Busca por Informações

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DISCLAIMER: Não é meu! É tudo da J. K. Rowling.

AVISO: Esta história se passa no futuro e contém spoilers do livro 6! Esteja avisado/a!

BETA READER: BastetAzazis – muito obrigada!

A/N: Capítulo dezesseis! :0) O Nathan quer a verdade a qualquer custo, o Devon sabe mais do que deveria, e o Lupin quer uma confirmação. Que bagunça de informações!



Capítulo 16: Busca por Informações

Hermione andava pelos corredores de Hogwarts com um misto de emoções. Ela queria encontrar Nathan e confortá-lo, mas ela também queria voltar ao escritório do mestre de Poções e bater nele por causar tudo aquilo. Se ele lhe dissesse quando ela perguntara o que se passara entre Nathan e ele, ela estaria preparada para a explosão do Nathan e agora não precisaria procurar seu filho pelo castelo.

As palavras de acusação do Nathan voltaram a sua mente. Mentirosa. Sim, ela era uma mentirosa, mas não do jeito que Nathan pensava. Ninguém sabia seu segredo mais bem guardado... até que Severo o descobriu. Como isso aconteceu, afinal? Estivera tão focada em descobrir o que seu filho sabia que não parara para pensar sobre o lado do Snape nessa história.

Mas agora ela estava muito preocupada com seu filho – e muito brava com Severo – para pensar direito. Hermione estivera andando por meia hora quando virou um corredor e finalmente o encontrou.

Lá estava ele, ombros recostados na parede que acomodava uma janela grande revelando a neve fina que banhava os jardins e o lago. Seu coração doeu ao ver o olhar perdido nos olhos vagos dele... olhos que derramavam lágrimas silenciosas. A paisagem à janela não era a única coisa que Nathan não percebia. Ela achava que ele ainda não tinha notado sua presença no corredor silencioso.

– Nathan – chamou em voz baixa, não querendo assustá-lo.

Ele não olhou para ela, mas ergueu uma mão ao rosto, tentando limpar a evidência do seu choro.

Ela foi até ele. – Estive procurando por você – disse.

Nenhuma resposta.

Ela suspirou. – Parte o meu coração ver você assim. Não quero ver você sofrendo; nunca quis. – Os olhos dele ainda estavam focados em algum lugar lá fora, vagos; ela não estava conseguindo quebrar suas defesas.

– Toda vez que discutimos sobre o seu pai só nos magoamos mais. Eu sei que é frustrante para você, mas ainda não posso lhe contar a verdade, e você tem que confiar que eu a contarei, assim que puder.

– Eu poderia mentir para você; dizer coisas sobre o seu pai que não são verdade, só para fazê-lo feliz. É isso que você quer? Mentiras? Porque não posso lhe contar o que você quer saber, e ficar bravo comigo também não vai ajudar. Eu não gosto desta situação tanto quanto você.

Ela viu uma nova lágrima correr a bochecha de seu filho.

– Não chore mais – disse então, sua voz carregada com o pesar da situação difícil. Ela alcançou o rosto dele para limpar a lágrima, mordendo o lábio inferior, tentando prevenir suas próprias lágrimas. Ele fechou os olhos numa tentativa de esconder suas emoções.

Hermione o envolveu em seus braços. – Sinto muito, Nathan. Sinto muito mesmo – sussurrou, movimentando o cabelo dele com suas palavras de remorso. Entretanto, ele não a abraçou de volta. Ela fechou os olhos e o abraçou mais forte, tentando expressar com esse gesto o que não podia dizer com palavras. Hermione simplesmente segurou Nathan, descansando seu rosto na cabeça dele.

Ela o sentiu tentando afastar-se depois de um tempo e o soltou do seu abraço. Ele ainda não dissera uma palavra, e também não a encarava.

– Nathan – ela chamou gentilmente, tentando fazê-lo olhar para ela e falar. Ele a olhou então, mas nenhuma palavra estava por vir. Os olhos vermelhos dele estavam focados nos seus agora, e embora a expressão dele estivesse assustadoramente branca, aqueles olhos negros transbordavam raiva e frustração.

– Nathan, não se feche. Você me magoa quando não fala comigo. Você é tudo que eu tenho, é minha vida – implorou.

– Diga-me o nome dele – ele pediu, calma e firmemente.

Ela mordeu o lábio inferior novamente, evitando que o nome de Severo escapasse da ponta da língua. Uma lágrima rolou de um de seus olhos. – Ainda não.

– Então nem se preocupe em falar comigo até resolver o contrário. – E com aquilo, ele deixou a janela e afastou-se rapidamente. Mais lágrimas mancharam seu rosto, ela fechou os olhos e as deixou cair livremente.

Hermione lamentava a posição que estava tomando, mas não podia contar ao Nathan que Severo Snape era seu pai sem saber quais eram as intenções dele com o filho. Se Severo não ligasse para ele, ela achava que Nathan poderia não agüentar ter um pai tão perto e ao mesmo tempo, tão distante. Ela não permitiria que isso acontecesse; seu coração doía, mas não podia deixar isso acontecer. Seria muito decepcionante.

Tentou se acalmar, observando os jardins cobertos de neve. As lágrimas cessaram, mas não suas preocupações. Hermione não tinha a menor idéia do que passava pela cabeça de Severo, muito menos o que se passava no coração dele. Como ele se sentia sobre Nathan, afinal? Limpou a mente, lembrando de cada palavra que ele lhe dissera desde que a procurara na semana passada... eram irritantemente ambíguas.

Em seu primeiro encontro ele estivera procurando por respostas. Parecera enfastiado com a idéia de ter ficado com o filho dele, e ficou claro que, para ele, o Nathan era o resultado de um ato bárbaro. Para ele, o Nathan não podia ser mais que uma lembrança daquilo; a materialização dos pecados dele. Ela suspirou com as conclusões a que estava chegando. Ah, como ele estava errado.

E então, tinha o que ouvira hoje. Ele estava tentando manter o Nathan longe dele porque se achava indigno dele; achava que o Nathan estava melhor sem ele. Será que ele estava preocupado sobre que tipo de pai seria? Será que ele se importava, então? Ele se importa – afirmou para si mesma. Ela sabia dentro do coração que o Severo era um homem bom, e que do jeito confuso e distorcido dele, ele queria o melhor para o Nathan... não queria?

Suspirou. Não estava chegando a lugar algum. Precisava de tempo para pensar antes de agir. Hermione reuniu seus pensamentos e voltou para as masmorras. Limparia o laboratório e deixaria Hogwarts. Uma semana seria tempo suficiente para achar uma solução para isso, assim esperava.

*-*-*-*


Nathan estava sentado, descansando suas costas num travesseiro apoiado na cabeceira da sua cama, segurando um livro aberto no colo. Estava tentando tirar sua mente da discussão que tivera com sua mãe. Não conseguia lembrar da última vez que fora tão duro com ela, mas estava realmente cansado e muito bravo para aceitar as desculpas dela mais uma vez. Não, ele não aceitaria mais desculpas; tinha o direito de saber. Era o nome do seu pai que estavam escondendo dele.

E mesmo assim, ele sentia que o coração estava tão apertado que seu peito doía. Ele sabia que sua mãe sofria por causa dos seus atos; fizera isso antes, em um dos seus aniversários. A imagem dela chorando ameaçava trazer novas lágrimas aos seus próprios olhos. Ele piscou rapidamente as lágrimas e voltou sua atenção às palavras escritas no livro. Leu um parágrafo, e sua mente viajou mais uma vez. Suspirou e fechou o livro, irritado.

– Ah, você está aqui! – disse Kevin, entrando no dormitório com Andy logo atrás. – Estávamos procurando por você. Adivinha? Tenho um plano para descobrir o que o Snape sabe sobre o seu pai – revelou, animado, esperando ansiosamente a reação do Nathan.

Nathan só ergueu uma sobrancelha em questionamento.

– É uma idéia brilhante, Nathan – Andy juntou-se a Kevin.

– Tudo que temos a fazer é confrontá-lo como sua mãe ou um dos professores – Kevin lhe disse –, com uma pequena ajuda de uma Poção Polissuco.

Nathan suspirou e balançou a cabeça com aquilo. – Obrigado por tentarem me ajudar, gente, mas essa idéia é absurda.

– Por quê? – Andy perguntou, confuso com a resposta do seu amigo.

– Você sabe como é difícil preparar a Poção Polissuco? Minha mãe estava no segundo ano quando preparou, nós estamos apenas no primeiro. Além disso, eu não acho que o Professor Snape cairia nessa – Nathan explicou.

– Bom, nós pensamos que você poderia preparar a Poção Polissuco; você é bom em Poções – Kevin argumentou, o desapontamento aparecendo em sua voz.

– Sinto muito, Kevin. Eu sei que só está tentando me ajudar, e eu agradeço. Mas não acho que enganar o Professor Snape seja assim tão fácil.

– Então também podemos usar a minha idéia – Andy disse, suspirando pesadamente e sentando-se no pé da cama do Nathan.

– Sua idéia não funcionaria nem se o Professor Snape fosse um aluno do primeiro ano, Andy – Kevin disse, parecendo irritado com seu parceiro de idéias.

– Tenho certeza que Pirraça poderia tirar qualquer informação dele. Era um bom plano! – Andy retrucou veemente.

Nathan sorriu para seus dois melhores amigos. Eles estavam realmente tentando ajudá-lo com isso. – Obrigado, Andy, mas acho que o Kevin está certo. Nem mesmo Voldemort conseguia tirar informações do Professor Snape. Ele foi um espião, lembra? Poderíamos interrogá-lo, mas não tiraríamos nenhuma informação dele, nem mesmo com Pirraça o torturando – destacou, embora a imagem do Pirraça torturando o Professor Snape fosse divertida. – Apesar disso, seria divertido assistir – admitiu, sorrindo com malícia. Seus dois amigos riram da imagem.

Quando se acalmaram dos risos produzidos pelas várias imagens do Pirraça torturando o Snape, Kevin sentou-se na sua cama de frente para a cama do Nathan. – O que faremos, então? Todas as nossas idéias envolviam enganar ou forçar o Snape a falar, mas com o passado dele de espião... – interrompeu.

– Por que não o espionamos? – Andy sugeriu.

– Você acha que o Snape sairia por aí falando sobre isso? Nós só descobriríamos informações inúteis sobre a vida chata dele – Kevin refutou.

Mas algo passou pela cabeça do Nathan com aquela idéia. – Espere um pouco – disse –, essa é uma grande idéia. Podemos investigar a vida do Professor Snape e descobrir algo, alguma informação que poderíamos usar em troca do nome do meu pai. – Os outros meninos podiam quase ver as possibilidades passando pela cabeça do Nathan, brilhando em seus olhos.

Kevin estava surpreso com a idéia do Nathan. – Chantagem? – perguntou incrédulo.

– Eu chamaria de "modo sonserino de conseguir informação". Ele usou o fato de eu não conhecer meu pai comigo antes, então digamos que ele mesmo pediu por isso – Nathan destacou. – Nós só temos que descobrir algo que ele realmente não quer que as pessoas saibam – Nathan acrescentou, reclinando-se contra a cabeceira da cama novamente, contemplando as possibilidades com um sorriso malicioso.

– Nathan, tem vezes que você me assusta – disse Andy, olhando para o Nathan como se o visse pela primeira vez.

– Tem certeza que é uma boa idéia? – Kevin perguntou, olhando com dúvida para Nathan.

– É perfeita! – Nathan assegurou-lhes. – Tudo que temos que fazer é investigar o passado do Professor Snape. Podemos começar na biblioteca, e depois podemos questionar os outros professores. Ele dá aulas aqui há séculos; eles devem saber alguma coisa que possamos usar. – Fez uma pausa, observando as reações dos seus amigos. – Isto é, se ainda quiserem me ajudar – acrescentou.

– É claro que vamos ajudar, é só que... – Kevin não estava completamente convencido da idéia do Nathan.

Nathan continuou falando sobre as maneiras possíveis de conseguir informações sobre o Professor Snape e finalmente acabou convencendo seus dois melhores amigos. Eles fizeram planos pelo resto da tarde, e na hora do jantar, o humor do Nathan melhorara o suficiente para fazê-lo realmente querer comer alguma coisa.

Chegando ao Salão Principal, Nathan instintivamente procurou na Mesa Principal por sua mãe, mas ela não estava lá. Ela já deve ter ido para casa – pensou com um suspiro.

Nathan não foi o único a notar a ausência de Hermione no jantar. Remo Lupin aproximou-se da Diretora e perguntou: – A Hermione não vem para o jantar?

– Parece que não. Ela teve que voltar para Londres para algum trabalho, aparentemente – Minerva respondeu.

Remo assentiu com a cabeça e tomou seu lugar habitual. A Hermione tinha deixado Hogwarts sem procurar por ele, como pedira. Pensou nas razões do porquê ela teria evitado o encontro. Ele sabia que a paternidade do Nathan era um assunto delicado para ela; tinha quase certeza que ela nunca revelara a identidade do homem para ninguém, nem mesmo para Harry Potter.

Ele olhou na extensão da mesa e encontrou o mestre de Poções comendo a refeição dele em silêncio. Será que ele deveria confrontar Severo? Será que ele admitiria a verdade? Ele nunca dissera que tinha um filho, ou revelara que tivera um relacionamento com a Hermione. Mas Severo não era pessoa de sair espalhando sua vida pessoal aos sete ventos. Remo não sabia o que fazer. Na verdade, ele não estava cem por cento certo de suas suspeitas. E se ele estivesse errado e o Nathan não fosse filho do Severo?

Procurou pela mesa da Grifinória, então. Nathan estava comendo e conversando com os amigos inseparáveis. Observou o menino por um tempo. Lupin estava quase certo... quase. As semelhanças entre o Nathan e o Severo eram muitas; principalmente no comportamento dos dois, mas também havia semelhanças físicas. Cabelos pretos, olhos pretos, corpo esbelto; eram características do pai do Nathan, pois nenhuma delas era da Hermione, e Severo encaixava-se bem em todas elas.

Nathan ergueu uma sobrancelha naquele momento. De novo – Lupin pensou. É como observar o Snape com onze anos outra vez. Suspirou e voltou sua atenção novamente para a refeição. Seria melhor conversar com a Hermione antes, para ter certeza. Ela estaria em Hogwarts na semana que vem, mas então ele se lembrou do calendário lunar. Remo não estaria em Hogwarts na semana seguinte; era lua cheia. Ele olhou para Severo novamente, contemplando, e decidiu que precisava ter certeza antes de confrontar o homem amargo.

*-*-*-*


Nathan estava cercado de grifinórios quando um grupo de sonserinos, liderado por um aluno do primeiro ano bem loiro, aproximou-se logo atrás dele no corredor. Seria uma ocorrência corriqueira se Devon Malfoy não tivesse escolhido aquele momento para abrir a boca.

– O Professor Flitwick deve estar se perguntando onde o Granger aprendeu aquele truquezinho que ele nos mostrou tão bem na aula hoje. O que você diz, Granger? – Malfoy perguntou alto suficiente para todos ouvirem.

Nathan o ignorou, então nenhum grifinório deu qualquer atenção ao Malfoy também.

– Isso seria algo que meu pai teria ensinado para mim. Foi o seu pai quem lhe ensinou aquele feitiço, Granger? – Malfoy continuou.

Nathan continuou andando, fingindo não ouvir o que o sonserino dizia, até...

– Ah não, espere um pouco, esqueci que você não tem pai.

Os olhos do Nathan se arregalaram, e ele parou de andar. O grupo de grifinórios que andava com ele também parou. Ele virou-se para encarar o sonserino satisfeito e olhou feio para ele.

– Eu tenho pai – Nathan disse com firmeza.

Devon sorriu com descaso. – Claro que tem; você só não sabe quem ele é.

Nathan não tinha uma resposta para aquilo, além de: – Cala a boca, Malfoy.

– Por que, não era para eu falar? Não pensei que fosse um segredo. Seus amigos estavam discutindo isso livremente na biblioteca outro dia desses – o sonserino disse com uma expressão zombeteira inocente.

Nathan estava chocado. Olhou para os dois amigos, os quais Malfoy certamente se referira, indignado. Aqueles que ouviam a discussão olhavam para o Nathan especulativamente, e ele podia sentir seus olhos nele.

– Bom, de qualquer forma foi um bom truque de varinha. Vejo você na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, se não nos virmos antes – Devon disse e continuou pelo corredor, seguido pelo grupo de sonserinos, que também olhavam para o Nathan, mas com uma malícia que faltava aos grifinórios.

– Não dá para acreditar em vocês! – Nathan sibilou a seus dois supostos melhores amigos antes de sair a passos largos.

*-*-*-*


Na noite de sexta-feira, Severo terminava algumas poções para a ala hospitalar quando a porta camuflada que conectava seu laboratório ao escritório abriu para Hermione Granger. Por um momento, ela pareceu desatenta da presença dele na sala.

– Eu não a esperava hoje, Srta. Granger – disse, assustando-a como queria.

– Boa noite, Severo – ela respondeu, mas não disse mais nada.

Ele observou quando Hermione aproximou-se de um dos armários de ingredientes com um pergaminho em mãos. Ela vasculhou seu conteúdo e fez anotações no pergaminho. Ele voltou a mexer o caldeirão borbulhante a sua frente, mas olhava de tempos em tempos para a mulher que dividia a sala com ele.

O tempo passou em silêncio, e ela parecia estar verificando novamente a lista que tinha em mãos. Ele fingia ler um periódico enquanto esperava até que a poção que preparara esfriasse o suficiente para ser engarrafada.

– Você estava certo sobre o Nathan. – Ela quebrou o silêncio, e Severo foi quem se assustou desta vez. – Eu não deveria ter ido atrás dele naquele dia.

Ele levantou os olhos do periódico para observá-la abertamente. Ela parecia muito pensativa, e havia algo... diferente nela. Ele a vira em algumas ocasiões no último mês, mas não conseguia lembrar de alguma vez tê-la visto assim tão... perdida. As palavras dela e a lembrança da última discussão entre eles passaram por sua mente. Será que ela revelou a verdade ao menino?

– Ele não está falando comigo. E me evitou a tarde inteira. Ele já fez isso uma vez, no aniversário de oito anos, mas agora é diferente. – Ela brincava com o pergaminho nas mãos, os olhos fixos nele.

Isso só confirmava suas suspeitas. Mas Nathan não estivera diferente perto dele nesta semana. Ele a viu tomar fôlego.

– Quero contar para ele, Severo – ela começou, e ergueu os olhos para olhar para ele. – Quero contar para ele que você é o pai dele e acabar de uma vez por todas com isso. Não sei se posso encontrá-lo amanhã no café e vê-lo me ignorando novamente.

– Você não fará nada disso – ele disse. Estava aliviado por ela não ter dito nada ao menino. Ainda – acrescentou mentalmente.

– Ele não vai desistir até conseguir o que quer – ela argumentou com urgência na voz. – Queria esperar até você se acostumar com a idéia, mas não sei se consigo. O Nathan é a minha vida, Severo; ele é tudo para mim. Quando ele olha para mim como olhou hoje, machuca muito.

– Você não vai contar para ele – ele disse. Estava começando a sentir-se incomodado em face ao desespero óbvio dela.

– Eu vou – ela afirmou.

– Ele vai odiá-la – Severo declarou sem rodeios, e o silêncio pairou na sala. Ele podia ver na expressão dela as possibilidades passando pela cabeça. – Vá em frente e conte para ele que eu sou o pai dele, mas ele nunca vai te perdoar. Você fará da vida dele um inferno; os amigos dele irão tratá-lo com indiferença. Ele nunca mais falará com você.

– Você está enganado – ela retrucou, segurando o queixo erguido. – Ele ficará feliz em saber que você é o pai dele; e vai admirá-lo. Vocês vão se conhecer melhor e aprender a amar um ao outro.

Ele bufou. – Você ficou louca, Granger. Eu não gosto dele; não quero conhecê-lo melhor. Ele me irrita – disse, sabendo no fundo do coração que não era verdade. – Se você contar para ele, eu negarei. Se você insistir, não vai gostar do que vou fazer – ameaçou, chegando mais perto dela até envolvê-la em sua sombra, intimidador.

– Você está blefando! – ela o desafiou. – Eu sei que é só da boca para fora. Já vi você com o Draco. Sei quem você realmente é, Severo. Você não magoaria seu próprio filho.

– Se está tão certa, experimente – ele disse, erguendo uma sobrancelha.

Seus olhos se encontraram, e travaram uma batalha silenciosa; que foi vencida por Severo quando ela virou-se abruptamente e rosnou de frustração.

Ele estava aliviado.

*-*-*-*


Depois da declaração do Malfoy na semana passada, Nathan fora questionado por todos os alunos do primeiro ano da Grifinória, e alguns lufa-lufas e corvinais também. Cada aluno que o procurava com perguntas indiscretas ou – pior ainda – pena, fazia aumentar sua indignação sobre a posição da sua mãe, dando-lhe força para manter sua decisão. Ele não falaria com ela até que ela tivesse um nome para dizer-lhe.

Sua mãe o procurara quando chegou para o final de semana na sexta-feira, e ele a ignorou bravamente, dando as costas para ela e saindo. Estava satisfeito por ela não ter aparecido para a refeição da noite naquele dia, ou para o café da manhã no dia seguinte. Ainda estava bravo com ela, mas resistir ao tom suplicante e a cara triste dela era muito difícil.

Entretanto, Nathan perdoara seus melhores amigos. Depois daquele primeiro encontro com o Malfoy no corredor, ignorara os meninos por um tempo, mas depois os perdoara, pois eles provaram que não sabiam que o loiro estivera ouvindo à conversa deles. Nathan acreditou neles. Agora sabia que tinha sido uma manobra sonserina do Malfoy, e ao Nathan só restava lamentar as conseqüências daquela manobra.

Mas nesta semana as coisas foram diferentes. Cada vez menos alunos olhavam para ele de modo estranho, e seus planos de conseguir informações sobre o passado do Professor Snape fora colocado em prática. Seus amigos e ele estavam passando a maioria do tempo livre nesta tarefa. E era por isso que ele agora estava em pé, na frente do escritório do Professor Lupin. Respirou fundo, preparando as idéias, e bateu na porta.

– Nathan – Lupin cumprimentou, atendendo a porta.

– Oi, professor. O senhor tem um minuto? – Nathan perguntou.

– Tenho – o professor respondeu, franzindo um pouco a testa. Deu um passo para trás e gesticulou para que Nathan o seguisse para dentro, fechando a porta. – Algum problema?

– Não, na verdade não – Nathan se apressou em responder. – Só queria conversar sobre o Professor Snape, professor.

Lupin enrijeceu um pouco. Falar com o Nathan sobre o Snape não era algo que ele ansiava, especialmente agora que suspeitava da relação co-sanguínea deles. – Sente-se, Nathan.

Nathan tomou a cadeira indicada.

– Chá? – Lupin ofereceu, e Nathan assentiu. Lupin pegou o aparelho de chá e colocou-o na mesa. Esquentou a água com um feitiço e acrescentou os saquinhos de chá. – Açúcar, leite?

– Açúcar. – Nathan pegou a xícara. – Obrigado, professor.

Lupin, com uma xícara para si na mão, ocupou a cadeira à frente do seu aluno. – Professor Snape – disse com um suspiro, parecendo cansado e mais velho que sua idade.

Nathan tomou um gole do chá. – Eu sei que o senhor explicou antes, professor, mas queria entender por que o Professor Snape age daquele jeito.

– Por que Severo age daquele jeito – Lupin murmurou consigo mesmo, suspirando novamente. – Nathan, o Professor Snape passou por muita coisa na vida – começou. – Uma guerra afeta as pessoas de muitas maneiras. Não sei o que sua mãe lhe contou sobre o que aconteceu naquela época, mas a guerra foi particularmente difícil para o Professor Snape.

– Presumo que saiba que ele era um espião – Lupin disse, e Nathan assentiu com a cabeça. – Muito bem. Para ser convincente como um Comensal da Morte, ele teve que desempenhar o papel sem falhas, e foi o que ele fez. A interpretação dele foi tão boa, e ele desempenhou o papel por tantos anos, que acabou tornando parte de si mesmo.

– Sei que não é fácil concordar com a maneira como o Professor Snape age na maioria das vezes, mas quero que saiba que não é culpa sua ou de ninguém em especial. Você entende o que quero dizer? – Lupin perguntou.

– Sim, professor – Nathan respondeu, e eles ficaram quietos, contemplando aquilo por um tempo. Depois, quebrando o silêncio novamente, ele perguntou: – O senhor acha que ele se arrepende de alguma coisa?

Lupin colocou sua xícara vazia na mesa. – Ele deve se arrepender de muitas coisas. Todos nós nos arrependemos, Nathan. Veja bem, em uma guerra existem decisões que devem ser tomadas, independente do que sentimos a respeito. Na maioria das vezes, você tem que colocar suas opiniões pessoais de lado para favorecer o bem comum.

Nathan esfregou a xícara. Isso não era o que ele esperava ouvir, e ficou quieto novamente. Não sabia o que perguntar em seguida.

O Professor Lupin observava Nathan, e interpretando sue estado pensativo, afirmou: – Não tente entendê-lo tão rápido, Nathan. O Professor Snape é um homem muito complicado. Você vai entender as ações dele, eventualmente.

– Espero que sim – Nathan murmurou, assentindo. Terminou seu chá, falando sobre assuntos menos complicados, e deixou o escritório do Professor Lupin sabendo um pouco mais sobre o misterioso Professor Snape, mas nada útil para o seu plano.

*-*-*-*


Nathan desceu até as masmorras. Ele deixou os amigos brincando e estudando na sala comunal, depois de decidir que não podia mais ignorar a sua mãe.

Naquela tarde, ela procurara por ele na biblioteca, pedindo que voltasse a falar com ela. Imagens dos olhos tristes da sua mãe e o som da voz suplicante dela invadiram sua mente constantemente durante o dia.

Já estava quase no seu destino. Estava bem próximo do escritório do Professor Snape – a única maneira de chegar até o laboratório particular dele. Sabia que sua mãe estaria trabalhando lá agora.

Bateu na porta do escritório; sem resposta. Bateu novamente, esperando. Quando não houve resposta depois de bater pela terceira vez, abriu a porta vagarosamente. Como presumiu, não havia ninguém na sala, mas podia ver uma luz vindo da porta escondida do laboratório, deixada entreaberta. Nathan respirou fundo e entrou. Estava na hora de voltar a falar com sua mãe.

Entretanto, quando estava no meio do caminho para a porta, ouviu a voz de Hermione falando sociavelmente; ela não estava sozinha. Ficou ali parado por um instante, contemplando se deveria prosseguir ou voltar mais tarde, quando ouviu a voz da segunda pessoa com ela na sala – o Professor Lupin. Nathan franziu a testa, confuso; não sabia que sua mãe e o Professor Lupin eram amigos íntimos, mas não havia outra razão para a presença do professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em um laboratório de poções.

Nathan dirigiu-se ao laboratório cuidadosamente. Agora podia ouvir o que o professor dizia.

– ...mas eu não quis procurar por ele sem falar com você primeiro, Hermione.

– Não estou entendendo, Remo. O que você diz, não faz sentido.

– Hermione, olhar para o Nathan é como voltar no tempo, para quando eu era um aluno aqui. A semelhança entre os dois é muito forte – Lupin insistiu.

Houve silêncio na sala adjacente, e Nathan franziu a testa, confuso. O que o Professor Lupin quer dizer?

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som da voz da sua mãe vindo do laboratório novamente. – Remo, eu...

– Não se preocupe, Hermione. Eu sei que esse é um assunto delicado para você. Se não estou enganado, o Nathan não sabe – ele ouviu o Lupin dizer.

– Não, não sabe – sua mãe confirmou.

– E o... – Lupin disse, mas Nathan não ouviu o resto da pergunta.

– Espionando a sua mãe? – veio uma voz por trás, assustando-o.

A conversa dentro do laboratório cessou e inesperadamente a porta abriu completamente. Nathan viu sua mãe, olhos arregalados, olhando dele para o Professor Snape. – Nathan – ela murmurou, parecendo afetada.

– Eu estava... – Nathan tentou explicar, mas foi interrompido pelo Professor Snape.

– Você estava dentro do meu escritório, ouvindo atrás da porta uma conversa para a qual definitivamente não foi convidado. – A voz do mestre de Poções tinha um tom acusador.

– Está tudo bem, Severo. Não acho que o Nathan estava espiando a conversa de ninguém, não é? – o Professor Lupin veio ao seu resgate... mais ou menos.

– Eu... Eu estava... – Nathan travou olhares com sua mãe, que ainda parecia preocupada.

– Nathan – ela disse calmamente.

– Sim, estava – admitiu. – Vocês estavam falando de mim, e eu sei exatamente sobre o que vocês estavam conversando. – Nathan segurou o olhar de sua mãe. – Os outros professores também sabem? Para quantas pessoas você vai contar antes de eu ter permissão de saber?

Nathan estava tão focado na mãe que perdeu a mudança repentina de atenção do Snape, que agora estava focada no Lupin.

– Nathan, isso não... – Hermione tentou explicar, mas Nathan não queria ouvir.

– Eu vim aqui para falar com você porque pensei que estava dizendo a verdade no outro dia. Você quase me enganou de novo com sua cara triste e sua voz chorosa, mãe. Mas não espere que eu a perdoe depois disso! – Nathan disse, ignorando os dois professores. Seu rosto se fechou em uma careta, e ele deixou rapidamente a sala.

Só então, Hermione notou que havia mais um par de olhos negros fixos nela, impassível e acusador.

– Severo, Remo percebeu... – ela começou, somente para ser interrompida mais uma vez.

– Tenho certeza que ele percebeu – Severo disse, e segurou o olhar dela por mais um momento antes de se dirigir a Lupin. – O que vai fazer com essa informação, Lupin?

– Severo, não direi a mais ninguém, se é o que quer saber. Sei que você nunca disse nada antes, e que é muito reservado com relação a sua vida pessoal – Lupin assegurou ao outro homem.

Severo assentiu. – Ele não deve saber.

– Não estava nos meus planos contar para ele, mas quero sugerir que vocês o façam – Remo disse, olhando do Severo para a Hermione.

– Sua opinião não foi nem requisitada e nem é bem-vinda, Lupin. Isso é entre a Granger e eu, e apreciaria se você tomasse conta da sua própria vida, senão...

– Chega, Severo! – Hermione o surpreendeu com sua reprimenda forte. – Remo é um amigo. Tenho certeza que ele fará o que for melhor para o Nathan. Ele só estava tentando ajudar.

– Muito bem, você sabe a minha opinião – ele disse à Hermione, e depois se virou para o Lupin. – Ficarei de olho em você, Lupin. – E com isso, saiu num tremeluzir de vestes negras.

– Não se preocupe – Lupin assegurou à Hermione, que suspirou.

*-*-*-*


– Não me importa o que o seu pai faz ou deixa de fazer, Malfoy! – Nathan declarou.

Eles estavam no meio do Saguão de Entrada, saindo do jantar. Devon Malfoy estava cercado de alunos do primeiro ano da Sonserina, e Nathan tinha seus amigos consigo também.

– Só estava falando com os meus amigos, aqui. – Malfoy sorriu com malícia e acrescentou: – Sinto muito se está com ciúmes porque eu tenho um pai que gosta de mim.

Nathan fechou as mãos em punhos, tentando conter sua raiva. Olhou feio para Devon.

– Você ainda está procurando por ele, ou desistiu? Já procurou em Azkaban? – Devon perguntou, fazendo os sonserinos rirem.

Mas isso foi só até o Nathan responder: – Se meu pai está em Azkaban, Malfoy, o seu deveria estar junto, fazendo companhia.

Malfoy estreitou os olhos. – Meu pai não é um criminoso! – disse, indignado.

– Bem, não é o que ouvi dizer. Talvez você não conheça seu pai tão bem assim – Nathan disse, e não esperou uma resposta. Deu as costas aos sonserinos e subiu a escada de mármore com seus amigos.

– Vai engolir o que disse, Granger! – Devon ameaçou.

Nenhum deles notou a presença do Professor Snape no canto sombrio atrás das ampulhetas. Então o Devon sabe da situação do Nathan – pensou, franzindo a testa. Isso não ajudaria as coisas em nada.

Suspirou, dirigindo-se ao seu escritório.

*-*-*-*


Nathan estava na biblioteca; isso se tornara parte da sua rotina desde que planejara investigar o Snape com seus amigos no outro dia. Estavam passando a maior parte do seu tempo livre nesta tarefa, e Nathan estava ficando sem fontes de informação. Ele e seus amigos procuraram em todos os livros sobre a história bruxa recente, anuários antigos da escola, genealogia, e não havia nada para usar contra o Professor Snape.

Suas tentativas de persuadir os outros professores a falar sobre o mestre de Poções estavam se provando ser igualmente inúteis. Parecia que ninguém sabia o bastante sobre o homem reservado, e aqueles que sabiam não queriam compartilhar.

Malfoy o importunava por causa do seu pai a cada oportunidade. Nathan ignorava o sonserino, mas já estava se cansando. Isso só o frustrava mais! Fechou outro livro inútil e suspirou pesarosamente.

– Vamos fazer um intervalo – sugeriu, e os meninos do lado oposto da mesa se reclinaram nas cadeiras. – Isso não está levando a nada – admitiu.

– Concordo – disse Kevin.

– O que faremos, então? – perguntou Andy. – Vamos desistir?

Nathan suspirou.

– Nós não vamos desistir, Andy. Somos grifinórios. Só precisamos de outro plano – Kevin disse para o menino ao seu lado, e virando-se para o que estava a sua frente, acrescentou: – Não é verdade, Nathan?

Nathan não respondeu de pronto. Estava tentando descobrir onde o plano deles falhara. – Sim, é verdade. Precisamos de outro plano. O que estamos deixando escapar? – perguntou retoricamente. – Com quem não falamos?

– Não sei – admitiu Andy. – Não tenho mais idéias para fazer os professores falarem. A não ser que nós perguntemos na cara dura: “Que segredo sórdido você sabe sobre o Professor Snape?” Eu não sei como faremos falarem.

– Está bem. Você fica com a Diretora e eu vou falar com o Professor Flitwick – disse Kevin.

Antes que Andy pudesse dar sua resposta certamente indignada com a escolha dos professores, Nathan soltou: – O Diretor!

– Quem? – Kevin perguntou.

– Claro, como pude esquecer dele? Ele deve saber tudo sobre o Professor Snape, e deve estar disposto a falar, já que foi assassinado por ele – Nathan balbuciou, perdido nas possibilidades. Focou os olhos em seus amigos novamente; eles o encaravam. Nathan sorriu maliciosamente. – Precisamos de acesso ao escritório da Diretora. Preciso ter uma conversa com um retrato.



A/N: O que achou do capítulo? Quero saber, então deixe um review me contando. :0)

No próximo capítulo… Nathan tem uma nova fonte de informação, e as férias de fim de ano estão próximas – é Natal.

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