Snape??



Capitulo II – Snape??

Já em casa, os Dursley levaram Harry para a cozinha, para falar com ele fora da presença de Duda.
- Quer dizer então que até aqueles anormais não estão mais agüentando você?
- Deve ser tio Valter.
- Eu espero que esse... Esse tutor que virá, nos trate direito.
- Deve tratar tia Petúnia. – Harry estava sem muito animo para estas conversas inúteis de seus tios.
- Finalmente alguém percebeu o que há muito tempo eu venho dizendo, você tem que ir para um reformatório, e se para isso é preciso que abriguemos um... Um... Um de vocês aqui, então vai ser assim que vai ser.
- Tudo bem tio Valter.
A conversa ainda seguiu por um tempo e Harry não assimilou uma palavra sequer que seus tios disseram. Quando eles finalmente pararam de falar já era noite, Harry jantou em silêncio e foi para o seu quarto, e dormiu imaginando quem é que viria passar as férias com ele.
No dia seguinte, a umas três ou quatro da tarde, a campainha tocou. E Harry lembrou do que Dumbledore havia dito, “chegará no máximo depois de amanhã, se tudo correr bem chegará amanhã mesmo”. “Será que já é ele?” Pensou Harry e saiu correndo em direção a porta.
- Deixa que eu atendo – gritou ele para os tios (Duda, para variar, não estava em casa), que não haviam feito um movimento sequer em direção a porta.
Harry abriu a porta e ficou ali parado, perplexo, ao ver quem estava parado na soleira. Alguém que ele conhecia muito bem, de cabelos e olhos negros, nariz adunco, e pele macilenta.
- Snape?... – Sussurou Harry.
- Bom dia para você também, Sr. Potter, me chame de Sr. Snape por favor.– Disse com a sua voz arrastada – Não é conveniente que me chame de professor já que nós teremos de fingir que não nos conhecemos. – Snape estava vestido muito bem, e se passaria perfeitamente por um homem de negócios trouxa. Trajava uma calça social preta, uma blusa verde musgo, de gola alta e mangas compridas e uma capa de viagem longa e preta, muito elegante de botões de prata. Seus cabelos estavam bem penteados com as pontas cortadas certinhas e pareciam estar bem mais limpos. Trazia consigo uma mala preta não muito grande, idêntica as que os trouxas usam para fazer viagens curtas. E tinha como plano de fundo, muito bem estacionada em frente à calçada, uma Mercedes preta, impecavelmente limpa, parecendo que tinha saído direto de fábrica para a rua dos Alfeneiros.
- Quem é garoto? – gritou tio Valter da cozinha.Estava comendo um lanchinho que sua mulher, naturalmente, tinha preparado para ele.
- Não é ninguém tio, acho que é um vendedor, não o conheço.
- Bela saída Potter – falou Snape em seu tom mais sarcástico, dando aquele sorrisinho torto de desdém que só ele sabe dar – Mas você não vai se livrar de mim assim tão fácil, querendo ou não você vai ter que passar as suas férias inteiras comigo. Olhe pelo lado bom Potter, enquanto eu estiver aqui, ninguém ira te alcançar...
Uma conta então se fez na cabeça de Harry: Tio Valter + Tia Petúnia + Duda + Snape X dois meses = Harry louco! SOCORRO!
- Potter eu vou ter de ficar muito tempo aqui na soleira da porta?
“Talvez ele seja igual a vampiros” pensou Harry “Talvez ele só possa entrar se alguém o convidar, e se ninguém o convidar ele vai ter que ficar aí fora”.
- Ora Potter, não seja imbecil, não sei como você ainda conseguiu passar do 5o ano sem saber identificar um vampiro, é claro que eu não sou um deles. Eu só tento não quebrar as regras da boa educação.
“Que ótimo, ainda tem um fator agravante, ele é ótimo em Legilimência”.
- Obrigado pela parte que me toca Potter, mas eu já sabia que sou ótimo em Legilimência. Vai me deixar entrar agora?
Tio Valter veio então da cozinha, com o seu corpanzil enorme, saber o que estava acontecendo.
- O que está havendo moleque? Quem é que esta aí?
- Olá, bom dia, o senhor deve ser o Sr.Valter Dursley não? – disse Snape por cima de Harry, já que este era menor do que ele.
- Sou eu sim. – Respondeu tio Valter num rosnado olhando de Snape para a Mercedes estacionada do lado de fora, e tirando Harry do meio dos dois.
- Prazer em conhece-lo Sr. Dursley – disse Snape apertando fortemente a mão gorda de tio Valter - Eu sou o tutor nomeado pelo Ministério. Espero não ter chegado em um momento inoportuno, porque o Sr. Potter aqui insiste em não me deixar entrar. – Snape lançou um olhar fulminante a Harry e tio Valter fez o mesmo. Se olhar matasse, Harry, neste momento, estaria morto por fogo cruzado.
- Desculpe, ele é um tanto quanto mal educado, senhor...
- Snape, senhor, Severus Snape. Aqui está a carta do Ministério comprovando que fui eu o tutor indicado. – Snape retirou um envelope impecavelmente liso do bolso e entregou a tio Valter, que o leu de cima a baixo concordando com a cabeça – Como vê Sr. Dursley, não há motivo para não me deixar entrar.
- Não, tudo bem, pode entrar Sr... Snape não é? – Snape assentiu com a cabeça – E não ligue para o garoto, ele normalmente não trata as pessoas bem, não sei nem porque deixei ele abrir a porta, - Snape entrou no hall – é que eu estava muito ocupado, pegue a mala do senhor, Harry, por favor – tio Valter estava, como nunca havia feito antes, tratando Harry com educação, Harry pegou a mala de Snape – infelizmente senhor nós não temos um quarto de hóspedes em boas condições no momento (tio Valter queria que esse “estranho” tivesse o menos contato possível com suas coisas “normais”, então trancou o quarto de hóspedes), nos tínhamos, mas reformamos a casa há pouco tempo e deixamos este quarto por último, a reforma ainda não acabou. Espero que não se importe de dormir no quarto do Harry.
- Não há problema algum Sr. Dursley. É melhor ainda, assim poderei ter mais contato com a rotina do rapaz.
- Harry, por favor, leve a mala do Sr. Snape até o seu quarto e mostre-o onde ele fica. Depois o traga até a cozinha para apresentarmos Petúnia a ele. E trate bem a nossa visita pelo menos uma vez OK?
Harry revirou os olhos. “Como se quem tratasse mal os outros nessa casa fosse eu!” Pensou Harry, “Ah, faça-me o favor!”.
- Venha Sr. Snape – disse no tom mais irônico possível – Vamos, é lá em cima.
Snape o acompanhou com um sorriso cínico nos lábios.
- Então é aqui que você passa as suas férias Potter? – disse ao entrar no quarto do menino. – Nada mau para uma casa trouxa, cômodo um pouco simples, mobílias um tanto quanto gastas, mas levando em consideração que é o seu quarto, nada mal. O resto da casa me parece um pouco melhor.
- Talvez seja porque o meu quarto é mobiliado com o que sobra dela e ninguém quer mais ou não funciona mais... Pode colocar a sua mala aí junto com a minha. Depois eu arrumo um espaço no armário para colocar as suas roupas, por falar nisso, você só trouxe essa mala pequena aí, de roupas?
- Você pensa que eu tenho uma mente do tamanho da sua Potter? Malas grandes por fora provocam má impressão, passam a idéia de que você vai se mudar para a casa da pessoa. Mas isso não quer dizer – Snape abriu a mala em cima da cama de Harry – que as malas não possam ser grandes por dentro. – a mala era super espaçosa, tinha mais espaço do que o malão de Harry, e nela havia varias divisões que separavam roupas de pergaminhos, de objetos, e de outras coisas mais que Harry não pode ver, pois Snape a fechou. – Gostou Potter? É uma autentica mala bruxa, cabe tudo que você quiser pôr e é super discreta. Pode não ser muito barata, mas é muito útil.
- Legal. – Disse Harry com cara de tédio se sentando na beirada da cama.
- Que foi Potter? – disse Snape com uma cara de falsa tristeza – Tá tristonho é? Tá achando que eu vou estragar as suas férias é? Eu adoraria fazer isso, eu adoraria lhe dar uma poção que te transformasse em um girino, aí eu te jogava num aquário e você ficaria a salvo de qualquer coisa, e quando chegasse a volta às aulas você já seria um sapo muito feio e gordo e eu te transformaria de volta para que pudesse ir à escola, seria bem mais simples assim... – Harry não conseguiu evitar arregalar um pouco os olhos ao ver Snape fazer uma cara sonhadora - mas pode se dar por satisfeito já que estou aqui a trabalho e Dumbledore me deu ordens claríssimas de que era “para eu te manter a salvo de qualquer coisa, não destratar você, ajudá-lo no que fosse preciso, e devolve-lo a escola do jeitinho que saiu de lá, sem marcas, sem seqüelas, sem traumas” – Snape falou essa frase como se a tivesse decorado. – Tenho de mandar relatórios para ele toda semana para dizer como tudo esta indo... Ah! E ainda tenho que tentar pôr o máximo que eu conseguir de defesa pessoal neste seu cérebro sem neurônios.
- Que bom saber que pelo menos danos físicos e mentais que deixem seqüelas eu não vou sofrer...
- Você falou bem, “que deixem seqüelas”, ainda existem inúmeros outros que podem ser utilizados...
- Há, há, há. Pronto, já ri da tua piada, tá feliz agora?
- Olha aqui Potter, em 1o lugar, você ainda me deve o devido respeito, não abuse, não é porque não estamos na escola que eu não possa te castigar - disse Snape apontando o dedo indicador para a cara de Harry – em 2o lugar, eu sei que você não queria que eu estivesse aqui, eu não queria estar aqui, mas nós não podemos fazer nada quanto a isso. Você precisa ser protegido e eu estou aqui para lhe proteger e ajudar no que for, mesmo que não seja a minha preferência. Não vai adiantar de nada se nós passarmos dois meses reclamando um do outro como um casal de velhos. Então é melhor nós nos conformarmos com a nossa situação e nos acostumarmos um com o outro ou só vai ser pior para nos.
- Você... Quer dizer, o senhor, está propondo uma trégua?
- Quase isso. Acho que podemos tentar, se conseguirmos chegar numa trégua, então é porque evoluímos muito, e isso, para você, eu sei que é meio difícil...
Harry revirou os olhos.
- Acho melhor descermos ou os meus tios vão acabar achando que estamos confabulando contra eles.
- Eles são tão paranóicos assim é?
- O senhor ainda não viu nada...
Snape despiu sua capa de viagem, a colocou em cima da cama, e os dois desceram juntos.

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