O retorno de Aslam
Para a felicidade de James e Sirius os treinos de quadribol haviam retornado e o primeiro jogo seria dali a duas semanas, Grifinória x Corvinal. Teriam que treinar duro se quisessem manter a invencibilidade de três anos, já que o time da Corvinal estava com um novo apanhador, Philip Lombard e dois novos batedores.
Lily resolveu desistir do plano de seguir os sonserinos e convenceu as amigas a fazerem o mesmo. Porém combinaram de se manterem atentas. De qualquer maneira não teriam muito tempo para se preocupar com essa questão já que os professores pareciam a cada dia triplicar a quantidade de matéria e deveres.
Alice estava à um canto afastado do salão comunal com Frank e Lily estava em mais uma ronda quando Lucy e Gwenda chegaram. Remus acenou para que elas se juntassem aos marotos num pequeno torneio de xadrez.
- Podem jogar, eu vou ficar assistindo, nunca consegui jogar xadrez. – lamentou Gwenda.
- Não seja por isso, o Remus é um ótimo jogador de xadrez, pode muito bem te ajudar, não é Aluado? – perguntou Sirius.
- Mas só tem um tabuleiro. Vocês vão ficar só assistindo ele me ensinar? Não, deixa pra outra hora.
- Não senhora, eu tenho outro tabuleiro no meu malão. Espere aqui que eu vou buscar. – Lucy que tinha entendido a deixa de Sirius saiu correndo em direção ao dormitório.
Emily estava deitada em sua cama com as cortinas abertas. Como normalmente faria, Lucy ignorou a presença da colega, até que ouviu um soluço. Emily estava chorando. ‘Merlin, só falta ela ter perdido a família por causa de ataques de Comensais’ pensou Lucy enquanto se aproximava da cama de Emily.
Tocou seu ombro de leve, mas a garota deu um pulo assustada, parecia não ter notado a presença de Lucy. Imediatamente passou a manga das vestes nos olhos para enxugar as lágrimas e assumiu uma expressão séria.
- Aconteceu alguma coisa que eu possa te ajudar? – perguntou Lucy.
- Não preciso da sua ajuda Eyelesbarrow! Porque essa preocupação comigo agora? Sempre me ignorou agora vem se fazer de boazinha, a Santa Lucy, amiga da Santa Lily e da Santa...
- Calma – Lucy a interrompeu – Só queria ser educada, ok? Se você não quer aceitar a minha ajuda é só falar. E eu não estou me fazendo de ‘boazinha’, só fiquei preocupada por te ver chorando, e faria a mesma coisa se fosse uma aluna de qualquer outra casa, até mesmo da Sonserina. Mesmo que minha recompensa fosse uma azaração. Se quiser a minha ajuda, é só me procurar, não vou te tratar mal. – falou isso e saiu do dormitório.
No salão comunal Gwenda e os marotos a esperavam ansiosos. Lucy ia se sentar com eles mas percebeu que Lily já tinha voltado e estava debruçada sobre um monte de pergaminhos, livros, penas e tinteiro, conseguia ocupar sozinha uma mesa inteira.
- Aqui está Gwen – estendeu a caixa para a amiga – Remus, quero que você ensine direitinho minha amiga, vou desafiar ela semana que vem.
Remus concordou e começou a organizar as peças.
- Lucy, acho que seu xadrez está com problemas. – falou James passando a mão nos cabelos – As peças não estão se mexendo. – A garota deu uma alta gargalhada.
- Não está estragado não, James. É que é um jogo de xadrez trouxa. Você não pode ordenar pra onde as peças vão se movimentar.
- Como que a gente vai jogar então? – James perguntou ajeitando os óculos.
- Mexendo as peças manualmente é lógico!
- Nossa, que horror, queria saber como os trouxas conseguem viver sem magia. No mundo trouxa tudo é feito manualmente?
- Não. Temos a eletricidade, que ajuda muito.
- Etreli, quê? – perguntou Sirius.
- Eletricidade, mas eu explico pra vocês sobre isso uma outra hora. Preciso conversar com a Lily. – Lucy foi se sentar com a amiga.
- Oi.
- Oi Lucy. – respondeu Lily sem desviar a atenção das anotações que estava fazendo – Você está ficando igual à eles.
- Eles? – Lucy perguntou com a sobrancelha arqueada e Lily finalmente olhou para a amiga.
- Aos marotos – voltou a escrever – aposto que os alunos da Lufa-lufa ouviram sua gargalhada lá do salão comunal deles.
- Exagerada! Vim te convidar pra um campeonato de xadrez que nós estamos fazendo, o que você acha?
- Você já sabe minha resposta, não sei porque ainda pergunta.
- Fazer algumas coisas diferentes de estudar, monitorar, comer e dormir fazem bem, sabia?
- Eu já não fui assistir o bendito treino de quadribol da Grifinória ontem? Isso já foi um tormento pra mim, então não me obrigue a passar mais alguns ‘agradáveis’ momentos ao lado do Potter.
- Por favor Lis, estou tão carente, sabia? Com a Lice namorando, eu e o Sirius tentando aproximar a Gwenda e o Remus e você atolada em deveres eu fico completamente sozinha e abandonada. Poxa vida, acho que vou ficar amiga do Malfoy, quem sabe assim eu vou ter companhia de amigos pra fazer algumas coisas diferentes de deveres e mais deveres. – falou tristemente.
Lily encarou Lucy divertida.
- Eu nunca conheci pessoa tão dramática como você sabia? Porque você não faz teatro?
- Porque eu quero ser Auror. – Lucy falou alegre – Mas talvez quando essa guerra acabar eu faça mesmo teatro, sempre gostei. Mas por enquanto essa seria uma profissão muito fútil.
- Vou amar assistir uma peça sua sabia? Mas tem que ser comédia!
- Hei! Eu tenho cara de palhaça, é?
As duas riram. Nesse momento entrou no salão comunal uma pequena coruja parda e se ‘empoleirou’ no braço de Lily. A garota o acariciou longamente antes de pegar o envelope preso na pata do animal.
- Estava com saudades de você Ayron. Notícias de casa?
A corujinha deu um pio de confirmação e voou para o braço de Lucy balançando a cabeça para ganhar carinho.
Conforme Lily lia a carta sua expressão se contraía mais. Lucy não percebeu já que estava ocupada brincando com a coruja da amiga.
- Demorou pra voltar dessa vez, fofinho. O que foi, não queria ver a tia Lucy esse ano? Eu maltrato você com meus pacotes pesados pra minha mãe, é? Que dó... mas eu não posso pedir pra Aruska fazer isso, ela é uma gata boba e burrinha, não sabe fazer entregas tão bem como você.
Lucy falava com a coruja como se conversasse com um bebê, fazendo uma voz irritantemente infantil na opinião de Lily.
- Você é completamente maluca!
- Lily, a gente tem que conversar com os bichinhos, eles se sentem mal se a gente não dá atenção pra eles.
- Se é assim, você vai ter que pedir desculpas pra sua gata, ela escutou a parte ‘uma gata boba e burrinha’ e correu pro colo do Remus, acho que não vai mais querer conversa com você.
- Depois eu me acerto com ela... – Lucy ergueu as mãos e tapou as ‘orelhas’ de Ayron – Você sabe que os dois não se gostam, depois ele não vai mais querer levar e trazer minhas correspondências com minha mãe.
- Tudo bem. Mas agora eu tenho más notícias.
- O que foi?
- A carta é da minha mãe. Petúnia vai se casar no final do ano com aquele troglodita do namorado dela.
- Eca! – Lucy fez uma expressão de nojo.
- É, e ela quer que a gente vá dois dias antes das férias de Natal para ajudar na organização.
- A gente? Isso me inclui?
- É claro, você não é da família? – Lily perguntou rindo e Lucy apenas concordou – Temos que falar amanhã com a McGonagall pra pedir permissão.
- Ok. E sobre a minha proposta, você não respondeu.
- Minha resposta é não. De verdade, eu preciso terminar esses relatórios da monitoria. E adivinha quem são os campeões de detenções do mês de Outubro?
- James Potter e Sirius Black?
- Nossa, você tem bola de cristal? Como pode acertar uma pergunta tão difícil como essa? Acho que você é alguma feiticeira! – falou Lily e as duas riram - Peça aos seus amigos que se comportem mais e eu terei menos trabalho, o que você acha?
- Vou falar com eles sobre isso assim que puder.
- Vamos combinar o seguinte. Eu vou virar a noite terminando esses relatórios, vou adiantar meus deveres de Transfiguração e Feitiços, e dar um pulinho na biblioteca pra ver se eu acho alguma coisa sobre Nárnia. Aí amanhã eu terei o dia inteiro livre pra ficar com você, o que acha?
- Ai Lis, que alegria! – Lucy deu um abraço na amiga esquecendo de Ayron no seu colo, a corujinha depois de esmagada levantou vôo e saiu do salão comunal.
- Fiquei super animada agora! E você ainda não desistiu desse negócio de Nárnia? Já faz tanto tempo.
- Por isso mesmo, fiquei muito tempo sem fazer nenhuma pesquisa, talvez agora seja a hora certa. Só não consigo encaixar de jeito nenhum você e Pettigrew na história de Jadis e Nárnia.
- Eu também não. – Lucy se levantou – Bom, se amanhã eu vou ter Lily Evans todinha pra mim, é melhor eu dormir cedo. Boa Noite Lis.
- Boa Noite Lucy – Lily respondeu sorrindo.
Lucy desejou boa noite à Gwenda e aos marotos, pegou sua gata e subiu. Emily ainda estava na cama, mas agora com as cortinas fechadas. Lucy pode perceber que a colega ainda estava chorando.
- Emily, eu voltei, se você pensou melhor e ainda quiser conversar, eu estou sozinha. – Lucy falou alto perto da cama de Emily.
- Não quero sua ajuda nem a de ninguém, Eyelesbarrow.
- Tudo bem então. – A loirinha deu ombros e já se dirigia para sua cama quando viu uma sombra passar pela janela. Imaginando ser Ayron de volta, Lucy correu para abrir o vidro, mas quando chegou lá não viu nada, apenas escutou uma canção. Uma canção tão linda e ao mesmo tempo tão distante que ela se perguntava se era mesmo real. Decidiu deixar de devaneios e ir dormir, ao som apenas dos soluços da cama próxima à porta.
Ela levantou os olhos para observar o salão comunal quase vazio, exceto por um casal que falava cochichando e ria baixinho, até perceberem sua presença.
- Ainda por aqui Lis? – perguntou Alice.
- Tenho que cuidar de vocês dois, sabe como é, não? – Lily riu do embaraço dos amigos – Brincadeira, estou terminando meus deveres.
- Lily, eu tenho a impressão que os professores passam deveres diferentes pra você do que pro restante da turma, não é possível você sempre está fazendo algum dever. – Frank falou divertido.
- Não é isso Frank, é que eu faço meus deveres com cuidado e no dia que os professores passam e também sempre faço uma pesquisa completa sobre o assunto que eu estiver estudando, pra não ter dúvidas. O restante da turma faz todos os deveres juntos no dia de entregar, por isso todo mundo fica com essa impressão de que eu sou mais atarefada.
- Se é assim.
Frank concordou e se despediu de Alice com um selinho.
- Não demora Lis, você já ta ficando com olheiras enormes de tanto dormir tarde.
- Pode deixar, já estou terminando Lice.
A morena subiu e Lily voltou sua atenção à redação. Era a última que tinha pra fazer antes de ir dormir, teria que deixar suas pesquisas para amanhã já que a uma hora daquelas a biblioteca já teria fechado.
Lily ouviu um barulho e levantou a cabeça certa de que iria ralhar com os marotos por estarem fora da cama àquela hora. Mas o que ela viu fez seu coração gelar.
Ele estava ali, no salão comunal, exatamente como em seu último sonho, um sonho que Lily não lembrava de ter tido, mas que imediatamente veio à sua mente. Mas no sonho eles não conversavam, Lily apenas acariciava sua imensa juba. Agora que Ele estava aqui de verdade sentiu sua coragem se esvair, como iria acariciar o pêlo de um Leão daquele tamanho?
- Pode vir. Não tenha medo.
- Você não vai... me devorar? – Lily perguntou receosa enquanto levantava.
- Por que tens medo de mim aqui no seu mundo, filha de Eva?
- Não sei, talvez porque em sonho eu tenha certeza que... – não sabia como tratar aquele enorme animal falante – ... o Senhor não vai me atacar.
- E quem pode lhe dar essa certeza? Nos seus sonhos eu não poderia te atacar por que são apenas sonhos. Mas em Nárnia eu posso te atacar se fosse preciso. Nárnia é um mundo como o seu.
Lily sorriu vitoriosa ao constatar que estava certa sobre Nárnia não ser um sonho.
- E porque eu tenho que ir à Nárnia?
- Você tem uma grande missão. E irá se preparar para essa missão em Nárnia, porque aqui no seu mundo você se guia demais pela razão filha. Em Nárnia seu coração estará mais aberto, e sua mente terá pouco controle sobre suas ações.
- Tem uma amiga minha que se guia completamente pela emoção, então ela pode Te ver aqui no nosso mundo?
- Lucy Eyelesbarrow não pode me ver.
- Porque?
- Filha! Estou contando a sua história e não a dela. A cada um só conto a história que lhe pertence.
Lily tomou coragem e se aproximou. Acariciou a juba do Leão que exalava um perfume doce, inebriante. Parecia invadir o salão comunal. Lily sentiu como se estivesse em um sonho, foi invadida de uma sensação de paz e tranqüilidade maravilhosas. Ao pensar isso, lembrou novamente de seu último sonho.
- Se podemos nos encontrar tanto em Nárnia quanto aqui, porque eu tive um sonho exatamente como o que está acontecendo agora?
- Disse bem, podemos nos encontrar em qualquer lugar. O sonho que você teve essa semana foi para que não se assustasse quando me visse dentro da sua escola, mas não conversamos. Só conseguimos conversar em Nárnia ou aqui no seu mundo.
Lily repentinamente lembrou de sua missão.
- Senhor, eu fracassei em minha missão. Não consegui achar nenhuma ligação entre a feiticeira Jadis, minha amiga Lucy e o Pettigrew. E agora, como farei para ir à Nárnia?
- Você não fracassou em sua missão. Sua missão ainda não teve início. Os nomes que te dei de referência eram apenas uma ajuda para suas pesquisas. É o problema que te falei sobre usar demais sua razão e a lógica. A feiticeira Jadis não tem nenhuma ligação com a sua amiga ou com o menino a quem você chama de Pettigrew. Mas não se preocupe, você irá à Nárnia de qualquer maneira.
- Vamos agora? – perguntou excitada.
- Agora não, mas em breve, muito em breve. Apenas deixe seu coração guiar sua vida. Mesmo nos momentos difíceis que se aproximam...
Lily não teve tempo de perceber o que aconteceu em seguida, apenas distinguiu um redemoinho de cores se formar em volta do Leão.
- Senhor, poderia me dizer seu nome?
- Em Nárnia você me conhecerá por Aslam.
Mais uma lufada do vento multicolorido e de repente o Leão sumiu como por mágica. ‘Não poderia ser de outro modo...’ pensou Lily.
N/A:
Eu já tinha falado que esse capítulo seria curtinho, não?
Mas o próximo já é maior!!! E vocês vão conhecer uma personagem que eu gosto muito: Natalie Toothill!!! Mesmo a participação dela sendo pequena por enquanto. ^^
É isso! Vocês já sabem a campanha do SAL, não é mesmo? Então vamos recapitular: críticas, elogios, reclamações, sugestões... Clique no ‘GO’ aí em baixo, ele é um ótimo SAL (Tempero para eu escrever melhor, ou simplesmente: Serviço de Atendimento ao Leitor), e seu comentário é recebido 24 horas por dia!
Beijinhos, Luci Potter.
Próxima atualização: 29/12
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