Festa de boas-vindas





Capítulo 25 – Festa de boas-vindas




- Oh, Aslam! – Lily deu um gritinho de felicidade.
- Vou te levar até o acampamento Lily. E você Ripchip, conduza a Lucy em segurança até a planta que falta para o antídoto, falta pouco para o amanhecer. Depois voltem o mais rápido possível para o acampamento.

Ripchip e Lucy concordaram com um aceno de cabeça.

- Não temos tempo a perder Lily. Suba nas minhas costas e segure-se firme.

Nem passou pela cabeça de Lily contestar. Apesar de achar uma idéia fantástica demais andar montada num Leão, a ruiva subiu em Aslam completamente maravilhada.

Enquanto se agarrava firmemente na juba do Leão, Lily olhou para Lucy e abriu um mínimo sorriso, mas que foi suficiente para a amiga entender que já estava tudo bem entre elas novamente.

Lucy observou Aslam sair correndo com Lily e levou a mão esquerda instintivamente até o pescoço apertando com força o pingente do colar que ganhara de Lily.

- Tomara que eu esteja errada sobre a reação de Littar. – Comentou a loirinha quando Aslam e a amiga finalmente sumiram do alcance de sua visão.

- Duvido muito. – Falou Ripchip dando um tapinha quase imperceptível na espada em sua cintura.




Quando chegaram ao acampamento, Lily parecia ter esquecido todos os problemas que lhe afligiam, tão extasiada pelo passeio que estava.
- Aslam, foi incrível! – Ela falou sorrindo abertamente quando descia das costas do Leão.

- Sabia que iria gostar. – Falou Ele dando uma lambida no rosto de Lily. – Agora eu tenho que lhe pedir uma coisa, filha.

- Pode pedir. – Lily ficou repentinamente séria.

- Apenas que tenha mais paciência com as distrações da Lucy. No fundo ela não é tão irresponsável quanto parece...

- Mas porque...

- Estou te pedindo isso para que no futuro você possa entender que certas decisões ou atitudes da Lucy, por mais que pareçam erradas e inconseqüentes, podem ser a coisa mais certa a fazer.

Lily semi-cerrou os olhos tentando entender sobre o que Aslam estava falando, mas ele pousou uma pata em seu ombro e falou gentilmente:

- É melhor que você vá cuidar do Peter agora, não?

- É verdade! – Lily sobressaltou-se e desamarrou a bolsinha presa na sua cintura. – Com essas ervas aqui eu já posso começar a poção.

Aslam assentiu e Lily correu para a tenda principal.

- Lily! – Lucy P. gritou feliz ao ver a ruiva entrando pela tenda do tecido.

Susan, que dormia sentada em uma poltrona, acordou assustada com o grito da irmã.

- Graças a Aslam! – A mais velha levantou e abraçou Lily. – Estávamos tão preocupados com a sua demora! Conseguiu as ervas?

- Sim...

- E a Lucy e o Ripchip? Onde estão? – Interrompeu Lucy P.

- À procura da última erva que só pode ser colhida ao amanhecer. Mas eu posso começar o preparo da poção com essas aqui...

Lily parou de falar para escutar melhor o barulho que vinha lá de fora e que aumentava a cada segundo.

- Que barulho é esse? – Perguntou Lucy P.

- Parecem... Cavalos. – Falou Susan.

O coração de Lily gelou. Não podia ser...

Nesse momento Edmund apareceu ofegante na entrada da tenda.

- Vocês três, não saiam daqui por nada desse mundo.

E dizendo isso correu de volta lá pra fora.

Lily que não se sentia inclusa na contagem de ‘3’ de Edmund, seguiu atrás dele pra fora da barraca.

O acampamento estava completamente cercado por homens barbudos e mal encarados montados em cavalos. Littar trouxera todo o seu exército.

Lily olhou tudo à sua volta procurando Aslam, mas Ele não parecia estar em canto algum.

- Rei Peter! Venha aqui seu covarde.

Uma onda de cólera invadiu Lily ao ver Littar se referir a Peter daquela maneira. Logo Peter que estava inconsciente e perdendo sangue por causa de um golpe baixo do vizir.

- Por um acaso, tenho a impressão de que foi você o covarde que envenenou a espada antes da luta pra prejudicar o Peter...

- Você de novo, cabelo de fogo? Será que não tem nenhum homem aqui pra responder pela afronta de terem descumprido o acordo?

Edmund se prostrou ao lado de Lily.

- Se tem alguém que descumpriu o acordo, esse alguém foi você, Littar. Perdeu para o Peter, mesmo envenenando-o, perdeu novamente pra Lily e ainda assim não libertou a Lucy como você mesmo tinha proposto fazer se perdesse a luta.

Mas Littar não tinha prestado atenção a uma única palavra de Edmund. Ao contrário, dava ordens para que seus guardas incendiassem todo o acampamento.

- Coloquem fogo em tudo. – Gritou Littar fazendo Edmund empunhar a espada. – E acabem com qualquer um que se coloque no caminho. – completou ele com um sorriso sarcástico.

Lily deu um passo para trás amedrontada.

Uma coisa era Lucy lhe dizer calmamente: ‘...tecnicamente, você descumpriu o acordo de trégua ao me resgatar... E eles pretendiam tacar fogo em todo o acampamento se isso acontecesse’. Outra era ter Littar ali, na sua frente, pronto a incendiar tudo à sua volta.

Se ao menos Lucy estivesse ali... Poderia entregá-la de volta para os calormanos e ter tempo pra pensar em uma solução.

Mas a loirinha tinha sido esperta o suficiente pra não querer voltar logo ao acampamento, se oferecendo pra buscar com Ripchip a Chavindyuns Japoendines.

Uma intensa luta entre Narnianos e Calormanos havia se travado em torno de Lily e ela só percebera o que estava acontecendo quando alguém a empurrou para um canto seguro.

Ela piscou os olhos assustada, só então percebendo quem havia lhe tirado do centro do conflito.

- Ficou louca Lis? Por um milímetro a espada de um calormano não corta o seu pescoço fora!

- Lucy? – Só então Lily reparou que o dia já estava amanhecendo em Nárnia. – Conseguiu a erva?

A loirinha acenou sorrindo que sim e colocou as ervas nas mãos de Lily.

- Já pode preparar sua poção.

- Antes eu vou te devolver para o Littar. – Falou Lily com convicção puxando a amiga.

- Você vai o quê? – Lucy parou de repente se desvencilhando da mão de Lily.

- Olha a sua volta. – Lily fez uma pausa. – Eles estão aqui por sua culpa... Por termos te resgatado.

- Você enlouqueceu ruiva? Essa disputa entre Nárnia e a Calormânia já existia antes mesmo que nós duas pisássemos aqui.

Lily respirou fundo e abriu um sorriso constrangido.

- Você tem razão. Me desculpe. Acho que eu estou assustada com tudo isso que está acontecendo.

Lucy sorriu.

- Pode brigar comigo, mas eu estou achando tudo isso divertidíssimo!

Mas Lily não teve oportunidade de falar nada já que uma lança de fogo cruzou o ar na direção delas e passou entre as duas amigas.

- É melhor você ir preparar a poção do Peter.

- E você?

- Eu me viro. – Lucy falou sorrindo e saiu correndo na direção em que estava Edmund.

Lily ainda continuou ali parada por um tempo, mas depois de não enxergar mais no meio da confusão onde é que Lucy tinha se metido, decidiu seguir o conselho da amiga e ir fazer o antídoto para o Rei Peter.




- Edmund, onde está o Littar?
- Lucy! Você está bem?

- Sim, mas preciso achar aquele traste.

Edmund desviou habilmente da espada de um calormano e puxou Lucy em segurança.

- Acho que é ele ainda montado naquele cavalo branco... – Edmund apontou na direção de Littar e Lucy sorriu agradecida.

A loirinha andou a passos rápidos até o vizir e parou de frente para ele.

- O que você está fazendo aqui?

- Oh! Você resolveu aparecer... Pensei que iria esperar que eu destruísse tudo por aqui.

- Pronto, eu apareci. Vamos embora?

Ele a encarou com desdém.

- Agora não. Só depois que reduzirmos todos eles a pó.

Lucy colocou as mãos na cintura e arregalou os olhos indignada.

- O que você pensa que está fazendo? – Falou uma voz grave atrás da loirinha.

Littar só faltou cair do cavalo com o susto que havia levado. E Lucy virou lentamente pra conhecer quem havia colocado tanto medo nos olhos do vizir.

Mas, para ela, não passava de um desconhecido. Certamente um desconhecido com bastante autoridade, visto as roupas que usava, seu cavalo bem tratado, sua guarda pessoal e, por fim, a expressão de Littar ao vê-lo.

- Olá. – A loirinha cumprimentou sorridente. Quem quer que colocasse medo em Littar e que ainda por cima falasse bravo com o vizir, ela achava que deveria fazer amizade.

- Olá. Ele está te assustando querida?

- Muito! – Respondeu ela com seu melhor olhar de vítima.

- Não precisa mais ter medo, eu sou o Príncipe Rabadash. – Falou ele gentilmente e depois se voltou nervoso para Littar. – O que foi que lhe falei sobre manter relações amistosas com Nárnia?

- Eu... É... Bem, nós...

- Cale-se! Será que eu não posso confiar em você para uma visita cortês à Nárnia que você já quer relembrar a época mais inútil da sua vida, quando vivia sob as ordens daquela feiticeira? Acabe com essa idiotice agora Littar. Enquanto isso eu vou até o Rei Peter.

Littar assentiu e cavalgou até onde os calormanos, que ainda não tinham percebido a presença de Rabadash, continuavam lutando.

- Peter está doente. – Falou Lucy e Rabadash arqueou a sobrancelha. – Foi envenenado em certa luta contra Littar...

- Por Tisroc! – ‘e que Ele viva para sempre’ completou fazendo Lucy arquear a sobrancelha. – Eu não posso acreditar...

Edmund se aproximou do grupo.

- Príncipe Rabadash! Que surpresa!

- Rei Edmund! – O príncipe o cumprimentou com um abraço amigável. – Vim o mais rápido que pude assim que soube das burradas que Littar estava fazendo. Mas acabo de ser informado que ele foi ainda mais longe...

- Está se referindo à ferida de Peter? Por sorte temos uma amiga que sabe como curá-lo.

Naquele momento, todas os calormanos já tinham abandonado as lutas e estavam alinhados atrás de Littar que retornou à presença de Rabadash.

- Peço desculpas pelo...

- Nós conversaremos depois, Littar, depois... Agora eu quero que você leve seus homens de volta à Calormânia.

- Assim será feito admirável Príncipe.

Lucy, Edmund e Rabadash observaram satisfeitos Littar saindo de Nárnia com seus soldados.

- Foi Aslam quem te mandou aqui! – Lucy falou inesperadamente.

Edmund sorriu e Rabadash fez uma expressão de curiosidade.

- Curioso... Meu pai, Tisroc ‘que ele viva para sempre’ esteve um pouco doente na última semana e eu precisei fazer uma viagem, só por isso o governo da Calormânia ficou temporariamente nas mãos de Littar. Mas na última noite eu tive um sonho com alguém me avisando que a Calormânia estava dando um passo muito errado. Fiquei impressionado e voltei imediatamente. Foi então que descobri o que estava acontecendo.

Eles ficaram um tempo em silêncio, até que Rabadash avistou Susan Pevensie saindo da tenda principal.

- Com licença, rei Edmund. Vou conversar com a rainha Susan.

Edmund concordou e ele saiu depois de fazer uma reverência cortes a Lucy.

- Não queria estar na pele do Littar na hora que esse príncipe chegar na Calormânia...

- Eu também não Lucy.

- Ele parece legal.

Edmund sorriu para a loirinha.

- Está interessado em casar-se com Susan... Tem que fazer a pose de bom moço, não?

- Casar com a Susan? Pra unir Nárnia e a Calormânia?

- Eu não penso que os calormanos desejem uma união pacífica com Nárnia... – Falou ele observando o estado do acampamento.

O restante do dia passou sem maiores incidentes.

Lily conseguiu terminar o preparo da poção para Peter e ele melhorava gradativamente. Lucy ajudou os narnianos a colocar o acampamento em ordem e as irmãs Pevensie se ocuparam de cuidar dos preparativos para uma festa que fariam naquela noite.

Rabadash aceitou o convite para almoçar no acampamento e, por insistência de Edmund, aceitou também ficar para a festa.

- Finalmente uma festa de boas-vindas para as nossas ilustríssimas convidadas! – Falou Susan quando se sentou ao lado de Lucy E. embaixo de uma árvore.

- Em nossa quarta noite em Nárnia... Nossa, eu tenho a impressão de que estou aqui há meses.

- Mas também, aconteceram tantas coisas! Até seqüestrada você foi...

As duas riram.

Lucy P. e Lily também se juntaram as amigas.

- Peter está melhorando. – Lily comentou feliz. – Já está até conseguindo sentar e comer.

- Graças a você. – Susan segurou a mão da ruiva. – Obrigada Lily.

- Não fiz mais do que o meu trabalho... Eu vou ser medi-bruxa.

- Medi-bruxa? – Perguntou Lucy Pevensie

- Sim, curandeira, médica... Mas no Mundo Mágico o nome é medi-bruxo.

- Por isso que a Lily estuda como uma louca... É muito difícil conseguir trabalhar num hospital bruxo.

- Eu nem estudo tanto assim, Lucy.

A loirinha deu uma gargalhada.

- Não, é só minha imaginação...

- Desculpe Lily, mas eu vou acreditar na Lucy. – Susan falou sorrindo. – Que outra pessoa além de você iria saber reconhecer um veneno do jeito que você reconheceu e ainda conseguir fazer um antídoto com tantas ervas diferentes e esquisitas?

As quatro meninas riram.

- Ta certo, eu estudo um pouquinho...

- Um pouquinho? Você vive pros livros, Lis.

- Mas não tem ninguém que consiga te arrastar pra longe dos livros? – Perguntou Lucy P.

Lily negou com um gesto de cabeça.

- Nem a Lucy sendo a peste que é consegue me tirar da biblioteca. Só algumas vezes quando ela senta comigo e começa a cantar bem alto. Aí ela consegue uma expulsão pra nós duas.

- Eu nunca mais fiz isso... Da última vez, Madame Pince me deu uma detenção e foi horrível!

As meninas riram e Susan se levantou prendendo o cabelo.

- Gente, a conversa está ótima, mas eu tenho que ir. Preciso ver se está tudo em ordem pra nossa festa.

- Eu vou com você, Su. – Falou Lucy Pevensie.

Lucy esperou as irmãs Pevensie saírem e deitou a cabeça no colo de Lily.

- Saudades de casa?

Lily pensou um pouco antes de responder.

- Um pouco, Lu. Mas, pra ser sincera, não tenho vontade de sair desse lugar tão maravilhoso e voltar pro meio daquela guerra horrível.

- Acho que eu concordo com você... Mas morro de saudades das meninas, da Aruska, dos marotos, do Sirius...

- Do Edgar... – Falou Lily sorrindo.

- É... Dele também. Tadinho... Eu gosto tanto dele, mas às vezes nem lembro que é meu namorado.

Lily riu e levantou Lucy de seu colo.

- Preciso ir ver meu paciente.

- Ele já está conversando?

- Um pouquinho. Mas está melhorando muito mais rápido do que eu esperava.

- Também, sendo cuidado com tanto carinho...

- Sua boba. Eu faria isso por qualquer um, você sabe disso.

- Até pelo James?

Contrariando todas as expectativas de Lucy, Lily sorriu.

- Se ele fosse ferido em uma luta tentando salvar minha melhor amiga... Sim, eu faria o possível pra salvá-lo pra agradecer.

- Ai, Lily que lindo! Eu não pensava que você me amava tanto assim.

- Você sabe sim. – Falou a ruiva sorrindo marotamente. – E sempre abusa disso, mocinha. Mas não pense em se jogar no salgueiro lutador pro James te salvar que eu não vou cair num truque desses.

A loirinha fez um biquinho triste, como se tivesse cogitado exatamente essa possibilidade, e Lily saiu sorrindo pra ver Peter.




O céu de Nárnia ostentava naquele momento uma bela e imensa lua cheia.

Lucy tinha se afastado um pouco da festa e segurava um copo de bebida com as duas mãos enquanto observava o luar.

- E do Remus, você nunca leu? – Lucy negou com a cabeça - Acho que a primeira pessoa desse quarto que eu pensaria em ler a mente seria o Remus, ele é muito misterioso às vezes.

- Por isso que Deus não dá asas às cobras. É um ditado trouxa. – explicou ao ver a cara de interrogação de Sirius – Eu só leria a mente do Remus se fosse estritamente necessário, um caso mais grave que vida ou morte.

-Por que? – Sirius não entendia a observação de Lucy.

A loirinha encarou Remus que conversava animadamente com Lily.

- De todos nós ele é o que guarda mais sofrimentos. Ele deve ter coisas horríveis em sua mente, lembranças horrorosas sobre as transformações, sobre o dia que foi mordido, sobre a morte que ele presenciou. – virou para Sirius – Você sabia que ele pode ver testrálios?

- Sabia. Mas não sei por que, ele nunca gostou de falar sobre esse assunto.

- Então imagina que coisa trágica ele deve ter presenciado pra não contar nem para os melhores amigos. É por causa disso tudo que eu jamais leria a mente dele. Quando eu leio a mente de alguém, os mesmos pensamentos ou lembranças que eu tiver vendo a pessoa vê também, mas sente como se fosse uma lembrança voltando e não sabe o porque. A não ser é claro que tenha algum treinamento como o Malfoy que percebeu o que eu estava fazendo e interrompeu o contato...


- Pensando em quê? – Lily passou a mão no cabelo de Lucy.

A loirinha sorriu para a amiga.

- Será que o Remus vai me perdoar?

- E porque ele deveria te perdoar?

- Eu jurei pra mim mesma que jamais leria a mente dele. E eu ainda não acredito que tive coragem de ver tudo aquilo, o dia mais infeliz da vida dele.

Lily pensou um pouco e depois sorriu benevolente.

- Sabe, eu acho que ele não tem porque ficar chateado com você. O que você estava tentando fazer era encontrar uma lembrança feliz, algo que o fizesse lembrar quem ele era.

- Eu sei. Mesmo assim eu devia ter imaginado que a única lembrança na mente do Remus transformado era a do dia em que foi atacado.

- Não fica sofrendo por antecipação. Quando voltarmos para Hogwarts vocês dois conversam, tenho certeza que vai dar tudo certo.

Lucy não estava completamente convencida.

- Vamos voltar pra festa que está uma delícia.

As rainhas Pevensie tinham mesmo organizado uma linda festa. Além da fartura de comidas e bebidas, no centro do acampamento tinha sido acesa uma fogueira, em torno da qual muitas dríades e faunos dançavam ao som dos tambores e outros instrumentos tocados, a maioria, por anões muito simpáticos.

Até mesmo a música em Nárnia era especial. Era... inebriante. Ao mesmo tempo suave, campestre e animada. Era mágica.

- Acho que o príncipe Rabadash e a rainha Susan querem conversar com você. – Lucy apontou para Susan que fazia sinais chamando a ruiva. – Pode ir, eu vou ficar aqui mais um pouco contemplando, finalmente, a linda e agradável noite narniana.

- Tudo bem. Eu vou lá conversar com a Susan e você: nada de ficar se preocupando a toa.

Lucy concordou que sim e Lily voltou para a companhia da rainha Susan. A loirinha encarou demoradamente o copo em suas mãos e riu ao observar os efeitos causados no reflexo da sua imagem na bebida quando ela balançava o copo.

- Pensando no seu ex-noivo? – Perguntou uma voz alegre à sua frente.

A loirinha ergueu os olhos e sorriu para a xará.

- Que Aslam me livre para sempre daquele monstro. – Lucy falou rindo mas depois ficou séria. – Estava observando meu reflexo dentro do copo e pensando no quanto a gente pode ser diferente dependendo do ponto de vista de quem observa.

- Oh... Não queria interromper seus devaneios. – Lucy P. falou divertida.

- Mas pense comigo. Se eu fosse uma calormana, olharia para Littar de outro jeito. Talvez até considerasse heróico o ato dele. Talvez fosse, inclusive, apaixonada por ele...

Lucy Pevensie fez uma careta e a loirinha voltou a si.

- Só usei Littar como exemplo. Na verdade meus pensamentos estavam muito longe de Nárnia e da Calormânia...

- Esqueça isso tudo, eu tenho uma coisa pra te mostrar. Você vai ficar mais animada.

- O que é? – Perguntou a loirinha sendo arrastada por Lucy Pevensie para dentro da floresta.

- Vou te levar a um sábio centauro.

- E pra que eu quero ver um centauro inteligente?

- Ele não é apenas sábio. – Falou Lucy P. parando de frente para a amiga. – É um ótimo profeta.

- Profeta? – Lucy E. começou a rir. – Me desculpe Lu, mas eu não acredito nisso.

- Ainda assim, vai te custar alguma coisa conversar com ele?

A loirinha sinalizou com um movimento de cabeça que não e depois sorriu.

- Você deveria chamar a Lily. Ela sim leva muito a sério essas coisas de profecias, ver o futuro, alinhamento dos planetas...

- Mas não é com ela que eu quero falar. – Falou uma voz firme atrás das duas meninas.

Lucy virou-se para ele e continuou sorrindo.

- Se aproxime. – Falou o centauro e ela obedeceu.

Lucy Pevensie continuou afastada.

Pouco podia ouvir do que o centauro falava para a loirinha, mas percebia que ele encarava a garota olhando profundamente em seus olhos. Quando ele terminou de falar, Lucy E. riu mais uma vez.

- Por favor, me perdoe mesmo. Mas eu realmente não acredito nessas coisas.

- Eu sei que não. Mas quando a profecia estiver se cumprindo você vai acreditar e vai saber o que fazer.

E dizendo isso o centauro se foi.

Lucy E. ainda ficou parada no mesmo lugar por algum tempo, depois voltou para a companhia da amiga, mas sem seu habitual sorriso.

- Foi tão ruim assim o que ele viu pra você?

- Não. Foi... Profundo, bonito até. Mas o modo que ele falou. – A loirinha fez uma pausa. – Acho que foi isso que me impressionou.

- E qual é a sua profecia?

- Não quero falar sobre isso. É que eu realmente não acredito em profecias, destino e todas essas coisas. Pra mim, cada um trilha seu próprio caminho, da maneira que lhe apetece. Então eu sinto que se eu falar, vai ser como se eu tivesse concordando que ele tinha razão. O melhor é esquecer essa história toda de centauros videntes, profecias e tudo mais.

- Se é assim que você quer... – Lucy P. deu de ombros. – Vamos voltar para a festa?

Lucy E. concordou e as duas voltaram para a festa que continuava bastante animada. As dríades e os faunos davam um espetáculo à parte dançando em volta da fogueira.

As duas se juntaram à eles e Lucy E. viu o quanto era difícil aprender todos aqueles passos da divertida dança narniana.




N/a:
Que lindo, tudo acabou bem afinal de contas... Mas quase que o Littar conseguiu incendiar tudo, não? E que história é essa de profecia pra Lucy? (o.O) O que o sábio centauro falou de tão desconcertante pra nossa loirinha? Isso são cenas dos próximos capítulos...

Ah, pra quem conhece Nárnia, esse príncipe Rabadash que aparece aqui é o mesmo que aparece no livro ‘O cavalo e seu menino’ e que pretende casar com a rainha Susan e... Acaba do jeito que acaba. (não vou estragar a surpresa de quem ainda não conhece a história, certo???)

É isso... Espero muitos comentários, ok? Assim eu volto rapidinho!!!

Muitos beijinhos, Luci E. Potter.

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