À Beira do Abismo



Capítulo 18 – À Beira do Abismo


O dia seguinte amanheceu chuvoso, mas logo um sol tímido apareceu entre as nuvens cinzentas.

- Bom dia, Lis! – Alice cumprimentou a amiga na mesa do café da manhã. – Que livro é esse?
- Bom dia, Lice. É nosso livro de transfiguração do primeiro ano. Comecei a fazer algumas revisões para os NIEM´s.
- Já? – Perguntou Gwenda sentando de frente para a ruiva.
- Eu vou ser medi-bruxa, tenho que conseguir as melhores notas.
- Bom dia meninas. – Lucy cumprimentou. – Alice, o professor Dumbledore quer vê-la durante a primeira aula.
- O que você andou aprontando, Lice? – Gwenda perguntou divertida.
- Eu, nada. – Alice deu de ombros – Tenho minha consciência tranqüila. Agora você, Lucy, trate de explicar o que foi que aconteceu com você ontem? O Edgar terminou o namoro?
- Não, ainda estamos juntos. – Lucy respondeu sorrindo.
- Então porque você estava tão triste quando voltou para a nossa cabine?
- Exatamente por isso, Lice. Eu estou fazendo o Ed sofrer, ele não merece. Ele me pediu um tempo e eu não aceitei, ou a gente continuava junto ou terminava de uma vez. Então ele me pediu desculpas pela ceninha de ciúmes, e disse que queria continuar comigo. Mas eu não acho certo.
- Você não conseguiu gostar dele como queria. – Lily falou abaixando o livro.
- É. Eu achei que conseguia, mas já estamos com nove meses de namoro, e eu sinto como se estivesse brincando com ele.
- E o que você pretende fazer? – Gwenda perguntou.
- Ainda não sei. Vou levar as coisas em banho-maria por enquanto.
- O Sirius acha que o Edgar não é a pessoa certa pra você. – Gwenda comentou casualmente.
- A Emily também não é a pessoa certa pra ele, mas estão juntos, não estão? – Lucy perguntou rindo – A vida é muito engraçada.

Os marotos chegaram no salão principal rindo. Remus se sentou ao lado de Gwenda e James sentou entre Lily e Lucy. Petter ficou um pouco mais afastado.

- Lily, não tínhamos que entregar o horário para os alunos? – Perguntou James.
- É Ev... Oh, Merlin! Eu havia esquecido. – Lily levantou num pulo. – McGonagall vai ficar uma fera comigo, tenho que ir pegar os horários com ela.
- Hei, calma! – James a segurou pelo pulso antes que ela saísse. – Eu já peguei os horários. – Ele abriu uma pasta preta. – É só entregarmos.

Lily olhou para ele surpresa.

- Muito bem, Potter. Eu, sinceramente, não esperava por isso.
- Eu sei. – Ele piscou um olho – Já te falei que você é bastante previsível?

Lily estreitou os olhos e Remus interveio.

- É bom entregar logo então. As aulas começam em meia hora.
- Vamos, Potter.

Lily saiu apressada e James foi atrás dela.

Nesse momento Emily entrou no salão principal chorando e sentou em um canto afastado.

- Nossa, ela está horrível. O que será que aconteceu? – Perguntou Gwenda.
- Não é a primeira vez que a vejo chorando. Nem me preocupo mais. Deve ser qualquer banalidade. – Lucy respondeu procurando Edgar com o olhar.

Alguns minutos depois Sirius chegou sorridente e ocupou o lugar que Lily havia deixado vago.

- Que cara é essa, Almofadinhas? – Perguntou Remus.
- Nada demais.
- Remus, você que é amigo não consegue perceber? Emily chega sozinha e chorando, Sirius entra logo depois sorrindo como se tivesse acabado de ganhar o maior prêmio da loteria bruxa. O que isso significa? Mais um coração despedaçado. – Lucy falou sem olhar para Sirius.
- Você é vidente também, Lucy? – Sirius perguntou sorrindo.
- Você terminou mesmo ou só está dando um tempo? Porque ela não parece tão mal quanto a Anne Florence que foi parar na enfermaria por três dias.
- A Emily é mais forte que a Anne.

Lucy balançou a cabeça descrente.

- Nossos horários. – James entregou um pergaminho a cada um.
- DCAT só daqui a três dias. – Lily falou triste sentando ao lado de Sirius.
- Professor Kirke parece bem melhor que nossos seis professores anteriores. – Falou Alice.
- Tenho Trato das Criaturas Mágicas, agora. – Lucy falou observando o horário.

A turma ficou toda separada. Lily e Petter que faziam Herbologia foram para as estufas. Lucy desceu para a aula com o professor Kettleburn. Alice subiu para a sala de Dumbledore. James, Sirius e Remus estavam com o tempo livre e Frank ainda fazia Runas Antigas.

No período da tarde tiveram todos as mesmas aulas: poções e transfiguração.

No fim do dia estavam exaustos, mas Lily convenceu as amigas a fazerem os deveres logo pra não acumular durante a semana.

- Queria saber o que o Remus me esconde. – Gwenda falou pousando a pena no dever de poções.
- Como assim, Gwen? – Lily perguntou depois de trocar um olhar nervoso com Lucy.
- Todo mês ele tem que visitar alguém doente. Sabe, eu nunca tinha percebido o tanto que ele faz isso. Sempre tem alguém na família dele prestes a morrer. O mais estranho é Dumbledore deixá-lo faltar tantos dias de aula. É sempre uma semana de licença.

Lucy desviou os olhos pra fora do salão comunal. Tinha anoitecido rápido, e uma imensa lua cheia ocupava o céu.

- Pergunta pra ele. – Falou Alice. – Ele não mentiria pra você.
- Ele disse que a família dele tem uma doença rara e que ele sempre tem que visitá-los e mais nada.
- Desde quando você começou a desconfiar que não é isso que acontece? – Lily perguntou temerosa.

Quando ela própria começou a desconfiar dos sumiços de Remus, em três dias já tinha conseguido chegar à verdade.

- Sempre achei estranho. Mas hoje ele estava muito abatido e se despediu de mim sem mais nem menos depois da aula de Transfiguração.
- Ele sofre muito com isso, Gwen. Eu sei que tem um período certo que ele pode ver a família sem se contaminar, não sei direito que doença rara é essa que eles tem, mas cada visita do Remus pode ser a última. – Lucy falou de um modo carinhoso.

Gwenda pensou um pouco.

- Nós começamos as aulas hoje. Ele esteve até agora com a família, precisava voltar para vê-los?

Lily e Lucy trocaram um olhar preocupado e Lucy mordeu o lábio inferior. Decidiram não continuar no assunto.

- Pra você, meu lírio. – James sentou ao lado da ruivinha e entregou uma rosa vermelha.
- É Evans, Potter.
- Eu sei. – Ele respondeu sorrindo. – Lily, me responde uma coisa, os monitores-chefe não têm direito a um quarto especial?
- Vejo que você sabe ler a sua correspondência. – Lily comentou sarcástica.

James a ignorou.

- Então porque não estamos em nossos aposentos reais?
- Eu prefiro continuar aqui. Se você quiser mudar de quarto, a localização também está na carta que você recebeu de Hogwarts.
- Ah, não. Não quero ficar lá sozinho. Só se você também for.

Lily deu uma risada.

- Só nos seus sonhos, Potter.
- James, você sabe o que aconteceu com o Remus? – Gwenda perguntou subitamente.

Lily olhou alarmada para James. Não podia deixá-lo responder. Já pensou se ele contasse uma versão diferente da história da Lucy?

- Oh, Merlin! Nós esquecemos! Potter vem comigo. – Lily levantou depressa e puxou James pelo pulso. – Desculpe Gwen, é urgente.

Gwenda observou os dois saírem apressados pelo buraco do retrato.

- O que deu nela? – Alice traduziu em palavras a expressão de Gwenda.
- Não faço idéia. – Lucy respondeu respirando fundo aliviada por Lily ter tomado uma atitude. – Lice, você pede pra Lis revisar minha redação quando ela chegar? – perguntou guardando o material. – Vou encontrar o Edgar.
- Peço sim.
- Obrigada.




- Ufa! – Lily falou aliviada depois de atravessarem o retrato da mulher gorda.
- Posso saber o que foi? – James perguntou confuso. – Não que eu não tenha gostado de ter sido puxado por você aqui pra fora, mas é que eu não faço idéia do que foi que ‘nós esquecemos’.
- Nada. É que a Gwen está começando a desconfiar dos sumiços do Remus.
- Ah, não! Quando isso acontece... leva uns três dias pra pessoa juntar os fatos.
- Você também levou três dias? – Lily perguntou inclinando a cabeça.
- Dois, mas só no terceiro tive certeza.
- Ah! Precisamos fazer alguma coisa. Provavelmente ela vai te perguntar de novo e também ao Black. E se não ficar satisfeita com a resposta, vai tentar averiguar sozinha.
- O que foi que você falou pra ela? – James perguntou preocupado.

Lily olhou em volta.

- Vamos pra outro lugar, seria engraçado se ela saísse da Torre e nos encontrasse aqui cochichando sobre a vida dela.
- Adorei a idéia. – James falou sorrindo.




Alice subiu cedo para o dormitório. Estava uma noite abafada e cheia de estrelas. Gwenda disse que demoraria a dormir e ficou no salão comunal terminando os deveres.

Emily já estava com as cortinas da cama fechadas. A morena andou calmamente até a janela e ficou observando os terrenos de Hogwarts.




O salão comunal estava deserto. Alguma coisa dizia que ela devia desistir daquela bobagem e ir dormir. Mas por outro lado, sua curiosidade falou muito mais alto.

Esperaria o tempo que fosse necessário, mesmo com o sono que estava chegando.

Mas não precisou esperar muito. Logo viu Sirius descer lentamente as escadas do dormitório masculino, disfarçar e sair do salão comunal sem chamar atenção.

Passou a mão de leve sobre sua capa cor-de-rosa do uniforme, prendeu o cabelo e olhou no relógio.

- Vamos descobrir onde Remus está se escondendo. – Gwenda falou pra si mesma antes de sair atrás de Sirius.




- Demorei? – Lucy perguntou sentando ao lado de Edgar num banco no saguão de entrada.
- Não muito. – Ele respondeu sorridente depois de dar um beijo na namorada.
- O que você queria me mostrar?
- É lá fora. Eu não posso pegar detenção porque é minha ronda hoje, mas se você pegar, eu te ajudo, ok?
- Tudo bem. Uma detenção de vez em quando faz bem pra sair da rotina. – Lucy respondeu rindo.
- É um lugar lindo, próximo ao lago.
- Na parte de dentro da floresta?
- Entra uns poucos metros.

Ela suspirou. Não tinha boas lembranças da última visita à Floresta Negra, ainda assim, se sentia confiante ao lado do namorado.

- Vamos logo então. – Ela sorriu e estendeu a mão pra Edgar.




- Espero que dê certo, Potter.
- Não costumo errar nas minhas suposições, Lily.
- Evans. – Lily corrigiu cansada. Devia a centésima vez só aquela noite.
- É só não deixá-la sozinha até o Remus voltar pra contar a verdade à ela.
- Tudo bem. Vamos tentar isso por enquanto. Agora vamos voltar, Potter. Nem vi que já estávamos aqui fora. Já está tarde e... hei! Ficou louco?
- Shhh! – James tinha puxado Lily pra sombra da estufa número dois.
- O que foi? – Ela perguntou num sussurro.
- Olha. – Ele apontou para um vulto negro. – Alguém está passeando aqui fora. Suspeito não é?
- E tem alguém o seguindo. Parece ser uma garota.
- Vamos atrás deles?
- Eu não. E se forem Comensais?
- Colocaremos eles em detenção. Você não está com a sua varinha?
- Estou. – Lily olhou os dois vultos se aproximarem da floresta negra. – Tudo bem, vamos logo, antes que a gente perca eles de vista.




- Merlin! É a Gwenda! – Alice assustou ao ver a amiga fora da escola. – O que essa maluca está fazendo lá fora?

Olhou mais para frente de Gwenda e viu alguém vestido de preto. Sentiu o coração gelar. Não sabia porque, mas uma sensação de pavor se apoderou dela.

- Preciso chamar o Frank.

A morena correu até o dormitório masculino e bateu na porta desesperadamente.

- Alice? O que foi?
- Gwenda, está seguindo alguém lá fora da escola. Estou com medo, era alguém todo de preto, não me causou uma boa impressão.
- Como você sabe que é ela?
- Eu vi da janela do dormitório. Sei que a distância é grande, mas eu reconheço aquela capa cor-de-rosa que a mãe dela bordou para o uniforme.
- E o que você quer fazer?
- Não é óbvio? Vamos atrás dela!




- Ed, o lugar parece lindo, mas não seria ainda melhor se viéssemos durante o dia?
- É lua cheia, daqui a pouco a luz dela vai entrar por aquele espaço, você vai ver que efeito lindo.
- Lua cheia... – Lucy sussurrou pensando onde estaria Remus àquela hora.




Petter já estava na casa dos gritos com Remus. O lobisomem estava estressado e o pequeno ratinho não sabia mais o que fazer para entretê-lo enquanto esperava James e Sirius.

Resolveu atraí-lo pra fora da casa dos gritos, os amigos já deviam estar chegando, encontraria eles no caminho.

Petter, em sua forma animaga, andava em círculos e fazia todo barulho possível para chamar a atenção do lobisomem. Chegando lá fora avistou Sirius se aproximando. Deixou o lobisomem alguns metros pra dentro da floresta e voltou à sua forma humana.

- Você demorou, Sirius! Já não sabia o que fazer com o Remus. – Reclamou Petter se aproximando do outro maroto.
- Estava esperando o Pontas, mas ele sumiu, evaporou. Ainda por cima levou o Mapa com ele. Onde está nosso lobisomem de estimação?
- Na floresta, já está nervoso, quebrou duas janelas hoje.

Quando Petter terminou de falar, Remus apareceu na orla da floresta.

Sirius e Petter deram um passo atrás e já iam se transformar quando ouviram um grito agudo logo atrás deles.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Gwenda não conseguia parar de gritar.

Sirius se virou assustado e o lobisomem avançou na direção deles.

- Gwenda, sai daqui. – Sirius gritou.

Mas ela não conseguia se mexer. Num gesto rápido, Sirius jogou Petter pra cima dela e se transformou num enorme cão negro, avançando contra Remus.

Conseguiu desviar por alguns minutos a atenção do lobisomem. Voltou à forma humana antes que Petter saísse de cima da garota.

- Gwenda, vai embora daqui! – Ele gritou novamente. – Agora!
- Re... Remus? – Ela perguntou chorando. – É verdade o que eu ouvi?
- Vai embora, Gwenda! – Sirius gritou novamente.
- O James está vindo com a Evans! – Petter apontou para os dois grifinórios que se aproximavam correndo.
- Já não bastava uma garota por aqui? – Sirius falou baixo passando as mãos desesperado pelo rosto.




Lucy estava sentada na margem do lago, batendo os pé na água e mexendo no cabelo de Edgar que estava deitado no seu colo.

Já tinha tentado terminar o namoro três vezes naquela noite. Mas cada vez que abria a boca pra falar no assunto, faltava-lhe coragem.

Foi quando ouviram um grito agudo não muito longe daqui e levantaram rápido.

- Gwenda sai daqui. – Ouviram Sirius gritar.
- Oh, Merlin, a Gwen.

Lucy levantou assustada e saiu correndo com Edgar em seu encalço.

O garoto a alcançou rápido e segurou-lhe o pulso.

- Ficou louca?
- É minha amiga gritando.
- Se ela está gritando é porque está em perigo!
- Brilhante isso, sabia? – Lucy puxou o braço com violência.
- Vamos chamar ajuda, você só vai entrar na situação de risco junto com ela.
- Ela não tem tempo, Ed. Eu não vou deixar minha amiga lá gritando e ficar aqui sem fazer nada. – Lucy saiu correndo novamente.

Edgar ficou parado por um tempo e depois correu atrás dela.




- Rabicho, tira a Gwenda daqui. – Sirius gritou mais uma vez. – Estupefaça! – gritou mandando o lobisomem pra longe. – Rápido!

Petter tentou puxar Gwenda pela mão, mas ela estava estática.

- Estupefaça. – Lily e James gritaram juntos afastando o lobisomem de Sirius mais uma vez.
- Gwenda, o que você está fazendo aqui? – Lily perguntou segurando a mão da amiga.
- Você sabia, Lis?
- Não é tempo pra isso, Gwen, vamos embora.
- Vai, Gwenda! – Sirius falou cansado.
- Vocês todos sabiam. – Ela falou chorando. – Todos vocês.

Naquele momento Alice e Frank chegaram à orla da floresta também.

- O que está acontecendo? – Alice perguntou nervosa ao ver a amiga chorando.
- Virou festa isso aqui hoje! – Sirius falou com raiva chutando um pedaço de madeira.

Ele e James precisavam se transformar pra tirar Remus de perto dos amigos, mas não podiam se transformar na frente deles.

- Alice, me ajuda a levar a Gwenda daqui. – Lily olhou suplicante para a amiga.
- Remus é um lobisomem, Alice. Um lobisomem. E todo mundo sabia, todos vocês me enganaram.
- Eu... – Alice encarava a amiga descrente – Eu não sabia, Gwen. É verdade? – Perguntou para Lily.

Mas foi James quem respondeu.

- É. É verdade, aquilo deitado ali é um lobisomem, e aquele lobisomem é o Remus! E se vocês não saírem logo daqui, ele vai acordar e morder cada um de vocês que se transformarão em lobisomens também, que tal?

Frank e Alice deram um passo para trás. Olhando a figura enorme que tinha se erguido atrás de James e Sirius.

O lobisomem estava a poucos centímetros de atacá-los quando ouviram mais um grito.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Era Lucy tentando chamar a atenção de Remus, e funcionou.

O lobisomem correu na direção dela desviando do feitiço lançado por Lily. Se preparava pra pular na loirinha quando ela começou a cantar. Era uma canção infantil.

- Vamos, Remus. Eu sei que você está aí embaixo, lembra da minha voz, lembra de quem é você. – Ela olhou fundo nos olhos do lobisomem, precisava achar alguma lembrança feliz na mente daquele fera. Talvez se conseguisse penetrar nos pensamentos dele, pudesse sugestioná-lo a lembrar a pessoa boa que era.

Todos assistiam à cena paralisados.

- Se não funcionar... – Sirius sussurrou.
- A gente se transforma. – James completou. – Não interessa as explicações que vamos ter que dar depois.

Mas parecia estar funcionando. Lucy conseguiu achar uma lembrança da infância dele e Remus parecia muito feliz naquele dia. Deu um passo à frente.

- Lucy. – Edgar sussurrou assustado e ela apenas fez um gesto com a mão para que ele não interrompesse o contato.

Na lembrança que compartilhavam, Remus brincava sozinho em uma pequena vila. Não, não estava sozinho, tinha um adulto chutando a bola para ele, o adulto era muito parecido com o Remus atual, exceto por uns poucos cabelos brancos e por ser mais alto e mais gordo.

O Remus criança, que não devia ter mais que dez anos, ria muito com as palhaçadas do pai.

- O que será que está acontecendo? – Alice perguntou em sussurros para Lily quando o lobisomem sentou e Lucy se aproximou ainda mais.
- Não sei. – Lily respondeu com a voz rouca.

Lucy sorriu ao ver na lembrança o pai de Remus pegar o garoto no colo e erguê-lo no ar como se o menino tivesse ganho o jogo. Parecia ser um dia feliz. De repente o tempo na vila fechou, Lucy reparou o vento forte batendo nas roupas do varal próximo à eles e o pai de Remus parar a comemoração. As pessoas começaram a entrar nas casas correndo e gritando, e o senhor Lupin tentou fazer o mesmo, mas tropeçou na bola e caiu no chão por cima do filho. Quando virou pra cima, eles viram um enorme Lobisomem babando neles.

Lucy se aproximou do amigo e estendeu a mão para tocá-lo. Uma lágrima lhe escorreu pelo rosto, já tinha percebido o que aconteceria ali. Na lembrança, o pai de Remus acabava de chutar a fera para afastá-lo do filho, pegou Remus no colo e saiu correndo. O lobisomem saltou na frente deles e bloqueou a entrada da casa.

O Senhor Lupin empurrou o filho para trás, escondendo-o com o corpo, mas Remus assustado, começou a correr. Lucy não podia escutar as vozes, mas leu nos lábios do senhor Lupin o grito de desespero. O lobisomem avançou sobre Remus e lhe mordeu a barriga, depois avançou contra o senhor Lupin, que, num ato de desespero, puxou um machado que estava cravado em algumas lenhas e acertou o lobisomem na perna.

O pequeno Remus, deitado no chão, chorava compulsivamente e agarrava a barriga dilacerada pela mordida do lobisomem. Este, por sua vez, depois da machadada avançou novamente na direção da criança e o senhor Lupin pulou entre ele e o filho. O lobisomem, ferido e nervoso, o atacou sem dó, mordeu-lhe os braços, as pernas e a cabeça.

E o corpo inerte do senhor Lupin caiu sobre Remus, enquanto o lobisomem fugia do lugar mancando.

- Oh, Merlin! – Lucy sussurrou aproximando a mão do rosto do amigo. – Eu... eu não sabia, Remus... – Ela acariciou-lhe o focinho, lágrimas grossas escorriam pelo rosto da garota.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido.

O lobisomem levantou num pulo e por milímetros não mordeu a mão da loirinha que caiu com um baque no chão ao ser empurrada por Edgar.

Sirius e James também tinham avançado na direção de Remus, transformados em dois grande animais, conseguiram derrubar o lobisomem.

- Vão embora daqui. – Petter gritou.

Frank conseguiu puxar Alice e Gwenda. Lily ficou para trás para ajudar Lucy e Edgar. A ruiva ajudou os dois a levantarem e saíram correndo em direção à floresta. Antes de sumir de vista, lançou um olhar assustado para James.

Ele, transformado em cervo, inclinou a cabeça num gesto urgente pedindo-a para se afastar.

Na correria, os seis jovens se desencontraram. Alice e Gwenda continuavam com Frank e já estavam próximas ao campo de Quadribol quando se deram conta que apenas Edgar vinha atrás deles.

Subiram nas arquibancadas e só pararam quando chegaram no topo, se jogando arfantes nos bancos.

- E se ele vier pra cá? – Alice perguntou preocupada.
- Acho difícil. – Respondeu Frank.
- Onde estão Lily e Lucy? – Perguntou pra Edgar.
- Perdi elas de vista, Alice. Acho que elas seguiram pela trilha da direita.
- Pra dentro da floresta negra. – Ela falou séria.

Gwenda tinha se sentado afastada e chorava sem parar.

- Gwen... – Alice se aproximou da amiga.
- Me deixa sozinha um pouco, Lice. Por favor!

Alice achou melhor não insistir. Ela mesma ainda estava chocada demais pra fazer qualquer coisa.




- Lucy, acho que nos perdemos. – Lily falou quando elas pararam um pouco pra recuperar o fôlego.

A loirinha não respondeu. Tinha sentado em uma pedra, ainda estava chocada com o que tinha visto.

- Foi horrível, Lis. Horrível! O Remus... ele viu o pai dele morrer. O pai dele foi morto tentando salvá-lo de um lobisomem. O lobisomem arrancou a cabeça dele... – Ela sussurrou - Merlin, eu nunca vi coisa semelhante.

Lily se aproximou da amiga e passou a mão no cabelo dela.

- Depois você me conta, agora temos que ir embora, é perigoso ficar aqui.
- É. – Lucy piscou os olhos várias vezes – É perigoso.

Lily sorriu compreensiva e segurou a amiga pela mão.

- Sempre juntas, não esqueça disso.
- Sempre juntas. – Lucy repetiu sorrindo.
- Imagina como está a cabeça da Gwen?
- Acho que ela não vai perdoar a gente tão cedo.

Lily deu um sorriso nervoso e continuou seguindo a trilha.

- Engraçado, eu tenho a impressão de já conhecer esse lugar. – Lucy falou observando as árvores ao redor.
- Em uma floresta é sempre assim, todos os lugares são parecidos, isso sempre confunde a gente.
- É, deve ser.

Foi a última coisa que Lucy falou antes de cair com Lily de um penhasco.
As duas grifinórias gritaram e gritaram, mas a queda parecia não ter fim...

N/A:
Dez pontos pra quem adivinhar que penhasco é esse! Hahaha Sim, pessoal, é o mesmo lugar que vocês já conhecem, o penhasco que a Alice caiu no capítulo 10! Caiu não, foi covardemente jogada lá pelo Sirius! Huahuahua

Bom, não tenho muita coisa pra falar hoje, só vou confessar que eu chorei um bocado escrevendo a cena do Remus... tadinho, né? E a Gwen? Será que vai conseguir superar o baque da descoberta? Porque uma coisa seria ficar sabendo numa conversa, com o Remus abrindo o jogo, outra completamente diferente é ver a fera já transformada e pronta pra atacar, não é?

Vou confessar outra coisa: quase que eu fiz a Lucy terminar com o Edgar nesse capítulo, acho que vocês perceberam... Mas não tive coragem de fazer mais um personagem sofrer... Seria muita maldade da minha parte! Deixa o lufa-lufa feliz por mais um tempinho! Huahuaha

Esse capítulo é dedicado à Ly Black! Beijos xuxu!

Vou fazer a mesma barganha que estou fazendo lá no fanfiction: O próximo capítulo só vem se vocês me deixarem feliz! Então me mandem review! É justo, não é? Escritora feliz, escreve melhor e mais rápido!

Muitos e muitos beijinhos, Luci Potter.

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