e foi parar estatelado em um jardim enorme, como se acomodassem mil campos de quadribol. Repôs a capa de invisibilidade no corpo assim que a viu largada ao seu lado. Imediatamente percebeu que havia um céu sobre sua cabeça, que na verdade deveria ser um feitiço, como o de Hogwarts, porque estavam no subsolo e não poderia haver céu algum, mas um teto de concreto.

Não havia ninguém à vista a um raio de dezenas de metros. Ao longe um pequeno e estreito rio corria a muitos metros de distância, ao lado de um bosque de árvores nobres e raras, carregadas de frutos estranhos. A área era totalmente circundada pelos muros do palácio, cujas janelas douradas ficavam nos últimos andares e eram tão estreitas que não permitiriam a passagem da menor das crianças. Havia ainda ali um enorme poço, Harry espiou e percebeu enormes ganchos afiados, sentiu o estômago embrulhar ao perceber que alguém se debatia ali dentro, sem voz e com o corpo ensangüentado.
Ao longe ele notou a janelinha de forma triangular que daria exatamente no salão próximo ao quarto de Voldemort. Ele a examinava com atenção pronta para utilizá-la quando escutou passos. Dois comensais caminhavam conversando em expressões sombrias, pareciam ter aparecido do nada.
_O lorde não ficará nada satisfeito quando souber, Alessandro. _Disse um deles, num inglês com sotaque.
_Não temos culpa se aqueles malditos centauros resolveram ajudá-los, temos?_Questionou o outro, no mesmo sotaque.
_E os fugitivos de Azkaban?
_Aurores rebeldes estão guardando as celas. O único que conseguimos tirar de lá foi Lúcio Malfoy. Está com o lorde, suponho. Então, vamos subir para falar com ele?

O outro não respondeu, mas deu-lhe uma pancada nas costas para prosseguir. Harry os seguiu, por onde quer que fossem encontrar-se-iam com Voldemort, e era isso que o rapaz queria. Os dois seguiram em junto às paredes alvas do castelo, em linha reta. Depois de caminharem por quase quinze minutos, pararam em frente a dois outros comensais. Estes dois que eram muito mais corpulentos, pediram algum tipo de senha.
_Marck... Você sabe que somos nós. _Disse o outro, impaciente.
_Senha. _Insistiu o outro, apontando a varinha ameaçadoramente para o que se chamava Alessandro.
_Armada das Trevas, pelo menos era até a gente sair. _Respondeu o outro.

Os comensais que estavam de guarda se afastaram e deixaram à vista um enorme brasão de prata, em cujo centro havia uma serpente entalhada. Os olhos da serpente brilharam e o brasão sumiu, permitindo a entrada por uma porta larga. Os dois passaram apressados sendo seguidos por Harry, que tentava respirar o mais silenciosamente possível. A porta dava em uma outra escadaria, de degraus de mármores escuros, e como da outra vez, a escada sumiu assim que Harry pôs o primeiro pé nela, mas não apareceu nada em seu lugar. O brasão da serpente já havia se trancado atrás dele, e Harry tinha certeza que não poderia ser ouvido nenhum som lá fora. As paredes altas e grossas não pareciam deixar nenhuma passagem.
_TRAIDOR, ESPIÃO... Tem algum aqui. _Murmurou o que se chamava Alessandro, apalpando o ar.
_O que é isso, Alessandro... Não tem ninguém aqui. _Disse o outro.
_ Julio... Você não...? _Perguntou o outro, em tom ameaçador.
_O que está querendo insinuar? Que eu sou um traidor ou espião? _Perguntou Julio, segurando o outro pelas vestes, com violência. _Acho que sei quem é o traidor aqui.
E então este o empurrou no chão e mirou a varinha em sua garganta. O capuz de Alessandro foi repuxado e seu rosto ficou à mostra. Ele possuía cabelos e olhos negros, pele morena e boca bem feita. Não devia ter mais que vinte anos.
_Julio, você é meu primo... Eu nunca pensaria... Perdoe-me... _Disse-lhe, com o peito arfante. _Você não acha que eu trairia o lorde, trairia? Isso deve ser algum tipo de brincadeira do Marck...
_Nunca mais duvide da minha lealdade ao lorde, Alessandro. _Disse-lhe o outro, oferecendo-lhe uma mão. _Temos que ver o que causou isso...
Assim que Alessandro levantou-se e Julio lhe deu as costas, para observar a escadaria que sumira, este pôs a varinha em sua costela.
_Sei que é um traidor. E o lorde me recompensará com sua morte... Tenho nojo do seu sangue que carrego em minhas veias, seu traidor sujo...
_Alessandro... Eu não sou um traidor...
_Sua porcaria suja, me diz o que fez e será apenas um prisioneiro... _Insistiu Alessandro, firmando ainda mais a varinha na costa do outro.
_Já disse que não fiz nada...
_AVADA KEDRAVA.

Assim que a luz verde iluminou as vestes negras de Julio, ele caiu no chão, morto e gélido. Alessandro parecia levemente desapontado. Harry afastou-se o máximo que pôde para não ser descoberto, porque o corpo do homem caíra a poucos centímetros dos seus pés, e ele sabia que sua respiração estava muito forte. Ele mal acreditara no que vira. Assim que Harry afastou-se da escadaria e Alessandro fez menção de subi-la ela voltou a aparecer.
_Eu sempre soube que você era fraco demais, Júlio. _Disse ele para o primo, antes de virar-se e tentar ir embora.
Harry esperou que uma passagem ao alto se abrisse para que ele utilizasse um feitiço estuporante no comensal, que caiu imóvel próximo ao portal. Em seguida o rapaz tirou a vassoura da mochila e montou, chegando sem muitas dificuldades até a passagem sem encostar-se à escadaria.
A porta daria em corredor de pedras escuras e iluminadas por archotes. Harry guardou o mais rápido que pôde a vassoura dentro da mochila. E encarou o local. Dezenas de portas de madeira estavam espalhadas pelo corredor, em cada uma delas havia uma pequenina janelinha de barras de ferro, e um cão do tamanho de fofo estava encostado do outro lado do corredor, roendo um pedaço particularmente grande de carne sangrenta. Ele era marrom e possuía os olhos vermelhos, suas patas eram enormes e cheias de garras afiadas. Talvez fosse impressão de Harry, mas aquilo que ele comia se parecia muito com uma perna humana. Seu coração começou a palpitar muito forte quando o cachorro fitou-lhe, com o olhar voraz. O animal largou o pedaço de carne e pôs-se em posição de ataque, latindo muito alto. Ele poderia vê-lo mesmo que Harry estivesse sob a capa.
_Estupore. _Berrou Harry assim que percebeu o animal correndo.

O feitiço apenas ricocheteou no pêlo do animal e ele acabara de posicionar as duas patas no peito de Harry, derrubando-lhe. Em seguida posicionou os dentes afiados no pescoço do rapaz, que sentiu seu hálito nojento e fétido. Os caninos foram pressionados em seu pescoço e o sangue jorrou quente pelas suas roupas e pela capa, sujando-a toda.
_MALDITO... _Berrou Harry tentando em meio à dor, utilizar outro feitiço contra o bicho. _CRUCIO.
Mas Harry sabia que não tivera forças o suficiente para conjurar um feitiço como aquele, e o animal agora posicionava a bocarra na sua perna esquerda.
_DELETRIO. _Disse, com tanto ódio que se assustou com o próprio tom de voz.

O jorro negro tocou o pêlo do animal e o estourou em milhões de pedaços, fazendo com que pedaços de tripa e olhos caíssem sobre Harry. Assustado, o rapaz levantou-se, e limpou a capa com um feitiço. Sua roupa estava totalmente ensangüentada, e o sangue continuava a jorrar do pescoço e da perna quando o rapaz utilizou feitiços para estanca-lo, mas mesmo assim, a dor era insuportável.
O corredor estava totalmente imundo, mas o rapaz não ligava mais para isso. Continuou lentamente o percurso sob a capa de invisibilidade, até chegar a um outro corredor, mais amplo e que ele reconheceu imediatamente. Estava no mesmo corredor em que estivera há algum tempo atrás como prisioneiro, e lá estava a enfermaria. Não havia muitos aurores à vista desta vez, exceto um que ficava à porta do calabouço e que passava a varinha na borda das vestes, para lustrá-la.
Harry dirigiu-se até a porta da enfermaria, cuidadosamente. Talvez houvesse algo ali que pudesse fazer parar a dor. Moveu a porta muito larga com muito cuidado, mas quase deu um berro ao encontrar o enorme cômodo lotado. Não havia nenhuma maca que não estivesse ocupada por um comensal ferido ou moribundo. E então Harry o viu, Snape passava correndo de uma direção à outra dando poções aos enfermos. Draco Malfoy estava deitado em uma das macas, mas parecia muito bem de saúde não fosse o fato de estar gemendo tão alto.
_Pare de gemer dessa forma, Malfoy ou vou ter que informar o chefe da Armada que você está somente fingindo... _Disse Snape a ele, em sussurros.

Os olhos claros do rapaz se arregalaram e imediatamente ele parou com o fingimento.
_Tem notícias de papai? Quando ele vem me ver? _Perguntou ele, ainda em tom de voz baixo.
_Nenhuma notícia, está com o lorde há horas.
_E o que faz aqui? Por que não está lá com eles? _Perguntou Draco, olhando Snape com curiosidade.
_O lorde acha melhor que eu fique aqui e cuide dos feridos... E é isso que eu farei, Malfoy. _Disse ele, antes de virar-se e ir de encontro à outra maca.

Harry reparou em um comensal totalmente ensangüentado e ferido ao seu lado. Em uma mesinha próxima a sua maca estava meio vidro com uma poção cor-de-rosa. O homem adormecia, e Harry arrastou-se até lá sorrateiramente, envolvendo o vidro em sua capa. Em seguida tomou-a em um só gole. Seu gosto era muito adocicado, e o rapaz quase vomitara, mas fizera efeito instantâneo, ele imediatamente sentira os ferimentos se fecharem e a dor passar.

Snape passara a poucos centímetros dele de encontro a uma das estantes de poções quando parou, pálido, encarando o rapaz. Harry não sabia como ele estava fazendo isso, porque ele estava sob a capa, mas sentiu uma espécie de mão invisível segurar em seu pulso e o arrastar para fora da sala, trancando a porta silenciosamente. O rapaz foi em seguida jogado ao chão, em um baque surdo. Snape abriu a porta segundos depois, e novamente a mão invisível o segurou pelo pulso, arrastando-o. Harry não queria confrontar-se com ele para não chamar atenção do comensal que distraía-se com sua varinha. E então se deixou ser levada silenciosamente até uma outra sala, escura.
Snape trancou a porta com um feitiço ao mesmo tempo em que Harry levantou-se tentando estupora-lo. Antes que o rapaz terminasse a palavra Estupore Snape havia lhe tomado sua varinha, com um feitiço não-verbal.
_Idiota. _Xingou o outro. _Quer colocar tudo a perder?
_Do que você está falando? _Perguntou Harry, tirando a capa.
_Não percebe, Potterzinho? O bebezinho é enfezado demais para perceber que estou do mesmo lado que você? Tsc, tsc, tsc. Inteligência nunca foi seu forte, não é?
_Eu nunca estarei ao seu lado. _Disse Harry, com arrogância. _Você não esteve do lado de Dumbledore quando resolveu mata-lo.
Snape não sorriu, mas seus olhos brilharam de prazer. Como se ele adorasse assistir a impotência de Harry, como ele gostasse de se vangloriar de seu desespero.
_Você achou que era mais inteligente que Dumbledore, não, Potter? _Ele disse, girando em torno do rapaz.
_Se Dumbledore tivesse sido um pouco mais cuidadoso, teria desconfiado de você. _Disse Harry, em voz alta. _Talvez esse tenha sido o maior defeito dele... Confiar demais nas pessoas.
_Pobre Harry, o que faria se soubesse que Dumbledore teve a mesma consideração por mim que teve por ele... _Zombou Snape. _Se mais alguém soubesse as mesmas coisas que Dumbledore sabia a seu respeito, Potter, tenha certeza que não seria poupado. Nem chegaria a esta idade...
_Você sabe...? _Perguntou Harry, abismado.
_Sei muito mais que você, Potter. _Disse-lhe eles. _Afinal, possuía informações de ambas as fontes, não? Você pode imaginar a surpresa de Dumbledore ao descobrir que eu sabia de tudo?
_Por isso estava tão interessado na varinha do olivaras... _Disse Harry, observando-o lentamente, como se de repente tudo fizesse sentido.
Sua expressão fechara-se, como se Harry houvesse lhe enfiado um punhal no peito.
_Não tenho tempo para brincadeiras... _Disse ele, passando os dedos nodosos nos cabelos negros. _Tenho que lhe dizer o que fazer. Será que na entende a gravidade da situação? Ele desconfia de mim, mais que nunca... E não temos muito tempo, Potter. Você sabe onde ele está... Nagini, Lúcio, Weasley e Rabicho estão com ele...
_Eu me recuso a seguir o que você diz se não me explicar porque matou Dumbledore. _Disse Harry, começando a acreditar que de alguma forma, por mais impossível que fosse, Snape não tivesse realmente querido mata-lo. Talvez, afinal, ele merecesse uma explicação, como Sirius merecera.
_Já disse que não temos tempo. _Ele disse, olhando preocupadamente para a porta. _Dolohov e os outros retornaram, você já deve imaginar toda confusão, não, Potter?
O garoto sentiu o estômago congelar, Voldemort sabia que ele havia roubado a varinha e naquele mesmo momento já deveria estar ligando as coisas.
_Quando chegaram? _Harry perguntou, ainda com o tom de voz alterado.
_Ainda esta manhã. Foram mortos assim que disseram tudo a ele, não esperava outra coisa. _Disse Snape, fitando-o com os olhos negros. _Não pensa que ele não ousaria em fazer o mesmo com você, pensa?
_Não importo com isso... Desde que eu consiga destruir Nagini. _Disse Harry. _Depois, se algo me acontecer, acho que vai querer matar Voldemort por mim e ficar no lugar dele, não é?
_E quanto à taça? _Snape questionou, sem dar atenção à acusação de Harry.
_Ah, ela não foi transformada em horcrux. _Disse ele muito depressa, baixando a visão.
_Deve ter um bom motivo para crer nisso, não é? _Perguntou Snape, com desdém. _Espero que não ponha tudo a perder... Agora, limpe essa mancha de sangue na sua capa. Não é muito normal que o ar se corte, se é que me entende.

Então o rapaz percebeu o que ocorrera, esquecera de limpar uma mancha de sangue na capa, o que dava a impressão que havia sangue pairando no ar. Entendendo aquilo como que devesse prosseguir, Harry contentou-se em não fazer mais perguntas. Mesmo que aquilo fosse doloroso demais, conversar e aceitar conselhos do assassino de Dumbledore.

Harry prosseguiu, passando pelo comensal que guardava a prisão, que agora brincava de assassinar moscas com pequenos jorros da varinha.
_Arrá, você não me escapa, seu trouxa asqueroso. _Disse ele em voz triunfante ao atingir uma mosca, que caiu morta no chão.
Observando a cena, Harry apontou a varinha para o homem e estuporou-o. A expressão que o homem fez fora tão hilária, que Harry não conseguiu deixar de dar um leve sorriso. E lembrando-se dos prisioneiros, prometeu que se não fosse morto antes de deixar a fortaleza, por qualquer razão mais absurda, iria tentar salvá-los.

As feições belas e perfeitas de Tom Riddle o encaravam imponentemente no salão seguinte, em um enorme quadro. Então Harry observou uma passagem circular, que devia servir para a utilização de Nagini. Era a melhor forma, devia esperar por ela, e então mata-la silenciosamente com um Avada Kedrava.
Encostou-se à parede e esperou alguns segundos, até escutar passos vindos do corredor. Draco Malfoy vestido em suas vestes negras com o capuz jogado ao ombro, e o rosto pálido entrou no salão.
_Longa vida ao lorde. _Disse ele baixinho fazendo um gesto ao quadro de Riddle.
_Como vai, Nagini? _Perguntou em seguida, observando o buraco circular, em seguida a cobra adentrou o salão, deslizando calmamente pelo chão encerado. _Será que seu lorde não se importaria se eu entrasse para ver meu pai?
Mas a cobra não lhe deu atenção, ao contrário, virou-se para Harry e o encarou, com os olhos amarelados. Lá estava ela, Draco não seria lá um grande problema. Ele poderia matá-la nesse mesmo instante, usando um feitiço não-verbal. Mas não era tão fácil quanto parecia, ela não o estava mordendo nem fazendo com que seu sangue jorrasse. Ele não conseguiria matá-la. Estava começando a entrar em pânico, quando Draco murmurara.
_ Cobra maluca... Nunca se sabe quando ela te entende ou não.
Então Harry teve uma idéia. Ele não precisava de nenhum feitiço para matá-la, ele poderia açoitá-la, um plano genial perpassou sua mente em segundos. Ameace o malfoy, ameace o malfoy, ameace-o....
A cobra imediatamente virou-se para Malfoy, fitando-o ameaçadoramente. Ele encarava-a com estranheza.
_O que houve com você, cobra idiota? Por acaso acha que eu sou um rato ou coisa assim?
Mas a serpente agora posicionara a poucos centímetros do pescoço do rapaz, atenta a qualquer dos movimentos dele.
_Não se atreva, sua cobra burra... _Disse ele, procurando a varinha nas vestes.
O animal então jogara-se contra ele, e enrolara-se ao corpo dele. Malfoy gritava, aterrorizado, enquanto o bicho apertava o laço.
_Papai... P-APAA...
Sua voz acabava de emudecer quando Harry percebera que o plano dera errado. Malfoy, afinal, não havia sido rápido o bastante para matá-la. E agora estava acontecendo justamente o contrário, a cobra estava matando-o. Harry não sabia muito bem porque estava arrependendo-se, afinal, não era lá uma grande perda. Mas começou a pedir que a cobra o soltasse. O animal parecia muitíssimo desapontado, mas Harry percebera que ela estava afrouxando os nós quando Lucio chegou, seguido por Rabicho. Seu rosto se contorceu ao ver o filho ainda nos laços de Nagini.
_Animo Occidendi. _Murmurou instantaneamente.
O feitiço passou de raspão pela cabeça de Malfoy e atingiu Nagini. O animal foi jogado contra Harry, que tentou não guinchar de dor. O rosto magro e abatido de Lúcio voltou-se preocupado para o filho.
_Draco... Veja... veja o que me fez fazer... _Disse ele, em um tom baixo.
Em seguida segurou o corpo mole do filho nos braços e deixou o salão em passos apressados. Rabicho parecia prestes a sorrir, mas tentava manter-se raivoso.
_Não pense que sairá assim daqui, Lúcio. _Disse ele, em voz alta. _Ah, que pena, não tenho mais minha varinha.
Harry aproveitou o momento para afastar-se da cobra. Ainda a observava cuidadosamente, pois temia que a horcrux que continha dentro dela ainda estivesse viva. Rabicho foi até a cobra e a examinou por alguns instantes, tocando sua pele escamosa.
_O lorde não ficará nada feliz, Nagini. _Disse ele, carregando a cobra e pondo-a nos ombros com dificuldade.
E então Harry percebeu, um líquido negro escorria dos olhos do animal e manchava o rosto de Rabicho. Esse parecia enojado, mas arrastava o animal pela cabeça até o corredor que levava aos aposentos de Voldemort. Harry sabia muito bem que Rabicho era medroso demais para conviver todos os dias com aquela cobra, ele deveria estar muito feliz por ela ter finalmente morrido. Mas com certeza temia a reação de Voldemort.



Harry estava caído no chão, ainda envolto pela capa de invisibilidade. Finalmente acontecera, Nagini estava morta e agora ele era a última horcrux, além da alma que Voldemort possuía. Ainda era difícil assimilar isso porque ele mal soubera o que eram as malditas horcruxes há mais ou menos um ano atrás. E, naquela época, Dumbledore não demonstrara nenhum sinal que ele pudesse ser uma delas. E como Harry sempre acreditara em Dumbledore, nem ao menos cogitara essa possibilidade. Não era que Dumbledore estivesse errado daquela vez, ele poderia até ter pensado no assunto, mas simplesmente resignara-se a não mais pensar sobre o assunto. Deveria ser um fardo pesado até mesmo para ele. Dumbledore sempre optara pelo amor, mas jamais sacrificaria alguém para mantê-lo.

Todas as palavras de Dumbledore agora invadiam sua mente. O grande bruxo sempre lhe dissera que ele tinha algo que Voldemort não possuía, e que era isso o que realmente importava. Dissera a ele que poderia ser o amor. Na época Harry jamais entendera, mas agora fazia todo sentido. Mesmo que Dumbledore tivesse dito isso a ele por outras razões. Agora sim ele entendia o que aquilo realmente queria dizer. Quando Voldemort tentara matá-lo em Godric´s Hollow, contara que o rapaz, caso viesse a descobrir toda a verdade, jamais se sacrificasse, jamais preferisse morrer por amor aos outros que viver como uma horcrux de Voldemort. Porque ele simplesmente não amava, e não entendia o que era dar a vida por alguém, pelas pessoas de quem se gosta. Então, Harry sentiu-se feliz, Voldemort teria uma terrível surpresa.


Harry caminhava silenciosamente em direção aos aposentos de Voldemort. Se iria morrer, queria enfrentá-lo primeiro, saber dele toda a verdade. Então o encontrou ao lado de Percy.
_Bom, tenho certeza que quando tudo se acabar, poderemos trazer uma serpente ainda maior e mais rara, milorde. _Disse ele a Voldemort.
Percy agora estava em suas vestes negras, mas sem o capuz, em frente a Voldemort, que sentara-se em uma poltrona, próximo a uma armadura de prata. Voldemort estava mais magro, e seu rosto parecia um tanto cadavérico, parecia-se com uma carcaça.
_Ela não era qualquer cobra... _Sibilou Voldemort, com dureza na voz.
_Ah, sim... Entendo, é claro que entendo. O valor sentimental, é claro. _Disse Percy, com a expressão afetada. _E os Malfoy?
Voldemort o observou com desprezo e depreciação. Algumas cinzas no chão deveriam ser tudo que restara da cobra.
_Rabicho o deixou fugir... _Disse Voldemort, olhando com ódio para o bruxo miúdo que se contorcia no chão, próximo à cama de Voldemort. _Se eu não fosse tão piedoso... Mas é claro que Lúcio e Draco terão o que merecem... Só não entendo o que fez Nagini agir assim, sem meu consentimento...
_Obrigado, milorde. Obrigado por me deixar vivo...
_Não por muito tempo, Rabicho. _Disse-lhe Voldemort. _Somente até eu recuperar a minha varinha. Aquele guardião não ficará vivo por muito tempo... Pedi que ele fosse a primeira cabeça a ser cortada.

Harry sentiu uma contração no estômago. Sirius corria muito perigo desde que resolvera mostrar-se como o detentor da varinha.
_E Potter? _Questionou Voldemort para Percy, com a expressão assustadora.
_Ninguém o viu por lá. _Disse Percy, caminhando de um lado para outro. _Simplesmente evaporou... Deve estar bem longe daqui...
_Vai ser encontrado assim que vencermos a guerra. E os reforços da África?
_Ah, os batalhões da África se recusam a participar da guerra, milorde. _Percy falou, com a voz trêmula. _E a cada momento o lado deles ganham mais reforços. Os centauros, e bruxos estrangeiros. Mas pelo menos temos muitos gigantes a nosso favor.

Voldemort o observou mais uma vez com intenso desprezo e questionou-lhe:
_E as perdas?
_Bom... Como toda batalha... São muitas... Mas não se preocupe, as perdas mais valorosas foram para o lado deles. Você deve conhecer Quim Shacklebolt, não? Foi morto por um dos nossos... Ãh, o centauro Firenzi...
_Eu não me importo... _Disse-lhe Voldemort, impaciente. _Será que não entende, Weasley?
_Ah, Lorde Yarch, agora, milorde. _Disse-lhe Percy. _Assim como o senhor eu não utilizo mais meu nome de família.
_Não espera que eu o chame de lorde, espera, W-e-a-s-l-e-y? _Perguntou-lhe Voldemort levantando-se ameaçadoramente. _Você não acha que está à altura do Lorde Voldemort, acha?
_A-ah, não senhor. _Respondeu Percy, assustado.
_Me entregue aquela varinha, Rabicho.
_A varinha de Belatriz, senhor? _Perguntou Rabicho, levantando-se com dificuldades.
_Você conhece outra? _Questionou Voldemort, furiosamente.
Rabicho rumou para uma sala ao lado e voltou pouco tempo depois com a varinha que pertencera a Beatriz. Voldemort a segurou com desdém, e encarou Percy, que tremera dos pés à cabeça.
_Espero que tenha trago o que te pedi, Weasley, o motivo pelo qual eu o coloquei no cargo de ministro, e a recompensa que você tem adiado desde que entrou no cargo...
_Ah, c-claro que sim... _Disse Percy, tirando uma caixinha prateada das vestes que caberia na palma de uma mão. _Q-quer que eu abra, senhor?
_NÃO. _Berrou Voldemort, cobrindo o rosto com as mãos, assustado.

Em seguida percebendo que Percy também temia abri-la, tirou-a de suas mãos com um feitiço convocatório. Suas mãos longas e pálidas apalparam a caixinha com interesse. Seus olhos se demoraram nas alças de abertura. Em seguida ele a entregou nas mãos de Rabicho, como que a temê-la.
_Guarde-a, onde combinamos, Rabicho. Snape a olhará para mim, mais tarde. _Disse ele, depositando a caixinha nas mãos trêmulas de Rabicho. _Tem certeza da procedência dela, Weasley?
_Claro que sim, Milorde. _Percy disse, orgulhoso. _Vindo da sala trancada do departamento dos mistérios, no ministério. Elas são todas assim, algumas maiores, outras menores.
Voldemort parecia assustado com a quantidade, seus olhos faiscaram.
_Então, Weasley, não há mais nada que possa me informar sobre Potter ou Dumbledore? _Perguntou-lhe Voldemort, com displicência. _Você sabe que qualquer tipo de informação seria bem recompensada...
Percy pareceu pensar a respeito, ambicioso.
_Gina... _Disse ele. _Eles estão... Namorando. Mas é claro que não fará nada a minha irmã, fará?
_Realmente não me interessa fazer nada a ela, Weasley. _Disse-lhe Voldemort. _Ao menos por enquanto.
Harry desejou azarar Percy naquele exato momento, ele fora capaz de entregar a própria irmã nas mãos de Voldemort. Ou ele realmente achava que ele não faria nada a ela? Harry desejou que Gina estivesse segura na casa dos Black.
_Bem, Weasley, acho que vou te dar sua recompensa, agora. _Disse Voldemort, com o olhar maldoso apontando a varinha para Percy. _É algo que você nunca imaginou ganhar tão cedo, sabe?... Avada Kedrava.
O feitiço acertou Percy no estômago, e ele caiu sobre Harry, os dois dando de encontro à parede. A capa de invisibilidade escorregou do corpo de Harry e caiu ao seu lado, cobrindo o chão. Lá estava Harry, encarando Voldemort, petrificado.


ATENÇÃO: VOU COLOCAR A FIC COMO TERMINADA PRA QUE VCS POSSAM BAIXÁ-LA COMO ACROBAT READER, mas ela não está terminada.

VALEU A TODOS VOCÊS, OK?

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.