A notícia
Estava sentada na frente da lareira com o pensamento longe. Ao seu lado encontrava um garoto de cabelos castanhos tagarelando sem parar. Mas ela mal prestava atenção. Na verdade, faziam dias que ela mal prestava atenção no que o namorado falava. Ela já não agüentava mais aquela situação, simplesmente não amava Vitor e aquilo não mudaria nunca. Pensara em mais de mil maneiras para acabar com ele, mas todas fariam com que ele se saísse muito magoado e isso ela não queria nunca. Nunca. Suspirou quando o ouviu mencionar “quadribol”, estava com vontade de dormir, mas o garoto não a permitia.
- Vitor, eu vou para cama. – tentou ela pela milésima vez.
- Não, amor, fique só mais um pouquinho, vai. – e continuava a falar. Aquilo estava começando a irrita-la. Mas quando ela menos esperava, seus pais apareceram. Ela admite que tinha levado um belo susto, mas não poderia estar mais feliz por vê-los, já que assim se livraria do namorado.
- Ah, olá sr e sra Potter! – disse Vitor educadamente.
- Olá Occado. – cumprimentou Harry secamente. Ele morria de ciúmes da filha.
- Boa noite, querido. – Maíra falou com um belo sorriso no rosto e logo após voltando-se para a filha com uma expressão de surpresa.
- Bem, Helenna, acho melhor você chamar seu irmão aqui agora que nós estamos precisando ter uma conversinha familiar.
Helenna levantou a sobrancelha ameaçando curiosidade e saiu em busca do irmão deixando para trás seu
namorado com vergonha.
- Então vocês ainda estão namorando? – perguntou Maíra tentando usar uma voz doce para não fazer o garoto entender a real intenção da pergunta.
- Ah sim, - respondeu Vitor sorrindo. Não parecia ter percebido nada – Helenna e eu formamos o par perfeito.
Harry pigarreou alto. “Menino abusado” pensou.
Helenna não demorou a voltar com Andrew que abusava de um sorriso. Todos se sentaram e Vitor se retirou
rapidamente.
- E então, o que foi, pai? – perguntou Andrew.
- Bem, - o moreno não sabia como escolher as palavras – eu e sua mãe...nós – ele olhou para a esposa nervosamente – bem, nós temos uma notícia para vocês que pode abala-los um pouquinho.
- O que é? – perguntou Helenna sentindo-se mais curiosa.
- Bem, nós queríamos ter dito antes mas não queríamos estragar o resto do tempo...
- Cruz credo papai – disse Helenna se levantando – fale de uma vez!
- Você não está vendo que eles querem dizer que a mamãe está grávida! – sorriu Andrew – Isso está na cara. E é óbvio que isso não nos abalaria, vocês estão loucos? Eu vou ficar muito feliz com meu novo irmão.
- Mamãe, eu não quero ter outro sarna. – Helenna lançou um olhar fulminante para a loira enquanto se sentava.
- Acalmem-se, crianças. – disse Maíra – Ouçam antes de concluírem coisas precipitadamente. – ela fez uma pausa e fechou os olhos – Vocês sabem muito bem que eu sou estilista, e que para mim nesses últimos anos o trabalho tem sido maravilhoso e eu tenho revelado meu nome por aí.
- Sim, mamãe. – disse Andrew – Mas o que isso tem a ver?
- Tem a ver que vocês sabem muito bem, que em Londres existe a Coul, e q ue o meu maior sonho sempre foi trabalhar lá.
- Sim, nós sabemos. – os dois falaram juntos olhando fixamente para mãe como que esperando a notícia.
- Acontece que, - Harry começou a falar – sua mãe recebeu um convite para trabalhar lá. E, bem, ela aceitou é claro.
Os dois olharam para ela perplexos.
- Você não pode nos deixar, mamãe. – disse primeiro Helenna.
- Apoiado! – Andrew agora se levantara.
- Eu não vou deixar ninguém. – disse Maíra incrédula.
- Ouçam, filhos! Maíra não vai deixar ninguém, nós vamos voltar para a Inglaterra e vocês vão vir junto. Pronto, – ele olhou para os filhos que agora se sentaram ainda mais assustados – falei.
- Isso é... – Andrew abanou as mãos como que procurando uma palavra.
- Injusto – concluiu Helenna.
- É! – Andrew agora parecia perplexo – Eu não quero ir para a Europa, eu quero ficar aqui! Ainda mais agora que... – ele calou-se.
- Agora que o que? – perguntou Harry.
- Estava indo tão bem com a Natasha! Ela é o amor da minha vida eu simplesmente não quero deixa-la, não mesmo. Eu não vou mas nem morto para Londres.
- Você vai e pronto. – disse o pai autoritário – Nós sabemos que para realizar o sonho de sua mãe vamos ter que deixar de muitas coisas por aqui, mas temos de nos lembrar de tanta coisa que ela já deixou de fazer por nós, agora é a nossa hora de retribuir. E você vai continuar a ver a sua namorada, filho, nós vamos vir todas as férias para cá.
- Como se isso fosse adiantar muito... – Andrew parecia explodir de raiva por dentro.
- Mas e os nossos amigos... – Helenna estava com cara de choro – Eu não quero deixar o Brasil... E...e...o nosso inglês nem é lá tão bom, papai.
- Eu posso garantir que é, querida. Pode não ser perfeito mas já no segundo mês vocês estarão se saindo muito bem, sei disso. Vocês tem praticado muito em casa todos esses anos e agora chegou na hora de usa-lo para valer.
- Acontece que eu não quero estar o usando para valer. – retrucou Andrew – Eu não vou sair daqui.
- Você vai sim, enquanto você estiver sob o nosso tempo, sobrevivendo com o nosso dinheiro, você vai fazer o que a gente quiser. Isso quer dizer que você vai sim para a Inglaterra. – Harry se levantou puxando Maíra pelo braço – Nós queríamos ter contado antes, mas não queríamos que sofressem antes do tempo podendo assim, aproveitar mais. E, queridos, nunca esqueçam que nós amamos vocês, e que se nós estamos indo pra Europa não é porque vai apenas beneficiar a sua mãe, mas também a vocês. Pensem nisso. – e dizendo isso, os pais deixaram os filhos atordoados com a nova noticia que haviam recebido.
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Talena agora dormia profundamente sob o peito de Salazar que olhava fixamente para a parede de pedra. Faltava
pouco para o ano letivo terminar e o final de semana em casa havia sido produtivo já que conseguira a permissão do pai para mudar de escola. A sua ida a Inglaterra o deixava profundamente aliviado, não precisaria mais agüentar os chatos alunos da escola, até mesmo Talena não veria mais com tanta freqüência, mais isso por certo lado não era tão bom. Mirou a morena que sorria ainda de olhos fechados, parecia feliz, não sabia ainda da notícia de que o amado não estudaria mais com ela. de fato, Salazar sentiria falta do envolvimento físico que tinha com a garota, mas sabia que com todo seu porte conseguiria outras para satisfaze-lo quando quisesse.
Suspirou. Sabia que a morena faria de tudo para ir estudar em Hogwarts também, porém lhe tranqüilizava saber que o pai desta não deixaria já que não se simpatizava muito com ele.
Empurrou-a de leve para o lado e levantou da cama, tinha tarefas a fazer, afinal de contas, era o melhor aluno de toda a escola, e faria de tudo pra continuar a ser. Tinha de ser o melhor em tudo, não poderia deixar um sangue ruim ficar com o mérito.
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Natasha ajeitava as madeixas e sorria, parecia realmente feliz. A aula de poções parecia não terminar mais, e ele precisava desesperadamente falar com ela sobre a mudança para a Europa. Sentia o coração diminuir e um nó na garganta se formar ao pensar na reação da garota. Não queria deixa-la nunca, afinal tinha certeza de que ela era o amor de sua vida, e que nunca conseguiria amar alguém mais do que a ama. Ao termino da aula, Andrew levantou-se rápido e foi em direção da namorada a puxando pelo braço. Ela o olhou maliciosamente e o seguiu. Ele tinha passos rápidos e se distanciava o máximo possível dos alunos, queria privacidade total. Quando parou perto de algumas arvores pode sentir o coração bater tão forte que parecia que iria sair de seu peito. A morena o puxou rapidamente pelo pescoço e começou a beija-lo furiosamente o que o tranqüilizava, mas não o fazia esquecer do objetivo real do afastamento das pessoas.
Ela o puxava até a árvore onde encostou seu corpo. Ela estava o apertando forte e o querendo sempre mais perto de si, o que ele sempre quisera que ela fizesse, porém ele simplesmente não podia permitir que aquilo acontecesse naquele momento, não depois de ele saber que teria de deixa-la. Parou o beijo e se afastou. Ela o olhou perplexa, parecendo decepcionada.
- O que foi, Andrew?
- Nat...Eu preciso te contar uma coisa terrível que pode mudar, e muito nosso relacionamento. – a respiração dele era forte e ela podia ver a expressão de tristeza na face dele.
- Para com isso, Andrew, você ta me assustando...
- Amor...- ele pegou com as mãos o rosto dela – Eu vou me mudar...
- Como assim? – perguntou ela com uma expressão que ele não conseguiu saber de que era – Pra que cidade? Ah, é aqui em Santa Catarina, não é? Por favor...diga que é...
- Eu adoraria que fosse aqui no Brasil... – ele largou o rosto dela que agora parecia triste.
- Vai mudar de país?
Ele fez que sim com a cabeça e completou:
- De continente...
- De continente? – perguntou ela sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto.
- Sim, minha mãe conseguiu um emprego na Coul...
- Você vai pra Inglaterra? – ela virou-se e se encostou na árvore – Você não pode me deixar, Andrew...não agora que descobrimos que o que sentimos um pelo outro é assim...tão forte.
- Eu sei, Nat. Você não imagina o quanto isso está doendo para mim...eu não queria ir embora de jeito nenhum, eu te amo! – agora que sentia uma lágrima quente deslizando sobre a face era ele.
- Eu também te amo...- disse ela fracamente entre soluços – e não é pouco, sabia?
- Sabia...Não queria ficar longe de você.. – ele foi até ela e a abraçou.
- Vou morrer de saudades de você, não sei se vou conseguir suportar.
- Eu não vou suportar. – e então ele aproximou os lábios quentes dos dela e a beijou docilmente. Um beijo triste. Quando terminou a garota começou a chorar mais ainda. – Acalme-se...por favor, ainda temos um tempo...
- Mas é pouco, Andrew...ah...
- Olha só, - disse ele enxugando as lágrimas dela – não quero que chore, está bem? Vamos aproveitar esse tempo que ainda temos juntos...e...meu pai me assegurou que viremos sempre nas férias aqui...
Ela sorriu.
- Bem, pelo menos isso...
- E nós podemos nos comunicar de várias formas durante o ano não é mesmo? – lembrou ele – E... é só mais um ano, eu prometo que se nossa relação continuar firme e forte depois disso, eu virei pra cá morar com você e a gente se casa...
Ela sorriu. Desta vez não foi um simples sorriso, foi um LARGO sorriso que o fez sorrir também.
- Promete mesmo?
- Prometo. – disse ele prontamente.
- Eu tenho certeza que esse ano fora só vai servir pra nos mostrar que nós nos amamos de verdade e que nada irá mudar isso.
- Eu também. – dizendo isso ele a beijou, e pela forma que ela correspondeu aquele beijo, ele soube o que viria mais tarde.
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Amanhecera um dia ensolarado, mas o verão já se passara. Helenna Potter encontrava-se sentada em uma
poltrona no Salão Comunal de sua casa com uma expressão triste. Em alguns meses teria de deixar todos seus amigos e aquilo lhe doía muito. Ainda não havia se atrevido a contar para ninguém, mas logo teria de faze-lo. A única coisa que achara de bom naquela mudança é que deixaria Vitor de uma forma que não o magoaria tanto, e aquilo era realmente bom mas não compensava as outras coisas ruins da mudança. Sentiu uma lágrima correr pela face e logo a enxugou, não queria que ninguém percebesse.
- Não adianta disfarçar... – ela ouviu uma voz familiar vir atrás dela. Vitor logo sentara-se ao seu lado com uma expressão de compreensão. – Eu vi a lágrima em seu rosto, e percebi que você está triste...O que andou acontecendo, Helenna?
A castanha fora pega de surpresa, mas simplesmente não fazia sentido guardar aquilo, tinha de falar a verdade.
- Vitor, eu... – ela fungou – vou meu mudar.
- Pra onde? – perguntou o garoto olhando diretamente nos olhos verdes dela.
- Londres.
- O que? – ele berrou. Ela começou a chorar descontrolada e ele a abraçou. – Desculpa, eu não queria ter gritado... Como assim vai se mudar para Londres?
- Minha mãe ganhou uma proposta de emprego muito atraente lá...
- Como se vocês precisassem de dinheiro... – ela o olhou levantando uma sobrancelha – Oras, Helenna, todo mundo sabe que a aposentadoria do seu pai daria para sustentar um estado inteiro.
- Não exagera, e o fato do emprego e porque seria uma satisfação enorme e uma realização profissional para minha mãe trabalhar na Coul, já que é estilista.
- Até aí tudo bem, mas por que você tem que ir junto? Por que não continua morando aqui?
- Meus pais querem que eu e o Andrew vamos juntos... – agora ela enxugava com as mãos o rosto – E eu acho certo, talvez sofreríamos mais deixando eles...
- Como assim sofreria mais deixando eles? E eu? – o garoto parecia perplexo.
- Vitor, eles são meus pais...
- E eu sou seu namorado!
- Desculpa, Vitor...mas vamos ter que terminar.
- Como assim? – Vitor levantou com uma expressão raivosa – Só por que você vai se mudar?
- Pra EUROPA!
- E daí?
- E daí que é muito longe, você não acha? – ela levantou e saiu dali deixando um garoto falando sozinho. Não queria discutir naquele momento. Estava explodindo por dentro. Olhava para todas as partes da escola como que querendo guardar tudo na memória para nunca esquecer. Não conseguiu se controlar e começou a chorar novamente, aquilo realmente seria muito difícil.
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Os meses haviam passado rápido para ele, mas tinha certeza que não havia sido igual para a esposa que a cada
dia que passava parecia cada vez mais ansiosa para a mudança. Ele ainda se sentia triste pela questão de afastar as crianças do lugar onde haviam se criado e feito seus amigos, mas ele sabia que aquela mudança também beneficiaria a educação deles.
Agora olhava para a casa já sentindo saudade e um aperto no peito. A deixaria em instantes e tinha de admitir que aquilo não estava o agradando muito.
Os filhos já conheciam a Inglaterra, ele havia os levado várias vezes para conhecer o país e os amigos dele e da mãe.
Maíra, Andrew e Helenna apareceram ao seu lado com as malas na mão, enfim, era hora de Harry James Potter voltar a cidade natal.
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