Desculpas aceitas
Pedir desculpas não era realmente o ponto forte de Harry. Várias vezes, durante o resto da manhã e à tarde ele tentara conversar com Melissa, mas, ou ela não estava ou ela fingia que não o ouvia falando com ela. Parecia que Dumbledore tinha razão. Certa vez, o professor havia dito que era mais fácil perdoar os outros quando estão errados do que quando estão certos (EDP: pág. 79). Lá pelas cinco da tarde, cansado de ficar rodando a mansão sem destino, foi para o terceiro andar, ficar sem fazer nada na biblioteca.
Era um cômodo grande e iluminado, com prateleiras e mais prateleiras de livros empoeirados e velhos. Havia uma mesa de madeira de carvalho, com cadeiras iguais. Lá também havia uns pufes espalhados pelos cantos. Era considerado por Hermione o “Paraíso dos Livros de Artes das Trevas”. O que havia de livros sobre o assunto em livre acesso não estava na imaginação de ninguém. Harry quase não ia lá; vez ou outra entrou ali para pegar um livro para uma Hermione ocupada, mas nunca passou um tempo por lá. Há sempre uma primeira vez pra tudo.
Ao entrar, ele se dirigiu ao pufe mais perto e esparramou-se ali mesmo, fazendo a poeira acumulada ali levantar. Harry tirou os óculos, e esfregou os olhos. A maldita dor de cabeça ainda não passara, mas diminuíra a uma dor suportável. Ele vagou o olhar pela sala, sem óculos mesmo. Um borrão de vermelho, preto e ocre passava e ele sentia-se vazio. Fechou os olhos por uns segundos. Quando os reabriu, viu uma imagem difusa branca aos seus pés. Franziu o cenho, tentando fazer a imagem entrar em foco. Sua anta põe os óculos. Quando encaixou os óculos no nariz, viu que o borrão branco era uma gata de cara amassada e olhos amarelos aos seus pés, olhando diretamente para ele. O rabo dela ia pra lá e pra cá num movimento lento; ela olhava Harry meio que com pena, meio que avaliador.
Harry estendeu as mãos, pego a gata e colocou-a em seu colo, afanando suas orelhas. Os olhos do bicho fecharam-se lentamente, e ela ronronava baixinho.
-AÍ ESTÁ VOCÊ, SUA COISA CHATA E IRRACIONAL! – gritou uma voz à porta. Harry pulara no pufe; por essa, ele realmente não esperava. Ele olhou assustado para a porta. Parada, com as mãos na cintura, com uma cara emburrada e zangada ao mesmo tempo, estava Annie. Harry ficou olhando ela se aproximar.
-Não é você, Harry – disse ela – é essa coisa peluda aí contigo. – Ela pegou a gata, que pareceu encolher-se ligeiramente – Pensou que eu não ia te achar? Pois se enganou.
Harry olhou para ela, com uma cara engraçada.
-Você tem sérios probleminhas... – disse ele. Annie riu.
-Já disseram isso uma ou duas vezes. – disse ela, enquanto passava o pulso por debaixo da gata e segurasse o queixo do bicho com a mão, afanando-lhe as orelhas com a outra. Ela sentou-se no pufe ao lado o garoto, suspirou olhando animadamente para ele. – Então... Já passou a dor de cabeça?
-Não muito...
-Você ainda fica quieto no teu canto. – disse ela, torcendo o nariz. – Tem gente que não güenta. E eu fico com dor de cabeça.
-Não entendi.
-É que a Lissa tem dor de cabeça um dia sim e o outro também. Ela reclama sem parar. E ela fica “tô com dor de cabeça, tô com dor de cabeça, tô com dor de cabeça” o dia inteiro! Aí eu me contamino com a dor dela, de tanto ouvir! – Annie falava depressa, de uma maneira entusiasmada, sempre fazendo gestos com a mão livre. Harry riu pelo nariz, mais dela, do que sobre o que ela tava contando. – Não, eu acho incrível! Uma pessoa que tá com dor de cabeça ficar falando sem parar! É o fim da picada... Parece que, quando ela liga o botão “conversa”, não consegue desligar! Aí a gente é obrigada a ouvir ela falar vinte e quatro horas por dia... Bom, vinte e três horas, cinqüenta e seis minutos e vinte três segundos... Mas isso é um detalhe... O que eu quis dizer é...
-Você não cansa não? – cortou Harry, cansado do monologo. A ruiva deu um sorrisinho envergonhado.
-Acho que falei de mais, não?
-Não. – Imagina! Pensou.
-Tá, essa não me convenceu. É que eu me empolguei. Falar uma frase pequena definitivamente não é comigo. É que eu vou unindo um assunto no outro... E eu já tô falando muito – concluiu, com um sorriso de desculpas. Harry abaixou a cabeça, colocou a mão na testa e desatou a rir. Houve um momento de silencio em que só se ouvia o ronronar de Marilse.
-Ann, a Melissa saiu? – perguntou.
-Por que? – perguntou sem levantar o olhar pra ele. – Vai gritar com ela de novo?
Harry suspirou.
-Não... Queria pedir desculpas pra ela.
-Até que enfim! – disse ela, olhando para ele, novamente animada. No instante seguinte, ela fez cara de desapontada. – É, ela saiu... E não sei quando volta...
-Ah... – fez Harry, baixando o olhar. Ele sentia o olhar da garota nele. Sabe Merlim em que ela pensava. Ele ouviu-a suspirar, levantar. Ouviu também seus passos e a porta fechando-se. Logo em seguida, ouviu um sussurro “Abra os olhos...”. Harry levantou a cabeça; ela já tinha ido. Novamente pensou ser sua imaginação.
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As dez para as oito da noite, Harry dirigiu-se para a cozinha. Esperava encontrá-la já cheia, mas surpreendeu-se ao deparar com ela quase vazia. Apenas Sr e Sra Weasley estavam lá. E uma Melissa com a cabeça escondida nos braços sentada numa ponta da mesa. Ele sentou-se mais ou menos no centro da mesa e ficou olhando para o nada.
Em menos de cinco minutos, a sala encheu espantosamente rápido. Harry viu muitas pessoas que não conhecia, mas também viu algumas que se lembrava vagamente de já tê-las visto antes.
-Harry Potter, meu rapaz! – disse uma voz alegre e grossa que, antes, Harry tremia somente em ouvir, e que, agora, ele estava feliz em ouvir. Ele olhou para trás e viu Prof... Ops, quer dizer, Slughorn vindo em sua direção. – Como vai? – disse, batendo em suas costas.
-Bem, obrigado.
-Continua genial, espero! – disse o ex-professor, dando-lhe uma piscadela.
-O mesmo de sempre...
-Continua namorando a jovem Srta Weasley?
-Temo que não, senhor... – disse Harry, baixando a cabeça ligeiramente. – Ficou meio que difícil... Continuarmos juntos no meio dessa guerra.
-É uma pena – disse Slughorn, dando um suspiro – Vocês davam um belo casal... A comunicação também não devia ser muito boa, não? – Harry não respondeu, tentando entender o que o ex-professor falara, no que este achou ser um silencio afirmativo – Todos tem seu par, Harry, e sei que um dia você encontrará o seu.
Slughorn se afastou, deixando Harry pensativo. O que raios ele quis dizer? Sem nem perceber, seu olhar recaiu em Melissa, que estava a um canto. O garoto deu-se uma sacudidela imaginaria e voltou a se sentar.
-Silencio – disse McGonagall, mas ninguém pareceu ouvir. – Silencio! – pediu de novo.
-CALEM A BOCA SEUS INUTEIS LINGUARUDOS! MCGONAGALL VAI FALAR – esbravejou Moody, conseguindo a atenção de todos.
-Obrigado, Alastor, embora não fosse necessário gritar tanto – disse McGonagall, fazendo um gesto como se desentupindo o ouvido.
“Gostaria de lembrar-lhe que um novo membro está conosco hoje” disse e Harry sentiu olhares de várias pessoas em si “Esperamos que nos seja útil Sr Potter”.
-Espero poder ser útil – disse Harry. A ex-professora continuou.
“Bom, acho que a maioria já sabe que nessa manhã perdemos o contato com a Alemanha. Pelo que soubemos, houve um ataque e ainda não sabemos quem foi atingido e quem está ileso. Por enquanto, damos os subordinados da Ordem como desaparecidos”.O olhar severo fixou-se em um ponto na mesa e Harry olhou naquela direção também. Para sua surpresa, McGonagall olhava para uma Melissa cabisbaixa. Harry pensou ter visto a garota soluçar silenciosamente. “Erros são inadmissíveis, já foi deixado bem claro. Sr Von Trapp, um erro como o que o senhor cometeu é quase um absurdo. Isso vai nos custar muito caro. Espero que isso não se repita novamente. Sr Armandi, como vão as coisas no Ministério?”.
Thomas Armandi falou durante vários minutos, mas Harry não prestou real atenção. Ele ficou com a mente vazia durante vários minutos. Deixando seus pensamentos vagarem um pouco... Ele só acordou quando ouviu seu nome.
-Potter, eu gostaria que você participasse da reunião – disse McGonagall, naquele tom severíssimo dela. Ele se endireitou na cadeira. – Você dizia, Srta Wyndi?
-Bom – Harry nem havia notado que era ela quem estava falando -, os ataques mais constantes tem sido em famílias consideradas importantes na sociedade bruxa. Seqüestros e desaparecimentos de famílias trouxas também tem se tornado bem comuns. Freqüentemente nos perguntamos “quem será o próximo?”. É sempre uma família trouxa menos obvia que a outra.
-Acredito que nos trouxe outra lista de possíveis ataques – disse Moody, no que a loira sorriu marotamente.
-Claro. – ela pegou da bolsa um maço de pergaminhos e entregou a McGonagall. – Dessa vez, os Comensais escolheram casas que denunciam seu objetivo. Como os arredores do povoado de Ottery St Catchpole. – Sr e Sra Weasley soltaram exclamações quase imperceptíveis (Cálice de Fogo, pág 60 pra quem estiver curioso). – Ou a residência dos Granger em Kent (tá admito, eu não sabia onde raios eles moravam, e coloquei uma cidade qualquer perto de Londres). – Até mesmo em Little Whinging, Surray, há ataques. Não há como eles deixarem mais claro que quem eles querem atingir é o Sr Potter, atacando as famílias de seus amigos e parentes – terminou ela, olhando direto para ele. Harry estava chocado. Que golpe mais baixo! Atacar os Granger e os Dursley...
-Golpes baixos são a especialidade dos Comensais. – disse Melissa, ainda olhando para Harry. – Acabar com a única esperança de vida da vitima, depois desorientá-la e por fim, abatê-la como um cordeiro.
Que crueldade pensou Harry.
-Piedade não é uma palavra que existe no vocabulário dos Comensais; quanto mais sangrento o ataque, melhor pra eles.
-Já chega, Srta Wyndi, sabemos disso, não precisa entrar em detalhes. – disse McGonagall, com os olhos nos pergaminhos. A garota encolheu os ombros e se sentou, cruzando os braços.
Depois de Melissa, vários outros subordinados da Ordem apresentaram projetos e outras coisas assim. Moody ralhou com várias pessoas, mas deu os parabéns para uns poucos. Era quase meia-noite quando eles saíram da cozinha.
Harry viu Melissa saindo apressada da cozinha. Queria falar com ela se possível ainda aquela noite.
Era incrível; quando você quer encontrar alguém, há sempre aqueles que tampam seu caminho. E a garota também não ajudava; parecia que ela concorria à medalha de ouro de 100 metros rasos. Harry desviou de um cara e subiu as escadas.
-Melissa! – ela pareceu não ouvir, não olhou para trás. Ela virou um corredor e entrou numa porta. Harry parou de frente a porta fechada, mas logo a porta se entreabriu e uma mão o puxou para dentro da biblioteca. O moreno deu de cara com um par de olhos azuis intensos encarando-o.
-Preciso falar com você – disse Melissa.
-Idem – disse Harry. – Pode falar.
-Você primeiro.
-Par ou impar?
-Vai, Harry, fala logo.
-Já que insiste... – Harry suspirou. – Desculpa. – Melissa fez cara de quem não entendeu. – Por ter gritado contigo no outro dia. Devo-te desculpas, te acusei de algo que você realmente não fez. Não devia ter gritado...
-Você não precisava se desculpar por isso. Eu que gritei contigo. E era isso que eu queria falar. – Harry abriu a boca pra falar, mas ela o atropelou. – Olha, eu tava morrendo de vergonha depois que gritei contigo. Hoje eu passei o dia me perguntando onde enfiar a cara. Odeio estourar com as pessoas assim, acho que eu herdei o temperamento do meu pai... A culpa foi minha, eu já tava com o pavio curto; Moody tinha gritado comigo, minha cabeça tava doendo, não tinha noticias da minha mãe, e aí você veio gritando comigo, acho que foi a gota d’água...
-Sabe, Annie tem razão, quando você pega pra falar, você não pára. – cortou Harry, no que a garota sorriu envergonhada.
-Realmente, não meço minhas palavras...
-Você não mede o quanto fala... - disse Harry, no que a loira deu uma risadinha.
-Tem razão. Não tenho papas na língua... Mas você me desculpa?
-Só se você me desculpar!
-Tá desculpado... Ah, e me desculpa ter gritado hoje de manhã quando você tava com dor de cabeça, eu ainda tava meio esquentadinha...
-Credo, quanta coisa pra desculpar desse jeito, a gente fica aqui o dia todo...
-Você quis dizer a noite toda.
-Você me entendeu – Melissa riu.
-Entendi... Estamos bem, então? – Harry fingiu pensar.
-Acho que sim.
Eles saíram da biblioteca, quase tropeçando em Marilse, que passeava.
-Ei, Ann! – disse Melissa, pegando a gata. – Ainda bem que eu disse pra ela prender ela na casinha. Imagina se não tivesse pedido... Acho que eu deveria ter enfatizado mais meu pedido...
Harry riu fracamente, olhando a gata no colo da garota.
-Eu estou curiosa, Harry... Você namora a Gina?
-Não... Por que?
-Ah, nada... – disse a garota, encolhendo os ombros. – Foi o que me pareceu, pelo jeito que ela te defendeu hoje de manhã... – Harry nada disse, apenas abaixou a cabeça; dois numa só noite perguntaram isso. Melissa olhou de esguelha – Posso estar enganada, mas acho que vocês já tiveram alguma coisa...
-Será que dá pra mudar de assunto, por favor? – disse Harry, tentando ser o mais educado possível.
-Okay... Não está mais aqui quem falou. Boa noite, Harry.
Melissa se virou e foi para o segundo andar, no que Harry também foi dormir.
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Gente, sorry a demora, mais eah que eu tinha que estudar.. Bom, eu e a Cá agradecemos todos os comntários, infelizmente, não temos tempo de agradecer a todos, pq eu to saindo já já e ela tbm... BJUUUUU
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