Conseqüências
DISCLAIMER: Não é meu! É tudo da J. K. Rowling.
AVISO: Esta história se passa no futuro e contém spoilers do livro 6! Esteja avisado/a!
BETA READER: BastetAzazis – muito obrigada!
A/N: Capítulo Quinze! :0) Confrontos e tensões mal resolvidas levam a conseqüências. Estão curiosos?
Capítulo 15: Conseqüências
Severo finalmente alcançara seu laboratório particular depois de livrar-se da Granger, ou melhor, livrar-se da presença física dela, porque ela ainda estava espreitando em sua cabeça. Severo gostara de ver o quanto ele a irritara; agora ela sabia como era ficar no escuro. Ele sorriu com malícia à sua tentativa frustrada de intimidação. Agora ele tinha a informação que ela queria. Como se sente agora, Granger?
Foi quando ele lembrou-se do menino, que tinha mais uma detenção para cumprir com ele em algumas horas. Severo suspirou.
Pelo menos essas malditas detenções estavam acabando, e ele só teria que agüentar o menino irritante durante as aulas. Não via a hora daquilo acontecer, com certeza, mas isso não melhorava em nada o seu humor. Na verdade, ele achava que não havia nada que pudesse melhorá-lo agora, com a idéia de ter Hermione Granger em Hogwarts toda semana.
Ele pegou o bastão que estava descansando na bancada ao lado do caldeirão borbulhante e mexeu seu conteúdo furiosamente. Graças àquela reunião da tarde, este lote de testes não ficaria pronto antes de ter que supervisionar a detenção do seu filho. Severo praguejou.
Pensando enquanto misturava, Severo praguejou novamente e deixou a poção descansar pela hora seguinte; ele sabia o que tinha que fazer com a detenção. Preparou os próximos ingredientes que deveriam ser adicionados e foi para o escritório pegar alguns livros.
Nathan desceu para as masmorras como fizera depois da maioria dos jantares deste último mês. Ele não estava nem um pouco entusiasmado com isso. Na verdade, ele estava tão desapontado com o Professor Snape nesses últimos dias que perdeu o interesse pelo reconhecimento dele nas aulas e estava realmente torcendo para que o mestre de Poções não estivesse lá para a detenção agendada.
Ele estava um minuto adiantado quando alcançou a porta da sala de aula. Esperou até que fossem exatamente sete horas e bateu na porta três vezes. Não houve resposta. Ele bateu de novo, mais alto, e ainda nenhuma resposta. Nathan suspirou. Parecia uma repetição do que acontecera no dia anterior.
Nathan olhou de um lado para outro do corredor esperando ver o mestre de Poções vindo em sua direção a passos largos com aquela presença forte, mas não viu.
Pensando no que fazer, ele lembrou o que acontecera quando o Professor Snape encontrara-o dentro da sala de aula sozinho, e franziu a testa. Não vou entrar só para ser mandado embora – pensou, e sua decisão estava tomada. Voltou pelo caminho que viera, distanciando-se de sua detenção.
Poucos minutos depois das sete, Severo entrou na sala de aula de Poções pela porta lateral que a conectava ao seu escritório para encontrá-la vazia – Nathan estava atrasado. Sentou-se à sua mesa e leu um periódico de poções enquanto esperava o menino aparecer. Cinco minutos se passaram e nada, mais cinco minutos e ainda nenhum sinal do garoto.
A irritação de Severo com o atraso do menino estava sendo substituída por algo mais, e ele desistiu do texto que estava lendo. Onde ele está? – pensou, finalmente deixando-se dar nome ao sentimento que começava a aflorar: preocupação. Severo estava preocupado com o que poderia ter acontecido ao seu filho.
Levantou-se da mesa e andou até a porta principal da sala de aula, decidido a procurar Nathan e saber por que ele não aparecera no horário estipulado.
Andou pelos corredores do castelo como se nada estivesse errado. Tentou o Salão Principal primeiro, mas alguns poucos alunos ainda estavam lá, e Nathan não era um deles. Severo subiu alguns andares e alcançou a biblioteca; fingindo desinteresse, andou pelas mesas e corredores, encontrando somente um Corvinal traquina de quem descontou cinco pontos, mas nenhum sinal do seu filho ou dos seus amigos Grifinórios.
Severo estava relutante em tentar a Torre, então tentou a mesma janela na qual encontrara Nathan depois da hora na semana passada... nada. Severo suspirou irritado, embora estivesse sentindo mais que isso. Onde está esse menino?
– Se encontrá-lo simplesmente perambulando pelo castelo, juro que ele se arrependerá do dia em que me conheceu – murmurou enquanto dirigia-se ao escritório de Lupin.
Ele bateu à porta do mestre de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas não recebeu resposta. Praguejou, bateu novamente, e percebeu que talvez Lupin não tivesse voltado do final de semana em Londres, onde Tonks, sua esposa, morava. Ele contorceu os lábios em desgosto pelo que sabia que teria que fazer em seguida: entrar na sala comunal da Grifinória.
Ele estava realmente irritado agora. Andava depressa nos corredores, murmurando baixinho. Uma idéia do que poderia ter acontecido ao seu filho se ele não fosse encontrado na Torre passou por sua cabeça, apenas aumentando a sua irritação. Ele vociferou a senha dos professores à Mulher Gorda e adentrou na passagem que sua moldura revelara, as vestes negras esvoaçando atrás da sua figura obscura.
Aqueles que estavam prestando atenção à porta pararam o que estavam fazendo com a invasão Sonserina. O som na sala comunal diminuiu consideravelmente, fazendo aqueles que ainda não prestavam atenção ao mestre de Poções ali parado, também ficarem quietos.
Severo não disse nada. Só examinou a sala com olhos estreitos, e quando viu quem estava procurando, sentado de costas para ele numa mesa no canto, seus ombros relaxaram um pouco. Ele está aqui, pensou com alívio contido, mas não suficiente para diminuir sua irritação.
Rapidamente ele já estava atrás de Nathan, atravessando a distância com poucos e graciosos passos largos. Kevin, Andy, e alguns outros que jogavam snap explosivo com Nathan notaram a presença do Professor Snape, mas ele não.
– O que foi? Não é a minha vez – Nathan protestou confuso.
– Aproveitando o tempo livre, Sr. Granger? – veio a voz fria de trás dele, repentinamente explicando os semblantes estranhos dos seus amigos. Ele ficou visivelmente tenso. Professor Snape?
A idéia de que o mestre de Poções viera à sala comunal da Grifinória atrás dele era... perturbadora. Virou-se cuidadosamente para encarar seu professor, e não se surpreendeu quando seus olhos encontraram os de um Snape enfurecido.
– Explique por que faltou à detenção, Sr. Granger – o Professor Snape disse por entre dentes cerrados.
Toda a sala comunal estava paralisada, assistindo à conversa.
– Eu não faltei à detenção, professor. Estava lá as sete, mas o senhor não atendeu à porta, e eu... – Nathan começou a explicar, mas foi interrompido no meio da frase.
– Dez pontos a menos para a Grifinória! Agora me acompanhe!
Nathan suspirou e seguiu o homem para fora da sala. Ele podia ouvir o murmurinho de compaixão enquanto passava por aqueles reunidos ali. Queria virar-se e dizer-lhes para calarem a boca e preocuparem-se com suas vidas, mas segurou a língua e simplesmente continuou seguindo o Professor Snape.
Logo ali fora no corredor, o Professor Snape virou-se e o encarou novamente. Parecia que ele queria dizer-lhe algo, mas então simplesmente contorceu o rosto em desgosto e começou a andar rápido na direção das masmorras. Nathan só podia segui-lo.
Eu não vou recuar desta vez. Já cansei do humor dele! – Nathan pensou, enrugando a testa. Ele deixaria o Professor Snape falar, mas faria o homem escutar, também.
Em questão de minutos, estavam no escritório do Professor Snape. O homem entrou, mas não parou lá, como Nathan esperava. Seguiu o mestre de Poções enquanto ele passava por uma porta escondida por algumas prateleiras. Quando Nathan viu a sala além, seu queixo caiu e seus olhos arregalaram-se admirados, fazendo-o esquecer momentaneamente seus últimos pensamentos.
Severo estava no meio do caminho para a bancada onde o caldeirão que precisava de atenção borbulhava quando percebeu que Nathan havia parado na porta. Ele virou-se, totalmente preparado para chamar a atenção do menino, quando viu o olhar de reverência nos olhos do seu filho; Nathan estava admirando seu laboratório.
Os olhos do menino viajaram pela sala. Um grande número de velas queimava e flutuava perto do teto, dando à sala uma aparência mais viva que a do escritório do mestre de Poções. Havia prateleiras cobrindo as paredes do chão ao teto, cheias de potes e caixas de ingredientes de poções e equipamentos. Nathan viu as três bancadas e a pequena mesa que formavam a mobília do laboratório, e seus olhos pararam em seu professor, que olhava para ele com uma expressão que Nathan achava que nunca tinha visto naquele rosto antes. Uma expressão que esteve lá apenas por um momento, sendo substituída pela expressão fria com a qual Nathan já estava bem familiarizado.
– Acha seguro entrar agora? – o Professor Snape perguntou.
Nathan apenas assentiu, ainda surpreso com a sala. – Este é o seu laboratório, professor?
– O que lhe parece? – Snape retrucou com uma sobrancelha levantada.
– Parece um ótimo laboratório, professor – Nathan respondeu com sinceridade.
A clara admiração pela resposta sincera do seu filho impediu que Severo soltasse o comentário sarcástico que havia preparado. – Sim, é – disse então. Acabada a surpresa pela conversa civilizada, Severo retomou seu trabalho e alcançou o caldeirão bem na hora de adicionar os próximos ingredientes.
Nathan olhava fixamente para o homem trabalhando. Podia ver que seu professor estava muito concentrado e contando as mexidas. Essa deve ser uma poção muito importante – Nathan refletiu. Que poção é essa? Observava com curiosidade.
O Professor Snape ajustou o fogo depois de mexer, observando o caldeirão por um momento. Ergueu os olhos e pegou o menino estudando-o com... admiração? Afastou esse pensamento da cabeça e lembrou porque o menino estava ali.
– Eu tenho o poder de expulsá-lo desta escola por faltar à detenção de hoje, Sr. Granger. Elas só acabarão amanhã, e você não tem escolha a não ser servi-las – ele disse, sua raiva voltando agora.
– Eu não estava faltando na detenção, professor – Nathan disse.
– Não abuse da minha paciência, menino!
– Não estou abusando! Estava na sala de aula as sete, mas o senhor não estava lá, professor! – Nathan retrucou, quase perdendo a pouca paciência que lhe restava.
– Não use esse tom comigo, menino! – o Professor Snape rosnou, avançando sobre Nathan, que não recuou um único passo e até mesmo ergueu a cabeça num movimento desafiador. Snape estava encarando o menino de cima agora, há apenas centímetros de realmente tocá-lo, suas mãos em punho ao lado do seu corpo delgado.
– Não estava faltando na detenção, professor – Nathan afirmou novamente, mas desta vez elaborou: – Não podia entrar na sala de aula sem o senhor lá, professor. O senhor mesmo disse isso ontem.
– Isso foi ontem!
Nathan respirou fundo, tentando acalmar-se, Snape notou. – Estou cansado disso, professor. Estou cansado dos jogos psicológicos, das acusações infundadas, das ameaças. Eu não sei o que o senhor espera de mim. Não consigo entender metade dos seus atos com relação a mim! Está me deixando louco! – Nathan estava farto disso.
– Eu não espero nada de você – Snape disse finalmente, depois de olhar fixamente para o rosto do seu filho por um tempo, surpreso pelas palavras fortes dele.
– Então me deixe em paz, e farei o mesmo – Nathan declarou. – Não me importa o que o senhor sabe sobre o meu pai, ou o que quer que o senhor ache disso. Não me importo se o senhor é um mestre de Poções brilhante ou um bom professor. Eu só não agüento mais isso.
Ele podia sentir toda a dor enchendo a voz do seu filho com aquela declaração, e isso atingiu algum lugar dentro do seu peito. Ele recuou um pouco para longe e deu as costas para o menino, que baixou a cabeça.
– Qual é a minha tarefa para hoje, professor? – Nathan perguntou.
A pergunta apenas aumentou a dor que Severo sentia. Diga para ele – uma voz ordenou. Diga para ele que você ficou preocupado quando ele não apareceu. Diga para ele que você estava confuso e não sabia como agir. Desculpe-se! – a voz gritou em sua cabeça. Ele fechou os olhos.
– Não tenho uma tarefa para você hoje – Severo virou-se para encarar seu filho novamente –, e não terei uma amanhã. Você está dispensado das detenções a partir de agora.
Nathan fechou os olhos e suspirou. – Posso ir, então?
– Vá.
Nathan estava na porta quando se virou para encarar o Professor Snape novamente. Ele hesitou antes de perguntar: – O senhor está preparando a Poção de Mata-cão, professor?
A surpresa da pergunta fez Severo responder. – É uma variação dela. – Ele olhou para Nathan em descrença.
Nathan assentiu. – Eu consegui reconhecer a maioria dos ingredientes, mas não todos eles – ele declarou. – Boa noite, Professor Snape.
Ele saiu.
Severo olhou fixamente para a porta por um tempo depois que seu filho saíra, perdido em pensamentos. Ele fora repreendido por seu filho de onze anos e não dissera nada de volta. As palavras do menino o machucaram, mesmo que ele não quisesse admitir. E elas tinham machucado porque era a verdade. Alvo estava certo; ele deveria ter usado essas detenções para conhecê-lo melhor ao invés de...
Severo trouxe a mão para empurrar seu cabelo para trás em um movimento nervoso. Olhou em volta e começou a limpar a bancada. Ele precisava de alguma ocupação para distraí-lo dos seus sentimentos e pensamentos.
– Não chegue mais perto, Granger! – Severo rugiu.
– Severo, você não pode fugir para sempre! – Hermione estava encarando as costas do homem.
– Não estou fugindo! – ele disse com força, virando-se para olhar para ela. – Você está!
Ela ofegou. – Eu também não estou fugindo! – Hermione andou até ele. – Eu quis o seu filho. – A voz dela era suave aos seus ouvidos.
Severo fechou os olhos. – Eu não consigo acreditar – disse em uma voz baixa. Uma mão correu seu rosto, e ele inclinou-se no toque.
– Sim você consegue, Severo. Eu quis o seu filho; eu precisei do seu filho – ela declarou em uma voz bem baixinha.
Ele abriu os olhos. – Não consigo me perdoar.
– Eu não o culpo. – Ela continuou a acariciar seu rosto. – Eu não o odeio, Severo. Sou grata por você ter me salvado. Você é um homem honrado.
Ele balançou a cabeça em negação, afastando-se do toque dela. – Não consigo. Eu lhe machuquei; destruí seu futuro. Nathan não merece um pai como eu.
Severo acordou do sono agitado.
– Outro sonho – murmurou irritado. Era o terceiro daquela noite. Ele empurrou as cobertas e sentou-se no colchão. – Nem mesmo dormindo eu tenho paz – resmungou, esfregando os olhos.
Deixando a cama, andou de um lado para outro do quarto e parou em frente à janela encantada onde podia ver os jardins iluminados pelo luar. O fogo fraco queimando na lareira não era suficiente para aquecer a sala, e um arrepio subiu por seu peito nu depois da perda do calor das cobertas.
Mas a crescente sensação de frio de seus pés descalços tocando o chão frio de pedra não o incomodava tanto como os sonhos. Eles eram sempre o mesmo; ele discutia com Hermione sobre o Nathan, e então ela o tocava, confortando-o. Ele podia até sentir a pele macia das mãos dela, e sentia-se mal por ser tocado por ela mesmo em seus sonhos. Ela nunca me tocará, e eu também não a tocarei. Será que não era suficiente o que ele fizera para ela?
Ele balançou a cabeça; não era por isso que não conseguia dormir hoje. Seus sentimentos conflitantes estavam impedindo seu descanso. Por um lado, ele queria conhecer seu filho melhor, interagir com ele, aceitá-lo, mas por outro lado...
– Não posso. Essa não é uma opção. Ele merece coisa melhor – murmurou, esfregando seu braço esquerdo sem pensar, onde a Marca Negra deixara uma cicatriz rosada.
Ele ficou lá, olhando a lua banhar os jardins com sua luz prateada pelo que pareceram horas, até que seu corpo cansado e frio venceu, e ele voltou para a cama e para seu sono agitado.
– Hermione? – Professor Brice chamou, entrando no escritório dela.
– Oh, oi, William – ela respondeu, tirando sua atenção das redações pelo tempo necessário para reconhecer a presença dele.
Ele ficou quieto, observando-a encher as pobres redações com anotações em vermelho. Chegou mais perto da mesa. – Ocupada?
– Sinto muito, William – ela desculpou-se, largando a caneta vermelha na mesa com relutância, somente para pegá-la novamente e marcar mais um erro, e só então desistir do tubo de plástico de uma vez por todas. Quando ela levantou os olhos para o seu visitante, ele estava sorrindo.
– Às vezes eu me pergunto por que você gosta tanto de corrigir redações, e outras vezes... – ele diminuiu a voz, mas ainda a examinava impassível e minuciosamente. – Almoço, Hermione?
Ela franziu a testa. – Já está na hora do almoço? – ela perguntou meio que retoricamente, procurando um relógio.
– São meio-dia e quinze – ele respondeu.
Ela folheou a pilha de redações com o polegar e reclinou-se na cadeira com um suspiro.
– Você parece um pouco desligada esta semana. Não são só as aulas, são? – William perguntou.
– Não. Não são só as aulas, mas também as provas para preparar, a pesquisa para fazer, os periódicos para ler...
Ele a interrompeu. – É outra coisa. Você está distraída assim desde segunda-feira. Aconteceu alguma coisa durante o fim de semana?
Hermione remexeu-se na cadeira. Será que suas preocupações estavam tão aparentes? Provavelmente. Ela franziu a testa com o pensamento, e então fixou seus olhos em William. – Estou bem. É só que eu percebi como estamos próximos das férias de Natal e quanto trabalho tenho que fazer antes disso – ela disse, tentando soar convincente.
Ele assentiu. – Temos muito que fazer nesta época do ano – concordou e, com outro sorriso, acrescentou –, e isso inclui comer. – Ela observou-o dar a volta em sua mesa e pegar o encosto da sua cadeira, puxando-a para que ela pudesse se levantar. – Vamos almoçar.
Ela aceitou o convite dele, e eles saíram para o almoço.
– Obrigada – Hermione disse, para surpresa do elfo doméstico que ajudava com sua bagagem. Ela estava chegando para seu primeiro final de semana em Hogwarts desde que deixara a escola tantos anos atrás.
Os aposentos que a Diretora providenciara para ela eram muito confortáveis. Eram no mesmo andar da biblioteca – quarto andar –, o que a deixava no meio do caminho entre as masmorras, onde estaria trabalhando, e a Torre da Grifinória, onde seu filho morava.
Ela gostou das duas poltronas voltadas para a lareira na sala. No canto estava uma mesa que ela usaria para seus estudos e análises de resultados tarde da noite, mas o que realmente chamou sua atenção foi a vista que as grandes janelas atrás da mesa revelavam – o lago, a floresta e, a distância, as casas de Hogsmeade que ela sabia que teriam suas janelas iluminadas pelo amarelo da luz das lamparinas à noite. Ela sentira falta da simplicidade do mundo bruxo.
Indo até o cômodo adjacente, encontrou uma cama de quatro lindas colunas, coberta com cortinas carmesim escuro com detalhes em prata e dourado, combinando com a colcha. Além da cama que dominava o quarto, também tinha um guarda-roupa cobrindo uma das paredes. Na outra parede estava uma porta que ela presumiu que levava ao banheiro.
Ela abriu seu malão e retirou o que iria usar naquela tarde. Queria ir direto para as masmorras e encarar Severo, mas sabia que isso não seria prudente. Ela tinha que ser paciente; tinha que trabalhar com cautela. Tinha que pensar no que era melhor para o Nathan.
Ela deixou seus novos aposentos e andou os poucos corredores que os separavam da biblioteca. Deveria começar a trabalhar na pesquisa que era sua razão de estar ali para começo de conversa. Ela cumprimentou a Madame Pince e foi direto para a seção de Poções.
Examinando os volumes e decidindo quais seriam mais úteis nesse estágio da pesquisa, Hermione não notou o menino que se aproximava com um leve sorriso.
– Procurando algo em particular?
Ela assustou-se e tirou os olhos do livro que estava lendo para encarar seu filho. – Nathan! Não pensei que fosse vê-lo antes do jantar. – Ela o abraçou.
– Mãe, solta – ele disse, olhando feio para ela quando atendeu a seu pedido.
– Não olhe para mim desse jeito, jovenzinho. Sou sua mãe e posso abraçá-lo quando quiser – ela disse, erguendo o queixo e falhando em esconder o sorriso que crescia nas bordas de seus lábios.
Nathan suspirou. – Já estou vendo que você vai me envergonhar todo o final de semana – ele disse, balançando a cabeça.
Ela abriu um sorriso largo então. – Você não adora isso?
Ele não podia segurar mais o sorriso. – O que está procurando, exatamente? Eu poderia ajudá-la, como costumava fazer em casa.
– Você não devia estar estudando para as provas que estão chegando?
– Você sabe que eu já fiz isso. Por onde começamos? – Nathan perguntou. Hermione só podia sorrir com a avidez dele.
Eles passaram a tarde juntos, perdidos em livros de Poções e conversa leve. Hermione estava tentada a perguntar mais sobre as detenções, mas não queria arruinar o clima. Ela tinha saudades do tempo que passava com o Nathan antes dele vir para Hogwarts, e ela teria todo o dia de amanhã para interrogar Severo.
O tempo passou tão rápido que quando ela olhou novamente as horas, já estava na hora do jantar. Nathan terminava a lista de ingredientes da poção que ela pedira para que ele copiasse do livro.
– É isso por hoje. Vamos jantar – ela declarou.
– Você vai preparar alguma coisa amanhã? – Nathan perguntou quando estavam quase na mesa da Madame Pince, onde Hermione retiraria alguns livros.
– Não. Amanhã vou ver meu espaço de trabalho e verificar se tudo está preparado. Provavelmente começarei algo no domingo.
Hermione retirou os livros depois de prometer para Madame Pince que não demoraria para devolvê-los, e eles saíram em direção aos seus aposentos.
– Se você for trabalhar no laboratório do Professor Snape, acho que encontrará tudo que precisa – Nathan comentou. – Ele tem um laboratório maravilhoso.
Hermione olhou para Nathan com interesse renovado. – Você conhece o laboratório do Professor Snape?
– Na minha..., é..., última detenção, ele me levou lá. Ele estava trabalhando em alguma variação da poção Mata-cão – Nathan disse, mas não elaborou.
– Ele pediu para você ajudar? – Ela não podia deixar de perguntar.
– Não – foi a resposta de Nathan.
Ela não perguntou mais nada, mas sua mente estava ocupada com um milhão de perguntas.
Remo Lupin estava no seu lugar à Mesa Principal, observando os alunos comerem e conversarem, quando viu Hermione Granger e seu filho, Nathan, entrando no Salão Principal. Ele não foi o único a notar a presença de Hermione; muitos alunos na mesa da Grifinória, para onde ela acompanhou seu filho, estavam sussurrando uns com os outros, obviamente sobre ela.
Ele observava enquanto ela tirava o cabelo de Nathan do rosto e o menino franzia a testa para ela, e lá estava mais um momento que Remo tinha uma sensação de déjà vu, a mesma que sentira quando observara o menino após o jogo de quadribol. Hermione andou até a Mesa Principal depois disso, e foi recebida por Hagrid com entusiasmo.
Lupin observava enquanto ela tomava o lugar livre ao lado do meio-gigante, e quando ela olhou para ele, acenou. Ele acenou de volta com um sorriso amigável, que ela devolveu, mas logo desaparecera. Ele notou que o olhar dela capturara a figura de Severo Snape. Remo olhou para o mestre de Poções e viu que ele, também, olhava para ela.
A refeição prosseguiu e Lupin notou mais desses olhares trocados entre Hermione e Snape. O que está acontecendo aqui? – pensou. De tempos em tempos, ele podia ver Hermione olhando para o Nathan como que perdida em seus pensamentos. Durante um desses momentos, Remo desviou os olhos para o Snape e pegou-o fazendo a mesma coisa, o que não fazia sentido. Snape olhou para ele então, o flagrou olhando para ele e franziu a testa. Lupin tentou disfarçar o olhar de realização que passou pelo seu rosto e desviou os olhos para seu prato. Não pode ser.
Sábado, Hermione e McGonagall se encontraram depois do café da manhã, e a Diretora a conduziu até as masmorras. Severo não estivera no Salão Principal nesta manhã, mas Hermione sabia que o encontraria logo.
Minerva bateu na porta do escritório de Snape e entrou depois de ser convidada por ele. Ela conduziu Hermione logo atrás dela. Entretanto, Snape não a cumprimentou. – Severo, Hermione está aqui para começar a pesquisa para o Ministério. Você tem tudo preparado? – Minerva perguntou-lhe.
– Sim, Minerva. Siga-me – ele disse, levantando-se da sua mesa e andando até umas prateleiras, que se moveram para revelar uma sala além. Como seu filho fizera antes, ela conseguia apenas olhar tudo com reverência.
– Muito bem, Severo. Os deixarei trabalhando. – Virando-se para Hermione, Minerva acrescentou –, e procure-me mais tarde se houver algo mais que precise, querida.
Hermione sorriu para McGonagall. – Claro, Diretora. Obrigada.
Quando Minerva saiu, Hermione voltou sua atenção à sala. – Este laboratório é excelente – ela disse a Severo.
– Você encontrará caldeirões naquelas prateleiras – ele disse, apontando atrás dela –, achará os utensílios naquelas, nas caixas. Alguns dos ingredientes mais perigosos e caros estão aqui, e o resto está no depósito perto da sala de aula, que tenho certeza que você sabe onde fica. Alguma pergunta?
Ela não estava surpresa com a atitude “direto ao assunto” dele. – Sim, eu tenho perguntas – ela disse.
Ele bufou. – É claro que você tem.
Ela estreitou os olhos. – Por que você não quer ouvir o que eu tenho a dizer? Por que não podemos sentar e conversar sobre o Nathan?
Ele não respondeu.
– Severo, eu sei que algo aconteceu entre vocês dois. Ele perguntou alguma coisa? Ele disse algo a você?
– Vejo que não tem nenhuma pergunta sobre o laboratório. Vou deixá-la trabalhando – foi tudo que ele disse.
Ele virou-se para sair, mas Hermione o parou com suas palavras. – Por que está fazendo isso? – perguntou, irritada. – Tudo que eu quero é proteger o meu filho! Não quero vê-lo sofrendo mais do que eu sei que ele já vai sofrer! – Ela precisava que ele entendesse.
Ele virou para encará-la novamente. – Mas isso não é problema meu. Você criou isso para si mesma. – Ele sorriu com malícia.
Ela ofegou em descrença. – Não acredito! – ela protestou. – Severo, se ele suspeita ou sabe que você é o pai dele – ela fez uma pausa, sem querer pensar nas possibilidades. – Eu preciso saber para poder prepará-lo.
– Então, você precisa saber. Interessante – ele disse com uma voz fria. – Sabe como é sentir-se assim, então.
Ela suspirou. – Não posso voltar e mudar as coisas – ela disse com pesar.
Ele continuou: – Sabe disso, também.
– O que está feito está feito. Agora precisamos pensar no Nathan. Se ele sabe de alguma coisa, você deve me dizer – ela disse, olhando-o nos olhos para mostrar sua preocupação.
– Você deveria ter me contado – ele disse por entre dentes serrados. – Eu tinha o direito de saber!
– Você tinha, mas você também estava preso e esperando julgamento. Já tinha muita coisa acontecendo na sua vida, e eu sabia que você não aceitaria isso facilmente – ela disse.
– É claro que eu não teria aceitado isso facilmente! – ele rugiu.
– Agora não importa! – ela devolveu. – Nathan está com onze anos! Não há nada que você possa fazer sobre isso, então vamos focar no que fazer agora e esquecer o que aconteceu antes!
– Esquecer!? Esquecer!? – Ele invadiu o espaço pessoal dela com um passo longo, e Hermione percebeu que tinha se expressado mal. – Eu não esqueço – ele disse numa voz perigosa, e encarou-a por mais uns instantes antes de virar-se e deixá-la lá, sozinha.
Ela suspirou, fechando os olhos. Este homem, o pai do seu filho, tinha muito em comum com Nathan, mas era um homem, não um menino; ela tinha que lembrar disso. Ela não estava lidando com seu menino, mas com um homem muito, muito complicado.
No dia seguinte, o último em Hogwarts no seu primeiro final de semana ali, ela trabalharia nas masmorras. Seu filho pedira para acompanhá-la, e ela permitira. Hermione tentaria conseguir as respostas que precisava; ela descobriria o que Nathan sabia, ela simplesmente tinha que saber.
Nathan voltara para a Torre da Grifinória para pegar seus equipamentos de manusear os ingredientes que preparariam hoje, e ela esperava por ele no topo das escadas que ligavam o Saguão de Entrada e o subsolo de Hogwarts. Foi lá que Remo Lupin aproximou-se dela.
– Hermione – ele saldou.
Ela sorriu: – Remo.
– Quero falar com você. Você tem um minuto?
– Eu já deveria estar nas masmorras para começar a trabalhar no meu projeto – ela declarou. – Só estou esperando pelo Nathan. Ele insistiu em ajudar.
– Tem a ver com ele – Remo informou-a, o tom dele era sério, e os olhos dele encaravam os dela para enfatizar suas palavras.
Hermione estreitou os olhos de um jeito questionador. – O que tem ele?
Ele observou-lhe silenciosamente por um tempo, o que ela achou que era um comportamento incomum para ele. – Eu não acho que você vai querer discutir o assunto num lugar público como este.
Ela olhou para ele com uma mistura de preocupação e curiosidade. – Ele está encrencado de novo?
Ele suspirou. – Hermione, eu realmente acho que isso não é um assunto para ser discutido nos corredores. Podemos falar com mais liberdade no meu escritório – ele sugeriu.
– Mãe – ela ouviu seu filho chamar e olhou na direção dele. Não havia notado a aproximação dele. – Tenho tudo aqui comigo, luvas e tudo mais, e está meio pesado. Você vai demorar muito?
Ela olhou para Lupin, vendo que ele também ficara um pouco surpreso com a aproximação quieta de Nathan. – Podemos conversar em uma outra hora – ele ofereceu com um sorriso. – Tenham um bom dia – disse, acrescentando um aceno curto de cabeça, despedindo-se dos dois, e saiu em direção às escadas acima.
– Onde vamos trabalhar? – Nathan perguntou chamando sua atenção de volta para ele.
– No laboratório do Professor Snape.
– Sério? – Ela podia sentir o entusiasmo na voz do seu filho enquanto andavam nos corredores das masmorras, que desaparecera com as palavras seguintes. – Ele vai estar lá?
Ela olhou para ele, tentando não mostrar o que a mudança do tom dele significava para ela. – Eu não sei. Por quê?
Nathan deu de ombros, descartando. – Por nada, mas preferiria que fosse só nós dois, como quando trabalhávamos em casa.
Ela não conseguia decidir se tinha algo mais no que estava ouvindo e observando em seu filho, mas eles logo chegaram ao seu primeiro destino: o escritório do Professor Snape. A porta estava entreaberta. Convenientemente ainda me evitando – Hermione pensou, revirando os olhos ao descobrir que não tinha ninguém lá dentro. Ela atravessou a sala e foi diretamente para as prateleiras que ela sabia que escondiam a porta para o laboratório, com Nathan seguindo-a logo atrás.
A sala estava como a deixara no dia anterior, com exceção de alguns frascos contendo um líquido amarelo que estavam vazios anteriormente, mostrando que Severo trabalhara ali depois que ela fora embora.
– Será mais fácil trabalhar aqui que em casa. Olhe para todas essas facas diferentes! – Nathan disse, examinando os utensílios.
– Fique longe das facas, por favor – ela o avisou –, e não vá mexendo em tudo – acrescentou com um olhar recriminador quando viu que ele tinha a mão a meio caminho de tocar os utensílios em uma das prateleiras. Ele recuou as mãos para as costas e, sem varinha, levitou o que estivera a ponto de tocar. Ela balançou a cabeça, falhando em esconder o sorriso fácil rondando em seus lábios. – Ponha de volta, Nathan – ela chamou a atenção –, e procure alguns almofarizes.
Eles trabalharam juntos, falando primeiro sobre as coisas que estavam fazendo e depois comentando a preparação dos ingredientes. Estavam discutindo a influência do tamanho da raiz picada nas propriedades finais de uma poção.
– Eu li num livro, mãe – Nathan argumentava sua opinião –, que os pedaços só precisam ser menores que dois centímetros cúbicos se o meio é básico e não ácido.
– Nathan, você não pode acreditar só nos livros. Estou lhe dizendo, se você tem pedaços maiores que dois centímetros cúbicos, mesmo que em um meio ácido como este, você terá uma mudança na consistência e, consequentemente, nas propriedades da poção resultante – ela explicou.
– Você só está dizendo isso porque gosta das coisas bem picadinhas. Vou fazer como você diz, mas é infundado – ele continuou a discordar.
– O que o Professor Snape diz? – ela perguntou então.
Nathan parou o movimento ritmado das mãos por um instante, mas continuou o trabalho dizendo: – Não tenho certeza.
– Você não tem certeza? – ela disse em tom inquisidor. – Como assim, você não tem certeza?
– Eu... – Nathan falhou, sem palavras.
Ela parou seu trabalho para dar toda sua atenção a ele, esperando uma explicação.
– Não lembro o que ele disse sobre esse assunto especificamente – ele conseguiu dizer.
Ela estreitou os olhos. – Por que está mentindo para mim? – Ela conhecia seu filho bem demais para cair nessa.
– Não estou mentindo – ele retrucou, ainda picando a raiz, mas não tinha o tom fervoroso que ela sabia que teria se estivesse sendo injusta em sua acusação.
– Quando você vai desistir de tentar me enganar, Nathan?
Ele não disse nada.
– O que você está escondendo de mim? – ela insistiu.
Nathan suspirou. – Eu não estava prestando atenção na aula – ele admitiu.
– Pensei que você gostava das aulas do Professor Snape.
– Eu gosto de Poções – ele a corrigiu –, mas eu nunca disse que gostava do Professor Snape.
Ela então suspirou. – O que aconteceu naquelas detenções que fizeram você mudar sua opinião assim?
– Nunca mudei de opinião – ele respondeu.
– Não tente me fazer de boba. Você me disse em suas cartas que ele era seu professor favorito. O que aconteceu?
– Ele descobriu que eu não tenho pai – ele declarou.
Ela tomou um fôlego trêmulo. Finalmente – pensou. – E como é que isso muda alguma coisa? – pressionou.
– Porque as pessoas sempre mudam comigo quando descobrem. – Ele fechou os olhos, parando as mãos. – Estou cansado disso.
Ela largou o utensílio que estava usando e esticou uma mão para tocar o ombro do filho, mas ele fugiu dela.
– Nathan...
– Estou cansado de me fazerem de palhaço toda vez que me perguntam sobre meu pai. Por que está fazendo isso comigo? – Tinha dor nos olhos dele quando olhou para ela. – Por que você não pode me contar?
– Você sabe que eu vou contar quando puder, e que você será o primeiro a saber. – Ela tentou alcançá-lo com uma mão novamente, sem sucesso.
– Está mentindo. Tantas pessoas já sabem e você não me conta! – ele protestou, aumentando o volume da voz.
– Não estou mentindo. Ninguém sabe... – ela tentou explicar, mas foi interrompida no meio da frase.
– Mentirosa! – Nathan repreendeu. – Você é uma mentirosa! Até o Professor Snape sabe!
Seus olhos se abriram mais. Nathan tinha consciência que Severo sabia.
– Sabe! – ele exclamou, e ela percebeu que sua reação à traíra. – De todas as pessoas, o Professor Snape sabe quem meu pai é!
– O que ele lhe disse? – Sua voz estava fraca.
Ela o viu pensando em como responder e só percebeu que estava segurando a respiração quando expirou depois de ouvir as próximas palavras dele. – Nada! Ninguém diz nada! – A voz dele estava manchada com desapontamento. Ela queria confortá-lo, mas sabia que ele não a deixaria segurá-lo agora. – Como é que ele sabe e eu não?
– Tente entender, Nathan. Já discutimos isso tantas vezes. Não posso lhe contar ainda. Você...
– Por que não? – ele interrompeu sua explicação. – Eu posso lidar com a verdade, mãe. Não vou ficar chateado se ele estiver em Azkaban, ou coisa parecida. Eu só quero saber o nome dele – ele implorou.
Ela fechou os olhos. – Não posso lhe contar ainda.
Ela ouviu o rosnado de frustração dele. – Não é justo! – ele protestou ardorosamente. – Sou eu quem tem que ouvir os comentários secos do Snape; eu quem tem que sofrer a piedade dos meus amigos. E você poderia acabar com tudo isso, mas você... não... me conta! – ele vociferou e deixou a sala, correndo. Ela sabia que ele estava chorando.
Hermione quis segui-lo, mas foi parada pela mão de Severo Snape em seu braço, e a voz calma dele dizendo: – Deixe-o ir.
– Me solta – ela comandou, balançando o braço, tentando se desvencilhar da força da mão dele. – Preciso ir atrás dele. – Os dedos dele apertaram ainda mais ao redor do seu braço. Ela olhou fixamente para ele. – É tudo culpa sua! Você destruiu tudo que construí. Preparei-o para sua sordidez, sua teimosia, e mesmo assim você encontrou um jeito de fazê-lo odiá-lo. Espero que esteja satisfeito – ela descarregou.
– Terminou? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.
Ela estreitou os olhos. – Bastardo! – Ela preparava outra rodada de acusações, mas ele falou antes que elas deixassem sua boca.
– Seu segredo ainda está a salvo, mas não por muito tempo se eu deixá-la ir atrás dele. – Os olhos dele estavam nos seus. – E eu não acho que é o que você quer, pelo pouco que ouvi da sua conversa.
Ela suspirou e sentiu a mão dele soltar-se do seu braço vagarosamente. – Por que você não me disse que ele tinha descoberto que você sabia de alguma coisa? – Ela suspirou. – Eu teria como dissuadi-lo, e as coisas não chegariam a este ponto. Ele era fascinado por você a ponto de eu ter que pedir para ele falar de outra coisa. O que você fez para ele naquelas detenções? Ele... ele odeia você o bastante para negligenciar o que você diz nas aulas. Esta é uma conquista e tanto. Deveria se orgulhar – disse sarcasticamente.
– E você diz isso como se fosse uma coisa ruim – ele retrucou.
Ela olhou para ele em descrença. – Você quer que ele te odeie? Você está dizendo que realmente quer que seu filho te odeie? Você não pode estar falando sério.
– Pensei que estava feliz com a condição sem pai dele – ele disse. – Quem gostaria de ter um bastardo assassino como pai? Ele está melhor sem mim.
– Do que você está falando? Nathan o idolatrava até você estragar tudo com o que quer que você tenha dito e feito durante aquelas detenções. Ele ficaria contentíssimo em saber que você é o pai dele.
Ele deu um riso de escárnio. – Não me faça rir, Granger. Você encheu a cabeça dele com histórias fantásticas de como eu era honrado e bom. É claro que ele mudaria de idéia depois de descobrir a verdade sobre quem eu realmente sou; ele não é estúpido.
– A verdade sobre quem você realmente é, Severo? Você ainda acredita que está além da redenção depois de tudo que fez pelo mundo bruxo? – Ela balançou a cabeça. – Você nunca vai entender por que eu decidi ficar com ele; você é tão teimoso quanto o seu filho. Agora, se me dá licença, estou indo atrás do Nathan – disse e deixou o escritório dele.
Kevin estava sentado perto das estantes na biblioteca, onde trabalhava em sua redação de História da Magia com a ajuda de Andy. Lutava com as datas e nomes até que desistiu de tentar descobrir o Duende certo que liderara aquela revolta específica. Fechou o livro e olhou para Andy. – Queria que o Nathan estivesse aqui para nos ajudar.
– Eu, também. O que você acha que ele está fazendo nas masmorras com a mãe dele? Preparando ingredientes? – Andy perguntou.
– Talvez. Quem sabe ele não se importasse se fôssemos lá para encontrá-lo?
– Não sei – Andy respondeu, hesitante. – E se o Snape estiver lá, também?
– Bem lembrado – Kevin concordou e abriu seu livro novamente com um suspiro. – Você acha que o Snape realmente sabe quem é o pai do Nathan?
– Espero que sim. É muito triste não saber o nome do próprio pai. Queria que pudéssemos ajudá-lo a descobrir.
– Se o Snape sabe, talvez possamos investigá-lo e tentar descobrir alguma coisa – Kevin sugeriu.
– Não sei, mas vale a pena tentar. O Nathan merece saber quem é o pai dele, mesmo que tudo que descubramos seja apenas um nome – Andy disse.
– Deveríamos trabalhar num plano, então. Quando ele voltar, podemos contar-lhe nossas idéias.
– Claro, essas revoltas de Duendes são muito chatas mesmo – Andy concordou, e eles começaram a trabalhar em planos para descobrir a identidade do pai do Nathan.
O que eles não notaram foi o Sonserino loiro com um sorriso satisfeito, parado atrás da estante perto de onde eles estavam sentados.
A/N: E aí? O que você achou do capítulo? Eu quero saber, então deixe um review. :0)
No próximo capítulo… Nathan está em uma missão em busca da verdade, e Severo também.
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