Os trouxas mais cínicos do mun
Capitulo III – Os trouxas mais cínicos do mundo
No corredor Snape consultou seu relógio de bolso.
- Já são quase cinco horas, seus tios têm o costume de tomar chá?
- Sim. O senhor não?
- Não sou muito adepto desta tradição inglesa, muitas vezes perco a hora fazendo algo mais importante, mas a respeito quando estou em companhia de pessoas que a seguem. Por questão de educação, Potter, é mais indicado que você me apresente aos seus tios.
- Tudo bem.
Chegaram a cozinha. Harry anunciou Snape.
- Tio, tia, este aqui é Severus Snape, o tutor indicado pelo Ministério para me acompanhar durante as férias.
“Muito bem Potter” disse uma voz na cabeça de Harry, ele achou que a voz se parecia muito com a de Snape, mas este nem se mexeu.
- Nos já tínhamos sido apresentados, mesmo assim muito obrigado Harry. – falou tio Valter sorrindo excessivamente, “Obrigado? Muito obrigado? Desde quando ele aprendeu essa palavra?” Pensou Harry, seu Tio apertou novamente a mão de Snape – Seja bem-vindo Sr. Snape, sinta-se em casa. Essa é a minha esposa, Petúnia Dursley.
- Prazer em conhecê-la Sra. Dursley – Tia Petúnia estendeu a mão e Snape a beijou (a mão!) – O seu marido é um senhor de muita sorte, com todo respeito senhor Dursley.
Petúnia sorriu, Harry arregalou os olhos para Snape. “Esse cara tá cantando a minha tia? Logo a minha tia? Não tinha nada melhor não?... Se bem que, para o Snape, tia Petúnia deve ser maravilhosa...” pensou Harry. Snape olhou com rispidez para o menino. Harry então se tocou que agora tinha tomar mais cuidado com o que pensava.
- Sente-se à mesa Sr. Snape – disse a senhora – Você costuma tomar chá?
- Todos os dias. Às cinco em ponto. Nunca perco a hora, nem que tenha de parar o que estou fazendo.
Harry revirou os olhos. Todos se sentaram a mesa. E ficou um silencio fúnebre no ar enquanto tomavam chá com bolinhos. Foi Snape quem quebrou o silêncio.
- Bem, primeiramente eu gostaria de pedir desculpas por ter de me instalar em sua casa. Mas é que é preciso que eu acompanhe a rotina do Sr. Potter e dos senhores, tios do rapaz.
- Não, tudo bem – falou Válter.
- Nós não nos importamos, já que é necessário. – falou Petúnia. O cinismo ficava cada vez pior.
- E eu gostaria de entregar isto a vocês – Snape tirou do bolso da calça um envelope que, pensou Harry, não poderia sair assim tão liso de um bolso por meios não bruxos – Podem pegar – os tios de Harry pareciam receosos de encostar no envelope – É uma quantia total de mil e quinhentas libras em dinheiro, - Snape tirou as notas de dentro do envelope, Harry arregalou os olhos, mas não tanto quanto os seus tios que, gananciosos, pareciam prestes a pular sobre as notas - para cobrir as minhas despesas em sua casa, espero que seja suficiente. Acho que não darei despesas maiores do que as alimentares ou a conta de água que deve aumentar um pouco com mais um adulto vivendo na casa. Não sou acostumado a usar aparelhos elétricos, e minhas roupas, Sra. Dursley, não se preocupe, serão levadas para a lavanderia. Acho que não há mais nada em questão de despesas há?
- Não – disse tio Valter olhando para todo aquele dinheiro – Acho que não.
- Se não for suficiente me avisem que eu providencio mais. E estou aberto a qualquer pergunta que possam ter.
- Até quando o senhor fica? - perguntou Valter embolsando rapidamente o envelope.
- As férias inteiras.
- O que diremos aos vizinhos?
- Diga o que acharem melhor Sra. Dursley. Eu proponho dizer que sou um parente. Mas não pretendo ter muito contato com os vizinhos.
- O senhor pretende usar... Usar... Como se diz... – tio Valter parecia não querer falar a palavra.
- Magia? Dentro da casa do senhor?
Valter assentiu com a cabeça.
- Não pretendo.Só usarei em caso de haver acidentes, com o consentimento dos senhores claro, ou em casos extremos, que eu espero que não aconteçam não é Sr. Potter?
- Sim Sr. Snape. – respondeu Harry em tom de ironia, seus tios lhe olharam como o condenando.
-Como disse Sr. Potter?
- Eu disse, sim Sr. Snape. – falou em tom de voz normal. Snape se dirigiu aos tios dele:
- O senhor falou de uma forma... Não tem nenhuma aversão a magia não é? Falta de aceitação é uma das principais causas da rebeldia entre os jovens.
- Não, imagina. Nós ficamos muito felizes quando Harry recebeu a carta da escola – Disse tia Petúnia com pressa, forçando um sorriso, mas seus olhos quase lacrimejaram pelo sacrifício de emitir essa frase.
- Nós o estimulamos muito, sempre perguntamos como foi o ano dele na escola. – completou Sr. Valter, sua voz engasgada como se não acreditasse realmente que tivesse dito isso.
-Isso é bom. Realmente muito bom. – Falou Snape em tom de aprovação Harry revirou os olhos e colocou a língua um pouco pra fora fazendo cara de nojo. – Mais alguma pergunta?
- O Mercedes lá fora é seu? – perguntou o Sr. Dursley não conseguindo conter a curiosidade.
Snape deu um sorriso amarelo e fez que sim com a cabeça. A conversa fluiu muito bem. Falaram sobre a rotina normal de qualquer trouxa e Snape parecia conhecer tudo sobre esta rotina, não mostrava surpresa em nada que ouvia. À primeira vista, se se omitisse o fato dele ser bruxo, diria-se até que os Dursley gostaram dele. Snape realmente sabia se portar perto de um trouxa, e sabia especialmente como agrada-los e aceitar suas frases mais do que falsas e mal estruturadas. Harry achou que se a conversa durasse muito mais ele não iria controlar a enorme vontade de vomitar de tanto ouvir os tios contarem o quão perfeita era vida que davam ao sobrinho.
Quando já era umas seis da tarde, Snape disse que tinha de acabar de arrumar as malas, Harry falou que iria subir com ele. Às oito e meia voltariam para o jantar.
- Olha, - disse Snape quando já estavam no quarto – Não cheguei a conhecer muitos trouxas, não assim tão perto de suas rotinas, dentro de casa, fazendo parte de sua vida particular, mas, com certeza, seus tios são os mais cínicos e idiotas de todos os trouxas.
- Nisso todo mundo concorda.
- Eles mentem muito e de forma descarada.
- Eu cheguei a pensar que o senhor tinha acreditado neles. Pelo jeito como concordava com tudo. O senhor chegou a elogiar minha tia!
- Regra número um, Potter, conquiste a dona da casa, e conquiste a casa. E eu não cantaria a sua tia, como você pensou, nem que ela fosse a última mulher do mundo e eu ainda fosse virgem... Regra número dois, nunca questione nem quebre as regras de quem o hospeda se você não tem intimidade suficiente para isso.
- Como sabia que estavam mentindo? Usou Legilimência?
- Não é preciso usar Legilimência nos seus tios, eles têm escrito na testa “estou mentindo”. - Snape começou a procurar alguma coisa em sua mala.
- Por falar em Legilimência, eu tenho duas perguntas sobre ela a fazer.
- Potter? Querendo informações sérias? – Falou com uma sobrancelha levantada e voz irônica. - Querendo aprender? Estou chocado. Muito chocado. Muito, muito chocado. Espere, vou conseguir me recuperar – levantou a cabeça e fingiu pegar fôlego, por um pequeno momento o garoto se arrependeu de ter perguntado alguma coisa, Snape voltou a procurar o que queria em sua mala, como se tivesse se recuperado de uma falta de ar - Pois faça as suas perguntas e quantas outras quiser, eu é que não vou impedir que um avanço como este aconteça.
Harry revirou os olhos pela enésima vez no dia.
- O senhor diz que Legilimência não é ler a mente das pessoas, pois a mente não é um livro, é apenas ter acesso a ela tendo que interpretar o que vê, então por que hoje o senhor conseguiu saber o que eu estava pensando?
- Primeiro porque quando cheguei você não pensava em mais nada a não ser porque eu estava ali e se havia alguma forma de eu ir embora, segundo porque sua mente estava totalmente desprotegida e o contato visual era perfeito, e terceiro porque depois que se passa muito tempo sabendo e usando Legilimência, acaba-se desenvolvendo algumas especialidades que outras pessoas não tem nem vão aprender, são coisas que você desenvolve sozinho. Dons próprios. Difíceis de ensinar em livros. Próxima pergunta.
- Você se comunicou comigo hoje na cozinha?
- Não Potter, foi Deus... – Snape achou o que estava procurando, uma pena de cor prata, dois tinteiros, um rolo de pergaminho e uma espécie de carimbo. - É claro que fui eu seu idiota.
Harry estava se controlando.
- Vou usar a sua escrivaninha o.k? – Snape se sentou na escrivaninha e começou a escrever no pergaminho, a tinta era de uma cor verde.
- Como conseguiu falar dentro da minha mente?
- Eu sei fazer muitas coisas com a mente das pessoas Potter. Depois que se aprende Oclumência e Legilimência, todo o mais fica mais fácil. Até falar por telepatia, que foi o que fiz com você. A mente humana é uma máquina Potter, se a gente descobre como funciona as engrenagens, então a controlamos como quisermos.
Snape parou de escrever e Harry percebeu que a tinta sumira. Ele então começou a escrever no verso do pergaminho com uma tinta que parecia ser normal de cor preta. Harry se sentou na beirada da cama, mais perto de Snape, mas não muito perto.
- O senhor falou que me ensinaria algumas coisas durante as férias, será que poderia ensinar-me a me comunicar com a mente de outras pessoas?
- Talvez Potter. Eu disse “talvez”. – ele ressaltou o “talvez”, enrolou o pergaminho e o lacrou com o suposto carimbo (que criou um selo redondo e prateado que prendia uma extremidade do pergaminho ao verso do mesmo). – Primeiro você irá aprender coisas mais fáceis. – Snape guardou o pergaminho na mala.
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