Ala Hospitalar
- Eu vou desmaiar – Luna disse, e desabou nos braços de Gina, quase derrubando a garota junto.
Gina ajoelhou-se sob o peso do corpo dela, ser fôlego. Deitou a cabeça de Luna nos braços, em estado de choque. Não conseguia raciocinar direito, por algum motivo.
- Luna – chamou, sacudindo a garota. – Luna, acorde. Luna...
Mas a garota não abria os olhos. Lentamente, um sentimento doloroso de desespero começou a crescer dentro de seu peito. Ela não estava acordando. Ela não estava acordando.
“Por favor, por favor, por favor acorde...”
As lágrimas escorriam pelas suas bochechas e Gina soluçava, apavorada. Quando seu deu conta, estava berrando por socorro com toda a potência de seus pulmões. Em alguns minutos um grande circulo de alunos havia se formado ao redor das duas. Todos pareciam muito chocados, mas nem por isso menos curiosos.
- Com licença, dêem passagem – a voz da professora Minerva dizia, e em alguns segundos a bruxa surgiu do meio da multidão.
Abaixou-se ao lado de Gina e apanhou o pulso de Luna. Pressionou os dedos médio e indicador sobre a veia da garota sob o olhar embaçado pelas lagrimas da ruivinha.
- Ela tem pulso – McGonagall anunciou. – Vamos levá-la para a ala hospitalar.
Com uma agilidade que poucos achariam que a professora pudesse ter, Minerva ficou de pé e, com um movimento de varinha, fez a Luna desacordada flutuar no ar. Gina levantou-se atrás dela, ainda sem conseguir controlar as lágrimas, e a seguiu através da trilha que se abria entre a multidão de curiosos quando McGonagall passava.
“Abram espaço, rápido! E tratem de voltar para os seus afazeres normais, seu bando de intrometidos” resmungava a professora, irritada. Gina ouviu um aluno xingar McGonagall de um nome que ela sequer sabia existir, e teria ficado bastante interessada em acrescentar esse novo verbete ao seu vocabulário, se não estivesse completamente incapaz de parar de chorar compulssivamente e raciocinar por um minuto.
Seguiu a profa. Minerva até a ala hospitalar, os olhos fixos em Luna. Madame Ponfrey não deixou que Gina entrasse na enfermaria junto com McGonagall e a garota. Praticamente bateu a porta do local no nariz da menina, e só o que Gina pôde fazer foi parar e esperar. Estava sentada lá, miserável, mal podendo acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. Por que sempre que achava que a sua vida já chegara totalmente ao fundo do poço e, dali não podia descer mais, alguma coisa ainda pior acontecia?
Tinha a horrível sensação de que estava se afogando, e ninguém tinha forças o suficiente para puxá-la de volta para a superfície. Estava tão preocupada com Luna... Por algum motivo, sabia que não era apenas um mal estar fútil. A garota estava em grave perigo, e se alguma coisa acontecesse com ela... Se ela... Gina sequer conseguia pensar sobre isso. Seus olhos encheram-se de lágrimas e ela encolheu-se na cadeira, abraçando os joelhos.
Chorou silenciosamente durante vários minutos, mordendo os lábios para evitar fazer ruído. Sentiu uma mão tocar gentilmente seu ombro, e virou-se. Era a estagiária Janice, que desde o começo do ano trabalhava com Madame Ponfrey na ala hospitalar. Uma garota pouco mais velha que Gina, por volta dos 18 anos de idade. Ex-aluna de Hogwarts, conseguira a aprovação de Dumbledore para estagiar com Madame Ponfrey. Gina desconfiava que a chefe da enfermaria estava preparando tudo para a sua aposentadoria, deixando uma substituta perfeitamente moldada para atender de maneira eficiente aos alunos feridos ou adoentados.
- Tome – Janice estendeu um copo com um líquido violeta para Gina. – Beba, vai deixá-la mais calma.
Gina limpou as lágrimas na manga do casaco e aceitou a poção, bebendo tudo em dois grandes goles. Ergueu os olhos embaçados para a aprendiz de curandeira.
- Ela vai ficar bem?
- Eu não sei, querida – Janice disse com um suspiro. – Ponfrey ainda não conseguiu fazer um diagnóstico.
Gina sacudiu a cabeça lentamente, e voltou os olhos para o chão.
- Se ela não ficar bem... Eu espero que ela fique bem... Porque se ela não... se ela... morrer...
- Oh, não diga isso! – exclamou Janice.
Gina respirou pausadamente, sentindo a dor dilacerar seu pequeno coração.
- Se ela morrer, eu juro – continuou com alguma dificuldade, as lágrimas marcando sua bochecha. – Eu morro com ela.
Janice emitiu um ruído estranho, estarrecida. Gina deitou-se lentamente nas cadeiras, encolhendo as pernas. Fechou os olhos e repetiu num sussurro: “eu morro com ela.”
***
Gina acordou com a camisa úmida de suor. Sentou na cama, fazendo um esforço para recobrar totalmente a consciência. Esfregou os olhos, sentindo o seu corpo todo dolorido. Tentou lembrar de como viera parar ali, mas não teve muito sucesso. Checou o horário em seu relógio de pulso, constatando que passava das 4h da madrugada. Podia ouvir o ronco das suas colegas de quarto, que era o único som presente na noite.
A garota afastou o cabelo dos olhos e levantou-se. Cambaleou até o banheiro e jogou uma água no rosto. Voltou novamente para o quarto, e para a sua cama. Abraçada ao seu travesseiro, tentou colocar seus pensamentos e idéias em ordem. Pelos que podia calcular, dormira o dia inteiro. Aquela poção que Janice lhe dera na ala hospitalar não era um simples calmante, afinal. Conseguira derrubá-la completamente, e Gina podia se orgulhar de ser resistente a efeitos de poções.
Quem a levara para o dormitório? Não fazia idéia. Mas não era tão importante assim, afinal. Gina suspirou, virando-se na cama. Luna, pensou. Como estaria? Sentiu um doloroso aperto no peito e uma vontade incontrolável de chorar. Estava tão preocupada com ela... Merlin, como estava. Sabia que Luna não estava apenas doente. Havia algo maior, mais perigoso acontecendo com ela. Pela primeira vez em todos aqueles meses, Gina tinha a sensação horrível de que estava prestes a perder a sua Luna para todo o sempre. Até a vida parecia decidida a conspirar contra elas.
Grossas lágrimas mancharam seu rosto, e Gina sentiu o sabor amargo de sua tristeza em seus lábios. Fechou os olhos e desejou com força que Luna ficasse bem. Ela tinha que ficar bem. Gina não conseguia imaginar a sua vida totalmente ausente de Luna. Seria como um corpo sem alma, desprovido de emoções e sentimentos. Percebia mais claramente do que nunca, agora, o quanto precisava da garota, mesmo obtendo apenas a sua indiferença.
Não poderia segurar a barra sem Luna. Precisava dela para ter forças para respirar. Luna era a razão pela qual acordava todas as manhãs.
Quando vestia lentamente o seu uniforme, ainda sonolenta, e deixava estrategicamente alguns botões abertos em sua camisa, era pensando em provocar Luna; Se bebia leite com mel no café da manhã, era simplesmente porque sabia que, na mesa da Corvinal, a sua Luna estava fazendo a mesma coisa; Durante as super monótonas aulas de História da Magia seus pensamentos vagavam até Luna, e ela imaginava se a garota também estaria pensando nela; Entrava no salão principal para jantar e sentia suas bochechas queimarem, pois tinha certeza absoluta de que estava sendo observada atentamente por Luna; Quando tomava banho, no final do dia, Gina escorregava as mãos pelo seu corpo pensando na forma como Luna a tocava, calma e delicadamente, concentrando-se naquilo de uma forma que jamais conseguiria em alguma outra atividade.
Gina soluçava baixinho sob esses pensamentos.
Luna era a sua razão para tudo. Como poderia viver sem ela? Será que poderia chamar uma vida sem Luna de vida? Não, não poderia. Ninguém jamais conseguiria tomar o lugar da garota, não importa quanto o tempo passasse. Luna seria para sempre única... e Gina, sem ela, era um grande e miserável nada.
***
Quarta-feira amanheceu cinzenta e chuvosa, como se o tempo tivesse se sensibilizado com a tristeza de Gina e estampado sua compreensão num céu coberto de nuvens prontas para chorar por ela no primeiro momento de fraqueza. A menina precisou fazer um esforço sobre-humano para ficar de pé e vestir o uniforme. Não teve coragem de encarar seu reflexo no espelho do banheiro, mas tinha certeza absoluta de que devia estar com uma aparência acabada e deprimida.
Sentou-se a um canto isolado da mesa da Grifinória, perto de alguns segundanistas, e lançou um olhar esperançoso para a mesa da Corvinal. Passou os olhos por todos os rostos dos alunos umas três vezes seguidas, constatando que Luna não estava lá. Baixou as vistas para o seu prato vazio. Não estava sentindo a menor fome. Na verdade, tinha a terrível sensação de que havia uma enorme bola em seu estômago. Não conseguiria colocar nada para dentro nem se quisesse.
Algumas pessoas lançaram-lhe olhares curiosos, devido a cena do dia anterior. Gina ignorou-os completamente, distraída com a sua própria infelicidade. Não conseguiu prestar atenção em uma única palavra do que Snape disse sobre o preparo de um antídoto, e seu ratinho cobaia morreu como conseqüência. Esse acontecimento serviu para piorar ainda mais o seu estado de espírito.
Para a felicidade geral, os alunos foram dispensados da aula de Feitiços, tento liberdade para fazerem o que desejassem naquele período. Gina sentiu inveja de seus colegas, todos despreocupados e satisfeitos com aquela surpresa tão agradável. Mas eles não sabiam que aquilo significava que Luna estava realmente mal. Mesmo que soubessem, não dariam muita importância ao fato, Gina sabia. Era a única pessoa que se importava com Luna naquela maldita escola.
Ela voltou para o salão comunal da Grifinória, decidida a procurar o isolamento de seu quarto. Quando estava subindo a escadaria da Torre, no entanto, Gina esbarrou com Rony e Hermione. Não estava nem um pouco disposta a parar para conversar, mas o irmão a abordou.
- Ei, você está péssima...
Gina forçou um sorriso sarcástico.
- Obrigada, Rony. Isso decididamente faz com que eu me sinta melhor.
- Ah, viu só? – Rony disse para Hermione com uma risada. – Não está tão mal assim, o senso de humor continua firme como sempre!
Gina revirou os olhos e passou pelos dois sem olhar para trás. Sentiu uma mão envolver seu pulso e segurá-la. Bufou.
- Por que você não me deixa em paz? – e virou-se pronta para dar um empurrão no irmão.
No entanto, surpreendeu-se ao constatar que era Hermione quem a estava prendendo. Sentiu ainda mais raiva, mas estava tão fraca que não tinha sequer forças para reagir. Encarou Hermione.
- Rony, vá andando na frente que eu já alcanço você. Quero dar uma palavrinha rápida com a Gina.
O garoto encolheu os ombros e se afastou resmungando qualquer coisa. Hermione voltou sua atenção novamente para Gina. Soltou o braço da garota e suspirou, cansada.
- O que você quer? – Gina indagou.
- Eu soube do que aconteceu com a Luna – Hermione começou.
Gina deu uma risadinha.
- Sério? Você e a escola inteira, não?
Hermione ignorou a ironia de Gina. Apertou os olhos, decidida, e se a ruivinha não estivesse exausta demais para raciocinar, perceberia que Mione passava por uma batalha interna.
- Ela não está nada bem, Gina – disse, afinal.
- Você quer dizer que ela pode... – Gina balbuciou atordoada.
- Pode – Hermione assentiu.
- O que ela tem? – foi tudo o que a garota conseguiu dizer.
- Esse é o problema, eles não sabem. Os sintomas são de envenenamento, disso ninguém tem dúvidas. Mas não se sabe qual é a substância, e no castelo não há equipamentos apropriados para se fazer um exame mais completo – Hermione respirou fundo - E é exatamente por isso que ela estará sendo transferida para St. Mungus o mais tardar até hoje a noite.
- O que – Gina sussurrou sem fôlego. – Então isso significa que eu...
- Você pode nunca mais vê-la – Hermione completou seu pensamento.
As lágrimas escorreram lentamente pelas bochechas de Gina. Não estava conseguindo raciocinar direito. Seu peito doía de maneira terrível e sufocante, tornando sua respiração pesada e rápida.
- Ela me odeia. Ela vai morrer me odiando. Ela... – Gina balbuciou trêmula. Então ergueu os olhos para Hermione e odiou-a com todas as suas forças. – É sua culpa. Ela vai morrer por sua culpa, sua assassina!
- Você não sabe o que está dizendo – Mione falou, sacudindo a cabeça. – Agora ouça...
Mas Gina não queria ouvir. Empurrou Hermione com violência contra a parede, fazendo-a bater a cabeça com força. Meteu a mão no bolso das vestes para puxar a varinha, mas mesmo atordoada pela pancada Hermione foi mais rápida.
- Expeliarmus! – exclamou, e foi a vez de Gina ser jogada contra a pedra fria.
Hermione apanhou a varinha de Gina e colocou no bolso, junto com a sua. Parecia decididamente zangada. Estendeu a mão para a garota e ajudou-a a ficar de pé. Gina abriu a boca para chamá-la de um nome que não convém ser escrito aqui, mas antes que pudesse fazê-lo Hermione pegou-a pela gola da camisa e colou-a na parede.
- Escute aqui, garota – disse a morena, irritada. – Eu sei que você tem motivos para estar furiosa comigo, mas se você controlasse um pouco esse seu maldito gênio Weasley e me deixasse falar, perderíamos muito menos tempo.
- Vá se foder – Gina disse, desviando o rosto para o lado.
Hermione respirou fundo, procurando manter a calma.
- Eu posso colocar você lá dentro da ala hospitalar.
Gina piscou, não muito certa de que ouvira o que realmente achava que tinha ouvido. Olhou para Hermione, incrédula.
“Eu tenho um plano, Gina, posso dar a você o que talvez seja o seu último momento com ela. Então, por favor, tente confiar só um pouquinho em mim porque, no momento, isso é tudo o que você pode fazer.”
As duas se fitaram durante alguns momentos, em silêncio. Hermione soltou a gola da camisa de Gina e se afastou, ainda olhando para ela como quem diz “e então?”
- Por que você quer me ajudar agora? – a ruivinha perguntou desconfiada.
Hermione baixou os olhos para o chão.
- Você acreditaria se eu dissesse que sinto muito?
Gina soltou a respiração com força.
- Não.
Hermione balançou a cabeça.
- Tudo bem. Você não precisa acreditar em mim. Mas será que pode pelo menos ouvir o meu plano?
Gina encolheu os ombros.
- Graças a você, não tenho mais nada a perder mesmo...
- Ok, está vendo isso... – Hermione puxou um vidrinho com um líquido púrpura de dentro do bolso e explicou detalhadamente a sua idéia.
Gina escutou com atenção.
***
Gina não sabia porque estava aceitando a ajuda de Hermione. Talvez porque estivesse cansada demais para pensar sobre quais deviam ser as reais intenções da garota por trás daquele súbito arrependimento. Além disso, por mais difícil que fosse para ela admitir, Hermione estava certa. Essa podia ser a sua última chance de ver Luna. Ninguém podia dizer com certeza que ela ficaria boa, portanto – Gina engoliu em seco, aflita – não tinha outra alternativa a não ser confiar em Mione.
Mas já estava há meia hora escondida atrás daquela armadura estúpida, e até agora nem sinal da garota. Será que ela desistira do plano? Gina já fizera a sua parte. Num momento de distração de Janice, deixou que o conteúdo do vidro que Hermione lhe passara horas atrás escorregasse cuidadosamente para dentro da xícara de chá da aprendiz de curandeira. Hermione lhe dissera que a poção do sono demoraria no máximo uns quarenta minutos para fazer efeito, e manteria Janice adormecida por pelo menos uma hora. Durante o espaço de tempo que a poção precisava para começar a agir, Hermione faria Madame Ponfrey deixar a ala hospitalar sob os cuidados da assistente. Como exatamente faria isso, era um mistério para Gina.
A garota olhou a hora em seu relógio de pulso, agoniada. Já era para Hermione ter aparecido. Janice já devia estar quase pegando no sono. Podia sentir que tudo estava prestes a ir por água a baixo. Gina ouviu o som de passos e apertou os olhos para ver quem se aproximava, rezando para que fosse Hermione.
Mas era seu irmão.
Rony passou correndo por ela, esbaforido, e entrou na ala hospitalar. Gina ergueu uma sobrancelha, intrigada. O que diabos estava acontecendo...
Esgueirou-se até a porta da ala hospitalar e apurou os ouvidos para ouvir o que estava acontecendo lá.
- Como é, ela está vo... vo... vo – Janice bocejou longamente.
- Ela está passando terrivelmente mal! Por favor, alguém precisa fazer alguma coisa! Onde está Madame Ponfrey? – ouviu Rony dizer com aflição.
- Ponfrey está muito ocupada, ela...
- O que está acontecendo aqui? Que barulheira é essa? – disse a voz de Madame Ponfrey, seguida pelo som de uma porta se fechando.
- Ah, o menino está fazendo um dramalhão porque a namo... namo... – Janice colocou a mão sobre a boca. – Desculpe.
- Não estou fazendo dramalhão! Você tem que vê-la, Madame Ponfrey, está vomitando por todo o banheiro dos monitores...
Madame Ponfrey disse alguma coisa que Gina não conseguiu entender para Janice, e a garota ouviu os passos dela e de Rony se aproximarem. Encolheu-se rapidamente contra a parede, e observou os dois se afastarem com Rony tagarelando sem parar de nervosismo.
Então era esse o plano de Hermione. Gina deu um sorrisinho. Vomitando por tudo, hã? Pois se é que isso era verdade – e parecia ser, levando-se em conta a forma apavorada com que Rony chegara na ala hospitalar e o fato de que ele era um péssimo ator -, ela bem que merecia.
Gina entrou na ala hospitalar como quem não quer nada. Janice estava sentada em sua mesa, bocejando. Gina conteve uma risadinha.
- Ah, olá querida – a bruxa saudou.
- Oi – Gina disse, recompondo-se. – A Luna... vim visitá-la...
- Ah, sinto muito, nem pensar! – Janice falou com firmeza, sacudindo a cabeça. – Não, meu bem, tenho ordens expressas de Ponfrey para não permitir que ninguém entre nessa enfermaria!
Gina procurou fazer a careta mais frustrada que conseguiu.
- Eu soube que ela vai ser transferida para St. Mungus, e sei que ela está muito mal. Por favor, Janice, só alguns minutos! É tão importante para mim... Oh, por favor...
Janice sacudiu a cabeça em negativa.
- Sinto muito.
Gina suspirou.
- E se eu falar com Madame Ponfrey? E se ela liberar?
- Bom, aí é outra história, não é mesmo? – Janice disse, piscando sonolenta. – Se a própria Madame Ponfrey lhe autorizar, quem sou eu para dizer alguma coisa contra?
- Ok. Então eu vou esperar para falar com ela aqui, tudo bem? – Gina disse, sentando no banco de espera com ar de quem pretende ficar o resto do dia ali se fosse possível.
Janice encolheu os ombros. Gina apanhou uma revista e ficou folheando lentamente, lançando olhares para a bruxa de dois em dois minutos. Janice estava lutando bravamente para não pegar no sono. Gina já estava perguntando-se se, talvez, a dose de poção que Hermione lhe passara não teria sido fraca demais para a bruxa, quando esta finalmente pegou no sono.
A garota largou a revista e ficou de pé cuidadosamente. Foi até Janice e sacudiu a mão na frente do rosto dela, certificando-se de que a bruxa estava realmente caída num sono pesadíssimo.
Gina caminhou até a porta da enfermaria e estendeu a mão para a maçaneta.
***
Gina abriu a porta e entrou com cuidado. O ar do ambiente era pesado e desconfortante. Havia um garoto da Lufa-Lufa que Gina conhecia de vista deitado em uma das camas, com o rosto todo cheio de feridas estranhamente amareladas e de aparência dolorosa. Estava dormindo com uma expressão de agonia no rosto. Gina passou por ele cuidadosamente até chegar na cama onde estava a sua Luna.
Ela estava pálida e sem vida. Não havia cor em seus lábios, normalmente tão vermelhos, e seu peito subia e descia no ritmo da sua respiração fraca. Gina sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, mas procurou manter o controle. Puxou uma cadeira e se sentou.
Secou os olhos com a manga do casaco, e estendeu a mão para pegar a de Luna.
- Ei, doce – disse com a voz embargada. – Você continua linda mesmo doente.
Gina parou, fungando. Acariciou a mão da amiga com seus dedos gentilmente.
“Eu espero que você possa me ouvir. Você pode, não pode? Eu sei que pode. Eu sei que, de um modo ou de outro, você sabe que eu estou aqui. Ah, Luna, eu sinto muito. Todas as coisas horríveis que estão acontecendo com a gente, é tudo minha culpa, eu sei. Nunca quis machucá-la, eu...”
O menino na cama do lado remexeu-se incomodado. Gina mordeu o lábio inferior, esperando que ele acordasse. Mas o garoto continuou a dormir. A garota suspirou aliviada e voltou-se para Luna novamente.
“Eu só queria que você soubesse que... eu amo você” Gina apertou os olhos para que as lágrimas escorressem mais rapidamente. “Muito, Lu, muito... E se você ficar boa, e você vai ficar, eu juro que vou fazer de tudo para reconquistar o seu amor, a sua amizade e a sua confiança, porque você é simplesmente a pessoa mais importante do mundo para mim! E eu não posso ficar sem você, então por favor não me deixe... Não me deixe” Gina sussurrou, fechando os olhos e encostando a mão de Luna em seus lábios delicadamente.
Gina depositou a mão de Luna cuidadosamente na cama, e ficou de pé. Lançou um olhar rápido para o outro doente, certificando-se de que ele ainda dormia, e então abaixou-se sobre Luna e beijou seus lábios mornamente, sentindo somente o gosto salgado de suas próprias lágrimas.
A garota ouviu o som de vozes se aproximando no corredor, e saiu rapidamente de dentro da enfermaria, rumando para fora da ala hospitalar apressadamente. Encontrou com Madame Ponfrey e Rony no caminho, que levavam Hermione apoiada nos ombros para a enfermaria. A garota vomitava sem parar nas suas próprias vestes.
- Francamente, garota, o que deu em você para testar em si mesma uma preparado qualquer como se fosse sorvete? Você podia ter morrido envenenada, por Merlin...
Hermione ergueu os olhos para Gina, e elas trocaram um olhar de cumplicidade por um breve momento. Então o trio se afastou rapidamente, e Gina seguiu seu rumo para a torre da Grifinória. Odiava ter que aceitar isso, mas o fato é que precisava admitir que Hermione fora legal. Pelo menos dessa vez...
Agora tudo o que Gina queria era ficar sozinha para pensar melhor sobre tudo. Céus, e pensar que há um ano atrás, nessa época, estava preocupada com sua nota de Poções...
***
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