Triste Surpresa



Capítulo 15 – Triste Surpresa


Estava tudo escuro. Ela piscou os olhos para tentar acostumar a visão, mas tudo o que conseguiu foi bater em alguma coisa. Apalpou até descobrir que era um sofá.

‘Isso significa que estou na sala’ pensou consigo mesma.

Continuou andando. Não sabia porque mais precisava encontrar as escadas. Olhou através da cortina entreaberta, lá fora o céu estava sem estrelas, podia sentir o cheiro da chuva se aproximando.

De repente um relâmpago iluminou o lugar e ela pode ver a escada. Subiu silenciosamente, lá em cima algumas vozes sussurravam... ela precisava ouvir, de algum jeito... pôde distinguir três silhuetas quando outro relâmpago clareou o corredor. Chegou mais perto se escondendo atrás de um armário.

As três pessoas pareciam ter desaparecido. Ouviu uma voz vindo do corredor à esquerda. Um grito... alguma coisa quebrando... precisava sair dali, mas seus pés a grudaram no chão. Viu um vulto passar correndo em sua frente e se encostou mais na parede. Outro vulto.

As duas pessoas começaram a gritar, pedindo socorro. Ela queria ajudar, mas não sabia o que tinha acontecido com seus pés. Mais três pessoas passaram na sua frente e ela sentiu-se arrepiar involuntariamente.

Escutou mais gritos... precisava fazer alguma coisa. Puxou os pés com força do chão e eles cederam. Voltou para a beira da escada silenciosamente mas teve que levar as mãos à boca para não gritar. Uma mulher estava no chão se contorcendo de dor, enquanto um homem observava a cena desesperado tentando se soltar de alguma corda invisível.

De repente o homem voou para o alto e bateu contra uma parede. Caiu no chão massageando o pulso. Um filete de sangue lhe escorria pela nuca. A mulher agora flutuava no ar e quem começou a se contorcer foi o homem. Desviou o olhar do casal e viu as outras três pessoas rindo enquanto empunhavam as varinhas.

De repente um jorro de luz verde saiu de uma das varinhas e a mulher caiu com um baque surdo no chão. O homem começou a chorar, gritar e se arrastou até a mulher... a distancia parecia cada vez maior, ela tinha ímpetos de correr até ele e fazê-lo se aproximar logo da mulher.

O homem estendeu a mão... se arrastou mais um pouco... estava a centímetros do corpo da mulher... alguém pisou-lhe na mão e ele, ensangüentado e sujo, começou a gritar estendeu a outra mão mas só conseguiu tocar os cabelos da esposa antes que a mesma luz verde o fizesse parar...


- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! -Alice deu um pulo de sua cama.

Lily, Lucy e Gwenda acordaram assustadas. Emily gritou um “Por Merlin, me deixa dormir’.

- O que foi, Alice? – perguntou Gwenda sentando assustada na cama da amiga.

Alice não conseguia falar, estava suada e respirava pesadamente como se tivesse acabado de sair de uma corrida. O rosto estava lavado de lágrimas.

- Beba essa água. – Lucy estendeu uma jarra de água para Alice.

A morena olhou surpresa para a jarra estendida em sua direção.

- Não tem copos. Os Elfos estão muito displicentes. – respondeu Lucy bocejando.
- Foi um pesadelo, Lice? – perguntou Lily.
- Eu... não me lembro direito... mas tinha raios e... uma luz verde...
- Está tudo bem agora, Lice. Aqui está tudo em paz, olha só lá fora. Tem até estrelas.
- Eu não tenho medo de raios, Lucy. – falou Alice séria.
- O que era então? – perguntou Gwenda – Seu grito foi de quem estava apavorada.
- Não consigo lembrar. Eu sei que foi alguma coisa horrível, olha como está meu rosto de lágrimas.
- Foi só um sonho ruim. Não precisa se preocupar. – falou Lily maternalmente.
- Quer chocolate? Sempre ajuda um pouco. – Lucy entregou uma barra de chocolates para Alice.
- De onde apareceu esse chocolate? – perguntou Lily.
- Do bolso do meu robe. – Lily arqueou a sobrancelha incrédula – Lis, a gente nunca sabe quando vai precisar de um.

Gwenda e Alice riram.

- Já se sente um pouco melhor? – perguntou Lily.
- Estou bem. Eu nem lembro do sonho mesmo.
- Ok, então nós vamos dormir, ta? Qualquer coisa você já sabe: é só gritar. – falou Lucy indo para sua cama.

Lily e Gwenda fizeram o mesmo. Alice ainda demorou um pouco pra dormir tentando lembrar do sonho, por fim, acabou desistindo.




- Achei que o final de semana não fosse chegar nunca. – falou Lucy no outro dia saindo da última aula da tarde.
- Não sei pra que essa pressa toda pelo final de semana. Nem passeio em Hogsmead tem. – falou Lily parando bruscamente ao ouvir James a chamar – O que foi dessa vez, Potter?

O moreno se aproximou e lhe entregou uma flor.

- Você está linda hoje, meu lírio.

Lucy, Alice e Gwenda se encararam sorrindo.

- EU NÃO SOU SEU LÍRIO, SERÁ QUE...
- Será que você não cansa de responder sempre a mesma coisa? – perguntou o maroto deixando Lily mais irritada.
- POTTER! SERÁ POSSÍVEL QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE...
- Te esquecer? Fingir que você não existe? Viu como eu já decorei o discurso? E a resposta é Não.

Os outros marotos se aproximaram do grupo. Remus abraçou Gwenda e observava divertido a discussão.

- Vocês não deviam fazer tanto escândalo, sabiam? – perguntou Sirius.
- Hei, eu não faço escândalo. – protestou James – É a Lily que grita como uma louca.
- EU NÃO GRITO COMO UMA LOUCA.
- Não? – Sirius perguntou irônico.

Lily fuzilou o outro maroto com o olhar. Lucy tentou intervir pegando no braço da amiga.

- Vamos Lily. Eu prometi que ia à biblioteca com você. É melhor irmos antes que eu desista.
- Espera. – falou James.
- O que você ainda quer, Potter? Se você me fizer aquela pergunta que é tão insuportável quanto você, eu juro que te transformo em uma abóbora do canteiro do Hagrid e deixo te servirem como jantar no próximo dia das bruxas.

James e Sirius arregalaram os olhos. Lucy murmurou risonha para Remus e Gwenda “Essa é minha menina”.

- McGonagall mandou te chamar. E disse que é urgente.

Lily suavizou a expressão e falou baixo.

- Ah. Obrigada, Potter.

James, Sirius e Petter saíram. Lucy se aproximou da amiga.

- Achou que iria escapar? Você foi a única que ainda não cumpriu detenção por estar passeando pelo castelo aquela noite.
- Pensei que ela tinha esquecido. Não precisa me esperar, eu te procuro quando terminar com a McGonagall.

Lucy assentiu e saiu acompanhada de Alice, Gwenda e Remus.




A porta da sala da professora estava entreaberta e Lily bateu antes de entrar. Dumbledore estava sentado no lugar de McGonagall que estava em pé atrás do diretor.

- Boa Tarde, professor Dumbledore. – Lily sorriu para o diretor sentando de frente pra ele.
- Receio que não seja tão boa assim, senhorita Evans.

Lily se endireitou na cadeira e encarou a professora que desviou o olhar.

- O que está acontecendo? – perguntou já um pouco nervosa.
- O que vou lhe dizer não é nada fácil pra mim, nem será pra você ao terminar de ouvir meu relato.

A ruiva apenas piscou os grandes olhos verdes e continuou encarando o diretor.

- Os exércitos de Voldemort estão crescendo. Como você sabe, a comunidade bruxa está em pânico. Tem acompanhado as notícias, senhorita Evans?
- Sim, eu leio o Profeta Diário e um jornal que a Lucy recebe da França.
- Ótimo. Então já deve estar sabendo que os bruxos já não nomeiam mais Lord Voldemort.
- Eu acho ridículo. Sabe, as coisas ficam um tanto confusas quando todos começam a se referir à ele como ‘Você-sabe-quem’ ou ‘Aquele-que-não-deve-ser-nomeado’. Devemos chamar as coisas pelo nome que receberam.
- Concordo com a senhorita. Acho até que vou anotar suas palavras para tentar convencer algumas pessoas sobre o tanto que essa atitude é patética.

Lily sorriu para o diretor.

- Mas não foi pra falar sobre o nome de Voldemort que vocês me chamaram aqui, foi?
- Não. Embora o fato dele ter aparecido em público semana passada tenha alarmado bastante alguns bruxos e com isso fortalecido a confiança dos Comensais da Morte. O fato é que, na noite passada, o Ministério teve grande dificuldade para atender todos os chamados de ataques. Quinze famílias foram destruídas, senhorita Evans. Tivemos muitas mortes nessa última noite, a mais sangrenta desde o início da guerra.
- Isso é terrível. – falou a ruiva com lágrimas nos olhos. – Tem alguma coisa que eu possa fazer para ajudar?
- Na verdade, sou eu quem deve fazer essa pergunta. Hoje de manhã seus pais foram encontrados mortos pelo esquadrão de segurança do Ministério da Magia.

Lily sentiu todo o ar sair de seus pulmões. Os olhos secaram e ela apenas balançou a cabeça.

- Como... como isso é possível? Deve ter algum engano, meus pais...
- Lamento, minha querida. Mas é a verdade. – falou professora Minerva segurando a mão da menina.
- E... Petúnia?
- Ela já está sabendo.
- Quero saber como ela está. – Perguntou Lily chorando – E eu preciso... preciso vê-los... saber, alguma coisa...
- Acalme-se senhorita Evans... beba um pouco de água. – Ofereceu Minerva.
- Não quero água. Eu... eu quero ficar sozinha.

Lily levantou da cadeira tremendo e saiu sem rumo da sala da professora.




- Ganhei de novo! – falou Gwenda entusiasmada dando um selinho no namorado.
- Não vale. – Lucy reclamou indignada – Remus é o melhor jogador de xadrez da Grifinória.
- Não ofende, Lucy. – Sirius levantou a mão – eu também sou muito bom.
- Bom em me dar palpites errados, só se for! Merlin, nenhuma dica sua deu certo. – Lucy jogou uma almofada em Sirius.
- Hei, que culpa eu tenho se você não sabe seguir meus conselhos?
- Ta me chamando de burra?
- Crianças, parem! – falou James organizando o tabuleiro – Vamos pra próxima partida.
- Eu quero jogar de novo. – falou Lucy – Mas sem o Sirius me dando azar.

Sirius devolveu a almofadada em Lucy.

- Ta bom, menospreza vai. Um dia você ainda vai precisar dos meus palpites.
- Nesse dia podem me internar no St. Mungus. E então? Quem vai jogar contra mim?
- Pode ser o próprio Sirius. – Respondeu Remus – assim não corre o risco dele se meter no seu jogo.
- Ótimo! Aceita o desafio, Black?
- Aceito, Eyelesbarrow.

Os dois se encararam sérios mas depois riram. Naquele momento o retrato da mulher gorda abriu e Lucy reparou Lily entrar correndo.

- Lis! Vem jogar com a gente!
- Me deixa em paz, Lucy. – gritou Lily indo direto para o dormitório.

Lucy levantou correndo e segurou a mão da amiga ainda no pé da escada.

- O que aconteceu? – Lucy perguntou séria e Lily virou para ela – Lis, você está chorando... O que foi? Fizeram alguma coisa pra você? Foi algum Sonserino retardado? Foi...
- Não! – Lily respondeu brava – Não foi nada disso. Me deixa em paz, por favor.
- Eu quero te ajudar.
- Se quer me ajudar cava um buraco no chão, me joga lá dentro e tampa com bastante terra, ou me coloca embaixo do chuveiro até eu definhar de tanta água ou...
- Pára! - Lucy gritou para a amiga.
- Larga minha mão, Lucy!
- Eu não vou te deixar nesse estado, Lis. Me conta o que foi que te aconteceu. Por Merlin, você não está em condições de ficar sozinha, vai acabar fazendo alguma besteira.

Lily encarou a amiga ainda chorando.

- Veja.
- Eu não vou fazer isso, Lis. Eu quero que você me fale.
- Eu... não consigo... – respondeu a ruiva e meio aos soluços.
- Tenta? – Lucy implorou com os olhos cheios de lágrimas.
- Eles...
- Eles?
- Eles mataram meus pais. Os Comensais... mataram. Você entende?

Lucy deu um passo pra trás.

- Não pode ser, Lis...

Lily abraçou a amiga e começou a chorar mais ainda.

Todos os Grifinórios que tinham parado para observar a discussão assistiam a cena petrificados.

Lily soltou a amiga. Já estava com o rosto inchado de tanto chorar.

- Eu... Eu só posso dizer que vou estar sempre aqui. Pro que você precisar. – perguntou Lucy.
- Eu sei. Obrigada. Agora eu vou subir, preciso ficar um pouco sozinha.

Lucy assentiu e continuou parada ao pé da escada. Gwenda foi até a amiga e a abraçou.

- Ai, Gwen. Acabo de perder minha segunda família. Não dá pra acreditar que menos de um mês atrás a gente estava brincando no dia de Natal e agora... assim, de uma hora pra outra. Não é justo!

Gwenda encaminhou a amiga novamente para a poltrona. Lucy ficou por um tempo apenas observando a madeira estalar na lareira.

- Lucy, a gente vai estar aqui com você e com a Lily. Pra dar todo o apoio.
- Eu sei Remus. Obrigada, só não vou chamar vocês de família porque tenho medo de...
- Deixa de ser boba, Lucy. – falou Sirius – A Grifinória é uma grande família, a gente se preocupa com vocês.
- Eu acho que vou subir e falar com a Lily. – falou Alice soltando a mão de Frank – Ela diz que quer ficar sozinha mas a gente sempre precisa de alguém por perto.
- Faz isso por mim, Lice? – falou Lucy secando algumas lágrimas. – Eu não vou ter forças pra consolar a Lily.

Alice subiu as escadas correndo.

- Se eu descobrir que o Malfoy tem alguma participação nisso, faço ele em pedacinhos. – falou Lucy entre soluços.
- Não é hora de se preocupar com o Malfoy, Lucy. – falou Gwenda.

Lucy levantou e enxugou as lágrimas com um lenço oferecido por James.

- Você tem razão.
- E onde você vai? – perguntou James.
- Andar. Vou pros jardins.
- Não é melhor você...
- Obrigada Gwen. Mas eu quero ficar um pouquinho sozinha mesmo. – Lucy abriu um sorriso doce – Mas depois eu quero consolo de cada um de vocês. A Lily também vai precisar...
- Lucy, por favor, me prometa que você não vai atrás do Malfoy.
- Remus... – Lucy choramingou.
- Pelo menos por enquanto. Pelo menos hoje.

A loirinha suspirou antes de concordar.

- Eu prometo. Por você, hein? Se ele cruzar meu caminho eu finjo que não aconteceu nada e acerto as contas com ele depois.
- Isso mesmo. – Remus falou carinhosamente – Pode ir então.




- Lis? – Alice perguntou se aproximando da cama da amiga.

A morena pôde escutar apenas alguns soluços como resposta. Abriu as cortinas vagarosamente e teve um deja vu. Lembrou da mesma cena acontecida a quatro meses atrás nessa mesma cama. Quando Gwenda chorava a morte dos pais.

Alice sentou na beirada da cama e acariciou os cabelos de Lily afastando-os do rosto molhado.

- Isso é terrível, Lis. Queria poder fazer alguma coisa por você.
- Não me deixa sozinha? – Lily perguntou deitando no colo de Alice.
- Não. Não deixo.
- Eles eram tudo o que eu tinha, Lice. Minha avó está tão velhinha, e minha irmã... Ah, se Petúnia souber que foram bruxos que mataram nossos pais... Ela não vai me perdoar nunca!
- Lis, Petúnia não tem que te perdoar de nada, você não tem culpa no que aconteceu. E não é você quem diz que sua única irmã é a Lucy?
- Como ela está? – perguntou soluçando.
- Arrasada. Não teve coragem de subir. Mas estamos mais preocupados com você.
- Eu não tenho mais forças nem pra chorar... Amanhã, amanhã vai ser o enterro. Dumbledore me falou depois que eu saí da sala dele.
- Você vai?
- Sim. – Lily enxugou algumas lágrimas. - Eu pedi permissão pra vocês irem comigo, e Dumbledore aceitou.
- Nós iremos sim, Lily. Nem que ele não autorizasse, nós daríamos um jeito de não te deixar sozinha.
- Obrigada. – Foi tudo que Lily conseguiu responder antes de recomeçar a chorar.




- Lucy?

A loirinha parou no meio do corredor sem se virar.

- James. – falou baixinho quando o maroto emparelhou com ela e recomeçaram a andar.
- Você acha que Lily ficaria brava se eu tentasse consolá-la?
- Porque você gostaria de fazer isso?
- Não sei. – Ele encolheu os ombros - Fiquei preocupado com ela.
- Se você me jurar que não vai implicar com ela...
- Olha, eu sei que adoro pirraçar a Lily, mas também entendo o momento que ela está passando. Eu vou saber respeitar.
- Eu espero que sim. – Lucy abriu um sorriso tímido – Ou eu asso você em um forno gigante junto com o Malfoy.

James sorriu marotamente.

- Depois a gente conversa.
- Você vai ficar bem? – perguntou James.
- Vou. Só queria encontrar Edgar...
- Eu mando ele ao seu encontro. No lago, pode ser?
- O que seria de mim sem você? – Lucy deu um abraço em James e saiu do castelo.




Lucy não desgrudou de Lily um minuto sequer. Era agora o único apoio da ruiva e também sua única família. No enterro as duas choraram mais que Petúnia.

Como Lily havia previsto, Petúnia a considerava culpada pela morte dos pais por Lily ser o que era: uma bruxa. Foram Lucy, Alice e Gwenda que deram forças para a amiga, consolando-a em todos os momentos.

Lily tinha conseguido que Dumbledore fosse nomeado seu tutor. Assim a ruivinha não precisaria se ausentar da escola para as audiência de divisões de bens e também evitaria confrontos com Petúnia.

Lucy chorou muito ao ver Daisy Evans usando o colar que a loirinha tinha dado no Ano Novo. Ela tinha desejado paixão para o novo ano com aquele colar vermelho, mas o significado agora era outro para Lucy: sangue.

Lily acompanhou com desespero o caixões sendo depositados nas urnas e sendo cobertos de terra. Estavam um ao lado do outro. Como sempre estiveram em toda a vida. Lily não agüentou assistir a cena e abraçou Lucy ainda mais forte. A loirinha encarou o sacerdote que fala um monte de palavras bonitas, mas vazias... nada daquilo fazia mais sentido.

- Nós vamos nos vingar de quem fez isso, Lis.

A ruivinha se afastou um pouco e encarou Lucy.

- Eu vou lutar nessa guerra estúpida com todas as minhas forças, mas eu juro que isso não vai ficar assim.
- Não é matando quem fez isso que vamos conseguir justiça, Lucy.
- Eu não falei em matar, Lis. Mas Voldemort e suas bonequinhas vão ter o que merecem.

Lily abriu um pequeno sorriso.

- Eu também não vou me entregar tão fácil assim.
- Nem nós. – Falou Alice. Ela e Gwenda se juntaram às amigas e as quatro saíram abraçadas do cemitério.




Lily estava mais uma vez na biblioteca. Desde a morte dos pais a ruiva apenas não almoçava na biblioteca, mas todo o restante do tempo era lá que qualquer um poderia encontrá-la.

Todos os alunos já estavam em suas cama àquela hora, mas Lily havia conseguido com Dumbledore uma permissão especial para fazer suas pesquisas na hora que quisesse e assim ocupar a cabeça com alguma coisa diferente.

A porta da biblioteca rangeu levemente e ruiva levantou o olhos assustada. Mas logo fechou a cara quando James sentou em sua frente do outro lado da mesa.

- O que você quer, Potter? Não estou com tempo para as suas gracinhas.
- Só vim te fazer companhia. – falou ele acendendo mais uma lamparina e colocando na ponta da mesa.
- Muito obrigada, mas eu estava maravilhosamente bem sozinha. – respondeu Lily voltando a riscar o pergaminho.
- Não parece. – James abriu um sorriso tímido. – Vamos voltar para a Torre?
- Eu não quero voltar para a Torre agora. Por favor, me deixa sozinha, Potter?
- Não. Se você não vai voltar, eu também não. E não arredo o pé daqui enquanto você não for junto.
- Você não tem permissão pra perambular pela escola a uma hora dessas da noite.
- Me coloque em detenção então, monitora. – falou ele sarcástico.

Lily apenas bufou e voltou a dar atenção aos seus pergaminhos. Tentando ignorar a presença de James em sua frente.

- Nós estamos preocupados com você, Lily. Não tem comido direito, tem se enfiado nessa biblioteca o dia inteiro e Alice me contou que você não tem nem dormido.

A ruiva levantou os olhos para ele.

- Isso, Potter, não é da sua conta. Minha vida não lhe diz respeito, será que é difícil pra você entender? – respondeu hostil.
- Não me diz respeito, mesmo assim eu me preocupo. E nem adianta tentar, eu não vim aqui para brigar com você hoje.
- Ah! Sou eu quem provoca as discussões? – Lily colocou as mãos na cintura.
- Sim. Eu venho com dez rosas na mão e você me responde com vinte pedras. Mas eu prometi que não iria arranjar briga com você.

Lily já se preparava pra gritar com ele quando percebeu. Já tinha escutado aquela frase antes, e não gostou nada disso.

- Prometeu não brigar? – perguntou estreitando os olhos – Prometeu para quem, Potter?

James arregalou os olhos, não tinha percebido que falara aquilo.

- Prometi? Ah, sim, prometi à mim mesmo. E vim em missão de paz.
- Isso está me cheirando um dedinnho da Lucy nessa história. – murmurou pra si mesma, mas suficientemente alto para James ouvir.
- Não, Lucy não...
- Ela não aprende mesmo! – Lily o interrompeu às gargalhadas.

James se assustou um pouco com a reação de Lily e não sabia se era seguro confirmar que foi para Lucy a promessa.

- Ela está preocupada com você.
- E mandou você pra me consolar?

James abriu um sorriso maroto e arrepiou o cabelo.

- Na verdade ela sabe que eu sou o máximo. Mas não se preocupe, eu só tenho olhos para você, Lily.

Lily fechou a cara novamente.

- Na verdade, acho que ela esta perdendo o tato. Lucy sempre foi desajuizada, mas agora se esvaiu completamente do senso de razão.

James continuava a encarar Lily sorridente. A ruiva revirou os olhos e começou a guardar o material.

- Viu como eu sou persuasivo?
- O que eu não faço pra me ver livre de você, isso sim! – Lily respondeu séria mas com um tom divertido na voz.

James apenas sorriu.

- Às vezes você me lembra a Lucy, sabia? – A ruiva perguntou de repente.
- E você gosta dela, não gosta?
- Gosto. Mas é porque o lado divertido dela supera o insuportável. Já com você a história é ao contrário.
- E você sempre tem uma alfinetada, não é? – James perguntou ainda sorridente.

Lily também sorriu e os dois ficaram em silêncio se encarando. A ruiva balançou a cabeça e desmanchou o sorriso.

- Vamos logo, Potter.
- Vamos. – James deu um tapinha na mão de Lily quando ela ameaçou pegar o material – Pode deixar que eu levo isso.

Lily achou melhor não discutir. Quem sabe Lucy não tinha razão? E se James não fosse tão insuportável quanto aparentava? Balançou mais uma vez a cabeça e concluiu que esses pensamentos malucos não passavam do cansaço que ela vinha acumulando há semanas.




N/A:
Olá pessoal! Sei que fazem dois meses que eu não atualizo a fic por aqui, mas é porque tenho recebido pouquíssimos comentários... Mas atendendo pedidos da Bruninha e da minha ‘filhota’ Giulia, vou voltar a postar aqui na floreios regularmente, ok?

Por favor pessoal: comentem e colaborem para fazer uma autora feliz!!!
Muitos Beijinhos!

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