isolamento



O dia se fez claro em Little Whinging. Nessas oras da manhã os respeitáveis senhores da rua dos Alfeneiros começavam a fugir para seus empregos e obrigações. Dentre eles o Sr. Valter Dursley, que já estava no portal de sua cerca recém reformada.
-Valter espere! – gritou a Sra. Dursley com algo na mão.
-O que foi Petúnia - resmungou Valter meio rabugento, pois acordara mais cedo que de costume.
-Você esqueceu sua pasta – entregou–a para o marido – Boa sorte na reunião com os compradores novos, querido – e deu um beijinho na bochecha do marido.
-Hum - Disse ele - Obrigado.
-Valter - insistiu Petúnia - tem certeza de que não
seria melhor um jantar aqui mesmo?
Valter olhou a esposa como se ela tivesse dito a coisa mais sem sentido do mundo.
-Não quero correr nenhum fisco petúnia –disse ele – Lembre-se da ultima vez-sussurrou para a esposa.
Nesse instante os dois olharam de esguelha para a janela do quarto do sobrinho.
-O moleque ainda está trancado?
-está- disse Petúnia crispando os lábios –só sai pra comer e ir ao banheiro.
-espero que aqueles amiguinhos dele saibam que ele está lá por conta própria. -disse Valter
Os dois agora olhavam por toda rua assustados. Desde que o sobrinho Harry voltou para casa há uma semana, os Dursley viviam em estado de alerta. Foram avisados de
que se algo de mal acontece com ele seriam “visitados” pelos amiguinhos anormais dele.
Desde então tem feito das tripas o coração pra tratá-lo com a maior cordialidade possível quando ele se mostrava presente. Deram graças a Deus quando ele decidiu se
isolar em seu quarto.
Nesse instante uma coisa muito pequena e rápida entrou no quarto do sobrinho.

-Aquele moleque deveria ter mais respeito-resmungou Valter no caminho do seu trabalho.

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-ACORDEM SEUS DOIS MOLENGAS!SÃO SEIS E MEIA E VOCÊS AINDA DORMINDO?!
Na verdade eram dez pras seis da manhã quando Débora, como sempre berrava em plenos pulmões para acordar os filhos.
-Aghata e Julius! Se não chegarem aqui em cinco minutos, vão tomar café com porção de incha língua o resto da semana!-a ameaça era velha, mas funcionava bem como um todo.
Voltou para a cozinha onde preparava o desejum rapidamente.
Da janela em frete a pia onde lavava suas frutas sentiu uma leve brisa que agradou seu rosto enquanto se orgulhava da visão pra lá de privilegiada de seu imenso quintal, onde havia um pomar de frutas, com uma jaqueira enorme bem no meio dele, uma pequena horta de legumes e verduras e um riacho de águas rasas onde seus filhos tomavam banho quando bem pequenos.
"Merlim, se eu deixo os dois dormem por dias seguidos!" Reclamava como se já os tivesse deixado dormir por mais do que oito horas seguidas alguma vez na vida.
Há quase dez anos, depois de se formar na faculdade de biologia, Débora escolheu aquele pequeno paraíso como seu refugio e ambiente de trabalho. Sua casa ficava entre uma reserva indígena e um pequeno vilarejo onde seus filhos estudavam pela manha.
Aghata veio correndo pelo corredor do segundo andar da casa onde ficavam os quartos e ao chegar à escada pulou os últimos quatro degraus.
-BOM DIA, MEU DESPERTADOR QUEBRADO!-correu para pegar uma cesta de pão das mãos de Débora - Por que a gente tem que acordar tão cedo? Hoje não tem aula e... Que foi?
- Nada, querida, coloque isso na mesa.
Aghata em seus quase quinze anos de idade era uma menina linda de longos cabelos negros (que Débora fazia das tripas o coração quando ela falava em cortá-los) olhos de um azul claro suave que contrastava com a pele morena, extremamente ativa e sempre bem disposta. Bem ao contrario do irmão que por sinal estava descendo as escadas num galope lento, enchendo a casa de resmungos, odiava acordar sedo.
-Isso são modos de acordar uma pessoa?
-Bom dia!-gritaram as duas fazendo julius das um salto pra traz.
-Merlim! Mande-me uma luz! Diga-me onde eu desligo essas duas!!
-Ih filhinho, desencana! Essa pagina a muito já saiu do meu manual de instruções!-Débora pos as frutas na mesa e os três começaram a comer.
-Cadê o leite!
-na geladeira.
-pega pra mim Aghata.
-palavrinhas mágicas...
-Agora!
Com um gesto das mãos a menina abriu a porta da geladeira, bufando e levitou a caixa de leite até a mesa servindo um copo ao irmão.
-Preguiçoso...
Débora ria quanto lembrava do dia em que chegaram as primeiras varinhas daqueles dois que ela tinha encomendado a uma amiga que os visitava vez por outra.
Bem como já lhe disse um dia um velho amigo seu "não é o bruxo que escolhe a varinha...”. Assim que as crianças tocaram na varinha elas começaram a explodir a casa inteira sem controle nenhum do que faziam... Ficaram tão assustados que não tocaram nelas por um bom tempo e quando tentavam usá-las os feitiços sempre saiam mal feitos. Foi então que os dois começaram a desenvolver a capacidade de fazer magia sem um fetiche e isso lhes deu mais certeza do que realmente eram... Bruxos.
Débora os observava, temendo. "Será que eles entenderiam isso realmente...”.
-Déb?
-Oi, bem.
-Aconteceu alguma coisa?
Débora deu um suspiro.
- Não se preocupe. Terminem o café. Volto num segundo-e saiu para o escritório.
-Ela está estranha não acha?
Julius não respondeu.
-Ah, vai fala alguma coisa. Eu to preocupada.
-E eu com isso?
-Julius é nossa mãe!
-Quem ouve pensa que você tem certeza.
Aghata se calou, respirando fundo para manter o controle. Detestava esse assunto, pois o achava sem a menor importância, mas Julius adorava aborda-lo vez por outra. Desde pequenos os dois sabiam que um deles era adotado, apesar de Débora nunca ter mencionado o assunto não era difícil chegar a essa conclusão já que os dois só tinham três meses de diferença de idade.
-Julius sarcasmo a essa hora da manhã não, ta? Ela se preocuparia com você seu ingrato!
-Eu sei.
-Ótimo! Preocupe-se com ela então.
-Não preciso-respondeu com um sorriso que vez o coração de Aghata palpitar. - logo vai saber por quê.
-O que você sabe?
-sei que logo vou conviver com pessoas do meu nível.
Por um segundo Aghata analisou essas palavras, mas sabendo o irmão que tem apenas retrucou.
-Mesmo? Não sabia que ainda empregavam aberrações em circos.
Andes que Julius pudesse responder; Débora voltou à cozinha.
-Terminaram o café? Bem vou contar as noticias...
-Não precisava nos acordar tão cedo pra isso. Não vamos nos murar hoje.
-O que? Mudar!
-Julius, como você...?
-Eu vi a carta de Hogwarts. Só juntei as peça...
Débora esperou alguns instantes, deixando Aghata absorver a noticia.
-Por que vamos mudar?- Ela perguntou finalmente.
-Eu recebi uma proposta de emprego... Na Inglaterra...
-INGLATERRA!- Aghata se levantou exasperada se dirigindo a sala - Me diz que nos não vamos ser obrigados a nos mudar para a Inglaterra!
-Fale “obrigada” por você. Pra me vai ser um prazer sair daqui!-Disse Julius.
-O diretor de hogwarts me convidou para ser professora de DCAT...
-Hogwarts...
-HOGWARTS!!!- Julius deu um salto de alegria, foi direto na mãe e deu um beijo nela - Dona Débora a senhora está perdoada de todos os seus pecados!
Débora sorriu encarando a filha, agora.
-Querida, vocês precisam prestar exames esse ano, Hogwarts é uma excelente escola de magia.
-Magnólia, também é!- Aghata lembrou das vezes em que os dois pediram pra entrar na escola de magia brasileira que fica no Rio-E nunca nos deixou entrar lá!A senhora sempre evitou o contato com o resto do mundo mágico vivemos bem e em paz aqui por que essa mudança agora?
-Por que as coisas mudaram, as circunstancias que nos faziam fugir mudaram!
-E que circunstancias são essas!?
-Isso não importa agora...
-Claro, como sempre... -Aghata atravessou a porta da sala correndo para a rua.
-Aghata volte aqui! Aonde você vai!?
-Procurar alguém que me de respostas descentes!- não olhou pra traz para ver a quão desapontada Débora estava.
-Mãe - Julius se aproximou dela - ela vai entender... E se não... Ela se conforma. Você sabe como a Semi é. Demora pra largar o osso.
Débora olhou-o desgostosa, mas ele riu, e “E eu resisto a essa coisa linda” e sorriu também. Mas ao passar das horas Débora começou a refletir sobre a decisão que tomara. “Voltar justamente agora, em meio a todo esse caos... deuses eu sou uma maluca...” pensou descontente “mas eu poderia me esconder mais? Continuar fugindo? A que preço?”.
Lembro-se do bilhete que achara na frauda de certo bebê que acolhera e das palavras ali contidas.

“Essa criança é a minha vida... E ela é sua agora”.

-Vou atrás dela, OK? -Julius a acordou daquele devaneio-Ela não pode sair assim sem nem se importar se a senhora se importa. Trago ela nem que seja arrastada pelos cabelos!
Débora o abraçou demoradamente com os olhos brilhando.
-Você falava serio... Quando disse que me perdoava?
Julius a olhou serio e anuiu. Mas Débora não sentiu firmeza naquilo.
Ela deu um suspiro enquanto Julius saiu atrás da irmã, mas não foi muito longe. Aghata caminhava vagarosamente ao lado de uma velha senhora Baixinha de cabelos muito negros e pele avermelhada. Feições cansadas de alguém muito vivido. Só lembrava de uma pessoa que possuísse aquele mesmo olhar.
-Como vai Ceres – cumprimentou, com alivio, a velha índia.
-Vim trazer menina pra mãe - respondeu a índia - tive conversa boa com ela, disse que lugar de da gente é com gente nossa, nosso povo... Nossa família.
Aghata abraçou a velha índia, e passou por Débora sem falar e nem ao menos olhar para ela. Julius a acompanhou e de onde estava Débora pode notar o furacão em forma de sermão que Julius começara e que provavelmente achava que ela continuaria. Ela por sua vez acompanhou a velha índia até o fim da rua em silencio, até que não se conteve.
-Ela está me odiando agora não é Ceres?
-Ela é muito teimosa, mas é compreensiva. Sabe o quanto esse passo é importante pra você. Só não entende o quanto vai ser importante para ela também.
-Não sei como convencê-la disso.
-A verdade seria o mais apropriado.
-A verdade?-Débora desdenhou-A verdade que a mãe dela passou boa parte da vida dela fugindo... Do pai dela...
-A verdade é que ela precisa achar os seus...
-Eu sei... Harry precisa muito dela agora... Mesmo que não saiba.
Ao voltar pra casa Débora pode ver com clareza o que estava deixando pra traz. O por do sol pelo caminho que Ceres seguia... Não o teria mais durante um bom tempo.

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