Difícil



Acordou querendo que isso nunca tivesse acontecido e dirigiu-se até o banheiro. Tirou lentamente o pijama e olhou-se no espelho. Estava realmente forte. Músculos definidos. O quadribol finalmente estava mostrando seus efeitos. Abriu a torneira da banheira e sentou-se, esperando esta encher. Lembrou-se que tinha de voltar para a Bulgária e ficar na escola até os últimos dias de aula. “Escola idiota” bufou.


Entrou na grande banheira de água gelada. Era assim que gostava. Relaxou, ficando por ali 15 minutos se banhando até ouvir alguém o chamando. Era seu pai, estava o apurando, tinha de voltar para escola.


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Harry Potter acordou e reparou que sua mulher já não se encontrava ao seu lado. Levantou, arrumou-se e desceu as escadas com muito cuidado: os tempos haviam mudado e todo cuidado era pouco. Sentiu o cheiro agradável do café. Como era bom. Sentou-se na mesa ao lado do filho Andrew que aparentava estar mais feliz do que nunca. Helenna ainda não havia descido e Maíra se encontrava no fogão, fazendo gemada. Pelo jeito a esposa ainda não havia tocado no assunto do retorno a Europa com os filhos, o que era ótimo na sua opinião, já que só iriam para lá em junho, e ainda estavam em fevereiro.


- Bom dia.


- Bom dia, pai. – sorriu Andrew.


- Olá, amor. – Maíra também tinha uma expressão feliz. Harry sabia o quanto um trabalho na Coul significava para esposa, se não fosse por isso não teria concordado com o retorno para a Inglaterra.


- Vejo que ambos aparentam felicidade. O que ocorreu? Eu ganhei na mega sena e ninguém avisou?


Todos riram, e o primeiro a se manifestar fora o filho:


- Pessoal, eu quero fazer um comunicado pra vocês, mas primeiro quero esperar Helenna descer para faze-lo.


Os pais mantiveram a curiosidade até que a adolescente desceu desajeitada e ainda de pijama.


- Agora pode nos contar. – Maíra era a mais curiosa.


- Contar o que? – perguntou Helenna confusa.


- Seu irmão tem um comunicado a nos fazer. – respondeu Harry.


- Então conte de uma vez, Andrew. – Helenna fez cara de indiferença.


- Bem, eu... – ele procurava as palavras certas e no fim, escolheu as mais simples possíveis – estou namorando.


- NAMORANDO? – os três fizeram cara de espanto como se o garoto houvesse dito que havia comido fezes e que havia gostado.


- Qual o motivo do espanto? – perguntou ele rindo.


- Você está se sentindo bem, querido? – Maíra passou a mão na testa de Andrew na intenção de ver se o filho estava com febre.


- Muito bem, mãe.


- Que tipo de droga você andou tomando? – perguntou Helenna. O irmão se limitou a levantar a sobrancelha em sinal de desaprovação ao comentário da irmã.


- O que te aconteceu, filho? Você levou uma bolada na cabeça, algo do gênero? – o pai estava de queixo caído.


Na verdade Andrew compreendia perfeitamente a reação dos pais e da irmã, afinal ele era um mulherengo de
primeira que negara até o último fio de cabelo que um dia namoraria, sempre afirmando que ele não era garoto de uma garota só.


- Calma, gente... Eu posso explicar. Eu me apaixonei, ok? Acho que isso acontece com todo mundo um dia, não é mesmo?


Os três o fitaram abismados.


- E quem é ela? – perguntou Maíra.


- Natasha Boufz... – respondeu sorrindo.


- Eu sabia que aquela proximidade entre vocês no último mês estava muito estranha... – disse Helenna.


- Na verdade começamos a namorar ontem.


- E você tem certeza de que está mesmo apaixonado por ela? – Harry lançou um olhar preocupado para Maíra que dizia tudo. Se Andrew estivesse mesmo apaixonado, as coisas ficariam ainda mais difíceis para convence-los de se mudar para Londres.


- Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida.


Helenna respirou fundo. Até o irmão havia encontrado seu grande amor, e ela, nada. Será que todos tinham uma
alma gêmea menos ela? E se ela tivesse, por que nunca a achava? E se ela nunca fosse acha-la? Sentiu um nó na garganta e retirou-se da cozinha deixando os pais atacarem Andrew com milhares de perguntas.


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Chegando no Salão Comunal de sua casa, Salazar deu de cara com Talena. “Era o que me faltava” pensou entediado. A garota o abraçou forte como se ele fosse a coisa mais valiosa que ela possuía.


- Ah, Salazar! Você não sabe o quanto senti sua falta, meu amor...


O garoto nada respondeu, foi até seu dormitório e largou as malas no chão. Mirou sua cama e antes que pudesse
se jogar, fora novamente abraçado por alguém.


- Ah, que desgraça, Talena, será que eu não posso ter um minuto sozinho? – sua voz arrastada ecoava pelo quarto.


- Mas faz exatamente um dia que não nos vimos...


- E daí? – gritou.


A garota fez de conta que o grito não havia sido com ela e deitou-se na cama de Salazar.


- Vem...


Tinha que admitir que a garota tinha lá suas utilidades, e que aquela era uma ótima proposta para tira-lo do stress
usual. Sorriu maliciosamente. A morena o chamou novamente enquanto começava a tirar o uniforme. Ele pulou em cima da cama rapidamente.


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Sentia o cheiro agradável da carne quando foi até a churrasqueira onde estava o pai empenhado. Sentou-se de frente para a cena e começou a brincar com os cabelos. Estava se sentindo há 1000 por hora. Não sabia ao certo o que fazer, Vitor havia lhe mandado uma coruja pela manhã. O bilhete pedia de forma realmente entusiasmada para que se encontrassem na praia pelo período da tarde após o almoço. Ela podia reparar que o garoto estava mais animado que nunca com os últimos acontecimentos e aquilo estava começando a faze-la se sentir uma completa otária. Por que simplesmente não sentia o mesmo? Depois de tanto tempo gostando do garoto porque isso foi ocorrer? Ela deveria estar dando pulos de alegria não gritando dentro de si mesma tentando achar uma solução para escapar dele. Soltou um risinho falso, o pai havia deixado seu copo de cerveja amanteigada cair no chão. Levantou e foi até a cozinha ver o que a mãe fazia, e assim aproveitar para contar a ela o que estava acontecendo com ela. A mãe sempre a compreendia e dava boas dicas do que seguir, estava certa de que ela seria a única a conseguir ajuda-la.


Maíra estava cantarolando e mal percebeu que a filha havia chegado e sentando as suas costas.


- Mãe... – chamou Helenna com um olhar tristonho.


A loira deu um enorme pulo de susto.


- Ai, ai filha, que cagaço. – a garota riu da mãe – Não ria de mim!


- Tudo bem, tudo bem.


- Ah não, que carinha é essa, minha filha? – perguntou Maíra preocupada. Ela conhecia muito bem a filha pra saber que alguma coisa não ia bem – Pode ir me contando.


- É que... – Helenna respirou fundo e calou-se.


- É que... vamos dê continuidade.


- Lembra do Vitor, mãe?


- O garoto que você é apaixonada? Claro, ah ele é um amor de pessoa, me lembro daquele dia em que veio te visitar quando você estava doente, foi realmente muito querido. – Maíra esboçava um enorme sorriso ao falar do garoto o que fez Helenna piorar sua cara, sendo que estava a beira das lágrimas. A loira notou rapidamente e desmanchou o sorriso vindo no lugar desse uma expressão de raiva – O que foi que ele te fez? Ele está namorando com outra garota? Ora, Helenna, não dê bola, duvido que seja melhor que você, filha.


- Não é isso, mãe...- uma lágrima havia escorrido do rosto da adolescente.


- Ah, minha querida, não chore. – disse a mãe limpando o rosto da filha – Me diga então o que aconteceu? Não gosto de ter ver assim,amada.


- É que ontem no aniversário, bem, nós ficamos.


- Mas...- agora Maíra tinha uma expressão confusa – Por que está assim então?


- Eu não gostei tanto quando eu pensei que eu ia gostar. Eu simplesmente....simplesmente percebi que ele não é o garoto da minha vida como eu havia pensado todos esses anos. Eu não senti todas aquelas sensações que a Ana disse pra mim que sente com o José, e... – a garota começou a soltar mais lágrimas – na verdade eu não senti nada...


- Ah, minha querida... – disse a mãe compreensiva abraçando a filha – isso é natural, você ainda só tem 16 anos, tem muita coisa pra viver pela frente. Um dia você vai encontrar o homem da sua vida, sim, mas pra isso você tem que ter paciência, querida.


- Mas o que eu vou fazer, mãe? O Vitor parece estar totalmente apaixonado! Eu não quero magoa-lo...
- Tudo que eu posso dizer é que voe fará pior se não contar logo a ele que não está mais apaixonada por ele...


- Então você acha que eu deveria contar hoje mesmo?


- Eu acho que você deveria fazer o que o seu coração mandar. Mas vá com calma, Helenna...


- Tudo bem... – Helenna limpou as lágrimas e deu um rápido beijo na bochecha da mãe – Muito obrigada, mãe... muito obrigada mesmo.


- Você não precisa me agradecer por nada, é pra isso que estou aqui, para ajuda-la, amor.


A garota esboçou um enorme sorriso. Subiu para o quarto e tratou de tirar o pijama. Desceu e almoçou pensando
no que diria para Vitor. E então, o tão esperado momento havia chegando. Despediu-se de todos, se arrumou e foi para a praia.


Vitor estava a esperando e quando a viu, sorriu animadamente.


- Helenna, meu anjo. – disse ele tirando as mãos das costas. Flores. Ele trouxera margaridas para ela, a sua flor preferida. Sentiu um aperto no peito e aceitou as flores timidamente – E então, como foi sua noite?


- Normal.


- Normal? – riu – Eu mal consegui dormir pensando no nosso beijo... – ele passou a mão pela face da garota – Como pode existir um ser tão belo como você, hein garota?


Ela não respondeu. Não tinha resposta. Aliás ficara sem fala, não teria coragem de mencionar uma palavra sequer sobre não estar mais afim dele. Se já era difícil antes, agora estava começando a ficar impossível.


- O que foi? – perguntou ele – Não gostou das flores?


- Amei, são minhas favoritas. – disse ela sem animação.


- Então por que está tão quieta?


- Ah, estou com um pouco de dor de cabeça... – mentiu.


- Ah, isso se resolve rápido. –dizendo isso Vitor tensionou tirar a varinha das vestes, mas antes que pudesse tira-la de fato, Helenna segurou seu braço.


- O que foi, agora? – perguntou ele num tom que aborreceu a garota.


- Esqueceu que não é permitido fazer magia fora da escola?


- Aff, Helenna.


- Aff nada Vitor, não vá se meter em encrenca. – dizendo isso a garota sentou-se na areia.


- Está bem, não quero brigar com você justo agora que começamos a nos entender de fato.- ele sentou-se ao lado dele e antes que ela pudesse falar alguma coisa começou a beija-la. Ela tentava corresponder ao beijo com a mesma intensidade na esperança de que voltasse a sentir tudo o que sentira anteriormente pelo garoto, mas sem sucesso. Simplesmente não conseguia sentir nada com ele, e então parou de corresponder.


- O que aconteceu, agora? – perguntou ele irritado.


- Minha cabeça está explodindo – mentiu ela novamente se levantando.


- Olha só, Helenna, - Vitor levantou-se também – você está é muito da estranha hoje, o que andou acontecendo de verdade? – ele a analisou superficialmente e então olhou para o mar – Você não sabe quanto tempo eu esperei para estar nessa situação com você, gatinha. – ele voltou a sorrir – Não tem nem idéia de como eu me sinto feliz por dentro, como se fosse explodir, só pelo fato de pensar que você está namorando comigo.


- Namorando? Nós não havíamos falado sobre namoro ainda, Vitor. – falou ela apavorada. Percebeu o sorriso do garoto se desfazer.


- O que foi você não quer? – ele a fitou intensamente – Ah, é claro que quer. Bem, se é por falta da pergunta... – ele se ajoelhou na frente dela fazendo vários olhares se voltarem para eles – Helenna, meu anjo, quer namorar comigo?


A garota sentia vontade de chorar. Sua situação estava pior do que previa. Como poderia dizer não em um
momento desses? Como podia não se sentir feliz com isso? Como podia não gostar mais daquele garoto fofo que se encontrava ajoelhado na frente dela fazendo uma das coisas mais românticas que alguém poderia fazer? como? Ela simplesmente não entendia. A vontade era de sair correndo, porém não podia fazer isso. Não podia responder que não...ela estaria magoando o amigo profundamente e isso, ela não queria nunca. Sussurrou um sim sentindo-se péssima.


O garoto deu um salto enorme, a assustando e a agarrou. Mais um beijo sem sentindo para ela.


A tarde passara torturantemente demorada ao lado de Vitor, e quando finalmente voltou para casa acompanhada
do novo namorado, subiu rapidamente ao seu quarto e desabou-se no mais profundo choro que poderia um dia imaginar chorar.


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Os meses se passavam, e Harry já estava começando a se incomodar de não ter comentando ainda com os filhos que se mudariam em breve de continente. O que mais o perturbava era que faltava apenas um mês para a mudança, e estava com medo da reação do filho que por fim se encontrava em um namoro extremamente forte com uma garota que um mês antes até decidira apresenta-los. Comentara com Maíra que estava mais do que na hora de falar sobre morarem em Londres, e a esposa mais do que prontamente concordara. O que o irritava era que ela concordava, porém sempre adiava o fato. Ele não iria conseguir esperar mais.


Vestiu-se e foi até a sala onde se encontrava a mulher.


- Maíra, vamos. – dizendo isso ele pegou a loira pelo braço e a levantou do sofá.


- O que foi, amor? Onde vamos?


- Para a escola.


- Como assim para a escola? – perguntou ela confusa.


- Vamos contar sobre a nossa mudança para as crianças.


- Mas...agora, Harry? – perguntou ela demonstrando certo medo.


Agora. – ponto um ponto na conversa ele postou-se em frente a lareira. Iriam de pó-de-flu.


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