O tio e as Cartas
O tio e as Cartas
Quando as chamas verdes esmeraldas na lareira sumiram e Agatha pôs o pé para fora da lareira, a mansão estava uma correria. Sua mãe aos berros com o elfo-doméstico, Pira, ordenava que essa ajeitasse a casa, que estava uma bagunça. Eles iriam receber uma visita especial. Com uma boa dose de calmante a Sra. Black anunciou que o Lorde das Trevas fora encontrado e esperava pacientemente que Agatha fosse buscá-lo, mas ela não queria que Agatha fosse sozinha a procura do tio numa floresta. Após 30 minutos de discussão, o Sr. Malfoy convenceu a Sra. Black de que ele acompanharia Agatha a viagem inteira. Interessado, Draco também quis ir, mas antes dele ter qualquer esperança quanto a embarcar também na viagem, seu pai deixou bem claro de que esse tipo de serviço não era para o filho dele fazer. Quando a mãe de Agatha ouviu aquilo, ela voltou tudo atrás:
- Se seu filho não for, Malfoy, Agatha também não irá!
- Claro que vai. Foi ela a escolhida. - retrucou Lucius indignado - e além do mais não há razão para Draco ir também, eu já vou. E te garanto que sou suficiente para protegê-la.
Tanto o Sr. Malfoy quanto a Sra. Black não queriam ceder, o que causou uma longa discussão. Agatha ansiosa, aproveitou-se da situação:
- Mãe, onde é que o tio está?
- Na Floresta Negra, querida. - respondeu a mãe sem dar muita atenção à pergunta para depois continuar aos berros com o Sr. Malfoy.
- Em que parte dela? - perguntou Agatha interessada, bolando um plano.
- Exatamente no centro dela, numa cabaninha de bruxo abandonada. - respondeu a Sra. Black para rapidamente voltar à discussão.
- Você sabe se na cabana tem uma lareira?
- Acho que sim, querida.
Devagar, Agatha foi se afastando do tumulto sem fazer barulho e se aproximando da lareira.
- Sirius, vai para o quarto - murmurou ela para que apenas o cachorro pudesse ouvir.
Levantou a mão para o pote de pó-de-flu em cima de uma mesa ao lado da lareira, pegando um pouco do pó e jogando em seguida na lareira, para depois rapidamente entrar nela e dizer:
- Cabana abandonada no meio da Floresta Negra.
Todos, inclusive sua mãe, olhavam incrédulos na sua direção quando ela partiu.
Saindo da lareira, Agatha se deparou com o interior de uma cabana rústica muito antiga de madeira. O teto estava coberto por inúmeras teias de aranha, como se isso não bastasse, as paredes estavam mofadas, causado pela umidade da floresta. Não tinha uma janela que não estivesse quebrada. Já a porta de entrada estava escancarada. Ela dava para uma varanda quase irreconhecível, por causa de um tapete de folhas de outono que se juntava com o da floresta, onde um banco também de madeira fora colocado. Nele um homem muito pálido usando um capuz, que cobria parcialmente seu rosto, estava sentado encarando-a. Tinha um corpo esguio, muito magro, como se não comesse a semanas, e mesmo estando sentado notava-se que era alto. Por sua vez, suas roupas eram sujas, rasgadas e muito velhas.
- Olá... hum... quem é o senhor? - perguntou ela incerta.
Agatha se aproximava cautelosamente, medindo cada passo que dava até que CRACK, um enorme cachorro aparatara ao seu lado.
- Sirius, você sabe quem é ele? - murmurou ela, ciente de que o homem a olhava.
- Finalmente! Achei que você já não vinha mais. - falou o homem, fazendo com que ela sentisse um frio na espinha. Sua voz era terrivelmente fria e cruel - Se aproxime.
“Anda Agatha, ele deve ser o seu tio.” - falou Sirius mentalmente.
Rapidamente, ela foi em direção à varanda, tentando não demonstrar medo em frente ao desconhecido. Quando atravessou a porta foi que ela notou em uma enorme cobra enrolada aos pés do homem, como se fosse um cachorrinho. Seus grandes e amarelos olhos estavam focalizados diretamente em Sirius.
- Hum... essa cobra vai atacar o meu cachorro? - perguntou ela um tanto temerosa.
- Mas é claro que não! - falou ele sarcasticamente, levantando-se da cadeira. Agora de perto ela conseguia ver seus olhos direito e reparou que eram vermelhos com um rasgo de pupila, que nem o de uma cobra, pensou. Mal lhe notava a boca no rosto fino e pálido, já que não possuía lábios, e o nariz era apenas dois buracos.
O homem se divertia com a expressão formada no rosto da garota.
- Como vamos voltar para a sua casa? - perguntou um tanto divertido - você trouxe pó-de-flu?
- Eu trouxe. - respondeu Sirius.
- Quem foi que te perguntou alguma coisa, cachorro?! - falou o homem friamente, virando-se para Sirius, que se encolhia de susto.
CRACK. Sirius fora embora, deixando em seu lugar um saquinho amarrotado. Cautelosamente, Agatha o pegou. Não queria provocar qualquer tipo de reação igual essa para ela. Estava com medo do homem.
- Podemos ir então? Pegue um pouco. - perguntou ela desajeitadamente ao tio.
- Damas primeiro. - falou ele.
Sentindo-se mais do que aliviada por poder voltar para casa ela rapidamente foi em direção à lareira. Deixando um pouco de pó-de-flu para o homem, ela entrou. As chamas verde-esmeralda iluminaram a cabana e ela disse:
- Largo Grimmauld nº 12.
Todos com exceção de Sirius estavam sentados no sofá tomando chá e conversando trivialmente. O aposento mergulhou em silêncio no momento em que Agatha e o homem chegaram.
- Que bom revê-lo, Lúcio. – falou friamente.
- Milorde, você está com uma aparência ótima – Lúcio encarava abalado seu mestre, que, ao contrário do que acabara de falar, tinha a cara pálida, o corpo cansado e as vestes imundas.
- Gostaria de alguma coisa para comer? – perguntou prontamente a Sra. Black.
Agatha encarou a mãe com incredulidade, como ela pode oferecer comida se, claramente, a primeira coisa de que ele precisa é um banho?!
- Agradeço, mas irei para o meu quarto descansar. Depois eu penso no que comer. – disse no seu habitual jeito seco e grosso.
Pira vinha correndo, chamado por Sirius, que decididamente estava fugindo do homem. Após uma exagerada reverência, o elfo saiu do quarto de Voldemort para preparar suas exigências.
Já era tarde quando todas as suas necessidades foram saciadas. E, assim sendo, Agatha foi recolher-se, mas assim que abria a porta do seu quarto uma voz arrastada falou a suas costas:
- Se divertiu com o mestiço? – Malfoy encarava-a com uma expressão de fúria. - Espero que você não tenha se esquecido do trato de nossas famílias. Se isso ocorrer novamente pode ter certeza que meu pai vai ficar sabendo.
Cansada, Agatha suspira e entra no quarto, fechando a porta na cara de Draco. Joga-se na cama em cima das cobertas e dorme quase instantaneamente, feliz apenas por ter Sirius deitado a seus pés.
As semanas foram passando até restarem apenas sete dias para o regresso à Hogwarts. Ainda era cedo, quando uma coruja minúscula ao lado de uma grande coruja-da-torre batia na janela, acordando-a. Agatha abre a janela, permitindo que as corujas entrem. A pequena entrou eufórica, insistindo em entregar a carta rapidamente. Pelo que ela se lembrava, ela era a coruja de Rony e sua suspeita foi logo confirmada pelos garranchos da carta que a coruja trazia. A segunda, ressabiada por causa do enorme cachorro, era de Hermione. Curiosa, Agatha abre a carta de Rony antes:
Agatha,
Mamãe descobriu por intermédio nosso que você realmente é muito simpática, além de ter te achado uma gracinha no Beco Diagonal. Ela pediu para perguntar se você não gostaria de nos visitar no dia 24 às 10 horas. Caso você venha pela lareira, basta dizer “A Toca”, que é o nome da minha casa. Esperamos ansiosamente a sua resposta.
Rony
PS:Hermione e Harry virão também.
PS: A corujinha é realmente muito agitada, espero que não se importe.
Releu a carta duas vezes, é claro que ela iria! Malfoy iria ficar muito bravo, pensou feliz, e ainda por cima iria ver o Harry. HAHA. Quero ver a cara do Draco quando souber. Pos a carta de Rony de lado e abriu a da Hermione.
Agatha,
O Rony está convidando a gente para passar uma tarde na casa dele. Seria muito legal se você pudesse ir, mas, além disso, eu gostaria de perguntar se você toparia passar o restante das férias hospedada comigo no Caldeirão Furado. Para o caso de você aceitar, eu planejo ir pra lá no dia 25. Caso você não queira ou não possa, eu entenderei. Espero de coração que você possa, estarei esperando a sua resposta.
Da sua Hermione.
A cara do Draco vai me fazer rir até não poder mais. Enquanto eu estiver me divertindo, ele estará aqui, trancafiado, sem nada pra fazer, simplesmente entediado, pensou ela alegre com a eminente proposta de se ver finalmente longe do Draco por uns dias.
Todos, inclusive o tio, estavam reunidos na mesa do café. A Sra. Black conversava animadamente com o pai de Draco, Lucio Malfoy, a respeito do futuro casal, que a seus olhos era simplesmente perfeito. O pai de Agatha conversava com o Lorde das Trevas sobre as últimas notícias do Ministério da Magia. Somente Draco e Agatha estavam calados, comendo. Parecia que ele ainda não havia esquecido os acontecimentos do Beco Diagonal.
- Mãe? Poderia interromper-lhe? – sua voz estava ligeiramente trêmula.
- Eu acho, querida, que a senhorita já me interrompeu. – respondeu ela contrariada.
- É que... um pouco antes de eu descer para o café – foi contando cautelosamente – recebi... duas cartas.
- Continue.
- Bem... a primeira era do Rony Weasley. – à menção do nome Weasley, todos na mesa calaram-se e encararam-na. Sentiu-se corar, angustiada – A família dele está me convidando para passar uma tarde em sua casa. – Draco, agora, encarava-a raivoso e ao mesmo tempo estupefado. Só sua reação, se por ventura não conseguisse a permissão dos pais, havia valido a tentativa. – Eles estão esperando a minha resposta...
- Que é, sem sombra de dúvidas, um não.
- Mas mãe, você nunca me deixa ir à casa dos outros. – falou indignada – E a casa do Malfoy não conta. – disse rapidamente, antecipando a resposta da mãe.
- Você está sendo injusta filha! É claro que eu deixo você ir pra casa dos outros, contando que sejam puro-sangues.
- Os Weasley são puro-sangues, mãe. – argumentou Agatha, certa de que já tinha ganho a discussão.
- Eles não contam, filha. – falou com repugnância, já ficando com raiva por sua filha continuar insistindo na questão – São traidores do próprio sangue.
- Querida, - era seu pai tentando ajudar Agatha – você está sendo muito restritiva. Realmente! Deixe-a ir. É, apenas, uma tarde. Ela mesma, esperta como é, chegará a conclusão de que os Weasley não são merecedores da sua amizade. Mas deixe-a viver, deixe-a experimentar ir à casa de outra pessoa que não o Draco.
- Igor, - retrucou sua mãe duplamente furiosa – o mundo gira em torno do sangue que se tem e do dinheiro que se possui. Infelizmente os Weasley carecem dos dois. Não deixarei nossa filha na casa de traidores!
A cara de Draco expressava, claramente, alívio e deleite, vendo que as chances de Agatha de passar um dia longe ficavam cada vez menores. O pai de Agatha, agora, olhava para a mulher seriamente.
- Thubia, como quer que nossa filha cresça, se você não permite que ela viva. Deixe-a ir. O que adianta ela continuar escondida em suas saias para todo o sempre?! Se nós não formos justos, ela irá procurar justiça por outros meios. Agatha está crescendo, ela não irá ser sua menininha para sempre, precisando de você para viver. – pensativo ele deu uma pausa e vendo que a mulher voltava a argumentar, falou decididamente – Querida, se você não enxerga a razão, eu enxergo. Eu também cuido de Agatha e também posso decidir o que é melhor para nossa filha. – Virando-se para Agatha, continuou. – Depois do café pode responder aos Weasley que você vai. – Voltando-se novamente para a mulher, já que essa pretendia voltar a discutir, disse:
- E está resolvido Thubia. Depois nós terminamos essa conversa, deixe-me terminar de comer.
- Obrigada pai.- disse ela pulando da cadeira para ir abraçar o pai e dar um beijo na mãe, apesar dessa não ter “inteiramente” deixado, quase se esquecendo da carta de Hermione. – A segunda carta é da Hermione.
- QUEM?? – Draco, não se agüentando mais, levantou-se, dando um soca na mesa – REALMENTE AGATHA! PRIMERO UM WEASLEY, AGORA ESSA SANGUE-RUIM! COM QUEM VOCÊ ANDA SE METENDO?! – Agatha divertia-se da reação de Draco, mas, é claro, tentava não demonstrar. – SABE DE UMA COISA, VOCÊ FAZ ISSO DE PROPÓSITO!!! ISSO TUDO É SÓ PRA ME VER ENFURECIDO E VEJA...VOCÊ CONSEGUIU! – disse, virando-se para deixar a mesa.
Sirius em baixo da mesa estava às gargalhadas e Agatha só não estava, tanto, porque estava tentando se manter séria para a próxima pergunta ao pai, quanto, porque Lucio a encarava perplexo. Sua mãe inacreditavelmente parecia satisfeita com a reação de Draco, que, pra ela, mostrava o grande amor que ele sentia por Agatha. Felizmente, seu pai parecia horrorizado com a reação nada educada de seu futuro genro. Voldemort tinha sido o único que não reagira, permanecia apenas com a cabeça inclinada para a direita, podendo dessa maneira olhar a sobrinha, tentando, dessa maneira, decifrar a expressão de deleite e riso formando-se em seu rosto.
- Mas o que você estava falando? – reagiu seu pai, tentando recuperar-se do choque.
- Ela vai ficar hospedada a partir do dia 25 até o começo das aulas no Caldeirão Furado e queria saber se eu poderia permanecer esse tempo lá com ela. O que vocês me dizem? – perguntou ela meio receosa, crente, que iria receber um não.
- Apesar de ser uma sangue-ruim... pro Caldeirão Furado eu deixo você ir. Só espero que isso não comece a virar moda. – permitiu sua mãe resignada, mais para dizer que permitiu alguma coisa para a filha do que outra coisa, já que não aprovava nem um pouquinho essas amizades de Agatha.
Não se contendo de felicidade, Agatha voltou a dar outro abraço no pai e, dessa vez, um abraço bem apertado na mãe. Ansiosa do jeito que estava, não esperou terminar de comer. Em vez disso, subiu diretamente para o quarto correndo, passando antes, apenas, em frente ao quarto de Draco para avisar que não só iria passar um dia na casa do Rony como também iria, até o começo das aulas, ficar hospedada no Caldeirão Furado com a Hermione. A reação de Draco foi a esperada: Ficou furioso. Mas antes mesmo de ele abrir a boca para dizer alguma coisa, Agatha já não estava mais por perto, tinha ido para seu quarto responder as cartas.
Apesar de contente, Agatha achou o restante do dia monótono. A expectativa para o dia seguinte, deixava-a ansiosa e angustiada. Draco furioso não saíra de seu quarto e, tão pouco, fizera o escarcéu, que ela achou que ele fosse fazer, e que na sua opinião teria sido muito mais engraçado do que ficar emburrado. As horas passaram e, sem grandes novidades, chegara o momento de ir para a cama. Para sua surpresa ela conseguira dormir sem nenhum problema, tendo adormecido num sono profundo e sem sonhos.
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