Aventuras na Floresta Negra
- Não preciso mesmo ficar aqui, olha só, minha perna está novinha. – James tentava, inutilmente, persuadir Madame Pomfrey a deixá-lo sair da enfermaria.
- Senhor Potter, é a última vez que te mando voltar para a maca. – Madame Pomfrey gritou irritada pela bagunça que tinha se tornado sua enfermaria – Você vai passar a noite aqui para a poção e os curativos fazerem efeito completo.
- Me deixa pelo menos ver a Lily?
- Nem pensar! Lily está em um quarto reservado. Não pode receber visitas.
- Mas ela iria adorar me receber, Papoula. – James deu um sorrisinho malicioso tentando persuadir a enfermeira.
Ela o olhou ainda mais irritada.
- Ela não está em condições de receber ninguém. Ainda mais você, senhor Potter.
- Virou partidária do grupo “Lily Evans odeia James Potter”? – perguntou ele irritado.
- Não. Sou partidária do grupo “Isso aqui é uma enfermaria e eu tenho que cuidar dos meus pacientes”. Portanto vá agora para a sua maca!
James suspirou resignado e voltou para a cama. A enfermeira veio em seu encalço para expulsar o monte de alunos que estavam em torno do maroto.
Quando o jogo terminou (270x80 para a Grifinória), com o pomo sendo capturado espetacularmente por James, o maroto caiu da vassoura em cima da perna já machucada por um balaço. No mesmo instante a perna toda ficou inchada e ele não conseguia apoiá-la no chão. Foi então trazido pelos companheiros de time para a enfermaria e pelo que pode constatar, perderia a festa de comemoração da vitória na torre dos Leões.
- Vamos, saiam logo, isso aqui não é um pátio de recreações. Vamos, vamos. – A enfermeira tentava colocar pra fora os mais de vinte alunos que estavam por ali, entre amigos e o time de quadribol da Grifinória.
Madame Pomfrey respirou aliviada quando pode fechar a porta atrás de si e voltar para medir a temperatura de Lily. Mas sua satisfação durou pouco. À metade do caminho, pôde ouvir a porta bater estrondosamente e por ela entrar um Sirius Black muito suado.
- Desculpe, Madame. Precisava ver como está o James.
- Ele vai ficar bem, agora retire-se senhor Black, tenho que cuidar dos meus pacientes.
- Por favor Papoula. – Sirius fez sua melhor cara de cachorro abandonado na chuva e a enfermeira corou. – Prometo não demorar.
Ela parecia considerar, mas sua expressão continuava carrancuda.
- Por favor, ele é meu melhor amigo, é como se fosse um irmão pra mim, acabo ficando preocupado, só preciso saber como ele está.
- Tudo bem. – Cedeu cansada – mas só dez minutos.
- Ótimo, dez minutos está bom.
James, que observava a cena divertido, sentou pra poder conversar.
- Você não presta! – os dois riram - Onde você estava, seu cachorro?
- Com a Evie. – Diante o olhar interrogativo de James completou – a Lufa-lufa que ia torcer por nós, lembra?
- Ah, sim. – James arregalou os olhos – Sirius! Aquela menina deve ter uns doze anos, endoidou?
- Quatorze. – Respondeu despreocupadamente – Mas não precisa aguçar seus instintos paternais, não aconteceu nada entre a gente.
- Não? – James começou a gargalhar só parando ao receber um olhar de reprovação de Madame Pomfrey – Está perdendo o tato?
- Muito engraçado Pontas... Está me vendo rir? Não rolou nada entre a gente porque eu não quis. E também porque ela está afim do Rabicho, quer uma ajuda com ele.
- Ah, do Rabicho... – James começou a rir novamente – Perdendo pro Ratinho, Sirius? Quem diria!
- Pontas você está excessivamente insuportável. – Sirius respondeu emburrado enquanto tirava os objetos da mesinha de cabeceira para se sentar.
Naquele momento a porta da enfermaria bateu com força outra vez e Alice e Lucy entraram como um furacão. Com o barulho feito pelas duas Grifinórias, Sirius que estava a meio caminho de se sentar na mesa de cabeceira de James se assustou e o resultado foi desastroso.
Uma das mão parou no ar e a outra já em contato com a mesa escorregou fazendo o maroto desequilibrar e cair virando a mesinha junto com ele. Uma garrafa com água e um copo de vidro que estavam na prateleira de baixo acabaram quebrando e a água foi esparramada por uma boa parte do aposento.
Alice que estava correndo parou estupefata pela cena que acabara de presenciar e Lucy vindo logo atrás não conseguiu parar a tempo e bateu nas costas da amiga empurrando a morena para frente. Com a água derramada no piso escorregadio, em um segundo as duas também estavam no chão.
- Posso saber o que está acontecendo com vocês, hoje? – Madame Pomfrey agitava freneticamente um frasco com uma poção verde nas mãos. – Será possível que ainda não conseguiram perceber que isso aqui é uma enfermaria?
Se aproximou da maca de James e empurrou o frasco nas mãos do maroto.
- Beba isso.
- Pra que serve?
- Eu mandei tomar, Potter. Senhor Black, levante.
Sirius não respondeu, Madame Pomfrey ergueu a mesinha que estava sobre ele e o encontrou desacordado. A garrafa de água tinha quebrado na cabeça do maroto e feito um corte profundo. Logo, ele estava deitado na maca ao lado de James (que caiu em um sono profundo antes de terminar todo o frasco da poção) sendo medicado.
Alice e Lucy também tomaram uma poção, mas só pra dor, tinham uma perna roxa cada uma por causa do tombo.
- Será que agora vamos ter um pouco de paz nessa enfermaria? – Madame Pomfrey se perguntou encarando ameaçadoramente a porta. Alice podia jurar que a enfermeira atacaria qualquer um que ousasse passar por ali naquele momento.
- Podemos, hum, ver a Lily? – Lucy perguntou timidamente.
- Sim, sim. – A expressão no rosto da enfermeira suavizou - Venham. Ela está num quarto lá dentro.
Chegando no quarto as amigas encontraram Gwenda debruçada sobre a maca de Lily, com uma expressão derrotada.
- A febre dela não abaixa. Acabei de medir, 43 graus.
Alice deu um pulo.
- 43? Merlin! Eu nunca vi isso.
- É realmente perigoso. Por isso vou precisar muito da ajuda de vocês. – Madame Pomfrey se dirigiu até o armário no fundo do aposento e pegou um pergaminho da gaveta. – Preciso dessas ervas para fazer uma poção bastante forte, mas infelizmente nosso estoque está vazio. Eu mesma buscaria, mas não posso deixar a senhorita Evans e aqueles dois desajuizados sozinhos.
Alice analisava a listagem que tinha em mãos. Dezoito plantas, das quais pelo menos quinze ela reconheceria facilmente.
- O que acha querida? Vai saber encontrar essas ervas na floresta?
- Na... na floresta? Mas ela é proibida e perigosa e já vai anoitecer...
- Vamos Alice, é pela Lily. – Gwenda se manifestou. – Eu posso ir junto.
- Eu também vou com vocês.
Ficou decidido. Passaram na biblioteca para pegar um exemplar de “Herbologia – um catalogo de mil plantas” (pode ser útil, constatou Lucy), fizeram um lanche na cozinha já que haviam perdido o jantar e foram para o salão comunal avisar Remus e Frank que, àquele horário, já estavam preocupados.
- Madame Pomfrey concedeu permissão somente pra nós três irmos à floresta. Ainda assim, acompanhadas de Hagrid.
- Continuo achando perigoso. – falou Frank emburrado enquanto acariciava a mão da namorada. – Não podem esperar até amanhecer, pelo menos?
- Frank, me desculpe, mas você não ouviu sobre a parte em que a Lily está com 43 graus de febre? A gente não pode deixá-la nesse sofrimento até amanhecer. – Lucy estava ficando nervosa com aquela insistência dele.
Remus que estava em silêncio até então, pediu que elas esperassem um momento e subiu correndo para o dormitório masculino. Voltou trazendo um pergaminho dobrado. Entregou à Gwenda.
- Levem isso com vocês. Pode ser útil para se localizarem ou se quiserem saber se tem alguém por perto. Só não saiam dos terrenos de Hogwarts.
- O que é isso Remus? – Lucy perguntou curiosa olhando por cima do ombro da amiga.
- Um mapa. Um mapa de Hogwarts. – Sorriu satisfeito, mas Gwenda começou a rir.
- Lupin, esse pergaminho está em branco.
Remus ensinou as amigas a usarem o mapa e deu mil recomendações de cuidado com aquele objeto precioso. Frank fez Alice prometer que voltariam logo e os dois acompanharam as garotas até o saguão de entrada.
Com as varinhas em punho e mochilas com suprimentos nas costas as meninas saíram do castelo.
Lucy sorriu encantada quando recebeu o ar fresco da noite em seu rosto.
- Almofadinhas? Psiu, está me ouvindo?
- O que é Pontas? Ai... minha cabeça parece que vai explodir.
- Não é o Pontas, é o Aluado. O que você está fazendo na enfermaria?
- Aluado? Enfermaria? – Sirius deu um pulo da maca, mas como estava um pouco zonzo não conseguiu se equilibrar (de novo!) e caiu estrondosamente (de novo!).
Remus percebeu uma luz se aproximando do fundo da enfermaria e deslizou para baixo da capa de invisibilidade.
- Senhor Black, o que está acontecendo? E o que o senhor está fazendo no chão... novamente? Está sem forças em suas pernas hoje, é isso?
Sirius ignorou o comentário da enfermeira e olhou para os lados descrente.
- Mas eu o ouvi, tenho certeza. – e virando-se para Madame Pomfrey – o que eu estou fazendo aqui na enfermaria? Só me lembro de ter vindo fazer uma visita ao James, e...
- E depois ficou fazendo acrobacia com a mesa de cabeceira que caiu quebrando uma jarra de vidro na sua cabeça.
- Uau! Não me lembro disso. E então, já que estou curado posso ir embora?
- Senhor Black, são duas horas da manhã, curado ou não o senhor vai ficar aqui até o dia amanhecer. Agora, já para a cama.
Papoula o empurrou pelos ombros obrigando-o a se deitar.
- Por favor, tente permanecer em cima dela, pode ser? Não quero ter que vir te tirar do chão mais uma vez.
A enfermeira apagou o lampião e saiu do quarto.
Quando achou seguro, Remus saiu novamente de seu esconderijo tentando abafar as próprias risadas.
- Estamos um pouco desajeitados hoje, Almofadinhas?
- Impressão sua lobinho. O que você quer? – Sirius tinha recobrado o mau humor causado pelas brincadeiras de James.
- Que tal uma volta pelo castelo? Ou melhor, pela floresta proibida?
Sirius deu outro salto da maca, mas agora (felizmente) conseguiu se equilibrar normalmente.
- Você fazendo uma proposta dessas? O que está em jogo, “senhor monitor-certinho lobo-safado”?
- Cala aboca, Sirius... Vamos acordar o Pontas, a Lucy me contou que Madame Pomfrey deu uma poção do sono pra ele, e no caminho eu explico a história pra vocês.
- Madame Pomfrey não vai gostar de encontrar nossas camas vazias quando acordar. – Sirius falou com um sorriso maroto no rosto que não demonstrava nenhum pingo de preocupação.
- Vocês dois vão voltar antes que ela tenha tempo de perceber isso.
Sirius fez uma careta de desgosto mas concordou.
- E agora a parte mais difícil do plano: acordar o Pontas. Se normalmente já é complicado imagina tendo tomado uma poção?
- Eu adorava passear com meu pai à noite. As estrelas são a lembrança mais forte que eu tenho dele.
Lucy e Gwenda estavam sentadas em uma rocha enquanto Alice lavava em uma pequena fonte algumas ervas que tinham recém colhido.
- Eu sei como você se sente. Sempre que vejo algum artefato trouxa, também lembro do meu pai. Apesar disso ter sido o motivo que o matou, não tem como não lembrar da paixão e curiosidade que ele tinha pelos trouxas.
Lucy ficou em silêncio, não tinha palavras para consolar a amiga quando ela mesma estava sofrendo ao lembrar do pai. Apertou com força seu pingente e sorriu para Gwenda.
- Nós temos que ser fortes.
- É, eu sei.
- Pronto. As ervas estão devidamente lavadas e cada uma em seu recipiente. Quantas ainda faltam, Lucy?
A loirinha tirou a listagem do bolso. Pegou uma pena e assinalou as últimas que tinham colhido.
- Faltam só seis, Lice. Acho que vamos terminar logo.
As três voltaram a andar pela trilha que se aprofundava cada vez mais na floresta. Hagrid as tinha perdido de vista logo no início do passeio e pelo que Gwenda pode observar quando abriu o Mapa do Maroto o Guarda-caças tinha se embrenhado numa direção completamente oposta da que elas foram.
Como já estavam bem mais confiantes do que quando saíram do castelo, decidiram seguir sozinhas mesmo do que perder tempo pra chegar até ele.
Alice que liderava a caminhada parou de repente, obrigando Gwenda e Lucy a fazerem malabarismos para não repetirem a cena da enfermaria. O que foi uma sorte, a estrada acabava em um enorme despenhadeiro. Alice se recuperando do susto passou a mão na testa.
- Sorte não estarmos distraídas.
Mas Gwenda estava observando uma mínima claridade azul lá em baixo.
- O que será que é aquilo?
Lucy e Alice se aproximaram do penhasco.
- Parece a luz de uma varinha.
- Ou daquela planta de nome esquisito que nós vimos no livro de Herbologia.
- Gwenda, acho que a Lucy está certa, está parecendo muito com a luz da Chavindyuns Japoendines. Mas como vamos fazer pra ir até lá?
- Lice não tem como ir até lá, esse penhasco deve ter uns 40 metros. Será que a gente não encontra essa “Chavinha de Japonês” aqui em cima, não?
- Chavindyuns Japoendines, Lucy. – Alice corrigiu séria.
- Foi o que eu disse.
- Aham. Eu acho que vai ser difícil encontrar essa planta novamente. Além de muito rara ela só nasce em lugares de difícil acesso até para animais, porque qualquer contato (mesmo de um minúsculo inseto) pode atrapalhar o desenvolvimento dela.
- Então se a gente encostar nela, ela morre?
- Quase isso Gwen, vamos ter que lançar um feitiço congelante e depois cortar ela pela raiz.
- Não querendo ser chata mas, Lice, você já pensou como vamos descer até lá?
Remus tirou um pergaminho do bolso enquanto se embrenhavam na floresta por fora da trilha. James e Sirius iam na frente cortando alguns galhos baixos que eventualmente atrapalhavam a passagem.
- Nesse ritmo se continuarmos em linha reta, calculo que vamos alcançá-las em mais ou menos meia hora. Temos que chegar lá na metade desse tempo, o feitiço não vai durar mais que quinze minutos.
- Ainda não sei o que você tinha na cabeça pra entregar nosso mapa original na mão delas. – Sirius respondeu rabugento.
Remus tinha feito um feitiço de duplicação do Mapa do Maroto e entregado o original para as garotas, imaginava que teria menos trabalho para chamar James e Sirius, mas perderam muito tempo na enfermaria. Agora o feitiço já estava acabando e restava apenas algumas sombras dos nomes.
- Vingardium Leviosa! – Lucy gritou entusiasmada – Podemos fazer o feitiço de levitação uma nas outras.
- Muito perigoso, Lucy. O Leviosa é pra levitação de objetos. E se fizéssemos um feitiço convocatório pra trazer a vassoura do Potter?
- Sem chances Gwenda. Aquela vassoura é o xodó dele, deve estar trancada por umas dez correntes e vinte cadeados. – falou Alice.
As três riram.
- Minha sugestão é conjurar cordas, ou algum equipamento de rapel.
- Alice, sua sugestão é mais improvável ainda. – falou Lucy – primeiro que não sabemos mexer com um equipamento de rapel. Segundo que descer com cordas é extremamente perigoso. E terceiro conjuração é matéria do sétimo ano.
- É verdade. – Alice suspirou resignada e se sentou no chão ao lado de Gwenda – Será que não vamos conseguir ter nenhuma idéia decente?
- Porque você não lança na planta um feitiço convocatório?
As três garotas deram um pulo e apontaram as varinhas na direção que veio a voz masculina, mas logo Sirius apareceu seguido de Remus e James.
- O que pretendiam? Nos atacar? – Sirius perguntou divertido.
- É o que vocês mereciam por nos dar um susto desses. – Lucy respondeu indignada guardando a varinha nas vestes – O que vocês estão fazendo aqui?
Os três marotos estavam à beira do penhasco observando a planta de luz azul.
- Viemos ajudar. A Lily merece o esforço, não? – James respondeu virando-se pra Lucy e passando a mão no cabelo despenteado – E vejo que chegamos em boa hora, vocês realmente estavam precisando de um cérebro masculino.
- James, nos poupe por favor. Nos viramos muito bem sem vocês até agora. Já temos doze plantas. – Alice respondeu orgulhosa.
Sirius alheio à conversa atrás de si levantou a varinha e se preparava para lançar o feitiço convocatório na planta. Alice percebendo o que ele ia fazer correu até o maroto e lhe segurou o braço.
- NÃO SIRIUS!
Mas com o movimento do braço de Sirius, Alice que estava praticamente pendurada nele escorregou na terra rala que tinha na beira do penhasco e despencou ladeira abaixo.
Sirius só não caiu junto porque Remus que estava perto conseguiu segurá-lo pela capa a tempo.
Lucy e Gwenda deram um grito e correram pra perto de Remus.
- Ai, Merlin, Merlin, Merlin. E agora? – Gwenda andava de um lado para o outro – O que a gente vai fazer?
- ALICE... ALICE... RESPONDE ALGUMA COISA.
Silêncio.
- ALICE... POR MERLIN, FALA COM A GENTE...
A única resposta foi do vento balançando as folhas das árvores.
Sirius estava em choque. Só conseguia pronunciar duas palavras:
- Minha culpa.
- Não foi sua culpa, Sirius. – Lucy já estava chorando – Aconteceu, é uma dessas coisas que acontecem. Você não a jogou lá pra baixo nem ela pulou, simplesmente aconteceu...
- Eu vou descer. – Sirius respondeu decidido – Se tem alguém que tem que ir atrás dela sou eu.
- Não seja idiota, Sirius. – Lucy ficou repentinamente séria – Não acha que já é demais pra apenas vinte e quatro horas? A Lily com 43º de febre, James quebrando a perna, você quebrando uma jarra de vidro na cabeça, Alice e eu com a perna roxa pelo tombo da enfermaria, a Alice despencando lá embaixo, ainda você quer aumentar o índice de desgraças se jogando lá pra baixo?
Todos ficaram quietos apenas encarando a loirinha que voltou a sentar e cobrir o rosto pra chorar silenciosamente.
Gwenda desviou os olhos para o lugar onde Alice tinha caído e pode ver algumas faíscas vermelhas surgindo de um ponto lá embaixo, mas parecia estar ainda mais baixo do que o nível da planta azul.
- Gente, a Alice. Faíscas vermelhas, ela está pedindo ajuda...
Os três marotos correram pra perto de Gwenda e Lucy apenas levantou o rosto.
- Jura?
- É verdade Lucy. – James falou com a voz embargada. Era a primeira manifestação dele desde a queda da amiga e todos puderam ver seus olhos vermelhos tentando segurar o choro.
Ele e Alice eram amigos desde a infância. Além de serem vizinhos, ainda eram de famílias tradicionais bruxas e estavam sempre nas mesmas festas e eventos sociais. Também seus pais tinham um ótimo relacionamento, muitas vezes estavam juntos para um jantar ou um almoço de domingo.
- Eu tenho uma idéia, mas é um pouco arriscado, Lucy. – Remus se virou com uma expressão preocupada para a loirinha.
- O que é Remus? – perguntou ainda com vestígios de choro na voz.
- Eu estava pensando, você é a única que sabe algum misterioso feitiço que cura feridas. A Alice provavelmente está muito machucada, e ninguém seria tão útil lá embaixo quanto você.
- Eu aceito. – Lucy passou a manga das vestes nos olhos e sorriu para Remus enquanto se aproximava – E o problema é que a única maneira de eu descer seria com o Vingardium Leviosa, não é?
Remus apenas balançou a cabeça em sinal de concordância.
- Tudo bem. Eu também não consigo pensar em outra solução. Vocês estão com aquele espelho de comunicação aí?
- Mas é claro. – Sirius respondeu um pouco mais animado – Nós somos pessoas prevenidas.
Remus arqueou uma sobrancelha e Sirius completou.
- Na verdade, o Aluado sempre pensa em tudo.
- Maravilha. Me emprestem um e fiquem com o outro, quando eu encontrar a Alice a gente se fala, ok?
Sirius lhe entregou seu espelho e Lucy se posicionou na direção em que Alice tinha escorregado.
- Vingardium Leviosa.
Lucy flutuou dois palmos do chão e com um grito de dor, seus pés tocaram o solo novamente.
- Merlin, isso dói muito.
- Quer desistir? – Remus perguntou preocupado.
- Não, mas você tem que acabar o mais rápido possível.
- Se a gente fizer o feitiço combinado, vai ser mais fácil. – sugeriu Sirius.
James, Sirius e Gwenda se posicionaram ao lado de Remus e juntos levitaram Lucy mais facilmente. Em pouco tempo ela estava lá embaixo com uma careta de dor.
- Próxima dúvida a tirar com o meu livrinho vai ser como levitar pessoas... Lumus.
A luz da varinha era suficiente pra iluminar apenas o próximo passo da grifinória naquela escuridão total. Sentiu frio e medo, seria muito mais difícil andar por ali desse jeito. Ao contrário do que imaginava, o lugar era completamente plano, o que dava uma falsa sensação de segurança.
- Lumus Solem. – sussurrou.
Lucy agora podia ver um pouco melhor as coisas a sua volta.
- Bem melhor. – A garota riu. Mas sua risada ecoou fria fazendo-a parar assustada.
A alguns metros a sua frente ela viu. A planta de luz azul. Correu até ela mas quando se aproximou alguma coisa a jogou para longe. Tentou novamente e a mesma coisa. Tentou pela terceira vez e foi jogada longe novamente. Mas agora tinha caído em alguma coisa macia e molhada, que ainda por cima falava.
- Quer me matar de vez?
- ALICE? – Lucy deu um pulo se posicionando ao lado da amiga.
- Lucy, acho que eu quebrei minha perna. – falou tão baixinho que Lucy quase não poderia escutar, não fosse o silêncio mortal que era aquele lugar. Nem o vento fazia barulho ali – E tem como diminuir essa luz terrível?
Lucy nem tinha se dado conta que estava com a varinha apontada para o rosto da amiga.
- Desculpe. Nox, quer dizer, Lumus. Isso. Agora preciso que você me fale onde está doendo, ok?
Alice foi apontando os ferimentos e Lucy ia tocando com a varinha. Em menos de um minuto Alice estava se sentindo completamente nova.
- Como você faz isso, Lucy? – perguntou espantada.
- É um feitiço que eu aprendi, mas não posso contar, ele tem um encantamento pra quem o lê... desculpa.
- Tudo bem, é só você estar sempre por perto...
As duas riram e Lucy estendeu a mão para a amiga levantar. Só então repararam onde Alice tinha caído e não conseguiam acreditar na sorte que tiveram. A grifinória caiu deitada em um enorme canteiro de flores, o que amorteceu sua queda, mas ao lado do canteiro havia outro penhasco de mais 30 metros de altura, a varinha dela estava caída lá.
- Accio varinha. – A varinha voou para a mão de Lucy que entregou para Alice. – Você realmente é uma pessoa de sorte, amiga.
- Podia ter sido uma tragédia... – Alice estava boquiaberta.
Falando em tragédia Lucy lembrou de Sirius. Tirou o espelho do maroto do bolso e chamou por James. Do outro lado três rostos preocupados atenderam o chamado. Gwenda, James e Sirius. Eles encheram Alice de perguntas e após certificarem-se que ela realmente estava bem, atenderam a suplica de Lucy e entregaram o espelho para Remus.
- Remus, a Chavindyuns Japoendines me jogou longe todas as vezes que chegava a menos de um metro dela. Você sabe de algum feitiço de proteção que ela possa ter?
- Não sei, Lucy.
- Tem um livro de Herbologia na minha mochila, procura a Chavindyuns Japoendines e me chama de novo?
- Tudo bem, vou olhar.
O rosto de Remus desapareceu e o espelho na mão de Lucy voltou a refletir sua própria face.
- Lumus Solem. Lice, é melhor a gente procurar algum lugar pra voltar lá pra cima, vai por mim, Vingardium Leviosa não é nada confortável.
Sem perder a planta de luz azul de vista, andaram por toda a extensão daquela estranha planície. O que foi um ótima idéia, acharam outras três plantas que estavam precisando para a poção.
- Agora só faltam duas. – Alice falou entusiasmada – Que tal a gente tentar se aproximar da Chavindyuns de novo?
Lucy ergueu os ombros, ‘não custa tentar’. Mas quase custou, como da terceira vez que tinha tentado, Lucy foi arremessada para o canteiro de flores e por milímetros não despencou lá embaixo.
- É melhor não abusar da sorte. – Lucy falou massageando o braço direito.
Logo Remus apareceu novamente no espelho.
- Meninas, a notícia pode ser boa e ruim. Depende do ponto de vista.
- Nos apresente o ponto de vista bom, por favor. – Implorou Lucy.
- A ‘Chuvinha Japonesa’ tem mesmo um feitiço, mas ele é temporário...
- Entendi. – Alice falou fechando um pouco a cara – O ponto de vista bom é que a planta tem um feitiço temporário e o ruim é o que você se juntou ao clube da Lucy e inventa nome sem sentido pra uma planta tão importante como a Chavindyuns Japoendines.
Remus e Lucy riram às gargalhadas.
- Remus, a sua foi bem melhor que a minha, ‘Chuvinha Japonesa’ é realmente um nome bastante simpático.
Alice fechou ainda mais a cara e fuzilou Lucy com o olhar.
- Ou vocês dois param de insultar a planta ou eu vou me recusar a colhê-la.
Lucy passou o braço pelo ombro da amiga.
- Desculpa Lice. Não tínhamos a intenção de insultar a plantinha azul.
Remus apenas acenava positivamente com a cabeça, segurando o riso por ver a morena tão brava.
- Então qual o lado ruim dessa história? – perguntou menos irritada.
- A proteção só acaba com a luz do sol.
- Lumus Solem, serve?
- Não, Lucy. Tem que ser o próprio sol. O problema é que James e Sirius têm que voltar para a enfermaria antes que Madame Pomfrey possa perceber a ausência deles. Não vamos poder ficar aqui até vocês estarem livres.
Alice sorriu encarando Remus sobre o ombro de Lucy.
- Não precisa se preocupar. Manda o James e o Sirius voltarem pra enfermaria e você pode voltar pra Torre, a gente se vira pra sair daqui. E também só faltam mais duas plantas além da Chavindyuns Japoendines, vai ser fácil.
Lucy aproveitando a deixa da amiga completou.
- Já leva a Gwenda com você. Tadinha, ela esteve o dia todo cuidando da Lily, ta precisando de um pouco de descanso.
Remus concordou. Um pouco corado, como as duas amigas puderam perceber.
N/A:
Sirius esteve um desastre, não?? Um belo desastre, diga-se de passagem... Huahuahauhau
Remus levando Gwenda pra Torre? No que isso vai dar, hein? Mas essas são cenas do próximo capítulo: Operação Cupido!!! Capítulo em que a personagem preferida de todos nós vai ter uma grande participação: Petter Pettigrew terá NOVE falas!!! Isso é realmente um Record do nosso querido ratinho! hehehe
Giulia, que bom que você gostou do filme!! E ainda mais da minha fic! Isso me deixa muito feliz!!! Sim, eu vou postar no seu Niver, mas vai ser o capítulo 11 mesmo! Você me desculpa? Não vou ter como atualizar antes?? Daqui a pouco eu vou te mandar um e-mail, aí a gente conversa, ta? Ah! AMEI seu depoimento!! Muito fofo! ^^ Beijinhos!!
Camilla Gurjao, você por aki também!! Ke alegria!!! Hehehe E eu nem preciso dizer que adoro seus comentários, né? Você tem dado muito SAL à essa fic! Rsrsrs Beijinhos!
WheeZy Bruná, oie! Não vou demorar, não se preocupe! Hahaha, eu também leio os comentários dos outros leitores nas fics que eue acompanho! Hahaha Faz parte, não?? E você não é intrometida, não! Adoro você, Lindinha!! Beijinhos!
Agora queria falar uma coisa pra vocês... É que eu vou ter que passar a atualizar a fic semanalmente, agora. Mas acredito que será só durante o mês de Janeiro. É só o tempo de eu colocar algumas coisas minhas em ordem e voltar a escrever regularmente.
Detesto prometer o que eu não posso cumprir, e também não vou deixar vocês esperando por uma atualização que pode vir qualquer dia. Então como tenho certeza que, ao menos uma vez por semana vou poder atualizar, é melhor fazer apenas esse compromisso. É claro que se eu puder postar antes eu vou postar, mas nunca depois, isso eu garanto!
E quem estiver acompanhando a shortfic Míopes Marotos, não se preocupe, eu não desisti! Rsrsrs Pretendo atualizar ela logo e terminar de postar ainda este mês.
Beijinhos, Luci Potter.
(não esqueçam de dar SAL a essa fic: comente e faça uma criança feliz!)
Próxima atualização: 11/01
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