Um novo começo
- Mais uma vez aqui. – Lucy falou soltando o carrinho com as bagagens que trazia.
- Para o nosso último ano. – Lily completou.
- Eu tenho medo, Lis. Medo do que esse ano reserva pra nós. – Lucy falou encarando a ruiva.
- Nós vamos estar sempre juntas. É isso o que importa.
- Ok. – Lucy respirou fundo – Vamos então.
As duas amigas sorriram e atravessaram correndo a barreira entre as plataformas nove e dez da estação King´s Cross. Logo viram uma enorme locomotiva vermelha soltando fumaça e uma barulheira terrível de estudantes se despedindo dos pais.
- Olá Lily!
- Philip! – Lily abraçou o amigo.
- Tudo bem? – Perguntou Lucy o abraçando também.
- Ótimo, como foram de férias?
- Não podia ter sido melhor. – Lily respondeu animada.
- O que você veio fazer aqui? – perguntou Lucy.
- Vim acompanhar meu irmão mais novo. Primeiro ano dele em Hogwarts.
- Poucos estudantes esse ano, vocês perceberam?
- É o medo da guerra, Lis.
- Acho que em Hogwarts as crianças estarão mais seguras do que em qualquer outro lugar. – Philip falou observando a multidão de alunos.
- Também acho. – Lily respondeu pensativa, mas logo sorriu – Deixe-me te contar uma super novidade!
- Novidade? Lis, esse assunto já está tão batido...
- Como eu estava te contando, Philip... Eu fui nomeada monitora-chefe de Hogwarts! Isso não é o máximo? – Lily falou felicíssima.
- Meus parabéns, Lily. – Ele a abraçou - Ninguém mais do que você merecia esse cargo.
- Exatamente o que eu falei pra ela. Era tão obvio, que isso nem é mais uma novidade. – Lucy falou séria.
- Você mal humorada é muito chata, sabia? Que tal procurar o seu amado Edgar, matar as saudades das férias e voltar a Lucy desmiolada que eu conheço?
- Sem chances. Ele que tem que vir atrás de mim. Eu não vou ficar andando por aí sozinha procurando ele. E eu não estou mal humorada, Lis. Só estou cansada da viagem.
- Vocês vieram direto pra cá?
- Sim, a Lucy nos fez perder o avião de ontem, só conseguimos outro que fazia duas escalas, desembarcamos no aeroporto hoje de manhã.
- Ta explicado seu mal humor então, Lucy.
- Até você, Philip? – Lucy perguntou dando alguns tapinhas no ombro do garoto.
- Que violência é essa?
- Remus! – Lucy parou na hora e abraçou o maroto. – Que saudades!
- Também estava com saudades, Lucy.
Lily também cumprimentou Remus com um abraço.
- Agora que vocês não estão mais sozinhas, vou atrás do meu irmão. Bom ano letivo pra vocês.
- Obrigada, Philip. – Respondeu Lucy.
- Obrigada. Não deixa de escrever, ok?
- Pode deixar Lis.
Remus abaixou para pegar Aruska no colo.
- Remus, Lily foi nomeada monitora-chefe! – falou Lucy antecipando o assunto que Lily certamente iria abordar.
- Sério, Lis? Meus parabéns.
- Obrigada! E você?
- Continuo como monitor.
- Quem será o monitor-chefe? – Lily perguntou curiosa e Remus desviou os olhos.
- Onde está o restante do pessoal? – Lucy perguntou.
- Não chegaram. Gwen e Alice virão com Frank. James e Sirius sempre chegam no último minuto. Petter estava aqui até agora pouco.
- Você já viu o Edgar?
- Ainda não Lucy. Mas já deve estar chegando, só faltam vinte minutos pro trem partir.
- Vinte minutos? – Lily perguntou assustada. – Tenho que ir para o vagão dos monitores então. A gente se vê.
Lily saiu apressada e assim que entrou no trem, Lucy sorriu para Remus.
- James monitor-chefe? Desculpa Remus, mas eu vi sem querer...
- Tenho que treinar oclumência urgente! – Ele respondeu divertido.
- Sua fisionomia já tinha entregado que a Lily não ia gostar da novidade. Como Dumbledore fez uma coisa dessas?
- Acho que a guerra está deixando nosso diretor um tanto desmiolado.
Os dois riram bastante.
- Bom Dia! – Falou Gwenda se aproximando.
- Bom Dia, Gwen! – Lucy a cumprimentou e depois pegou Aruska do colo de Remus pra ‘liberá-lo’ para Gwenda.
Frank e Alice também cumprimentaram Lucy e Remus.
- E a Lis? – Perguntou Alice.
- Já foi para o vagão dos monitores. Ela está tão animada de ter sido nomeada MC! Parece que não fazia idéia que ela era a única candidata forte para o cargo.
- É melhor procurarmos uma cabine. – Falou Frank.
Logo que os cinco estudantes se acomodaram, a locomotiva começou a apitar.
- Lily vai ter uma grande surpresa! – Alice falou rindo quando soube quem seria o monitor-chefe.
- Até que enfim! Vocês se esconderam, hein? – Sirius falou da porta da cabine. – Com licença, Lucy?
A loirinha estava deitada, ocupando sozinha um banco inteiro. No outro lado estavam Alice, Frank, Gwenda e Remus.
- Senta no chão, Sirius. Eu não vou levantar daqui. – Ela respondeu de olhos fechados.
- O que custa me ceder um pouco de espaço?
- Eu estou cansada e cheguei primeiro, simples assim.
Sirius deu de ombros, se aproximou e levantou a cabeça de Lucy. Sentou no banco e deixou ela deitar no seu colo.
- Pronto, assim você não precisa levantar e eu não preciso sentar no chão.
- Eu não quero ficar deitada aqui. – Ela falou brava – Sai, Sirius.
- Não vou sair.
- Eu estou mandando. – Falou autoritária sentando no banco.
- E desde quando você manda em mim?
- Crianças, parem! – Remus falou sorrindo. – Será possível que vocês não podem mais se ver que começam com essas discussões bobas?
- Remus! – Lucy censurou colocando a mão na cintura.
- Você sabe que eu tenho razão, Lucy. Deixa de ser chata, o Sirius só quer um espaço para sentar.
- Ele tem o trem inteiro pra atormentar e vem querer sentar no meu espaço?
- Lucy... – Remus falou mais uma vez e ela ergueu as mãos para o alto.
- Ta bom, ta bom. Sirius, limpa a almofada da caminha da Aruska.
Sirius ia retrucar mas antes olhou para Remus que ergueu uma sobrancelha. Pegou a almofada da gata, fez um feitiço de limpeza e alcançou para Lucy.
- Obrigada. – Ela pegou a almofada, apoiou na perna dele e deitou novamente.
- Você não dormiu à noite, Lucy? – Perguntou Frank.
- Não. Nenhum pouco. Era pra sair de Paris ontem à tarde, perdemos o avião e só conseguimos duas vagas em um que fazia duas escalas antes de chegar em Londres. Como eu não consigo dormir no avião, passei a noite acordada.
Lily foi a primeira a chegar ao vagão dos monitores. Organizou alguns pergaminhos e leu mais uma vez a carta de Hogwarts com as instruções que ela devia passar aos novos monitores.
Aos poucos foram chegando os novos monitores da Sonserina, da Lufa-lufa e por último os da Corvinal.
- Estamos esperando apenas a chegada do monitor-chefe pra iniciar nossa reunião. – Lily explicou a cada um que foi chegando.
Cinco minutos depois do trem começar a andar, James entrou na cabine dos monitores.
- Bom dia à todos, desculpem-me o atraso. Bom dia meu lírio. – Ele falou sorrindo pra Lily.
- O que você quer aqui, Potter? – Ela perguntou arisca.
- Participar da reunião.
- Você não pode participar de uma reunião dos monitores, Potter.
- Engraçado, porque na carta que eu recebi de Hogwarts junto com este distintivo – Ele apontou para o reluzente distintivo no peito – Dizia que o Monitor-chefe tem a obrigação de participar dessa reunião. Já está mudando as regras, Lily querida?
Lily estava boquiaberta.
- Quem, em sã consciência te nomearia Monitor-chefe, Potter?
- Albus Dumbledore. É o que está escrito aqui. – Ele estendeu o pergaminho para Lily que começou a ler em voz alta.
- Senhor James Potter, é com imenso prazer que venho convocá-lo a ser o Monitor-chefe de Hogwarts, blá, blá, blá... Nesses tempos difíceis, blá, blá... esperamos contar com sua admirável coragem e senso de justiça... – Lily nem terminou de ler. – Isso é uma brincadeira, não é? Esse pergaminho foi escrito por você, tenho certeza disso.
- Lily, eu jamais conseguiria falsificar a assinatura de Dumbledore que, provavelmente, é igual à da sua carta.
Lily olhou mais uma vez pro pergaminho dele, comparou com sua própria carta da monitoria, olhou pra ele novamente.
- Se vocês quiserem continuar nessa discussão idiota sobre a autenticidade da carta, nós não nos importamos, temos o resto do dia livre pra ficar aqui observando vocês. – Falou o monitor Sonserino, Rabastan Lestrange.
- Ah, sim. Bom, como ninguém mais se apresentou para cargo, e eu espero que você não tenha azarado ninguém pra isso, Potter, vou ter que aceitar que você seja realmente o Monitor-chefe.
- Vamos começar a reunião então, meu lírio.
- Você não penteia o cabelo? Ta cheio de nós. – Sirius falou separando alguns fios do cabelo de Lucy, pegou um maço de cabelo e abaixou para olhar mais de perto. – E com um monte de pontas duplas.
- Sirius, cala a boca? Pára de conversar comigo, eu quero dormir! – Ela respondeu bocejando e de olhos fechados.
- Mas seu cabelo está muito embaraçado, você passou no meio de um tornado antes de vir pra cá?
- Ai, Merlin! Sirius, se isso está te incomodando tanto, arruma meu cabelo, mas por favor: em silêncio!
- O que será que está acontecendo no vagão dos monitores? – Perguntou Remus.
- Não ouvimos nenhum grito, pelo menos. – Respondeu Frank.
- Isso é muito pior. – Falou Alice – Se tivéssemos escutado alguma coisa, era sinal que estava tudo bem. Agora, esse silêncio incomum, é preocupante.
Gwenda e Remus riram.
Nesse momento a porta da cabine abriu.
- Lucy? – Era Edgar Bones.
A loirinha deu um pulo do colo de Sirius.
- Edgar!
- Posso saber o que está acontecendo? – Ele perguntou sério olhando dela pra Sirius.
- Hã? Acontecendo? É... bom, nada! – Ela respondeu meio gaguejando.
Edgar arqueou a sobrancelha e encarou Sirius. O maroto deu um meio sorriso.
- Tudo bem, Edgar? – Perguntou displicente.
- Ora, seu... – Edgar deu um passo à frente e Lucy colocou a mão no seu ombro para impedi-lo de avançar pra cima de Sirius.
- Ed, podemos resolver isso lá fora? – Lucy perguntou num tom doce.
Ele lançou um último olhar para Sirius antes de sair.
- Obrigado por me defender, Lucy. – Sirius agradeceu sorrindo enquanto a loirinha saia atrás de Edgar.
- Não me agradeça, Sirius. Dependendo dos rumos da conversa, eu vou te matar com minhas próprias mãos. – Ela respondeu antes de fechar a porta da cabine.
Edgar estava apoiado em uma janela no corredor de um vagão para outro. Lucy se aproximou lentamente e se apoiou ao lado dele.
- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer... – Ele falou triste.
- Ed, não aconteceu nada, eu te juro.
- Como não aconteceu nada? Você estava deitada no colo dele, Lucy.
- Eu estava com sono, só isso. Pra evitar discussão e eu poder dormir logo eu deixei ele ficar ali.
- E pra dormir você precisa que alguém fique acariciando o seu cabelo?
- Ele não estava me ‘acariciando’, Ed! – Lucy respondeu brava.
- Ninguém me contou, eu vi.
- Ok, sejamos práticos: eu te garanto que não aconteceu nada demais, o Sirius só estava desembaraçando meu cabelo e eu estava deitada porque estava com sono. Se você não quer acreditar no que eu digo, ótimo. Me fala o que você sugere que a gente faça pra resolver isso.
Edgar a olhou surpreso.
- Acho que a gente devia dar um tempo pra você decidir o que quer. – Ele sussurrou.
- Eu não dou tempo, Edgar. Se você quiser passar uma borracha no que acabou de acontecer, por mim tudo bem. Se não quiser, me fala que a gente termina tudo agora.
Ele piscou os olhos e virou pra fora do trem.
- Nós falamos sobre isso antes de começar a namorar. – Lucy continuou - A decisão está nas suas mãos. Só acho que se você não consegue confiar em mim, não tem porque a gente continuar junto.
- Você tem que entender minha situação. Imagina se a cena fosse ao contrário, eu com outra garota.
Lucy pensou um pouco.
- É complicado. Mas você sabe que se eu quisesse mesmo ficar com o Sirius, não teria começado a namorar você.
Lucy tinha acabado de bater a porta da cabine.
- Instintos assassinos ela tem, não?
- Sirius, se o Edgar terminar com ela, a culpa é sua. – Alice falou séria.
- Alice, a Lucy nem gosta dele, pra começo de conversa. E depois, ele não é a pessoa certa pra ela.
- Não acho que você possa dizer de quem a Lucy gosta ou deixa de gostar. – Alice respondeu brava e Sirius deu um sorriso.
- E quem seria a pessoa certa pra ela, na sua opinião? – Gwenda perguntou.
- Não sei bem. A Lucy é toda alegre, cheia de vida, o Edgar é muito certinho, muito parado, sabe? Eles não combinam.
Alice fechou a cara e Gwenda abanou a cabeça. Já Remus e Frank trocaram um olhar divertido.
A porta da cabine abriu mais uma vez.
- E então? – Sirius perguntou ao ver Lucy entrar e sentar próxima à janela.
- Se quiser que esse seja seu último dia de vida, Sirius, é só me dirigir a palavra. – Ela respondeu triste e ficou olhando a paisagem fora do trem.
Sirius olhou para Remus à sua frente e o lobisomem apenas deu de ombros e a cabine caiu no mais profundo silêncio.
- ... NTÃO ME DEIXA EM PAZ, POTTER! – Ouviram um grito abafado no corredor antes da porta da cabine abrir estrondosamente.
Lily sentou nervosa ao lado de Lucy. James entrou logo depois, sorrindo de orelha a orelha. E sentou no único espaço vago: entre Lily e Sirius.
- O que foi, Lis? – Alice perguntou sorrindo, já que sabia da resposta.
- Dumbledore nomeou o Potter como Monitor-chefe.
- E o que tem isso? – Gwenda perguntou fazendo Lily a encarar surpresa.
- Como assim? Vocês não percebem que é o fim da minha tão sonhada carreira de Monitora-chefe?
- Não seja tão dramática, Lis. – Remus falou consolador.
- Eu nem sou tão horrível assim. - James entrou na conversa.
- Não? Além de chegar atrasado, me atrapalhou a reunião inteira. Cada regra da escola que eu passava para os novos monitores, ele retrucava dizendo que era inadmissível querer tirar pontos em coisas tão bobas.
- É o que eu acho.
- Se depender do seu conceito de regras, Potter, Hogwarts seria destruída.
- Vai dizer que você também não concorda comigo? Poxa Lily, dar detenção pelo aluno estar fora da cama em horário permitido, tirar pontos das casas quando um aluno mata aula sem atestado dado pela Madame Pomfrey, e as duas coisas pra quem azara outros alunos? Quem azarasse o Ranhoso deveria era ganhar um prêmio especial por serviços prestados à Hogwarts e à Comunidade Bruxa.
Todos riram e Lily balançou a cabeça murmurando ‘você não tem jeito mesmo’.
Foi então que percebeu que Lucy esteve quieta demais. Observou a amiga que tinha o olhar vidrado fora do trem.
- Lucy. – Lily chamou baixinho e a loirinha não respondeu. – O que foi com ela? – Lily virou preocupada para Alice.
- Não sei, ninguém sabe.
Quando o trem parou na estação de Hogsmead, Lucy se deixou ficar para trás. Lily tinha saído com James para monitorar a saída dos alunos, Gwenda e Alice saíram acompanhadas e Sirius logo encontrou Emily.
Ajeitou com cuidado sua gata no colo, pegou sua malinha de mão e saiu distraidamente do trem, observando os estudantes ao longe. Quando já estava longe do trem, Aruska se eriçou e afiou as unhas.
- Aruska! – Lucy deu um grito derrubando a valise no chão.
A gata pulou do seu colo e sumiu pra dentro da cidade. Lucy olhou assustada para os lados passando a mão no braço arranhado pela gata.
- Olá! Tem alguém aí? – Perguntou abaixando cautelosamente para pegar sua mala.
Nenhuma resposta. Ela abanou a cabeça e recomeçou a andar. Ouviu um barulho próximo e parou novamente. Viu Malfoy encostado em uma árvore olhando pra ela com um sorriso sarcástico.
Estava ali sozinha, longe de todos os outros alunos, seu coração deu um solavanco. Não devia tê-lo desafiado tanto quando estavam Hogwarts.
Ela piscou os olhos e ele tinha desaparecido. Passou a mão nos olhos, limpando as vistas: nada. Não havia ninguém ali.
- Acho que estou ficando doida. – Recomeçou a andar.
Tinha a impressão de estar sendo seguida, apressou o passo, já estava muito longe dos outros estudantes. Olhou para a floresta ao seu lado e estancou, havia ali um enorme Leão.
Soltou um grito agudo e começou a correr. Sabia que era pior correr e chamar a atenção daquele animal gigantesco, mas não queria ficar ali parada esperando ser devorada.
Só parou de correr quando achou que estava segura, próxima aos outros estudantes. Parou arfando ao lado de uma carruagem e olhou a sua volta. Nenhum leão e nem sinal de Malfoy.
- Deve ser o sono. Só pode ser isso, estou imaginando coisas.
- Como? – Perguntou uma garota ao seu lado.
Lucy abriu um sorriso.
- Não é nada, é que estou há mais de vinte e quatro horas acordada.
- Ah, sim. A gente realmente começa a ter ilusões quando fica muito tempo sem dormir.
Lucy a olhou um pouco surpresa.
- Eu vi você gritando lá longe e vir correndo. O que você viu?
- Não sei. Acho que foi um Leão. – Lucy respondeu confusa. Já não tinha tanta certeza do que tinha visto.
- Quer vir nessa carruagem comigo? – A garota perguntou sorridente.
Lucy olhou a sua volta. Como não conseguiu encontrar nem suas amigas, nem os marotos, entrou na carruagem com a garota.
- Marlene McKinnon, Lufa-lufa. – A menina estendeu a mão e Lucy apertou sorrindo.
- Lucy Eyelesbarrow. É dispensável falar que eu sou da Grifinória, não é?
- Sim, mas só porque você é a namorada do Edgar, que é meu amigo. Porque se eu te conhecesse agora, depois de te ver correndo e gritando, não acreditaria.
As duas riram bastante e continuaram conversando até chegar na escola.
Quando Lucy entrou no salão principal, avistou os amigos sentados no final da mesa da Grifinória, se despediu de Marlene e a viu sentar ao lado de Edgar. Ele por sua vez sorriu para Lucy.
- Quer sentar aqui?
- Você é monitor, sabe que na cerimônia de abertura eu tenho que sentar na mesa da minha casa.
- É verdade.
- Depois a gente conversa. – Ela sorriu e andou até as amigas.
McGonagall entrou com o banquinho, o velho Chapéu Seletor e a lista de chamada. Logo atrás dela vários alunos assustados e curiosos tentavam ver tudo ao mesmo tempo.
- Onde esteve? – Lily perguntou preocupada quando Lucy se sentou ao seu lado.
- Por aí.
- Não vai me contar o que aconteceu?
- Não aconteceu nada. Quer dizer, aconteceu um monte de coisa, mas tudo por causa desse bendito sono atrasado. – Ela falou bocejando.
Lily percebeu que dali não conseguiria arrancar mais nada, até que Lucy estivesse disposta a conversar. Já Lucy abaixou a cabeça apoiando nos braços dobrados em cima da mesa. Antes de fechar os olhos, pode ver Sirius e James encarando-a.
Imaginou que provavelmente os outros também estavam olhando do mesmo jeito, mas os únicos em seu campo de visão tinham sido James e Sirius.
Quando a seleção dos alunos terminou, Dumbledore começou a falar.
- Desejo à todos nossos estudantes antigos, boas vindas mais uma vez. E à todos os novos alunos, espero que tenham Hogwarts como seu segundo lar. Que todos vocês esforcem-se para sugar ao máximo toda a energia e conhecimento de seus professores. Para que no encerramento desse ano letivo, vocês possam ter a certeza de que ele foi bem aproveitado. Devo avisar que a floresta proibida é, como o próprio nome já diz, proibida. À todos, sem exceção. Como é de conhecimento de todos vocês, o mundo bruxo está enfrentando uma guerra terrível contra as artes das trevas. Aos alunos novos, quero tranqüilizá-los que aqui em Hogwarts, vocês estarão seguros.
Ele fez uma pausa e passou os olhos pelo salão, parando em Lucy
- Sei que vocês já estão cansados do discurso desse velho asmático, ainda assim, preferia que todos estivessem acordados, ou pelo menos me enganando com os olhos abertos para que eu pense que estão assimilando tudo o que eu estou dizendo.
Lily deu um cutucão em Lucy e a fez olhar para o diretor. Dumbledore sorriu agradecido para a ruiva.
- Desculpe. – Lucy murmurou, mesmo sabendo que o diretor não a escutaria.
- Gostaria agora de lhes apresentar nosso novo professor de Defesa contra a Arte das Trevas. Professor Norton pediu demissão ao receber a confirmação que sua família havia sido morta pelos Comensais da Morte.
- Ai, Merlin! – Lucy encarou Dumbledore horrorizada. – Não acredito.
- Espero que recebam bem o senhor Digory Kirke.
Um simpático senhor de meia idade levantou e foi aplaudido por todos os estudantes.
- Muito obrigado. - O professor olhou para todos os alunos, e abriu um sorriso quando seu olhar encontrou o de Lily - Tenho certeza que vamos trocar muitas experiências ao longo desse ano letivo.
- Ao jantar, então. – Dumbledore falou animado quando o professor Kirke sentou novamente.
- Vamos, anime-se. – Alice pediu para Lucy.
- Ai, Lice. Você tem idéia do que é ficar mais de um dia inteirinho sem dormir? Estou esgotada, sem forças nem pra rir.
- A mesa da Grifinória fica muito desanimada com você assim tão quieta. – Lily falou sorrindo.
- Oh, Lily, que gracinha. – Lucy apertou as bochechas de Lily - Eu sei que eu sou a alma, o espírito da Grifinória. Se eu estou triste, ninguém consegue se animar. – Falou convencida.
Quando terminaram o jantar, Lucy avisou que as amigas podiam ir subindo para a Torre, porque ela queria conversar com Dumbledore.
O diretor estava sozinho na mesa dos professores, observando a interação dos alunos quando Lucy se aproximou.
- Professor?
- Olá, Lucy. – Ele a encarou sorridente. – Percebo que tem alguma coisa te preocupando, estou certo?
- Sim. O professor Norton, é verdade sobre a família dele?
- É verdade. Os Comensais mataram sua mulher e seus filhos.
Lucy deixou uma lágrima escorrer.
- Ele deve estar me odiando.
- Porque? Você está envolvida nisso? É alguma seguidora de Voldemort?
- É claro que não! – Ela respondeu assustada. – É só... é só que eu não devia ter dito o que disse à ele. Mas eu estava nervosa, e às vezes falo as coisas sem pensar...
- Acontece com todo mundo.
- Eu queria poder controlar minha língua de vez em quando. Ele deve estar sofrendo muito, e com certeza deve estar pensando que eu tenho culpa.
Dumbledore a fitou em silêncio.
- Tem também a família da Lily. Não consigo parar de me sentir culpada pelo o que aconteceu. Eu desafiei demais o Malfoy, achei que se ele me atacasse eu saberia me defender, mas não imaginei que ele me atacaria machucando as pessoas que eu amo.
- Se te consola, Malfoy não esteve envolvido no ataque aos Evans.
- Não? Então quem foi?
- Não sei. A única coisa que eu tenho certeza é que ele não estava lá. Você sabe que eu tenho meus métodos de descobrir algumas coisas, não sabe? – Lucy acenou que sim com a cabeça – Então confie em mim, você não tem culpa desses ataques estarem acontecendo. Você é tão vítima quanto milhares de outras pessoas que estão no meio desse fogo cruzado.
Lucy sorriu um tanto mais aliviada.
- Estava preocupada, estava até tendo alucinações com a imagem do Malfoy me perseguindo.
Dumbledore pareceu interessado.
- Que tipo de alucinações?
- Fui a última a descer do Expresso de Hogwarts, andei afastada dos outros alunos e tive a impressão de estar sendo seguida. Então vi Malfoy encostado em uma árvore sorrindo, um sorriso horrível. Pisquei os olhos e ele tinha desaparecido, sem barulho nenhum. Logo depois eu vi um Leão.
- O mesmo Leão que Lily via ano passado?
Lucy pensou bem antes de responder. Não sabia que Dumbledore tinha conhecimento das visões de Lily.
- Não sei bem. Era um Leão enorme, mas eu senti muito medo e saí correndo. Não foi uma atitude muito Grifinória, mas eu já estava assustada porque minha gata tinha me machucado e saído correndo instantes antes.
- Interessante. – Dumbledore falou encarando algum ponto atrás de Lucy.
A loirinha pensou que o diretor tinha perdido a atenção do seu relato, então resolveu ir dormir.
- Mas não foi nada demais, eu estou há muitas horas sem dormir e preocupada com um monte de coisas, às vezes acontece de vermos coisas onde não existem.
- Na magia tudo é possível. E muitas verdades estão ocultas nas maiores loucuras, Lucy. – O diretor a olhou no fundo dos olhos.
- Obrigada por tudo, professor. Boa Noite.
- Boa Noite, Lucy. – O diretor falou calmamente – Ah! – Ele chamou quando ela se afastou um pouco – Peça para que a senhorita Alice venha me ver amanhã durante a primeira aula do dia.
- Eu pedirei. – Lucy respondeu sorrindo e saiu dali imediatamente.
Quando chegou ao dormitório feminino, suas amigas já estavam dormindo, apenas sua cama e a de Emily ainda estavam feitas.
- Muitas verdades estão ocultas nas maiores loucuras... – Ela sussurrou antes de pegar no sono.
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