Caça aos bruxos
O restante do mês de Setembro parecia ter acontecido todo em um único dia, quando se deram conta faltava apenas uma semana para o dia das bruxas.
- Bom Dia, Lucy. – falou Lily entusiasmada para a amiga quando a mesma chegou para o café da manhã.
- Bom Dia Lis. – respondeu enquanto sentava e já servia um copo de suco de abóbora – Cadê as meninas?
- Alice está com Frank pelo jardim e a Gwen foi pra biblioteca.
- Em pleno sábado? E tão cedo?
As amigas desviaram a atenção para as corujas que invadiram barulhentamente o salão para entregar a correspondência.
- Segundo ela, queria adiantar os deveres pra ficar livre durante o final de semana. – Lily respondeu enquanto recebia o Profeta Diário da amiga.
Lucy que sabia que a ruivinha não gostava de ser interrompida quando estava lendo resolveu dar a conversa por encerrada. Passou os olhos pelo salão principal e percebeu que poucos professores estavam na mesa, Dumbledore mais uma vez não estava. Fazia muito tempo que Lucy não via o diretor e isso a deixava um tanto quanto preocupada.
Viu na mesa da Lufa-lufa Amus e Edgar também concentrados na leitura do Profeta Diário, observou alguns Corvinais conversando alegremente e mais adiante na mesa da Sonserina percebeu Lucius Malfoy a encarando, sentiu um leve incômodo mas sustentou o olhar, quando o sonserino deu um sorriso malicioso Lucy desviou os olhos para a mesa da Grifinória de onde vinha uma risada alta.
- Como os marotos conseguem ser tão escandalosos? – Lucy perguntou para Lily, esquecendo que a amiga estava lendo.
- E você ainda é amiga deles. – Lily falou desgostosa sem tirar os olhos do jornal.
- Sim, mas eles também são muito divertidos Lis. Se você se desse uma chance de conhecer eles veria que o James e o Sirius são tão legais quanto o Remus. – Lily não parecia ter dado importância ao comentário.
- Antes que você continue com o seu monólogo “Eu amo os marotos e eles são maravilhosos” leia essa notícia. – estendeu o jornal para Lucy.
Lucy leu a pequena nota da última página do jornal horrorizada.
- Cinco ataques simultâneos? Por isso Dumbledore está ausente. Lis isso é terrível.
- Pelo menos Bagnold já reconheceu publicamente ‘que a situação está ficando insustentável e cada membro desse grupo de desordeiros será exemplarmente punido pelo Ministério’.
- Ela é ridícula.
Terminaram o café d manhã em silêncio. Estavam subindo para a Torre da Grifinória quando toparam com Gwenda no caminho.
- Vocês já leram o Profeta Diário? – perguntou ela esbaforida, certamente tinha vindo correndo desde a biblioteca.
- Sim. – responderam Lily e Lucy juntas.
- Um dos ataques matou os pais do Johnson do 7º ano da Grifinória. Ele estava na biblioteca quando a professora McGonagall foi chamá-lo. Depois eu o vi chorando.
Elas ficaram em silêncio por um tempo.
- Queria poder fazer alguma coisa. – Lily falou desanimada.
- Nós faremos Lis. Vamos pro dormitório que eu tenho uma coisa pra contar à vocês.
- Vão subindo, eu vou chamar a Alice. – falou Gwenda.
Quando as quatro amigas estavam reunidas no dormitório, Lucy contou sua condição de Legilimente e a descoberta que Malfoy e a Black eram Comensais da Morte excluído, é lógico, a informação de que foram eles que mataram os pais de Gwenda.
Assim como os marotos, as meninas ficaram surpresas e um tanto assustadas, mas Lucy explicou à elas tudo o que tinha contado para Sirius no dia do aniversário da Alice, inclusive que já tinha lido a mente do Frank uma vez pra saber se ele gostava mesmo de Alice. Mas achou melhor omitir que já tinha lido tanto a mente de Lily quanto a de James.
- O que podemos fazer por enquanto é ficar de olho nos sonserinos. Lily, você que é monitora pode cuidar do comportamento deles à noite.
- O problema Gwen é eles também são monitores e também têm permissão de andar pelo castelo à noite. Mesmo assim eu vou ficar de olho.
- Acho que nós poderíamos pedir ajuda aos marotos. – Lucy se manifestou – eles devem ter ótimos meios de saber o que os ‘verdinhos’ estão fazendo.
Mas por insistência de Lily decidiram agir sozinhas, pelo menos por enquanto, no novo trabalho de espionagem.
Finalmente o dia das bruxas chegou. Mas Lily e as amigas não tinham muito o que comemorar, tinham fracassado completamente no plano de ficar na cola dos sonserinos e desde a notícia da morte dos pais de Mark Johnson o Profeta Diário noticiava uma média de três ataques por dia.
Outros dois alunos da Grifinória tinham perdido os pais. Ambos trouxas como Lucy fez questão de lembrar deixando Lily com medo.
O Salão Principal estava magnificamente decorado. Milhares de morcegos sobrevoavam o salão que tinha várias abóboras gigantes como decoração principal. Como no banquete de abertura, o jantar apareceu de repente nos pratos de ouro, ‘mas a comida está muito melhor do que naquele dia’ observou Lucy.
- É porque aquele dia nós estávamos muito mais cansadas e também preocupadas com a Gwenda – respondeu Alice.
Lily concordou com a cabeça e fez sinal para Lucy apontando a mesa da Sonserina. Lucius Malfoy, Narcisa e Belatrix Black e Rodolphus Lestrange tinham acabado de levantar.
- O que você acha de seguirmos eles? – cochichou Lucy.
- Pode ser perigoso. – Lily respondeu um pouco mais alto do que pretendia, chamando a atenção de Gwenda e dos marotos que estavam bastante próximos (Alice estava muito ocupada recebendo um ‘aviãozinho’ de comida de Frank).
- Shhh. – Lucy colocou o indicador nos lábios – Vamos fazer o seguinte, você só tem que representar um pouco. Quando eu fizer um sinal você levanta dizendo que precisa me levar para os jardins tomar um pouco de ar, ok?
- Como...
Lucy interrompeu a amiga e fazendo um sinal de positivo com o polegar.
- Ai, Lily, eu to um pouco tonta. – a loirinha colocou as mãos no rosto – to me sentindo sufocada, deve ter atacado minha alergia de... de... – Lucy não conseguia lembrar de nenhuma alergia que pudesse ter – frutos do mar!
- Frutos do mar? Não tem nada de frutos do mar aqui. – Lily até esqueceu da recomendação de ‘representar’ que Lucy tinha dado.
- Tem sim Lis, tenho certeza, acho que tem algum tempero com essência de camarão, ou pó de bacalhau nessa salada. Merlin, eu preciso de ar. – falou desesperada.
Lucy levantou e se apoiou no ombro de Lily. Nesse momento todos os alunos da Grifinória que estavam por perto prestavam atenção nas duas tamanho o escândalo que Lucy fez.
- Eu vou te levar lá nos jardins, aí você toma um pouco de ar pode ser?
- Lily, não é melhor levar ela pra Torre de Astronomia, lá tem um vento ótimo à noite. – Remus interveio preocupado.
- Obrigada Remus – Lucy respondeu sorrindo mas com a mão no pescoço fingindo sufocar – mas eu prefiro um lugar aberto, e no jardim eu posso molhar os pés no lago.
As duas saíram do Salão Principal devagar com Lucy apoiada em Lily, mas depois que atravessaram as pesadas portas de mármore para os terrenos da escola, desataram a correr.
- Perdemos muito tempo, devíamos ter sido mais rápidas pra arquitetar nossa dramatização.
- Sua dramatização você quer dizer, né Lucy? Eu fui pega completamente de surpresa, e ainda não concordo da gente seguir quatro prováveis comensais da morte sozinhas.
- Lis, não seja boba. Nós não vamos aparecer, só vamos espiar um pouquinho.
Andaram pelos terrenos da escola mas não viam nenhum sinal de movimento.
- Vamos voltar Lucy! Eles só podem estar na floresta proibida.
- Se você quiser voltar e desonrar a Grifinória fique à vontade Lis. Eu vou até a orla da floresta ver se consigo escutar alguma coisa. Se eu não voltar dentro de dois dias pode mandar uma equipe de resgate. Fala pro meu avô que eu morri por uma causa! No meu malão tem um diário, na última página eu fiz tipo um testamento, divida os meus bens conforme ta escrito lá. Tem uma caixa de doces no meu armário, pode dar todos os doces para o Remus. – Lucy parou pensativa – É, acho que é isso. Se eu tiver esquecido de alguma coisa, aja conforme seu coração mandar. – Deu as costas e começou a andar, mas virou para Lily – Ah, dá uma chance pro James, pelo menos pra ele ser seu amigo. E não esqueça que eu amo você, maninha.
Mas antes que Lucy voltasse a andar Lily segurou a amiga.
- Tudo bem, eu vou junto, ta? Hoje você acordou inspirada por Dionísio?
- Dionísio, Lis? Eu to aqui falando em investigação, morte e testamento e você vem me falar de Dionísio? Quem é esse agora?
- O deus do teatro. – Lily respondeu simplesmente – Fazendo esse drama todo só pra seguir alguns sonserinos nojentos do 7º ano.
- Pelo menos eu consegui fazer você perceber que são apenas sonserinos nojentos. – Lucy falou rindo e voltou a andar em direção à floresta. Lily também riu da amiga.
- E que história é essa de bens? Desde quando você tem bens?
Lucy encarou Lily fingindo indignação.
- Saiba a senhorita que eu tenho muitos bens. Você por exemplo é um dos meus maiores bens, eu te deixaria para o James – Lily fez uma careta e resmungou alguma coisa – Meus livros eu deixaria todos pra você, meu álbum para a Gwenda...
- Já entendi o tipo de bens que você tem. – Lily cortou a amiga rindo.
Ouviram um barulho parecido com de um galho quebrando. Olharam para trás mas não enxergaram nada.
- Lumos – murmurou Lily – não estou gostando nada disso. Acende a sua varinha também. - Outro barulho, mas agora de dentro da floresta.
- Shhh – Lucy sussurrou para a amiga enquanto acendia sua varinha - fica de costas para mim, a gente se dá cobertura.
Andaram assim por um tempo até chegarem perto da floresta. Lily abriu a boca pra falar alguma coisa, mas uma voz gritou de dentro da floresta.
- Expelliarmus – e uma luz vermelha atingiu as duas grifinórias levando suas varinhas apagadas para longe.
- Droga! Lis, você consegue achar sua varinha?
- Lumus – nada aconteceu – Lumos, lumos... Ela deve ter caído longe.
- Petrificus Totalus – Outra voz veio da floresta e Lucy reconheceu ser de Malfoy. No mesmo instante ela se jogou por cima de Lily caindo as duas no chão a tempo de desviar do feitiço.
- Temos que encontrar nossas varinhas. – Lily falou baixo para a amiga.
- Accio varinha – Lucy falou alto mas nada aconteceu também – Ai, me lembre de treinar feitiço convocatório sem o uso de varinha – falou em tom divertido para Lily que fechou a cara com o comentário.
- Não é hora de brincadeira. – elas tinham se arrastado até atrás de uma enorme árvore – Vamos nos separar. Se eu conseguir chegar perto da minha varinha eu consigo achar a sua também.
Lily saiu de trás da árvore agachada, logo desapareceu do campo de visão de Lucy que resolveu ir para o lado oposto.
Ouviu passos vindo em sua direção e olhou em volta procurando algum lugar para se abrigar quando avistou ao longe uma luz azul, provavelmente Lily tinha conseguido chegar perto o suficiente pra acender a varinha. Sem pensar duas vezes saiu correndo em direção à luz. Lily já tinha sua varinha na mão e apontava em todas as direções murmurando “accio varinha”, até que a varinha de Lucy voou para a mão dela.
- Agora é melhor a gente voltar Lucy. – e vendo que a amiga não lhe dera ouvidos e já estava andando em direção à floresta, Lily correu e parou de frente pra Lucy. – Você não vai entrar nessa floresta sozinha! Tem mais de uma pessoa nos atacando lá de dentro, não sabemos quantos são, podem ser muito mais que os quatro sonserinos que saíram do castelo.
- Lis, nós...
- Tarantallegra.
Lily se virou rapidamente na direção da floresta ficando na frente de Lucy
- Protego – e o feitiço foi desviado para os lados.
- Estupefaça.
Dessa vez Lily só teve tempo de se jogar para o lado mas o feitiço acertou em cheio Lucy que voou longe.
- Furunculus. – Mais uma vez Lily conseguiu se proteger. E correu em direção à amiga.
Lucy estava inconsciente. Lily apontou a própria varinha para a amiga e murmurou.
- Enervate. – Lucy foi recobrando lentamente os sentidos, mas logo Lily tinha sido atingida por algum feitiço e caiu desacordada ao seu lado e cheia de feridas estranhas.
Lucy lembra de ter visto a seguir vários feitiços sendo lançados em direção à floresta e algumas vozes conhecidas cada vez mais distantes, então tudo ficou escuro.
Quando abriu os olhos pode ver a expressão preocupada de Gwenda. Ela estava conversando aos sussurros com Remus que também estava sério. Lucy olhou em volta, conhecia aquele lugar, mas não lembrava de onde.
- Onde estamos? – perguntou um pouco rouca. James e Sirius entraram também em seu campo de visão e ela percebeu que eles também estavam preocupados.
- Na cabana do Hagrid.
- Faz quantos dias que eu estou aqui? – sua voz um pouco melhor, mas ainda estava um pouco tonta.
Sirius olhou no relógio antes de responder.
- Dez minutos. – Lucy se sentiu aliviada mas logo sua sensação de alívio logo foi substituída por uma onda de aflição. Lucy deu um pulo da enorme cama em que estava deitada.
- Cadê a Lily? Como ela está?
- Está muito mal. Conseguimos fazer ela parar de sangrar mas continua inconsciente –James respondeu e apontou para o lugar em que Lily estava deitada.
Lucy correu até a ruivinha e Gwenda a seguiu lhe entregando a varinha. Lily estava muito pálida, devia mesmo ter perdido muito sangue. Lucy se sentia culpada pelo o que acontecera a amiga. Tomou-lhe o pulso, estava normal.
Lucy fechou os olhos e apontou a varinha para o peito de Lily. Para a surpresa de todos a ruivinha recobrou os sentidos. Lucy pulou no pescoço da amiga chorando.
- Ai Lis, eu me senti tão culpada. Me desculpa? Você ta bem? Ta sentindo alguma dor?
- Calma Lucy! Não estou sentindo nenhuma dor e estou bem, mas não te desculpo e é bom mesmo que você se sinta culpada. – Lily falou rindo.
- Poxa Lis, eu sou sua irmãzinha! – Lucy falou com uma fingida mágoa.
- Por isso mesmo que eu não te desculpo. – só então pareceu ter notado o lugar em que estavam e os outros alunos – o que vocês estão fazendo aqui? E por que estamos na cabana do Hagrid?
James se sentou na beira da cama de Hagrid ao lado de Sirius.
- Primeiro vocês vão nos contar direitinho essa história de alergia à frutos do mar, falta de ar e guerra com desconhecidos na floresta.
As duas meninas se sentiram culpadas olhando as coisas por esse ponto de vista, mas resolveram contar a história de seguirem os sonserinos durante toda a semana, a desconfiança que tiveram quando viram eles saindo durante a ceia de dia das bruxas, a representação de Lucy para também saírem, e tudo o que aconteceu até perderem os sentidos.
Os marotos também explicaram que desconfiaram do repentino mal estar de Lucy ‘francamente, pó de bacalhau na salada foi demais Lucy’ comentou Sirius. Correram até o dormitório para buscar a capa da invisibilidade de James (e o mapa do maroto, mas não contaram isso à elas), quando chegaram no hall de entrada Gwenda estava esperando por eles já que também estava desconfiada. De longe avistaram Lucy sendo jogada longe por um feitiço e começaram a correr em direção ao duelo, mas não chegaram a tempo de impedir que Lily fosse atingida.
- E então como estávamos perto da cabana do Hagrid resolvemos trazer vocês pra cá até acordarem. – terminou Gwenda.
- E onde está o Hagrid? – perguntou Lily
- Provavelmente na festa. Os sonserinos, se é que eram só eles, fugiram pra dentro da floresta. – respondeu Sirius.
Resolveram voltar logo para o castelo antes que pudessem ter problemas por causa do horário. No caminho de volta, Sirius alcançou Lucy e parou na frente da garota.
- Você precisa me ensinar aquele feitiço.
Lily olhava de Sirius para Lucy tentando entender do que estavam falando. A loirinha apenas balançou a cabeça rindo e recomeçou a andar.
N/A:
Eu adoro esse lado dramático da Lucy!!!
Capítulo curtinho... é, eu sei. Mas é apenas um capítulo de transição... O próximo também é curto, mas em compensação o capítulo 9 é enorme!!!
Mais um capítulo dedicado à minhas fiéis comentadoras: Bruna e Giulia!!! Obrigada meninas pelo incentivo e por me fazerem tão feliz! Queria ter postado antes, mas estive ‘presa’ em uma chácara esse final de semana, longe da civilização, carros, poluição e computadores... huahuahua Minha beta temporária (minha irmã) conseguiu postar pra mim no fanfiction (lá é só exportar o arquivo que já está pronto) mas não conseguiu postar aqui pra mim... Pra compensar eu vou postar dois capítulo hoje, ta?
O próximo vem daqui a pouquinho!!
Beijinhos, Luci Potter.
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