Filho do Snape
DISCLAIMER: Não é meu! É tudo da J. K. Rowling.
BETA READER: BastetAzazis – muito obrigada!
A/N: Capítulo vinte e dois! A notícia se espalha e as coisas se complicam. Bem, não muito. Depende do ponto de vista. Chegue às suas próprias conclusões…
Capítulo 22: Filho do Snape
Severo entrou no escritório da Diretora, seu destino o pressionando mais uma vez. Minerva estava à sua mesa, mãos entrelaçadas na frente, esperando explicações. Ele contemplou as cadeiras em frente à mesa da Diretora, mas decidiu que nem precisaria se sentar, porque o que tinha a dizer não levaria muito tempo. Severo fixou os olhos na bruxa austera.
– Nathan Granger é meu filho. – Severo registrou o choque no rosto da Minerva, mas decidira não se afetar pelas reações da bruxa. – Ele descobriu recentemente e não parece muito feliz com o fato, como você pôde ver pela pequena demonstração no Salão Principal.
– O filho da Hermione? – Minerva racionalizou ainda chocada com o que ele jogara nela, embora agora ela franzisse a testa tão intensamente que suas sobrancelhas se encontravam. – Foi você!
– Se com isso você está dizendo que fui eu quem a engravidou, foi o que acabei de lhe dizer, Minerva. O menino é meu filho. Agora, se me der licença, tenho coisas para fazer antes do final do dia.
Severo se virou para sair do escritório, mas a voz da Minerva era firme:
– Severo Snape, não ouse sair deste escritório sem se explicar direito!
Ele se virou para encará-la.
– Não tenho nada para explicar. Tudo que você precisa saber, agora já sabe. Tentarei manter nossas demonstrações de afeto em particular no futuro, para não perturbar a rotina da escola.
– Ah não, você não vai escapar dessa assim! Severo, ela era uma menina! Como você pôde... Ela foi sua aluna desde os onze anos, pelo amor de Merlin! Uma aluna!
Minerva estava obviamente enojada com a idéia, e ele podia concordar totalmente com ela. Se a mulher soubesse quais foram as circunstâncias, ficaria horrorizada. Severo não queria ficar ali, discutindo com Minerva sobre estuprar uma ex-aluna.
– Não é a coisa mais horrorosa que fiz na vida – contrariou e não pôde deixar de olhar na direção do retrato de Dumbledore. – Agora, se não se importa Minerva, não há mais nada que lhe diga respeito neste assunto que não seja o comportamento inaceitável do menino. Já disse que tentarei evitar que isso aconteça novamente. – Ele se virou para sair mais uma vez.
– Não posso acreditar – Minerva disse para suas costas. – Você não foi nem decente o suficiente para reconhecer o filho como seu. Você a deixou tomando conta dele sozinha. Uma criança cuidando de outra, Severo. Sozinha!
Ele se virou para encará-la com aquilo.
– Não fale do que você não sabe, Minerva. Dificilmente foi minha culpa o que aquela maluca decidiu fazer!
– E agora está culpando ela? Tão típico de você, Severo! – Minerva devolveu às acusações à sua pupila querida.
Severo tinha ouvido demais. Ele voltou o espaço que cruzara em direção a porta e estava novamente à frente da longa e sólida mesa de madeira da Diretora.
– Você acha que todos os grifinórios são anjinhos, não acha? São incapazes de cometer erros também, não são? Bem, vou lhe dar uma notícia chocante, Minerva. Ela escolheu criar aquela criança sozinha, não eu! Ela foi imprudente de escondê-lo de mim todo esse tempo e depois decidir que era uma boa idéia deixar o menino saber! Ela, sua preciosa sabe-tudo grifinória, Minerva, não eu!
O choque no rosto dela foi tão alheio desta vez que um pouco da raiva de Severo foi abatida e transformada em uma presunção doentia. Ele sorriu com malícia para a bruxa sem fala.
– Acho que não estava preparada para ouvir que sua amável Hermione Granger não é a mulher perfeita que vocês todos acham que ela é.
– Você não sabia? – Minerva perguntou, ainda zonza com as revelações.
O sorriso afetado de Severo se dissolveu.
– Não, não sabia, e agora é tarde demais para qualquer coisa, não é?
Minerva parecia perdida em pensamentos, olhos focados num ponto da mesa. Ela finalmente olhou de volta para ele.
– Ela lhe contou quando esteve aqui, depois que o encontrou na floresta.
– Não, Minerva. Apague a imagem que tem da menina supostamente responsável e estritamente correta da sua cabeça. Ela nunca me contou, e eu não acho que teria me contado num futuro próximo. – E antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele acrescentou: – Eu descobri sozinho.
– Durante as detenções. – Minerva assentiu para si mesma. – Era por isso que você queria que elas fossem supervisionadas por outro professor. – Ela estava de volta a estudá-lo. – Você estava negando ele – acusou.
– Não vou discutir minhas ações com você, Minerva. O que eu faço com relação ao menino é minha decisão e de mais ninguém – foi tudo o que ele disse àquilo. Severo não foi impedido pela Diretora no caminho para a porta desta vez, mas por outra pessoa.
– Severo – chamou uma voz da parede.
Severo fechou os olhos, de costas para Minerva e os retratos.
– O que o Nathan decidiu? – Alvo perguntou suavemente.
Sem se virar para encará-los, Severo disse:
– A Minerva pode responder isso.
Ele continuou seu caminho para fora do escritório e se fora num farfalhar de vestes.
Nathan dormiu mal outra noite. Isto estava se tornando uma constante desde que descobrira que Snape era seu pai, e o estava cansando. O que jogara na cara do homem no dia anterior foi bem merecido, tinha certeza disso, então por que ele não se sentia bem depois de tamanha vingança? Por que cada palavra de elogio e cada tapa no ombro o faziam sentir esta sensação estranha no peito? Por que cada palavra do sermão do Professor Lupin na noite anterior estava pesando nele, fazendo-o se sentir... culpado? Qualquer que fosse a razão, o incomodava.
Quando Nathan entrou no Salão Principal para o café da manhã, muitos olhos se viraram na sua direção. Ele esperava aquilo. Seus amigos davam tapinhas nas suas costas novamente, apoiando sua entrada triunfal depois de dizer o que muitos sonharam em dizer para o mestre de Poções, mas nunca tiveram coragem. Seu peito ficou apertado quando ele percebeu que até alguns sonserinos o olhavam com respeito, e ficou ainda mais apertado quando encontrou seu pai o observando da Mesa Principal.
Desviando os olhos rapidamente enquanto era arrastado pelos amigos, Nathan ficou grato quando o assunto deixou seu ataque enfurecido ao temido professor para passar para coisas mais mundanas. Ele podia se deliciar num momento conquistado de anonimato para tentar acalmar os sentimentos que o invadiam desde que encontrara os olhos firmes do seu pai. Ele estava tão concentrado em não tirar os olhos do próprio prato que nem as corujas voando trazendo a correspondência quebraram sua concentração. Mas ser invisível era meio impossível com alguém chamando seu nome.
– O que é? – finalmente perguntou para o Andy depois de ser chamado pela terceira vez.
– Você está no Profeta Diário – Andy disse sem tirar os olhos do jornal.
– Estou? – Aquilo era totalmente inesperado. – Por quê?
Andy não respondeu.
Nathan insistiu:
– Por que estou no Profeta Diário?
Nada. Andy só olhava fixamente para o pergaminho em suas mãos, franzindo a testa, parecendo estarrecido.
– Deixe-me ver isso! – Kevin disse, arrancando o Profeta das mãos moles do Andy.
– O que é? O que diz aí? – Nathan perguntou mais uma vez. Ele olhou em volta e viu que outros lendo o jornal olhavam para ele, e ele não gostava do jeito que eles estavam olhando, não gostava nenhum pouco!
Quando estava prestes a tomar o jornal das mãos do Kevin, o menino disse: - Você é filho do Snape? – Seu amigo franzia a testa bem como Andy fizera, só que agora Nathan sabia porquê.
– O quê?! – Nathan gritou e tomou o pergaminho ofensivo de Kevin. Ele não podia acreditar! Lá estava, na primeira página, para todo mundo ver!
Desde o começo do ano letivo, muito tem sido dito sobre o herdeiro da heroína de guerra Hermione Granger, o aluno do primeiro ano de Hogwarts, Nathan Granger, e a ligação do seu nascimento com sua partida do mundo bruxo. Foi especulado que o jovem menino era o fruto de um antigo amor de criança da bruxa nascida trouxa, por isso sua escolha de criá-lo entre os trouxas, ou até que ele pudesse ser um filho ilegítimo de ninguém menos que Harry Potter. Entretanto, foi descoberto e confirmado por uma fonte confiável que o pai deste pobre menino é o conhecido assassino do grande Alvo Dumbledore, ex-Comensal da Morte, Professor Severo Snape.
Essa notícia reveladora traz todo o mistério em uma nova perspectiva, e outras possibilidades do porquê da bruxa brilhante deixar o mundo bruxo há tantos anos aparecem. Vergonha? Medo? O sigilo da paternidade de seu filho, que, segundo a mesma fonte, foi mantido por todos esses anos até mesmo de seus amigos mais próximos, parece levar fortemente para a veracidade dessas suposições...
Nathan não precisava, nem queria, ler mais. Tudo que ele precisava saber estava ali, e a enormidade disso era aparente em todos aqueles olhos nele. O que ele faria agora? Ele procurou pelos olhos do pai e os encontrou nele, como tantos outros.
Uma voz chegou até ele sobre o crescente burburinho do Salão Principal.
– O Profeta está errado, não está? – Havia franca esperança no jeito que Kevin lhe perguntou aquilo. – O Snape não é o seu pai. Você nos cotou que o seu pai era outra pessoa – acrescentou descartando.
Andy só olhava para ele, medindo, mas seu olhar carregava pressão suficiente para fazer Nathan admitir, com seu silêncio, a verdade que a notícia trouxe.
Porém, Kevin parecia esperar por uma resposta. – Nathan...
– Eu... – Nathan olhou mais uma vez para o homem na Mesa Principal depois de volta para o seu prato. – Ele é – finalmente admitiu para os poucos que puderam ouvir.
O momento era muito desagradável. O que eles vão dizer? Nathan não sabia... Talvez desagradável não estivesse mesmo fazendo justiça ao momento. Era opressor. Parecia que o Salão Principal iria se fechar ao seu redor.
– Snape? – Kevin perguntou novamente.
Nathan ergueu os olhos. Ele tentou outro olhar para a Mesa Principal, mas desta vez não encontrou quem procurava. Nathan se levantou.
– Sim, o Snape! – descarregou e virou-se, andando até a porta, seus passos ficando cada vez mais rápidos com o volume das vozes no Salão Principal.
Ele cruzou o pórtico, deu alguns poucos passos para a esquerda e recostou-se contra a parede de pedra, fechando os olhos. Nathan queria fazer seu coração parar de bater tão rápido. Suspirou pesadamente. Todos sabiam quem era seu pai, que o Snape era o seu pai.
Nathan jogou a cabeça para trás para bater na parede algumas vezes, somente depois ele abriu os olhos novamente. Seu pai estava do outro lado do saguão, no topo das escadas que levavam às masmorras, olhando intensamente para ele. Ele olhou fixamente de volta até que o homem virou-se e desceu as escadas.
– Entre – Hermione chamou a pessoa que batia na porta do seu escritório. Ela nem ergueu a cabeça para ver quem entrava, já que estava esperando William. – Só estou terminando isso – acrescentou, escrevendo freneticamente em seu caderno, a mão livre erguida para enfatizar sua necessidade de algum tempo para terminar de anotar.
– Belo escritório para uma instituição trouxa.
Hermione congelou ao ouvir aquela voz.
– Embora eu jamais acreditaria em alguém que me dissesse que Hermione Granger trocara as glórias de ser uma heroína de guerra pela simplicidade dessa vida trouxa, se não tivesse visto com meus próprios olhos – a visitante inesperada acrescentou.
Hermione estava dividida entre estar surpresa, com raiva e curiosa. O que essa mulher estaria fazendo aqui?
– Aqueles que ficaram no mundo bruxo não são suficientes para satisfazer sua fome por degradação e humilhação? Eles não são bons materiais para sua criatividade doentia? O que você quer aqui?
– Uma repórter vai onde a notícia está – a mulher disse, claramente apreciando a angústia de Hermione. – Pensei que pudesse querer me conceder uma exclusiva.
– Você perdeu o juízo? – Hermione perguntou, indignada com o cinismo ostensivo da mulher. – Nunca vou conceder uma entrevista a você, Skeeter! Eu nem sei como me achou. Você definitivamente não é bem vinda aqui.
– Seu cadastro foi atualizado no Ministério da Magia quando seu filho entrou em Hogwarts, como estou certa que sabe – Rita disse-lhe corriqueiramente enquanto examinava a sala. – Aliás, meus leitores adorariam saber mais sobre ele. Deveríamos fazer uma entrevista conjunta com vocês dois.
Hermione estreitou os olhos com aquilo, levantando-se da cadeira e alcançando a varinha bem quando William chegou. Com um trouxa na sala, Hermione teria que engolir a azaração destinada à Skeeter.
– Sinto muito, não sabia que você tinha companhia – William se desculpou. – Você pode me procurar no meu escritório quando estiver livre. Com licença.
Ele estava se virando para sair quando Hermione, com os olhos sem deixar Skeeter, disse rapidamente:
– Não há necessidade disso, Prof. Brice. Ela estava de saída.
Rita fez pouco do olhar furioso de Hermione e voltou sua atenção a William, medindo-o em estima.
– Vejo que está ocupada – ela disse a Hermione ainda olhando para o William. Tirou uns pergaminhos enrolados da bolsa e ofereceu-os para Hermione. – Você sabe onde me encontrar caso mude de idéia. Espero ver você e aquele seu menino adorável em breve.
Hermione pegou os pergaminhos oferecidos só para fazê-la ir embora mais rápido. Observou a repórter sair da sala depois de outro exame especulativo sobre William. Hermione desejava poder azarar a mulher e dizer-lhe para nem tentar chegar perto do Nathan, mas não podia fazer aquilo sem ter que obliviar William em seguida.
– Quem era aquela mulher? – ele perguntou assim que estavam sozinhos no escritório dela.
– Só alguém que eu preferiria não ter visto hoje – ela descartou a pergunta dele. Estava obviamente ainda afetada pela visita de Skeeter, e a presença de William, embora bem vinda para ajudá-la a se livrar da intrusa momentos atrás, estava agora restringindo sua necessidade de amaldiçoar a mulher ou mesmo azarar alguma coisa.
– Você está bem, Hermione?
Ela suspirou.
– Eu vou ficar bem, Will. Não precisa se preocupar. – Hermione forçou um sorriso para tranqüilizá-lo. – Você pode seguir e começar a discussão com a Srta. Jensen. Estarei com vocês num instante. – Ela tentou o sorriso novamente.
William olhou para ela por um tempo curto antes de assentir e relutantemente deixar seu escritório. Pelo que Hermione estava grata. Ela precisava de algum tempo para se acalmar direito e também para entender por que aquele inseto veio vê-la. Hermione não estava a ponto de se enganar com aquele pedido de entrevista. Não, até mesmo a Skeeter sabia que Hermione não a concederia nenhuma entrevista, nunca. O que ela queria, então? Ameaçar-me através do Nathan?
Isso foi quando Hermione se lembrou do monte de pergaminhos que estava amassando. Ela rapidamente desamassou o jornal e, quando a notícia da primeira página lhe atingiu, Hermione ofegou, sentindo-se indefesa e magoada por Nathan e ainda mais brava com a Skeeter. Ela releu a notícia impressa do seu segredo mais bem guardado, e embora lágrimas de tristeza escapassem dos seus olhos, Hermione profanou a mulher baixa e sua fonte confiável.
Mais lágrimas derramaram de seus olhos, mas ela as enxugou com raiva. Não é hora disso, Hermione! – ela se repreendeu. Tinha que estar inteira para consertar o que aquela mulher fizera. Era muito frustrante ver tudo que ela planejara arruinado com apenas umas poucas palavras impressas. Isso não seria um desastre se Nathan e Severo já tivessem se aproximado, mas neste momento, quando tanto ainda estava por se resolver...
Ela sentou-se à sua mesa e olhou para ela. Não havia nada que pudesse fazer agora; este último golpe nos seus planos era definitivamente final. Hermione tentava medir a extensão das conseqüências. Não, ela não se importava com a sua reputação, para o que as pessoas diriam sobre ela. Hermione estava preocupada que isso fosse fazer Severo se afastar deles, que isso fosse transformar o Nathan num alvo de fofocas que não estivesse preparado para lidar, ou pior, de rótulos que ele não quisesse lutar contra. Ter o Nathan concordando que era o filho de um assassino, nunca!
Hermione contemplou nervosamente seu próximo passo. Sua espera estava definitivamente acabada, ela reconheceu relutantemente. Se o tempo que ela lhes dera não fora o suficiente para eles se aproximarem, para aceitarem suas partes nas vidas de cada um de uma forma natural, ela teria que forçá-los a fazer isso agora, independente de qualquer coisa. Hermione faria esta família funcionar pelo Nathan, ela juntaria aqueles dois, faria seus amigos aceitarem os fatos, e eles não teriam que temer as fofocas, notícias mal intencionadas, ou qualquer dessas coisas nunca mais.
Com aquilo em mente, Hermione limpou o rosto das últimas lágrimas e saiu do escritório para encontrar William. Ela visitaria Harry mais tarde naquele dia e teria tudo arrumado para quando chegasse a Hogwarts amanhã. Nenhum cuidado era necessário agora que tudo estava às claras, que ela estava na ofensiva e colocaria as coisas nos seus devidos lugares, ou seu nome não era Hermione Granger.
– Lílian, é a minha vez de dar o dinheiro para a coruja! – Sirius Potter choramingou, irritado com sua irmã mais velha. – Pai!
– Lílian, você sabe que às quintas-feiras é a vez do Sirius de pegar o jornal – Harry repreendeu.
– A coruja está ficando irritada, Pai. Ele está demorando muito para dar o dinheiro – a menina se defendeu.
– Sirius, dê as moedas à coruja – Harry disse.
– Sim, Pai – o menino concordou desanimado, acariciando a coruja irritada mais algumas vezes antes de pagar pela edição do dia do Profeta Diário.
Harry pegou o jornal enrolado enquanto Dobby servia-o de café.
– Você pode me ajudar a alimentar as corujas mais tarde, mas só se comer a fruta – Gina disse ao filho, que pareceu animar-se o suficiente para se esforçar.
O café da manhã dos Potter progrediu como de costume até Harry exclamar:
– Que merda!
Sirius deu uma risadinha com o xingamento do pai.
– Harry... – Gina advertiu o marido antes que ele dissesse algo pior.
Quando o Harry dobrou o Profeta e fez moção de jogá-lo pela sala, Gina ficou mais preocupada. Ele ficou com o jornal, mas praguejou novamente:
– Droga!
Sirius deu um risinho de novo.
– Qual o problema, Harry? – sua esposa perguntou.
– Bruxa enxerida que não pode ver felicidade… Por que não podem deixar as pessoas em paz para variar? – Harry empurrou o prato, irritado demais para comer.
– O que a Skeeter fez? – Gina conhecia aquele besouro muito bem depois de tantos anos na coluna social para saber que o que estava aborrecendo seu marido era coisa dela.
Harry suspirou.
– Você está no jornal de novo, Pai? – Lílian perguntou.
– Na verdade não, Lílian. Não se preocupe e tome seu café – ele disse à filha antes de trocar a mesa pela biblioteca da casa, levando o pergaminho ofensivo consigo.
Gina suspirou.
– Dobby, prepare algumas torradas e uma xícara de café em uma bandeja para mim, por favor.
– Sim, Dobby prepara, mestra.
– Mãe, por que o Pai não vai comer na mesa? Quero comer na biblioteca também – Sirius protestou.
– Quando você crescer, mas por enquanto você come na mesa.
Dobby apareceu com um pop na sala, trazendo a bandeja que ela pedira.
– Obrigada, Dobby. Fique de olho nas crianças, por favor. – Ela pegou a bandeja e saiu para a biblioteca. Entrou na sala sem anunciar a intrusão e colocou a bandeja num canto de uma mesa. Gina então se aproximou do marido, alcançando uma mão no ombro dele enquanto ele olhava fixamente pela janela.
– O que foi, Harry?
Gina aceitou o jornal que ele a ofereceu. Ao passar os olhos na primeira página, ela entendeu as reações dele e estava estupefata também.
– Então era o Snape!
Harry não reagiu à sua exclamação. Gina olhou para ele mais atentamente.
– Você não está pensando em confrontar o Snape sobre isso, está? Porque não é problema seu, Harry. Não faça nada sem falar com a...
– Hermione, eu sei – ele completou, irritado e sentindo-se culpado com o primeiro impulso da sua esposa de lembra-lo de não interferir depois de ler a notícia.
–Só estou dizendo isso porque sei como você se sente sobre o Snape. O Nathan é muito querido para nós, e eu sei que você não está feliz em descobrir que a Hermione... bem, que ele é um Snape. Só estou lhe pedindo que se acalme antes de fazer qualquer coisa.
Harry esfregou a testa.
– Eu não preciso me acalmar, Gina. Eu já sabia que o Nathan era... – Ele fechou os olhos e suspirou.
Gina estava perplexa.
– Você sabia e não me contou! – ela acusou o marido. – Como pôde esconder algo assim de mim?!
– Agora acalme-se você, Gina. Eu ia lhe contar. Só descobri recentemente e só não tive a oportunidade ainda.
– Não teve a oportunidade? Quem está tentando enganar, Harry? – Gina nunca gostou de ser deixada de fora de nada. – Por quanto tempo você tem escondido isso de mim?
– Não faça um drama disso, Gina. O Snape me contou da última vez que o vi, mas a Hermione não queria a notícia por aí.
– Mas eu sou sua esposa!
Harry revirou os olhos.
– Não é como se eu não fosse lhe contar.
– Espera um momento, o Snape lhe contou? – Gina começava a ver por trás do fato de que seu marido estava mantendo segredos dela. – Você estava metendo o seu nariz onde não devia, não estava? Quando você vai aprender, Harry?
– Droga! – ele xingou consigo mesmo.
– O que não está me dizendo? – Gina perguntou, conhecendo o marido bem demais.
– Eu não queria que o mundo bruxo todo soubesse disso assim. – Ele apontou para o jornal nas mãos dela. – Só estava tentando ajudar o Nathan, fazer a Hermione ver que estava cometendo um erro. Agora...
– Você contou para a Skeeter?! – Gina perguntou, olhos arregalados.
– Não! – ele respondeu, mas depois suspirou, abaixando a voz para acrescentar: – Mas acho que ela me ouviu falando sobre isso, pelo que ela escreveu. – Harry pegou o jornal ofensivo que ela acenava para ele e jogou-o numa poltrona vazia.
– Harry – Gina ia completar seu lamento, mas vendo a irritação dele e sabendo que era consigo mesmo, ela só se aproximou dele e estendeu uma mão para confortá-lo, apertando-lhe o ombro.
– Eu só estava tentando ajudá-lo. Sou o padrinho dele, é o meu dever protegê-lo, e olha o que eu fiz. Agora todos os amigos e professores dele sabem que ele é parente do Snape, e é tudo culpa minha.
Gina só ouviu, ainda muito brava com ele para discordar de suas auto-acusações. Depois de algum silêncio, ela perguntou:
– Como você estava tentando ajudar o Nathan?
– A Hermione acha que é uma boa idéia trazer o Snape para a vida do Nathan. Eu não posso deixar que isso aconteça.
Gina parou o carinho no ombro dele e afastou-se. Harry virou-se para encará-la, tentando entender por quê.
– Você está tentando separar pai e filho? É isso o que está me dizendo?
Não, não era aquilo que ele estava fazendo. Estava protegendo o Nathan do Snape, o que era completamente diferente do ponto de vista do Harry. Será que ninguém consegue entender isso?
– Você, que nunca teve a oportunidade de conhecer seus pais, está se esforçando para tirar esta oportunidade do Nathan? – ela acrescentou.
Ele não estava tirando a oportunidade de ninguém de nada! Ou estava? Tudo que estava fazendo era tentar impedir o Snape de interferir na vida do Nathan...
...e assim, tirando a oportunidade do Nathan de conhecer o pai. Harry estava chocado em entender que Gina estava certa. O que eu estava pensando?
– Vejo que entendeu que idiota estúpido você é até mesmo por pensar em fazer uma coisa dessas – Gina acrescentou, interpretando a expressão dele corretamente.
Ele afundou numa poltrona, ignorando o barulho de pergaminho amassado, tomando a cabeça nas mãos.
– Tudo que eu conseguia pensar era que eu deveria proteger o Nathan do Snape. Você sabe o que eu acho do Snape, e isso não vai mudar. Eu só... – Harry ainda estava aborrecido com a idéia. – Eu não achei que estava de fato tirando a chance do Nathan de conhecer o pai, eu não ia querer isso.
Gina sentou-se no braço da poltrona e deu um beijo na cabeça do Harry, acarinhando seus cabelos.
– Estou feliz que possa ver isso agora. Espero que não seja muito tarde para consertar qualquer besteira que você já tenha feito.
Harry olhou para a mulher que amava com reverência; ela era realmente especial. Num movimento rápido, Harry trouxe Gina para o seu colo e beijou-a profundamente.
– O que eu faria sem você? – Sorriu para ela.
Mas o sorriso se dissolveu quando ele gritou e esfregou o braço onde ela acabara de atingi-lo.
Ela se levantou do colo dele e olhou feio para ele.
– Isso é por esconder coisas de mim, Harry Tiago Potter. – Gina estava na porta, saindo, quando se virou e o lembrou, apontando para a bandeja na mesa: – Coma a torrada antes de ir para o Ministério.
Depois de um café da manhã desastroso, uma manhã passada em sua maioria em silêncio e ignorando os olhares dos seus colegas de classe, Nathan realmente esperava encontrar sua mãe no almoço. Embora não fosse nem sexta-feira ainda, ele achou q ela teria vindo depois de ler o jornal. Seria legal tê-la ali. Mesmo que ele não estivesse falando com ela no momento, Nathan sentia a falta dela, agora mais do que nunca.
As aulas da tarde passaram como as da manhã. Seus melhores amigos não o evitavam, mas também não agiam como sempre. Eles raramente lhe perguntavam alguma coisa e não o incluíam em suas conversas. Estava claro para o Nathan que eles não iam querer passar tempo com ele agora que era oficialmente filho do Snape.
Era por isso que ele jantava no outro canto da mesa da Grifinória naquela noite. Ele ainda estava consciente de todos os olhares que estava atraindo, mas preferia isso à indiferença dos amigos a sua presença. Pelo menos seu pai não apareceu para nenhuma das duas refeições. Um par de olhos a menos para me encarar – Nathan pensou, sem admitir realmente o que a ausência do seu pai significava para ele.
Na Mesa Principal, a Diretora McGonagall estava bem consciente do menino solitário comendo sua refeição na mesa da Grifinória e do lugar vaziou à sua esquerda. Ela virou-se para Lupin e perguntou:
– Você viu o Severo hoje?
– Não depois do café da manhã, não. – Lupin seguiu o olhar de Minerva para o canto afastado da mesa da Grifinória e a assegurou: – Vou falar com ele e ver se precisa de alguma coisa.
Minerva olhou de volta para Remo e entendeu que ele falava sobre o Nathan. Assentiu.
– Ele parece ainda mais com o Severo na idade dele quando está reservado.
Foi a vez do Remo assentir.
– Você não parece surpreso com a notícia, Remo – Minerva acrescentou corriqueiramente.
– Eu já sabia – ele admitiu. – Como você destacou, o Nathan lembra muito o Severo na idade dele.
– Não acredito que não vi os sinais antes – ela confessou.
– Você foi nossa professora, Minerva. Ficaria alarmado se fosse lembrar como todos os seus ex-alunos pareciam quando eram crianças. – Ele sorriu para ela. Novamente olhando para o Nathan, acrescentou: – Entretanto, eu fui colega de classe do Severo. É mais fácil para eu ver as semelhanças entre os dois.
– E ele tem muito da mãe também – ela acrescentou.
– Ele é um grifinório. – Remo sorriu travessamente para ela.
Minerva não conseguiu esconder sua alegria quando disse:
– Coitado do Severo.
Remo deixou a Mesa Principal logo depois daquilo. Sentou-se ao lado de Nathan com as costas para a mesa, antes que o menino pudesse dizer qualquer coisa.
– Não está com muita fome hoje?
– Na verdade não – Nathan respondeu.
– Talvez evitar seus amigos esteja lhe tirando o apetite – Lupin sugeriu.
– Não estou evitando ninguém.
– Acho que fiz a suposição errada, deve haver diversas razões para você estar comendo no canto distante da mesa, tenho certeza.
Nathan suspirou.
– Só estou simplificando a vida deles. Desta forma eles não precisam se esforçar para conversar com o filho do Snape.
– Por que um esforço seria necessário para conversar com você, Nathan? Você é o mesmo garoto maravilhoso que era ontem – Lupin o assegurou.
Nathan sorriu tristemente para seu professor. Ele sabia que seu Diretor de Casa estava tentando animá-lo, sendo sempre tão legal com ele. Mas nada do que o Prof. Lupin dissesse iria mudar o que os outros pensavam dele agora que era filho do Snape.
– Você acha que é menos do que era antes de descobrir que era filho do Severo?
Nathan olhou de volta para o seu professor para encontrar seu olhar penetrante nele.
– Não – respondeu simplesmente.
– Bom – Lupin assentiu –, porque você não é.
Eles ficaram quietos por algum tempo seguindo aquelas declarações. Lupin quebrou o silêncio contemplativo:
– Você sabe onde me encontrar se precisar de alguma coisa. Não hesite em fazer isso.
Ele deu um tapinha no ombro do Nathan e saiu para as portas principais. O Prof. Lupin estava sempre presente quando ele precisava, e ele não podia deixar de pensar que sua mãe escolhera o professor errado para ser seu pai.
Nathan olhou em volta então e descobriu que estava quase sozinho no Salão Principal. Ele estivera tão perdido em pensamentos que nem percebeu o tempo passar. Levantou-se e fez seu caminho para a sala comunal. Não ficou surpreso quando todos os grifinórios esqueceram o que estavam fazendo para olhar para ele no momento em que cruzou o buraco do retrato, mas não podia dizer o mesmo quando Andy o chamou do canto do fundo.
– Por que não comeu conosco? – o menino perguntou quando Nathan estava mais próximo.
Embora ele pudesse ver que Andy estava realmente intrigado com seu comportamento durante o jantar, Nathan não precisava ser um gênio para notar o desconforto dos outros com ele. Estava de certa forma feliz que Andy o chamara, mas não queria estragar a noite dos outros ficando ali.
– Eu estava atrasado e não quis que vocês tivessem que esperar até que eu terminasse para deixar o Salão Principal – Nathan finalmente respondeu. – Acho que vejo vocês mais tarde no dormitório. Tenho que ler umas coisas antes da aula de amanhã. – Então, dirigindo-se ao grupo como um todo, disse: – Boa noite.
Alguns responderam, outros não. Nathan não podia dizer quem estava em qual grupo; estava deixando a sala comunal em direção aos dormitórios assim que se despediu. Se tivesse olhado, veria o rosto triste de Andy enquanto observava ele ir.
Mais tarde naquela noite, ele estava em sua cama; as cortinas escondendo seus olhos abertos no quarto escuro. Todos os meninos já estavam lá, presumidamente dormindo como ele também deveria estar, quando ouviu um sussurro:
– Nathan.
Fechou os olhos.
– Nathan, você ainda está acordado? – seu amigo insistiu.
Nathan decidira ignorar Andy quando uma cabeça com cabelos escuros invadiu o espaço da sua cama pelas cortinas carmesim.
– O que foi? – finalmente cedeu.
– Quero falar com você – Andy sussurrou de volta.
Nathan suspirou e sentou-se na cama, dando espaço para o Andy fazer o mesmo. Nathan pegou sua varinha e sussurrou um Lumos.
– Por que está me evitando? – o menino perguntou.
Nathan suspirou de novo, baixando os olhos na luz fraca.
– Eu sei o que você está fazendo, Andy, e eu agradeço. Mas não posso fazer os outros ficarem comigo quando está claro que eles não querem.
Andy ia protestar, mas Nathan se antecipou:
– Eu sei que você ainda quer andar comigo. – Os dois sorriram, Nathan tristemente. – Mas eu não acho que os outros pensam o mesmo, agora que eu sou o filho do Prof. Snape.
– Foi meio que um choque – Andy admitiu.
– Eu sei – Nathan concordou pesarosamente.
– Talvez eles precisem de um tempo para se acostumarem com isso – seu amigo sugeriu.
– Eu preciso de um tempo para me acostumar com isso. – Outro sorriso triste.
– Você sabia que ele era o seu pai quando brigou com ele ontem? – Andy perguntou.
Nathan franziu a testa consigo mesmo antes de admitir:
– Sim.
– Ah – foi a resposta do Andy àquilo.
Um silêncio cansado caiu sobre os dois amigos. Andy bocejou.
– Está tarde – Nathan disse depois de um tempo, bocejando também. Ele estava realmente ficando com sono agora.
– Vejo você amanhã – Andy disse, descendo da cama do Nathan para voltar para sua.
Nathan murmurou um Nox e estava finalmente dormindo e deixando este dia para trás.
Hermione deixava suas pegadas na neve enquanto seguia pelos jardins congelados do castelo de Hogwarts. Ela andava rápido contra o vento, suas bochechas coradas do frio. Fora visitar Harry no dia anterior, esperando encontrar resistência aos seus desejos mais uma vez, mas o homem que a encontrou era uma versão completamente diferente dele. Bem, não completamente diferente, mas pelo menos com vontade de desistir da sua afronta no caso “Nathan interagindo com o Severo”, mesmo que com olhares de desprezo e testas franzidas.
Bom para ele, Hermione pensou, porque ela fora até lá com a mesma determinação com que chegava à escola agora: pôr as coisas no lugar, independente de tudo. Ela abriu uma das portas pesadas e foi banhada com um calor bem vindo. Hermione limpou a maior parte da neve das roupas e respirou fundo. Não passava muito do meio dia, mas Nathan já deveria estar livre de obrigações agora – ele não tinha aulas às sextas-feiras à tarde, nem o Severo.
Ela subiu em direção ao escritório de Remo. Hermione contemplara como abordar seu filho depois dessas semanas sem comunicação. Ela descartara a idéia de procurá-lo na sala comunal, especialmente depois do Profeta de ontem. Sua melhor chance era pedir ao Remo que o chamasse ao seu escritório e ver como as coisas progrediam a partir dali. Esperava que Nathan estivesse mais aberto agora; isso facilitaria as coisas para todos.
Remo atendeu à sua batida na porta com um sorriso.
– Estou feliz em vê-la, Hermione. – Ele deu um passo para trás para permitir que ela entrasse.
– É bom vê-lo também, Remo.
– O que posso fazer por você? – ele perguntou, acomodando-se atrás da mesa.
Hermione tomou uma cadeira de frente para ele.
– Estava pensando se não podia chamar o Nathan para mim.
– Claro – Lupin respondeu solícito. Ele afastou a cadeira somente o suficiente para se dirigir ao retrato à sua esquerda: – Sir Gryffindor, poderia fazer a gentileza de mandar o Sr. Granger vir da sala comunal?
O Fundador fez um cortejo e deixou os confins da sua tela.
– Obrigada – Hermione expressou sua gratidão a Remo.
– Sem problemas – ele a assegurou com um sorriso.
– Como ele está? Digo, depois do jornal. O Severo falou com ele depois disso? – Ela não podia conter sua curiosidade ansiosa. Parecendo perceber isso, ela mordeu o lábio inferior antes de acrescentar: – Desculpa. Você não saberia se ele falou. Só estou preocupada.
– Eu por acaso sei que ele não falou – Remo respondeu assim mesmo.
Ela olhou para ele por um momento e depois assentiu.
– O Nathan está... ele está um pouco triste e confuso com o modo como as coisas estão se desenvolvendo, mas isso era de se esperar.
– Não era para ser tão complicado assim – ela admitiu num lamento.
Godric Gryffindor reentrou no seu retrato naquele momento.
– Ele está a caminho – ofereceu.
– Obrigado, senhor.
Lupin sorriu para ela. Ela sorriu de volta.
– Ofereceria um chá, mas estou de saída para uma aula em um minuto. Você pode usar o meu escritório pelo tempo que precisar.
Ela se levantou com aquilo, com ele a seguindo.
– Não será necessário, obrigada. Esperarei por ele lá fora. Tenho outro lugar em mente para esta conversa.
– Estou feliz que esteja aqui, Hermione – ele admitiu. – Quero o Nathan muito bem e tenho muita fé em você.
– Obrigada mais uma vez, Remo. Não acho que tenha lhe agradecido o suficiente por tudo que tem feito pelo meu filho.
– É o mínimo que eu posso fazer – ele disse, acompanhando-a porta afora e pela sala de aula ainda vazia de volta ao corredor do terceiro andar.
Quando ela se virou para agradecê-lo mais uma vez, encontrou os olhos dele travados em algo sobre seu ombro. Ela se virou para ver o que prendera a atenção dele e observou Nathan se aproximando.
– Boa sorte – ele desejou antes de dar as boas-vindas aos alunos do terceiro ano que chegavam para a aula e reentrar na sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Hermione esperou o filho vir até ela junto com alunos mais velhos vagarosamente. Ela queria abraçá-lo bem ali, pois ele parecia tão triste. Mas aquilo não podia acontecer. Ela tinha que controlar suas emoções ou não conseguiria o que estava ali para conseguir.
Quando ele parou na frente dela, quieto, ela lhe contou:
– Pedi ao Prof. Lupin que o chamasse.
Ela ainda queria abraçá-lo.
– Achei que fosse essa a razão – Nathan lhe disse.
– Precisamos conversar – ela disse. – Posso assumir que isso não seria um problema? – As palavras dela eram objetivas e firmes, mas sua necessidade de abraçá-lo estava quase incontrolável.
Nathan deu de ombros. – Pode ser – concordou imparcialmente, sem encontrar os olhos dela, preferindo observar o movimento no corredor. Pelo menos ele tinha erguido os olhos do chão.
Hermione levou uma mão ao ombro dele, sem conseguir resistir mais.
– Venha, então – chamou e começou a andar para a escadaria de mármore. Ela sorria consigo mesma quando ele não objetou ao seu toque. Estava até curvando a boca num sorriso de verdade quando ele se recostou mais perto, e ela podia agora envolvê-lo num meio-abraço.
Eles andaram em silêncio, aproveitando a simples companhia um do outro, até que os corredores estivessem mais vazios.
– Você me preocupou com o modo como vem agindo – ela confessou. – Não tinha uma hora no meu dia que eu não pensava em você, em como estava indo, se sentindo...
– Eu estava pensando em você, também – ele confessou em seguida, fazendo Hermione apertar seu meio-abraço enquanto desciam outro andar do castelo.
– Então você não me odeia – ela entoou em forma de pergunta.
Nathan balançou a cabeça.
– Você estava bravo e magoado, eu entendo – ela o ajudou. Ele assentiu. – Sinto muito que as coisas não transcorreram como eu esperava. Elas fugiram do controle, e também não era como eu queria que elas progredissem.
Ela deixou suas palavras surtirem efeito, continuando a guiá-lo pelo castelo. Eles estavam a alguns degraus do Saguão de Entrada quando ela decidiu revelar suas intenções. – É por isso que nós todos vamos conversar hoje, como uma família, e vamos começar a fazer as coisas serem como deveriam ser desde o começo.
Nathan ficou tenso quando ela disse família.
– Você quer dizer falar com ele? – Ele a encarou pela primeira vez naquele dia, olhos arregalados como se ela dissesse algum absurdo.
– Precisamente – ela respondeu, empurrando-o para o Saguão de Entrada para que pudessem ir para as masmorras.
Nathan se desvencilhou do braço dela, tirando-o dos ombros nervosamente, mas ela o segurou pela mão.
– Não vou me encontrar com ele – ele declarou.
– Nós dois vamos nos encontrar com ele – ela contestou, tentando passar-lhe confiança ao se incluir.
– Eu concordei em falar com você, não com ele.
Hermione podia ver que ele estava ficando mais agitado.
– Nathan, não há mais motivo para adiar isso. Venha, nós só vamos conversar. – Ela puxou-o mais alguns passos em direção às masmorras.
– Você não pode me obrigar a falar com ele! – ele falou com raiva, visivelmente perdendo o controle, jogando seu peso na direção contrária a que ela queria levá-lo.
– Sim, eu posso, mas esperava que você quisesse cooperar para pôr um fim nessa situação sem sentido – ela respondeu enquanto ele balançava a cabeça negativamente a cada palavra dela, tentando soltar a mão.
– Não, eu não vou lá, Mãe. Não vou! – Ele puxou contra a mão dela, bravo.
– Pare com essa bobagem agora mesmo! – ela sibilou. – Você não tem mais cinco anos, pelo amor de Deus! Você está agindo como se eu estivesse lhe arrastando para a morte ou algo assim! – Hermione esperava resistência, mas nada tão desesperado como isso.
Ficou pior.
– Ele me odeia, Mãe! Acredite, ele não quer me ver! Por favor! – ele choramingou, tentando desesperadamente se soltar da mão forte dela.
– Já chega! – ela disse com força, tanto irritada quanto, de certa forma, assustada com a negação tão forte. Ela reuniu forças à sua decisão e disse, ainda num tom mais áspero que o normal: – Ele não odeia você, Nathan! – Ela respirou fundo para se acalmar e chegou bem perto, rosto na altura do dele, olhando seriamente nos olhos. – Eis o seguinte, você vai descer comigo, gostando ou não! Você pode continuar andando como o menino capaz que é, ou eu posso petrificá-lo e levitá-lo até lá. O que vai ser?
Nathan a encarava incrédulo, com os olhos marejados, depois daquela declaração. Hermione odiava o jeito como estava forçando-o a concordar com este encontro, mas tinha se decidido. Eles não tinham escolha nisso: os três iriam se entender, e hoje.
Mais calma, determinada, mas com o coração doendo, ela virou-se para o último lance de escadas e apressou: – Venha –, puxando-o para segui-la.
Eles chegaram ao escritório do mestre de Poções, e Hermione bateu, Nathan entre ela e a porta. Seu coração batia mais rápido com o prospecto de finalmente chegar ali, àquele encontro, de ter seu filho e o pai juntos, sabendo um do outro. Se ao menos ela pudesse ter certeza da receptividade de Severo...
– Ele não está aqui – Nathan disse à falta de resposta às batidas dela, tentando fugir das mãos dela e voltar por onde tinham vindo.
Ela o segurou firme no lugar e tentou a maçaneta sem sucesso. Virou-se para entrar mais nas masmorras, levando Nathan com ela, ficando mais nervosa e ansiosa com cada passo que dava. E se Severo se recusar a recebê-la? Parando em frente à próxima porta, Hermione forçou aqueles pensamentos para longe, tentando focar nas suas características grifinórias, e bateu.
– Onde estamos? – Nathan perguntou alarmado.
– Nos aposentos do seu pai – ela respondeu, e Nathan tentou escapar das mãos dela novamente.
– Mãe, ele deve estar ocupado, podemos voltar outra hora – ele tentou, mas ela não estava ouvindo, concentrada no seu objetivo.
– Severo, abra a porta! – Hermione chamou, batendo com mais força.
Nathan olhava para ela como se a visse pela primeira vez, chocado com sua audácia com o temido professor.
– Ele não está aqui, Mãe. Vamos...
A sugestão de Nathan morreu quando a porta se abriu à frente deles, segurada por um Severo Snape carrancudo.
– O que vo... – A tirada de Severo foi cortada ao ver o Nathan.
– Boa tarde, Severo – Hermione cumprimentou como se não tivesse nada de errado e empurrou um Nathan relutante para dentro da sala de estar de Severo, sem esperar ser convidada.
Parecendo recobrar a habilidade de falar, Severo questionou:
– O que significa isto?
– Estamos aqui para ter aquela conversa – ela respondeu sem rodeios.
– Que conversa? Eu não concordei com nada disso!
Hermione lhe deu um olhar conhecedor.
– Não seja obtuso; não lhe cai bem, Severo. Nós vamos ter esta conversa independente de você ter concordado com ela. Não vou ficar esperando vocês para começar a resolver as coisas entre nós. – Ela olhou para cada um de seus meninos.
O olhar de Severo assustaria alguns dos seguidores do falecido Lorde das Trevas. Nathan olhou do seu pai furioso para sua mãe, ainda segurando-o pelos ombros, como se esperando pelo duelo iminente.
Hermione devolveu o olhar de Severo sem vacilar.
– Nem comece, Severo. Nós não vamos sair daqui até resolvermos as coisas! – E com isso, levou Nathan com ela até um dos sofás, fazendo-o sentar e colocando-se à vontade ao lado dele.
Severo rosnou.
– Você perdeu o resto de sanidade que tinha, mulher? Não vou mais participar dos seus joguinhos! Agora, saia daqui! – ele vociferou. – Fora!
Hermione não se moveu, olhando para Severo com o queixo erguido.
– Não até que tenhamos conversado. Precisamos dessa reunião de família, Severo.
– Família? Que família? – Severo andava de um lado para o outro à frente dos seus convidados. Parou em frente a ela para acrescentar, como se ela fosse mais nova que o filho deles: – Não tem família alguma, Granger. Nunca terá!
Ela franziu a testa para Severo.
– É claro que tem! – ela discordou ofendida, deixando Nathan sozinho no sofá para confrontar Severo com força total. – Nós somos a família do Nathan. Eu sou a mãe dele, você é o pai: uma família!
Ele bufou na cara dela.
– Isto – Severo gesticulou para eles três – não é a definição de ninguém para família.
– Talvez não antes – Hermione tinha que concordar. – Mas de agora em diante, é sim.
– Isto nunca vai dar certo, Granger! Desista! – Severo reafirmou, irritado. – Já passou da hora de abandonar seus sonhos patéticos de felicidade e sorrisos.
– Então me diga, Severo, já que a sua Visão Interior parece capaz de ver nosso futuro, por que nós não podemos ser uma família? – ela o desafiou. Ah, como este homem conseguia irritá-la!
Ele mostrou os dentes para ela.
– Você sabe muito bem por que isso nunca vai dar certo, Granger!
– Eu acho que não sei, não. Esclareça-me, Severo!
Severo mostrou os dentes novamente, desta vez realmente rosnando.
– Por que o trouxe com você? Isso não é assunto para se discutir na frente de uma criança!
– Eu discordo – ela o contrariou novamente. – Vocês precisam colocar suas diferenças de lado. Vocês não se falaram desde que Nathan descobriu a verdade sobre você – ela lhe disse trivialmente. – E nós precisamos da família inteira para uma reunião de família – acrescentou.
Severo revirou os olhos.
– Pare com essa besteira de família!
– Você ainda não me convenceu que não podemos ser uma. Talvez você devesse parar com as besteiras – ela desafiou.
E aquilo foi a gota d’água.
– Você pediu por isso, Granger – ele começou, chegando mais perto dela, ameaçadoramente. – Você quer realmente saber por que isso nunca vai ser algo nem parecido com uma família? Porque eu não vou infligir minha presença a alguém que me odeia só para fazer esta fantasia se realizar para você. Seu filho me odeia! – Severo terminou de dizer aquilo com a voz perigosamente baixa.
Seu argumento pareceu surtir o efeito que Severo esperara, silenciando Granger, ou pelo menos um deles...
– Eu não odeio você – veio a voz pequena de trás da mulher.
– O quê? – Severo perguntou em obvia descrença.
Hermione voltou do seu estado de pasmo e virou-se para seu menino no sofá, que segurava a cabeça nas mãos. Ela se sentou no sofá e acariciou a cabeça do Nathan.
– É claro que não, doçura – ela o afirmou. – Ninguém odeia ninguém aqui.
– Ele odeia! – Nathan ergueu os olhos para seu pai para entregar a acusação. – Ele nunca me quis por perto, sempre me mandando embora sem nenhum motivo. Ele nem vem ao Salão Principal para comer na maioria das vezes. E... e ele tentou fazer outro professor supervisionar minhas detenções!
– Ah, por Merlin! – Severo disse, mais para si mesmo, apertando os olhos como se praguejado por uma dor de cabeça.
Hermione suspirou. Então eles achavam que um odiava o outro. Que confusão! Ela respirou fundo e começou:
– O Severo não odeia você, Nathan, longe disso, na verdade. Ele se importa com você e está sempre preocupado.
Quando aquilo não pareceu afetar muito o Nathan, ela continuou:
– Quando você estava tendo problemas com o Malfoy, ele me procurou para me contar da situação e para pedir que eu falasse com você. Ele fez aquele colar no Natal para que pudesse saber quando você estava triste ou em perigo, mesmo que não estivesse por perto.
Ela soube que suas palavras surtiram algum efeito quando viu Nathan olhar especulativamente para Severo, que agora estava de costas para eles e de frente para a lareira. Hermione continuou com seu discurso:
– Uma noite, você estava tendo um pesadelo e Severo podia ver sua aflição através do colar. Ele veio me procurar para que eu pudesse acordá-lo e cuidar de você. Ele estava lá comigo, Nathan, até você dormir novamente.
Severo expirou audivelmente, curvando a cabeça para frente. Será que ele estava com vergonha dela estar dizendo essas coisas ao Nathan? Ela não recuaria agora que sabia que Nathan estava a um passo da persuasão.
– Quando você ouviu a conversa dele com o Harry no dia em que você descobriu tudo, nós dois ficamos muito preocupados, como você deve imaginar. – A voz dela era suave como um sopro, suas mãos acariciando a cabeça dele. – Severo e eu vasculhamos quase o castelo inteiro atrás de você antes de encontrá-lo dormindo na sala dos troféus. Eu queria acordar você e ver se estava machucado, mas ele me segurou e o carregou nos braços até o meu quarto. Ele me ajudou a prepará-lo para a cama e olhou por você enquanto eu falava com o Harry e o Prof. Lupin.
Ela fez uma pausa e olhou para a forma estática de Severo contrastando com a luz que o sombreava para a visão deles, depois voltou-se novamente para o filho deles, cujos olhos negros estavam abrandados pelo que ela lhe contara. Para ter certeza, Hermione acrescentou:
– Seu pai se importa muito com você, Nathan.
Hermione permitiu que o silêncio aliviasse o ar entre eles. O fogo crepitante lançava sombras no rosto contemplativo de Nathan. Ela sabia que tinha conseguido alcançá-lo.
Nathan inclinou a cabeça.
– É verdade? – perguntou para o pai.
Severo não se virou para eles ou deu qualquer sinal de que o ouvira. Hermione se levantou e se aproximou vagarosamente.
– Severo? – chamou tentativamente. Ele olhou para ela com o canto dos olhos, depois os fechou. Ela levou uma mão para tocar seu ombro num gesto encorajador, e ele suspirou com o toque. – Responda o seu filho – ela pediu suavemente.
Ele se afastou da mão dela para virar-se e encarar Nathan. Severo travou olhares com seu filho por um momento antes de finalmente responder:
– Eu não odeio você. – Os olhos deles continuaram se sustentando pelo que pareceu uma eternidade, e Nathan assentiu afirmativamente à confissão de seu pai.
– É isso. Estamos finalmente chegando a algum lugar. – Hermione arriscou um sorriso para eles.
Foi a vez de Severo assentir, mesmo que relutantemente.
– Acho que isso põe um fim em qualquer plano de sabotagem de caldeirão e gritaria nos corredores? – Ele ergueu uma sobrancelha para o Nathan.
Nathan baixou o olhar para as suas mãos.
– Sinto muito, professor.
Hermione olhou estranhamente para Severo, mas ele não ofereceu nenhuma explicação àquilo.
– Agora, se isso era tudo, eu tenho coisas para resolver. Eu não esperava ficar preso numa reunião a tarde toda – ele acrescentou, olhando intencionalmente para Hermione desta vez.
Antes que ela pudesse negar aquela dispensa, Nathan estava em pé e se dirigindo à porta. Bem, a primeira reunião de família estava oficialmente encerrada.
– Espere por mim no corredor, Nathan – ela o avisou antes que ele pudesse desaparecer no castelo. Ainda não tinha terminado a conversa com ele.
Nathan resmungou que concordava e saiu da sala.
Quando a porta fechou, ela se virou para encontrar Severo e quase trombou com ele; ela não o ouvira se aproximar.
– Eu não gosto de surpresas – ele lhe disse. – Tenha em mente que este tipo de invasão não será aceita tão facilmente no futuro.
Ele queria intimidá-la, ela sabia, adverti-la com sua figura assombrosa e voz mortalmente baixa, mas sua proximidade tinha um efeito bem diferente nela. Se ficara para trás para dizer algo a ele, ela já não lembrava mais, fascinada como estava pelo momento. Percebendo que estivera olhando fixamente para os lábios dele, desviou os olhos, procurando algo para dizer.
Ela tentou a voz e sentiu sua boca seca. Colocou a língua para fora para lamber os lábios e limpou a garganta. Severo deu um passo para trás, e ela quis seguir, mas não o fez.
– Espero vê-lo no jantar – Hermione disse e se sentiu tola como uma adolescente boba.
– Não acho que tenha escolha – ele respondeu atravessado.
Ela segurou um suspiro de desapontamento à resposta dele e virou-se para a porta.
– Não tem mesmo. – Ela se fora.
Severo ouviu o eco da porta se fechando e estava livre para franzir a testa para si mesmo. O que acabou de acontecer aqui? Não, ele não se referia à invasão da mulher enfurecedora no seu espaço pessoal, trazendo o filho deles com ela para enganar o menino com essa falsa família que ela criara em sua insanidade. Ele se preocuparia com isso depois. O que o perturbava agora eram aqueles olhos de pálpebras pesadas fixos nos seus lábios, aquela língua que saíra da boca para molhar os dela, e definitivamente a necessidade pura que ele sentiu tão fortemente de beijá-los até que eles ficassem inchados e ela estivesse sem fôlego em seus braços.
– Droga! – xingou sua mente traiçoeira. Ele sabia que as imagens que presenciou hoje e aquelas que ele criaria mais tarde estariam preenchendo seus sonhos de maneiras que ele não queria.
Redações, onde eu deixei aquelas redações – se forçou a pensar, saindo dos seus aposentos para encontrar ocupação para a mente no escritório.
A/N: Sim, uma reunião de família com muitos resultados! Estou orgulhosa de mim mesma por conseguir isso, para falar a verdade. :0)
É claro que estaria perdida sem minha anjinha da guarda GinnyW e amigas como a Haley. Elas seguraram a minha mão e me apontaram o caminho certo todo este tempo. Obrigada! :0)
Obrigadinha a minha betinha brazuca, BastetAzazis. :0*
No próximo capítulo… Nathan sente o que é ser um Snape, e Hermione quer que as reuniões de família continuem.
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