Um novo fim



Capítulo 16 – Um novo fim


- Como você se saiu, Lily? – perguntou Frank quando a ruiva sentou para o almoço.
- Meu Patrono foi perfeito, mas em compensação na prova teórica... devo ter errado umas três questões. – respondeu desanimada.
- Duvido muito, Lis. – Consolou Alice. – Você é uma das melhores alunas de DCAT.
- Já souberam da última? – Edgar perguntou animado sentando com Lucy na mesa da Grifinória.
- Sirius namorando a Emily? – perguntou Gwenda servindo-se de batatas.
- Gwen, essa já está ultrapassada. As fofocas nessa escola são atualizadas de hora em hora. – Lucy respondeu sorridente. – Professor Norton vai pedir demissão.
- Como? – Lily e Alice perguntaram juntas.
- Parece que depois da prova de Defesa Contra as Artes das Trevas ele recebeu uma coruja negra, trazendo um informativo que sua família estava em poder dos Comensais da Morte. – explicou Edgar.
- Será que agora ele vai parar de fazer pouco caso da guerra? – Lucy perguntou sorridente.
- Chamar isso de guerra é um ultraje, mocinha! São apenas alguns desordeiros, difamando as artes das trevas por pura diversão. – Remus imitou a voz e os gestos rígidos do professor Norton.

Todos na mesa riram.

- Lucy, é melhor você ficar longe do professor, ele é bem capaz de te azarar se você lhe atravessar o caminho. – Frank fez uma expressão séria, mas logo riu.
- Eu? Não fiz nada pra ele!
- ‘A hora que acontecer com a sua família, professor, acredito que seus conceitos de guerra vão mudar’ e ‘Ninguém está livre disso’ exprimem bem o que Frank quis dizer. – Alice lembrou alegremente.
- Eu já cumpri minha detenção por ‘ameaçar um superior’. Pra mim eu tinha apenas o alertado... mas ele sempre entende do jeito que quer.
- Falou no diabo... – falou Remus olhando para a entrada do salão principal.

Todos viraram na mesma direção. O professor Norton era um homem alto e robusto. O rosto enrugado e os óculos de lentes grossas contribuíam para lhe dar um aspecto severo, apenas confirmado por seu caminhar rígido e voz grave.

- Me diga, agora, onde eles estão? – perguntou o professor parando atrás de Lucy.

A loirinha virou lentamente e encarou os olhos negros do professor.

- Onde estão quem? – perguntou com um fingido autocontrole.
- Não se faça de desentendida, mocinha!
- Desculpe, mas não sei do que o senhor está falando. Se puder ser mais específico, talvez eu possa lhe ajudar, professor.
- Minha mulher e meus filhos.
- Provavelmente em sua casa, senhor. Como posso saber? Isso faz parte de alguma coisa relativa à prova que acabamos de fazer? Não vejo nenhuma ligação com...
- Quieta! – Norton gritou chamando a atenção de vários alunos de outras casas – Quero saber o que você fez com eles. E agora!
- Desculpe, senhor, mas continuo sem entender o que pode estar acontecendo.
- Há dois meses você me fez uma ameaça, hoje eu recebi uma carta comunicando que minha família foi raptada. Quero saber o que você quer!
- Ah! É isso. Correção: há quatro meses atrás quando minha amiga tinha recém perdido os pais nessa guerra idiota, o senhor fez pouco caso dos sentimentos dela e menosprezou a guerra. O que eu lhe disse foi que sua opinião mudaria quando acontecesse com o senhor. E lhe disse também que ninguém estava livre de sofrer alguma coisa. Nem mesmo o senhor.
- Dumbledore vai ficar sabendo disso.
- Eu já estou sabendo, Norton. – respondeu Dumbledore calmamente ao se aproximar do grupo - Curiosamente encontrei a senhorita Eyelesbarrow aparando a grama das imediações do Salgueiro Lutador um dia desses. Uma detenção, no mínimo, curiosa.

Lucy fez a melhor cara de anjo que conseguiu.

- Você... quer dizer... o senhor... – Norton ficou repentinamente nervoso.
- Só não lhe chamei a atenção por ter dado uma detenção tão perigosa à uma aluna, porque a senhorita Lucy intercedeu por você, professor. E também me contou a discussão que ocasionou a detenção, na minha opinião – piscou um olho – indevida. Todos nós sabemos que o mundo bruxo está passando por um momento terrível. É insensato de sua parte fazer nossos alunos acreditarem que o que está acontecendo lá fora não é uma guerra.

O professor abandonou a postura e começou a chorar.

- Eu... eu só quero eles de volta... só isso...
- Calma, calma, Norton. Venha comigo, vamos fazer tudo o possível. – Dumbledore apoiou o professor em seus braços e estava de saída quando Lucy os chamou de volta.
- Professor Norton. O senhor já procurou averiguar se as informações da carta são verdadeiras? Quero dizer... se é de um remetente confiável? Ou... bom, existe muita gente com um senso de humor pavoroso, talvez seja a idéia que tenham de uma peça de fim de ano.
- Muito bem observado, senhorita. – Dumbledore respondeu calmamente e a cor pareceu voltar ao rosto do professor Norton. – Iremos apurar isso. Vamos, Norton.

Os estudantes apenas esperaram o dois homens se afastarem para virar inquisitorialmente para Lucy.

- Essa não é sua idéia de peça de fim de ano, é? – perguntou Remus cauteloso e Lucy gargalhou.
- Não sou tão terrível assim, meus queridos. – abriu um imenso sorriso e Lily respirou aliviada – Cheguei a ficar com dó do professor Norton. Talvez para a família ele seja um bom homem.

Terminaram o almoço em silêncio. Edgar foi para o salão comunal da Lufa-lufa estudar um pouco antes de sua prova de poções. Remus foi atrás dos outros marotos, segundo ele, precisava descobrir o que aqueles três estavam aprontando.

Lily e Alice tinham prova de Herbologia logo após o almoço. Terminaram a refeição e já foram para as estufas. Lucy e Gwenda, que estavam com a tarde livre, foram para o salão comunal estudar um pouco para a prova do dia seguinte.

- Nossa última prova esse ano. – Suspirou Gwenda.
- Passou rápido, não? – Perguntou Lucy enquanto abria o livro de transfiguração. – E aconteceu tanta coisa...

Gwenda suspirou antes de completar o pensamento da amiga.

- As histórias da Lily com o enigmático Leão. Nós duas, órfãs. Comensais da Morte em Hogwarts. Lily e sua doença misteriosa. Remus e eu juntos, você namorando logo o Edgar, que no início do ano não passava de um nome pra você. Alice e Frank se acertaram... Muita coisa mesmo.
- Fora as completamente imprevistas... como James ter perdido para o Malfoy a captura do pomo. Grifinória sem o título de Quadribol. Sirius namorando, e namorando a pior criatura da escola, a nojenta da Emily. Mas o mais surpreendente de tudo foi James implicar pouco com o Seboso.

As duas amigas riram.

- Essa eu sei porque. – falou Gwenda animada – Depois da lição de moral da nossa amiguinha ruiva na frente da escola inteira ano passado, acho que ele ficou um pouco... traumatizado.
- Já estou com saudades daqui. Queria que o próximo ano passasse devagar.

Não demorou muito para que Lily e Alice se juntassem à elas.

- Facílima. – falou Alice bastante animada ao sentar ao lado de Lucy.
- Até eu achei fácil. – falou Lily – Vocês deveriam ter feito também.
- ‘Até eu achei fácil’. – Gwenda imitou – Quem ouve você falando pensa que é a pior aluna da escola e não entende matéria nenhuma.

Lily apenas sorriu.

- De qualquer maneira, foi uma matéria a menos esse ano. – falou Lucy otimista – E vai se uma a menos ano que vem.
- Muito me admira você, que quer ser auror, não fazer Herbologia. – Alice falou indignada.
- McGonagall me disse que Herbologia era opcional. Sendo opcional, eu opto por não fazer.
- Mas optou por fazer Trato das Criaturas Mágicas. Matéria muito mais inútil para o seu currículo.
- Lily, professor Kettleburn é o máximo! Ta certo que ele está velhinho e um pouco gagá, mas ainda assim é um ótimo professor. Ele ficaria muito triste se eu abandonasse as aulas dele. Assim como o Slughorn ficaria se você desistisse de poções.

Lily abriu um sorriso amarelo.

- Falando em Slughorn, ele está super chateado de você ter faltado na reunião de despedida de ontem. E disse que, se ano que vem você faltar na primeira reunião, estará fora do clube.
- Grande ameaça. – respondeu Lucy fechando o livro de transfiguração – Você sabe que eu detesto essas... essas reuniões idiotas dele.
- Mas você deveria ir, ao menos, pra me acompanhar.
- Ano que vem eu vou. Já pensou o que seria da minha pobre alma se tivesse que sair do maravilhoso e perfeito clube do Slug? – Lucy falou colocando a mão na testa para aumentar o drama.

Gwenda também guardou o material.

- Vamos lá pra fora? Tirar fotos?
- Vamos. Era a minha idéia. – respondeu Lucy animada.
- Vocês estão loucas? – perguntou Lily – Amanhã nós temos prova de Transfiguração.
- Exatamente, Lily: amanhã. – falou Alice, ficando em pé ao lado das amigas. – Hoje nós estamos livres.
- Então deveríamos estar estudando. Eu não vou.

Lucy e Gwenda se encararam e sorriram.

- Vai sim, mocinha. – falou Gwenda segurando o braço direito da ruiva.
- Nem que a gente tenha que te arrastar. – falou Lucy segurando o outro braço.
- Querem ajuda para carregar os pés? – perguntou Alice.

As três riram da expressão horrorizada de Lily.

- Tudo bem, eu vou. Não precisam de medidas tão drásticas. – falou sorridente.

Elas saíram do salão comunal e atravessaram os corredores quase desertos do castelo. Quando passaram pelo saguão de entrada avistaram um grupo de Sonserinos que parou a conversa para observá-las.

- Ignore-os. – murmurou Lily ao pé do ouvido de Lucy.
- Farei o possível. – respondeu a loirinha.

Malfoy esperou elas passarem para gritar.

- Chorando muito ainda, sangue-ruim? – Os outros Sonserinos riram.

As amigas continuaram andando como se não tivessem escutado nada.

- Ouvi dizer que seu pai também chorou bastante. Sabe, parece que primeiro ele viu sua mãe morrer, pra depois virar churrasquinho.

Mais risadas.

Lily estancou. Tentava a todo custo impedir que as lágrimas caíssem. Alice levou a mão ao peito, acabava de lembrar do sonho que teve aquela noite. Tudo nítido como se ela estivesse lá outra vez. Gwenda apertou a mão de Lucy, como que para impedir a loirinha de fazer alguma besteira.

As duas viraram devagar para Malfoy, mas ainda em tempo de ver Lily acertando um tapa no rosto do Sonserino.

A ruivinha estava vermelha de raiva.

- Se eu descobrir, Malfoy que você esteve lá aquela noite, faço você em pedacinhos. – Ela levantou a varinha, encostando no pescoço do Sonserino - E do método trouxa mais doloroso. Nem que eu leve anos, nem que eu tenha que ir até o inferno atrás de você, eu juro que acabo com a sua raça. – Ela tremia de nervoso.

Lucy observava assustada a reação de Lily. Geralmente era ela quem protagonizava esse tipo de cena com o Sonserino.

Lily deu as costas ao grupo e estava voltando para perto das amigas quando Malfoy a chamou.

- Sabe que você não é tão boazinha quanto aparenta? O Lorde das Trevas adoraria ter alguém como você trabalhando para ele. Ele gosta de pessoas atrevidas e com esses instintos assassinos.

Lily virou devagar e andou novamente até o Sonserino.

- Eu nunca trabalharia para um fracassado como ele.
- Sua amiguinha já pagou por falar o que não devia. Você também devia aprender a controlar essa língua, sangue-ruim. – Falou com um gesto de desdém – O Lorde das trevas é capaz de coisas terríveis...
- Você devia parar de fazer essas ameaças idiotas. Eu sei muito bem do que o seu chefe é capaz. E não tenho medo, sinto é pena dele. Sim, sinto pena porque uma pessoa como ele, nem mãe deve ter tido. Deve ter nascido de chocadeira, igual à você, Malfoy.

Malfoy estreitou os olhos. A marca dos dedos de Lily ardendo em seu rosto.

- Nem. Mais. Uma. Palavra. – Sibilou ele.

Lily deu um sorrisinho sarcástico e voltou pra perto das amigas.

- Você foi ótima, Lis. – Lucy falou um pouco risonha – Sempre quis dizer isso pro Malfoy. Deles terem nascido de chocadeira...
- Acho que me fez bem colocar pra fora. – Lily confidenciou.
- E eu tenho uma coisa pra te contar. Mas é melhor nós sairmos daqui. – Alice segurou a mão de Lily e as quatro foram para os jardins.




- ... então eu acredito que tenha sido isso o que aconteceu.

As quatro amigas estavam sentadas na beira do lago. Alice tinha terminado de contar o sonho que teve na noite do assassinato dos Evans. Lily estava com os olhos vermelhos, mas não chorou mais. Na verdade sentiu uma ponta de orgulho ao lembrar do amor tão lindo dos pais que lutaram juntos até a morte.

- Isso é um dom, Lice. Você pode ver o futuro. – falou Gwenda.
- Não acho que seja um dom e de qualquer modo, eu não vi o futuro, pelo que soubemos deve ter sido no mesmo horário.
- Dumbledore devia ficar sabendo, pode ser muito útil pra evitar algumas mortes. – Lily falou esperançosa.
- Acredito que não Lily. Eu sonhei, tenho certeza, mas em compensação só lembrei agora, mais de quatro meses depois.

Lucy saiu de seus devaneios e piscou os olhos.

- Treino. – Virou para Alice – Se você conversar com Dumbledore, com certeza ele vai achar utilidade nesse seu dom, Lice. Nem adianta discutir, é um dom. Ele vai poder te ajudar.
- Mas eu não sei se quero ficar sonhando com mortes, e de pessoas que talvez eu nem conheça.
- De qualquer jeito, você deveria conversar com Dumbledore e, juntos, vocês poderiam achar uma solução. – falou Lucy animada e levantou num pulo do chão – Agora se me dão licença, eu tenho que encontrar ‘mon amour’.
- Vai jantar com a gente? – perguntou Lily.
- Talvez. Vou tentar arrancar do Ed alguma cola pra nossa prova de transfiguração já que ele fez a dele hoje.
- McGonagall dá provas diferentes, você sabe disso.
- Gwen, minha cara, nunca perder a esperança: Esse é meu lema!

Lucy sorriu e voltou calmamente para o castelo.

- Pensei que o lema dela fosse: “Não saia desprevenido. Tenha sempre uma barra de chocolates no bolso!”. – Gwenda falou divertida e as três riram.
- Lucy tem um lema diferente pra cada dia. – Respondeu Alice.
- Será que ela está mesmo feliz com o Edgar? – Lily perguntou um pouco preocupada – Parece nem ter se importado com o namoro do Sirius.
- Bom, ela começou com o Edgar porque o Sirius estava namorando a Anne, lembram? – perguntou Alice – Acho que o fato dele ter apenas trocado de vítima não influenciou nossa amiga.
- Não se preocupe, Lis. Se ela não estiver bem com o Edgar vai saber como lidar com isso. Lucy sabe se defender sozinha.

Lily abriu um sorriso tímido.

- Ela sabe disfarçar muito bem. Finge não se importar, mas no fundo pode estar queimando de dor. Nem que eu a ameace, não vai contar nada. Se fecha como uma ostra e na maioria das vezes é a pessoa mais espontânea que eu conheço.
- Impulsiva. – Corrigiu Gwenda.
- É. Acho que precisaríamos de mil anos pra entender essa figurinha... – Lily piscou os olhos - Agora, mudando de assunto, hoje chegou o último resultado dos exames daquela minha doença. Não foi apontado nada. Madame Pomfrey desistiu e começou a achar que foi apenas uma gripe forte.
- Mesmo que fosse, os exames apontariam alguma coisa, não é?
- Também acho, Lice. Mas Papoula já não quer mais conversa quanto à esse assunto. Acho que pra ela, é inaceitável ficar sem resposta.
- E agora? – Perguntou Gwenda.
- Isso me ajudou a decidir. Vou ser medi-bruxa.
- E quanto a ser auror?
- Já teremos bastante aurores, Gwen. O St. Mungus está em falta de curandeiros e medi-bruxos. Assim também posso estudar essa minha doença misteriosa.
- Então estudaremos juntas. – Alice falou animada – Meu pai vai precisar de uma assistente de laboratório no St. Mungus. Segundo ele, minha vaga já está garantida.
- Quanto tempo de curso? – perguntou Gwenda.
- São apenas dois anos. Mas a partir de seis meses eu já posso fazer estágio remunerado.
- E você, Gwen?
- Eu? Não faço idéia, Lis. Eu gosto de fotografia. É talvez eu faça algum curso trouxa de fotografia.




Os dois últimos dias de aula passaram rápido. Tão rápido quanto todo aquele ano letivo tinha passado para os estudantes.

A cerimônia de encerramento, coroou a Sonserina como vencedora da Taça das casas. Em grande parte, devido ao Torneio de Quadribol. Mas aquela não era um encerramento de ano letivo feliz, de longe, tinha sido o pior de todos os anos que Lily esteve em Hogwarts. Muitos alunos haviam perdido a família. E os olhos sempre brilhantes do diretor, tinham uma cor apagada, e um ar de tristeza indefiníveis. Falou poucas palavras no encerramento e se retirou da mesa antes da festa acabar.


Tinham acabado de desembarcar na estação King´s Cross.

- Seria ótimo sairmos da Inglaterra nesses tempos de guerra. E Paris é uma ótima opção. – falou Lucy.
- Prometo que vou conversar com meus pais. – Alice respondeu sorridente.
- De qualquer jeito vocês vão passar o final das férias com a gente, não?
- Com certeza, Lis. Tenho dó da mãe da Lucy com nós quatro na casa.
- Duvido que vocês encontrem minha mãe, Lice. Provavelmente ela vai estar em alguma viagem de negócios. Podemos colocar fogo na casa e ela nem vai desconfiar.
- Mas ela vem nos buscar, não vem? – Lily perguntou preocupada.
- Vem. – Lucy respondeu sem olhar para Lily, observava os marotos se aproximando. Sirius e James pararam no meio caminho. – Remus, você vai ficar com a Aruska?
- Dessa vez não. Eu vou viajar boa parte das férias. Ela ficaria estressada.
- Ele não é um pai maravilhoso? – Lucy perguntou sorridente enquanto abraçava Remus. – Aproveite, que ele é uma peça rara, Gwen!

As meninas riram.

- Boas férias, Remus. – Lily abraçou o maroto.
- Pra você também Lis.

Frank, Alice e Gwenda também se despediram e os dois casais saíram juntos da Estação. Remus e Frank levariam as duas meninas até a casa da Alice e depois, como já eram maiores de idade, desaparatariam.

- É tão estranho. – Lily falou pensativa enquanto sentavam em um banco.
- O quê?
- Há exatamente um ano atrás... meu pai te levou até o aeroporto pra você viajar pra França e você disse que no próximo ano queria que ele me deixasse ir junto com você.
- E ele jurou que deixaria e perguntou se o convite se estendia ao restante da família...
- É. Os pais de Gwenda também estavam aqui... Lembra que você quase perdeu o avião porque ele não parava de nos fazer perguntas sobre a magia da eletricidade?
- Lembro. – Lucy riu junto com Lily, mas depois ficou séria. – Onde essa guerra vai nos levar, Lis?

Lily não respondeu. Apenas balançou a cabeça triste.

- Vocês ainda estão por aqui? – James perguntou sentando entre Lily e Lucy.

Sirius chegou de mãos dadas com Emily Brent.

- Chegou à essa conclusão sozinho, Potter? – Lily perguntou hostil.
- Pra falar a verdade, sim. - Lily revirou os olhos - Onde está o Edgar, Lucy?
- Acho que já foi embora.
- Você acha? Que tipo de namorada não faz idéia de onde o namorado está? – Sirius perguntou encarando a loirinha.
- O tipo de namorada que pode confiar cegamente em seu namorado, porque sabe que ele não vai abusar dessa confiança. E o tipo de namorada que detesta fazer o tipo ‘grudenta’. – Ela falou a última palavra encarando Emily.

Sirius engoliu em seco, mas decidiu não retrucar.

- Só viemos nos despedir de vocês. – James falou tentando apaziguar. – Vamos passar as férias na minha casa, se quiserem aparecer...
- Obrigada, James, mas acho melhor não. – Lucy respondeu séria sem olhar para Sirius. – De qualquer jeito, tenha boas férias e comporte-se.
- Você também. – ele respondeu dando um abraço na loirinha. – Boas férias, Evans. – E antes que Lily percebesse, ele lhe deu um beijo no rosto e levantou rápido.
- Tchau, Evans. Boas férias, Lucy.
- Até mais, Black. – Lily respondeu e Lucy apenas acenou com a cabeça.

A loirinha virou a cabeça para observar os três se afastando.

- Como a Emily consegue ser tão antipática?
- Você ainda gosta dele, não gosta?

Lucy deu um longo suspiro antes de responder.

- Gosto. Não consigo deixar de gostar.
- E o Edgar?
- Ele é paciente. – Lucy riu – É tudo tão confuso, sabe? Eu amo o Sirius, mas não quero ficar com ele. Já o Ed, ele é maravilhoso, adoro a companhia dele, mas não consigo amar ele.
- A gente devia mandar no coração, não é?
- Devia. Por falar nisso, você ficou coradinha quando James te beijou!
- E eu não vou nem me dar ao trabalho de te responder isso, Lucy.

Não havia mais nenhum estudante de Hogwarts na Estação King´s Cross quando Brigitte Eyelesbarrow chegou para buscar as meninas.

Lily estava deitada no banco com a cabeça no colo de Lucy, enquanto a loirinha tentava, sem sucesso, achar alguma sujeira na cabeleira ruiva de Lily. As duas se divertiram quando Lucy fingia achar alguma cosa e gritava: ‘Piolho! Piolho!’ Os transeuntes olhavam alarmados e saiam disfarçadamente de perto delas.

- Desculpem-me a demora, minhas lindas.

A mãe de Lucy era uma mulher muito bonita. Os cabelos lisos, loiros como os da filha, estavam preso num elegante rabo-de-cavalo, estava bastante maquiada, mas nada muito pesado, tinha um vestido longo até o tornozelo, de um tecido verde leve.

A mulher deu um beijo em cada uma.

- Minha nossa! Vocês estão crescendo muito rápido! Começo a me sentir velha... parece que foi ontem que essa linda garotinha ruiva com onze anos de idade estava sendo apresentada à mim.
- O tempo passa, mãe. Pra todo mundo.
- Você quer dizer que estou velha? – Brigitte rapidamente tirou um espelho da bolsa e virou o rosto pra tentar encontrar alguma ruga.
- A senhora está ótima! Só nós que envelhecemos, você está até mais jovem! – Lily falou amavelmente.
- Oh, obrigada, linda. E você, como está?
- Superando. – Lily deu um sorriso triste.
- Eu sei bem como é perder alguém muito querido. Dói demais. Sei também que jamais vou poder assumir o papel de sua mãe, minha querida, mas pode contar comigo para tudo o que precisar, ok?
- Obrigada.
- Que tal irmos agora? – Lucy perguntou alegre - Ainda temos que passar na antiga casa da Lily pra pegar a mudança dela.
- Ah, sim. Meus amores, eu embarco para Paris em uma hora. Vocês vêm comigo?
- É claro que não, mãe! O combinado era viajarmos no final das férias.
- Eu sei. Mas tivemos alguns problemas urgentes na filial de Paris, acabei de ficar sabendo da viagem.
- Isso significa que você não vai nos levar pra casa?
- Vou. Quer dizer, mais ou menos. Eu deixo vocês na casa da Petúnia, e mando o motorista buscar vocês mais tarde.

Lucy encarou Lily e abanou a cabeça.

- Pode ser, mãe.
- Ótimo. – Brigitte respondeu alegre – Querem ajuda com as bagagens? Não? Tudo bem. – E saiu na frente delas falando como o tempo quente faz mal à pele.
- Ela não muda! É impressionante!
- Você nem contou que está namorando. – Lily falou cautelosa.
- E nem vou contar. Sei exatamente o que iria acontecer: ‘Mas que gracinha! Vamos marcar um jantar pra eu conhecer esse sortudo!’, aí marcaríamos um jantar, Edgar apareceria lindo e educado e eu o receberia com um sorriso amarelo me desculpando porque minha mãe teve uma ‘importante e imprevista’ viagem de negócios.
- Ela é bastante previsível. – Lily falou risonha.
- E essa do motorista agora? Faz três anos que eu dispensei ele e minha mãe nem sonha com isso.
- Vocês não estavam me escutando? – Brigitte perguntou com uma expressão triste enquanto abria a porta do carro para as garotas.
- Estávamos, mamãe. E acho interessantíssimo.
- Ah, que bom porque... – E continuou o discurso perdendo novamente a atenção da meninas.
- Frase padrão pra ser usada com ela. – Lucy falou sorridente para Lily e as duas passaram o resto do percurso fazendo planos para as férias.

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