A volta à Fortaleza



Capítulo Doze
A volta à Fortaleza

Quando Harry encostou sua cabeça no travesseiro àquela noite, tinha a cabeça fervendo e um gosto amargo na boca, como se houvesse mastigado folhas de boldo. Passara o resto do dia perambulando pelo castelo, sem ter coragem de olhar para Gina ou os amigos. Mas já havia planejado tudo com os amigos, durante o final de semana, sairiam à procura da maldita fortaleza de Voldemort. Antes que fechasse os olhos, contudo, pensou escutar o pio agourento de uma rasga-mortalha.
A manhã de sábado chegou nevoenta e gélida, as janelas do antigo salão da Grifinória estavam totalmente embaçadas, e o vento urgia pelos terrenos, levando papéis e cachecóis com ele. Parecia que o dia também nascera lúgubre, provocando sensações fúnebres nos três amigos.

_Harry, pra onde vocês estão indo? _Gina exigiu saber.
_Já disse... _Disse Harry, sem ação. _Precisamos resolver umas coisas para o Sirius.
_Sirius? E por que eu não posso ir com vocês? _Perguntou.

Harry atirou algumas mudas de roupas na mochila enquanto Rony lhe entregava duas sacolas com objetos dele e de Hermione. O garoto atirou as duas lá dentro, e a mochila não pareceu encher-se nem um centímetro a mais.
_Ele quer que só a gente vá, Ginny. _Disse Harry, sem pensar em outra desculpa.
_Ah... Então eu não posso? Muito bem, Harry, muito bem... Vão em paz os três, se querem saber... E eu vou ficar aqui o fim de semana inteiro sozinha...
_Não pense que vamos felizes. _Disse Rony, que estava muito amuado.

Então Hermione entrou no dormitório dos garotos vestindo um casaco jeans com algumas flores bordadas no peito e uma boina vermelha. A menina tinha as mãos nos bolsos do casaco, numa expressão desolada.
_Vamos à diretoria? _A menina perguntou.
Harry abraçou Gina, que apesar de ainda estar um pouco chateada, correspondeu. Era estranho ter certeza que esta seria a última vez que a abraçaria, que nunca mais a veria. E a menina nem ao menos desconfiava de tudo que viria a acontecer-lhe. Não saberia que nunca mais o veria, nem o peso que ele carregava nas costas, e pensou Harry, era melhor desse jeito.
Os três chegaram até a gárgula de pedras tão calados e tristes, que os quadros murmuravam se havia acontecido algo no castelo. Mas apesar dos sentimentos dos amigos, ninguém mais sabia como era estar na pele de Harry naquele momento. Como era sentir-se impuro e malquisto, pelo menos os únicos que sabiam de tudo, naquele castelo, eram os amigos. Ficaram algum tempo perguntando-se o que fariam para adentrar a diretoria quando Hagrid veio na direção deles, com um papel nas mãos.
_Sirius mandou isso, garotos... _Disse ele, entregando o papel nas mãos dos meninos. _Querem entrar? A senha é Café e bolachinhas. Eu não posso, tenho que ajudar o jovem Denis Creevey a cuidar de um verme da Tasmânia. É um bom menino, ele, sabem?
A gárgula permitiu que os três entrassem enquanto Hagrid continuava seu caminho. A diretora, por acaso, não estava na sala. O retrato de Dumbledore, que estava dormindo quando chegaram, de repente espreguiçou-se, e abrindo belos olhos azuis, sorriu.
_Como vão, garotos?
_A-ah, muito b-bem, p-professor. _Disse Rony, um tanto confuso.
_Não parecem lá tão bem, devo dizer... Acho que algo os está atormentando.
_Bem, talvez o senhor tivesse um bom conselho para o Harry. _Disse Hermione, olhando para o quadro um tanto estranhamente.
_Um conselho...? _Perguntou o diretor, um tanto sorridente. _Talvez sim... As pessoas costumam dizer que eu ofereço a elas bons conselhos. Se quiser me contar o seu problema, Harry.
_Ele está em um dilema. _Apressou-se Hermione. _Não quer esperar para examinar melhor alguns fatos... Quer fazer as coisas precipitadamente. Professor, se o senhor soubesse que de alguma forma o mal pudesse estar dentro do senhor, mas não se manifestasse... O que o senhor faria?
_Bem... _Iniciou o diretor, estalando os lábios. _Algumas pessoas costumam dizer que sempre o melhor a fazer é cortar o mal pela raiz...
Hermione baixou a cabeça ao olhar a expressão derrotada de Harry quando ouviu a opinião da pintura do diretor.
_Mas devo dizer que acredito que o melhor a fazer é podar a arvorezinha para que ela não cresça de mais, e quem sabe, poderá até dar bons frutos.
_Eu também acho isso, diretor. _Disse a menina, com o rosto mais aliviado.
_Ele não sabe o que está acontecendo... Ele é só uma pintura. _Alagou Harry, muito baixinho.
_Não há ninguém grande demais que nada tenha a aprender, e nem ninguém tão pequeno que não possa ensinar nada, Potter. Devia saber que até mesmo as pinturas, podem dizer algo a levar-se em consideração. _Afirmou Dumbledore, os olhos faiscando no quadro, mas não parecia zangado, talvez um tanto desapontado.

_Conversando com as paredes, meninos? _Perguntou a voz de Mcgonagall, adentrando a diretoria.
_Ah, não exatamente, diretora. _Respondeu Rony. _Com os quadros...
_Não se deixem levar demais por eles. _Advertiu a diretora, com um olhar de pena aos garotos.

Harry olhou instantaneamente para o quadro de Dumbledore, para saber se ele ralharia com a Profa. Mcgonagall, mas ele já havia voltado a dormir. Harry perguntou-se se o quadro fingia estar dormindo... Por um segundo sentiu raiva de Dumbledore. Se ele estivesse vivo, saberia como agir.
_Mas a que devo esta visita tão honrosa? _Questionou, sentando-se à mesa.
_Eu, Mione e Rony iremos deixar o castelo por este final de semana. _Disse Harry. _Precisamos resolver umas coisas para Sirius.
_Sirius? Tem aparecido... Nem preciso falar toda a confusão que está acontecendo no ministério por causa da morte da Dolores, preciso?
Harry apanhou um exemplar do Profeta Diário de alguns dias atrás, e encarou a manchete, grandiosa e espalhafatosa, sobre a morte da segunda pessoa do Ministério.

Dolores Joana Umbridge, segunda pessoa do ministério, e uma das mais atuantes funcionárias desta instituição sumiu em causas desconhecidas, na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Tem-se, que pode ter sido promovida por um dos participantes do grupo intitulado como comensais de morte, uma vez que Dolores os repudiava e trabalhava ao máximo para evitar sua propagação. Todos os funcionários do Ministério da Magia estão estarrecidos com tal conhecimento, e trabalhando ao máximo para descobrir o paradeiro da mesma. Na ocasião, houve também um breve desentendimento do ministro Percy Weasley e a atual diretora da escola, o que pode acarretar no fechamento da mesma. Uma vez que a diretora, Minerva Mcgonagall não parece ter o pulso que a escola precisa, pondo em risco a vida de seus estudantes.

_Eles não estão investigando porque não têm mais nenhum funcionário... _Disse Harry, amargurado. _A não ser meia dúzia de comensais ou aliados... Quero os ver tentar fechar a escola!
_Mesmo assim... Isso não cai bem, Harry, definitivamente! A comunidade pode ser influenciada por notícias como essa, e isso porque não sabem que ela está morta...
_Acho que Sirius deu um jeito... _Disse Harry, sem dar a merecida atenção. _Espero que fique tudo bem na escola, diretora, adeus.
_Ora, Potter, não estarão de volta na segunda? _Ela questionou. _Quero lembrar-lhe que o Sr. Weasley ainda é um aluno matriculado nesta escola, e, por conseguinte deve assistir às aulas.
_Sim, senhora. _Disse Harry, sentindo a voz tremer. _Acho que Rony estará aqui na segunda.
E então Mcgonagall virou-se, indo à janela. Seu rosto estava contorcido, e ela abria a boca, mas na conseguia dizer nenhuma palavra. Rony correu até a janela, e também fez a mesma cara. Harry foi até eles, e enxergou ao longe Sirius correndo, totalmente ensangüentado e a gritar:
_A Guerra está iniciada... A GUERRA ESTÁ INICIADA!!!



Harry mal imaginara como descera as escadarias tão rapidamente e encontrara-se nos terrenos frios, ao lado da diretora e dos amigos. Sirius tentava contar o que vira ao Sr. Weasley e a Haickel. Enquanto isso os alunos e professores, além de todas as outras pessoas que guardavam a escola, se apertavam para ouvi-los.
_Eles estão vindo... Centenas deles... Com gigantes e dragões, inferis, lobisomens...
_Como sabe? _Perguntou Haickel, que olhava com suspeita para Sirius.
_Isso não interessa... Tudo o que importa é que consegui espionar Voldemort... Eles estão quase prontos para invadir a escola... Temos que agir...
_E quem é você, afinal?
_Sou Snuffles, o Guardião Branco.
_E-eu já ouvi falar muito de você... Seu nome é temido pelos comensais... _Disse Haickel, ansioso. _De onde vem, Snuffles não é um nome tão comum...
_Isso não importa, agora. Weasley, que eu saiba você é o novo líder. _Disse Sirius, tentando parecer desinformado. _Escute, o que pensa em fazer?
_Eles não irão invadir a escola... _Disse Hagrid, que passou correndo e indo se embrenhar pela floresta proibida. _Vou buscar Grope e a giganta, eles vão ver. As montanhas não são tão distantes, estarei de volta antes deles.
_ACALMEM-SE... ACALMEM-SE... _Pediu o Sr. Weasley, tentando manter-se relaxado. _Temos de bolar um plano... Temos de bolar um plano...
_Qual plano derrotaria dragões e gigantes, Weasley? _Perguntou o Sr. Diggory, alarmado.
_Ah, não se preocupe, Weasley... Eu liderarei o nosso exército... Apesar de não saber muito sobre guerras... Conheço muitas táticas, não se preocupe, venceremos... Venceremos Tom Riddle e seus seguidores.
_Posso sair de Hogwarts e procurar Carlinhos... _Disse Gui, que não estava ali há muito tempo. _Ele trabalha com dragões, pode nos trazer alguns, o mais rápido possível.
_Ótimo, Gui, faça isso... Faça isso... _Pediu o Sr. Weasley, passando as mãos trêmulas sobre a testa. _Junte o maior número de pessoas que conseguir, mas, por favor, não deixe sua mãe sair de casa. Temos que mandar os alunos para casa, em segurança, agora mesmo. Ordens a todo o mundo bruxo... O clima está mais que perigoso, é preciso manter mulheres e crianças em casa.
_Eu vou fazer com que todos os alunos vão em segurança. _Disse a Profa. Mcgonagall, empurrando os alunos de volta ao castelo. _Vou pedir ajuda dos professores... L-lupin, não quer me ajudar nisso?
_Ah... Queria procurar alguns amigos que já consegui resgatar, alguns lobisomens... _Disse ele, decidido. _Tenho certeza de que viriam.
_Ótimo, Lupin, então vá, agora mesmo. _Disse-lhe Haickel.
_Rony, tenho certeza que irá saber chegar seguro com a ajuda de Potter e Granger. _Disse a diretora, antes de sumir com os alunos, que protestavam.

A multidão se aglomerava em torno de Sirius, o Sr. Weasley e Haickel. Cada um dava opiniões e todos falavam sem parar. Harry estava em dúvida, se o melhor a fazer era partir dali naquele instante, ou então esperar a luta terminar.
_Harry... _O rapaz ouviu a voz de Sirius, a chamar-lhe. _Quero conversar... A sós com você...

Ele e o seguiu, mas os amigos não pareciam nada satisfeitos em não poder ir com eles para a cabana de Hagrid. Os pés do garoto atolavam na neve muito alta, e ao respirar uma boa quantidade de fumaça gelada deixava-o pela boca. Bicuço comia algo no chão quando os quatro chegaram.
_E então, o que pretendem fazer? _Sirius questionou, largando-se numa das cadeiras velhas de Hagrid.
_Sirius, precisamos encontrar a fortaleza de Voldemort. _Disse-lhe Harry. _Será que você tem alguma idéia...?
_Eu não só tenho uma idéia, Harry. _Disse-lhe ele. _Eu sei exatamente onde fica...
_Você esteve lá...? _Perguntou o garoto, preocupado. _Você está horrível, Sirius. O que houve com você?
_Algumas lutas foram necessárias pra chegar até lá... _Disse ele, com o olhar cansado. _Não é tão fácil embrenhar-se na floresta, é?
_Você quer dizer que a fortaleza dele fica na floresta proibida? _Harry questionou, abismado.
_Mais ou menos... Fica acima dela, nos ares. Se quiserem chegar lá, o melhor a fazerem é ir quando a guerra iniciar-se. Quase todos os aliados de Voldemort estarão na luta, então não será difícil adentrar o lugar...
_Sirius... Como você descobriu? _Harry perguntou. _Como ele permitiu que você descobrisse?
_Voldemort tem um traidor, Harry... _Disse ele, sem encarar o garoto. _Não me pergunte quem... Bem, o que tem a fazer é andar é linha reta pela floresta seguindo a trilha dos pinheiros, assim que encontrar uma pequenina montanha com o cume de ouro, deverá pensar na fortaleza e a encontrarão, para subir até lá terão que usar feitiços, é claro... Eu vou ter de ficar aqui, para a guerra.
_Sirius, por favor, tome cuidado. _Harry pediu.
_Espero que não esteja pensando em fazer nenhuma besteira, Harry. _Disse-lhe Sirius. _E... Hermione e Rony devem ficar.
_QUE?
_Harry, é muito difícil chegar até lá... Você terá que chamar o mínimo de atenção possível... Por favor, siga meu conselho... Vá sozinho...
_Mas isso estraga todos os meus planos. _Disse Harry, pensativo.

Se nem Rony ou Hermione fossem com ele, quem destruiria Voldemort no final? Bom, de qualquer forma, ele sabia que os amigos tentariam impedi-lo, que nunca deixariam que ele fosse assassinado de bom grado. Então, talvez fosse mesmo o melhor a fazer. Voldemort, de qualquer jeito, já poderia ser morto...
_Escute, Harry... Tome isso. _Disse Sirius, metendo a mão entre as vestes encardidas de sangue e tirando de lá uma pedrinha que parecia-se muito com um cristal. _É atraída pela fortaleza... Quanto mais brilhar, mais saberá que está perto. Tenho certeza que conseguirá chegar, só tome cuidado com as criaturas que habitam a floresta, é melhor levar a capa consigo.
_Sem problema... _Disse Harry, apanhando a pedra e pondo-a no bolso. _É melhor procurar a madame Pomfrey.




_O que foi que ele te disse? _Rony questionou, curioso.
_Rony! _Repreendeu-a Hermione. _Se ele quis falar a sós com ele, isso queria dizer que nós não poderíamos saber...
_Ele não queria que vocês fossem comigo. _Disse Harry, finalmente.
_Como assim ele não queria que fosse com a gente? _Rony perguntou, ficando pálido. _Ele tá maluco?
_Eu também acho melhor... _Disse Harry, procurando Gina na multidão de alunos que deixava a escola. _Vocês simplesmente não me deixariam fazer o que eu tenho que fazer.
_A Gina sumiu... _Disse Rony, sem emoção. _A Mcgonagall acha que ela foi pra casa com o Gui. Mandamos uma coruja há pouco pra mamãe pra saber.
_Harry, isso... Isso é insano! Sozinho? _Hermione perguntou, abismada.


Haickel e outros aurores conjuraram um fogo para percorrer todos os terrenos de Hogwarts e dificultar a entrada de qualquer estranho. Isso também impediria que Harry fosse facilmente para a floresta proibida.
_Você nem sabe onde fica essa maldita fortaleza...
_Harry, você não poderia simplesmente aparatar na enfermaria da fortaleza outra vez? _Rony questionou.
_Claro que não, Rony. _Hermione explicou. _Ele não sabe direito onde fica a fortaleza... Mal conhece algumas poucas partes do local... Se fizesse isso, seria muito arriscado. Aparatação não é tão simples quanto pensa.
_OK, vamos falar sobre isso depois. Ainda somos aurores e temos que ajudar, não é? _Perguntou Harry, que queria evitar falar sobre o assunto.


Hogwarts parecia ferver de tensão, a cada segundo chegavam outras pessoas (E Haickel tinha de retirar o feitiço que pusera todas as vezes que isso acontecia). Enquanto isso, os presentes debatiam qual era o melhor jeito de atacar inferis e gigantes. Sirius visitara a madame Pomfrey, mas não parecia muito melhor que antes. Quando Hagrid retornou para o castelo com os dois gigantes, todos ficaram muito assustados, mas depois acabaram se sentindo mais seguros em presença deles. Contudo, os elfos domésticos tinham de trazer quilos de carne a todo o instante, para mantê-los ocupados. Harry observou o olhar malvado de Monstro, e imaginou se ele não estaria gostando de tudo aquilo. Quando o crepúsculo chegou, manchando o céu embranquecido com seu sangue alaranjado, Lupin e pelo menos meia dúzia de homens e mulheres chegaram ao local.
Harry e os outros estavam fazendo uma refeição apressada no castelo, quando ouviram gritos de pavor. Os três correram o mais rápido que puderam para a janela, e viram ao longe, na floresta proibida, dragões negros no céu, espalhando fogo sobre as copas das árvores. E, o rapaz tinha certeza, não deviam ser os dragões que Carlinhos traria da Romênia.
_São eles, São eles... _Disse Hermione, com a voz trêmula, segurando o braço de Harry.
_Venham, vamos descer. _Disse ele, correndo.


Os gigantes já adiantavam-se para cima dos três dragões, dando-lhes braçadas e sendo queimados por eles. Grope golpeara um deles, que caiu trêmulo no chão, guinchando. Mas fora atingido num dos braços por outro, que decepou o seu braço esquerdo com a cauda cheia de espinhos afiados. O gigante caiu ao chão, ao lado do outro dragão, manchando o gelo com o seu sangue muito vermelho.
_Grope... _Sibilou Hagrid, desesperado. _Seu...
Depois de muitas tentativas quase dez bruxos estuporaram um dos dragões. Mas o outro agora atingira alguns aurores com uma rajada de fogo. E para agravar a situação, centenas de inferis começaram a chegar pela floresta proibida, com seus corpos lívidos e em estado de putrefação, no entanto, ao passar pelo fogo, acabavam se queimando, e atiravam-se contra as pessoas nos terrenos de Hogwarts . Ainda da floresta, centenas de bruxos com capuzes e vestes negras caminhavam, conjurando feitiços a torta e à direita. Eles simplesmente conseguiam passar através do fogo conjurado por Haickel, utilizando algum tipo de feitiço. A confusão era geral, bruxos pegando fogo por todo o lado, inferis, feitiços, o dragão urgindo às cabeças deles, em poucos segundos ele não sabia mais onde Hermione e Rony haviam ido parar.
Ele abrira a mochila e tirara a capa de invisibilidade de lá quando um feitiço o atingiu nas costas. Ele virou-se e percebeu que havia sido atingido por Tonks.
_Desculpe, Harry... Me confundi... _Disse ela, correndo para o outro lado, com os cabelos na cor verde-exército.
O menino, ainda um tanto trêmulo por causa do feitiço, voltou a colocar a capa. Mas sentia-se um tanto incomodado em deixar todos na luta e partir sozinho, não que fosse um trabalho fácil o que iria fazer, mas mesmo assim, deixar os amigos ali sem poder ajuda-los, lhe deixava muito pesaroso.
Atingiu muitos aurores com feitiços estuporantes, porque estava simplesmente em vantagem, na condição de invisível, mas a todo o momento tinha de afastar-se de raios que lhe passavam a poucos centímetros do corpo. Haickel tentava manter a ordem, organizando os bruxos em facções, mas não estava adiantando, todos lutavam sem ordem definida, ao redor da grande fogueira. Lupin agora lutava contra Fenrir, que estava se possível ainda mais assustador que antes. E então o menino observou a lua cheia se adiantar preguiçosamente por detrás das nuvens, no céu anil. Lupin e Fenrir simplesmente começaram a entortar e os pêlos invadiram o corpo dos dois. Agora, os dois lobisomens, rosnavam e uivavam, furiosamente. Harry utilizou-se de um feitiço estuporante contra Fenrir, mas não pareceu ter nenhum efeito. Contudo, o lobisomem se atrapalhou, e Lupin o mordeu na altura do pescoço, fazendo um jorro de sangue molhar seu pêlo escuro. Fenrir guinchou de dor, mas voltou a luta. Então Harry percebeu que grande parte da floresta proibida estava imersa em chamas. Não havia mais tempo, ele tinha que partir. Assim que chegara à floresta, observou Hermione, lutando com um dos comensais. Ela o atingira com um feitiço, que o fez cair a pelo menos dez metros de distância, mas um outro a atingira com um raio vermelho que a fez cair, próximo a uma árvore em chamas. Harry acabara de empunhar a varinha para ajudar a garota quando Rony atingiu o comensal com um mobilicorpus perfeito. O comensal ficou de cabeça para baixo, e as vestes foram arregaçadas, deixando à mostra a cueca do rapaz, muito branco. Logo depois o seu capuz pendeu e seu rosto macilento, com cabelos muito alvos, e o rosto pontudo de Malfoy foram identificados.
_ME SOLTE, WEASLEY... ME SOLTE... _Berrou.
Rony o fizera bater contra o chão pelo menos dez vezes antes de solta-lo, bambo. E correu para Hermione, tirando-a para bem longe das chamas, carregando-a nos braços.
E então, Harry tirou a thinbonne da mochila, e tentando cobri-la o mais rápido possível com a capa de invisibilidade, subiu muito acima dos feitiços das chamas, e escapou por pouco dos dragões que chegavam velozes acompanhados por Gui, Carlinhos e os seus amigos.

Tivera de sobrevoar vários metros de floresta até encontrar um local que não estivesse queimando, para pousar. Deixou-se sentar sobre o chão, a ouvir passadas pesadas que ele nem tentava adivinhar de onde viria. Não conseguia enxergar também nenhum dos pinheiros descritos por Sirius. Então, as passadas ficaram mais fortes, como o ressoar de um tambor. E as árvores começaram a serem afastadas, para que seres medonhos, de cor âmbar e olhos vermelhos (como diamantes), bocas rasgadas e umbigos à altura do peito passassem. Eles cantavam uma música, em voz baixa e rouca:

Olhos, boca, pulmões
A lua é interminável
Somos todos feitos de cera
Somos todos feitos de trevas
O calor se evapora de nossos corações
Enquanto a força percorre nossas veias
Há muito tempo estivemos dormindo
Mas voltamos para fazer justiça às nossas
Tribos, somos os Werganteings.

Se aquilo era um canto belo ou não, Harry não sabia. Mas o canto ecoava em sua mente, e o deixava inebriado. E antes que pudesse perceber, seu corpo já não correspondia mais ao seu controle, não conseguia mexer-se. Lentamente sentiu que sua temperatura subia, e que algo estava acontecendo com sua pele, era como se ela estivesse renascendo. Sua visão começava a embaciar, mas eles pôde perceber que algo branco e da textura de cera estava se formando por todo o seu corpo.
E então os passos foram distanciando-se, e ele conseguiu mover com dificuldade os braços. A cera foi partindo-se e ele conseguiu levantar-se, observando os braços vermelhos e doloridos.
A floresta que estava escura como breu exceto pela luzinha na varinha de Harry, deixava-se ser explorada sem oferecer grandes sacrifícios. Parecia que as criaturas haviam fugido para evitar cruzar com os seres abomináveis de Voldemort. Harry continuou a andar, tendo cuidado para não fazer muito barulho. Chegara quase ao coração da floresta quando avistou a linha de pinheiros que Sirius lhe informara, com o auxílio do cristal. Seu coração bateu mais forte e ele continuou mais e mais rápido, rumando em linha reta. Quando finalmente alcançou uma clareira, não muito distante do local em que Grope costumava ficar. O cristal passou então a emitir um brilho muito lilás, que iluminava quase toda a lareira. Harry pensou firmemente na fortaleza de Voldemort, e quando menos imaginou, lá estava ela a pairar sobre a cabeça dele. E Harry mal podia acreditar no que via.

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