Chegando em Casa
A chegada dos alunos no ponto final do Expresso de Hogwarts fez Harry esquecer por um momento suas preocupações e os problemas que esperavam por ele. Era bom voltar a ver o portais de Hogwarts, um dos poucos lugares no mundo que ele podia chamar de casa. Ver todos os alunos ali reunidos, e em especial os novos alunos do primeiro ano o faziam relembrar da primeira vez em que fez este desembarque, de todo o seu entusiasmo e curiosidade sobre cada detalhe deste novo mundo que se abria diante de seus olhos.
Era estranho notar como as coisas estavam tão iguais a sua primeira chegada, até mesmo Hagrid que aguardava a chegada deles estava lá, tudo estava igual, mas para ele não, todas as vezes em que ele fez este desembarque foi para se meter em confusões e problemas que estavam fora da sua compreensão, e desta vez não seria diferente.
No começo ele até chegou a gostar de saber que era famoso no mundo mágico, era bom saber que era admirado por alguém, já que em sua vida normal entre os trouxas a única atenção que ele recebia era quando seus tios lhe davam uma bela bronca por ele não ter feito alguma coisa direito. Mas todo esse glamour logo arrefeceu quando ele compreendeu quem realmente era, e qual era seu destino, estas realidades não o deixavam ficar em paz, nem desfrutar por muito tempo os momentos de alegria que ele raramente conhecia, e nunca deixariam até ele cumprir sua sina, até lá todo sonho de felicidade e paz eram menos que vislumbres do que ele poderia ter se não fosse quem era.
Com esta triste constatação ele voltou a si e acompanhou Rony e Hermione a caminho das carruagens que os levariam a escola.
Durante este percurso os três que foram juntos na mesma carruagem conversaram sobre várias coisas tentando manter o mais longe possível de suas cabeças a revelação que o elfo-doméstico fez a Harry e não pensar no que implicaria a eles e a todos os alunos essa revelação.
Quando foram se aproximando do portão principal que ficava nos limites da escola Harry, que estava sentado ao lado da janela notou algo estranho no brasão da escola que ficava fixado no portão, quando este foi iluminado pelas lamparinas da carruagem.
O brasão que contém as quatro casas entalhadas nele agora exibia mais um símbolo, um camaleão, talhado bem no meio do brasão entre a serpente da sonserina, o leão da grifinória, a águia da corvinal e o texugo da lufa-lufa.
Harry esfregou os olhos para se certificar de que estava mesmo vendo aquilo e quando terminou o símbolo continuava lá.
- Ron, Mione, rápido venham ver isto – chamou ele.
Os dois se foram para o lado da janela e colocaram suas cabeças pra fora para olharem na direção que Harry apontava com o dedo.
- Ver o que Harry?– perguntou Rony sem entender.
- Olhem o brasão da escola – falou Harry.
- Tamos vendo, o que tem ele?
- Olhem os símbolos.
- Harry, o que você quer que nós vejamos – Hermione disse fixando mais os olhos no brasão – ele está normal, como sempre esteve.
- O que???!!! – ele levantou e foi até a janela colocando sua cabeça pra fora tão rápido que ela se chocou contra a de Rony e esta com a de Hermione.
- Ai, cuidado Harry, você quase me arrancou um dente.– reclamou Rony passando a mão na boca.
- E você quase quebrou meu nariz, seu desastrado. – Hermione emendou com a mão no nariz vermelho e olhando de cara feia para Rony.
- Não pode ser, eu vi, tenho certeza, estava lá. – falou Harry sem ouvir as queixas dos amigos e voltando a se sentar com uma cara confusa.
- Do que você ta falando cara? A gente não viu nada demais, tava tudo igual como sempre foi. – comentou Rony com a mão checando se seus dentes continuavam no lugar.
- Tinha mais um símbolo no meio do brasão, eu vi, tinha um camaleão lá. – afirmou Harry nervosamente.
- Harry... será que você de repente, por estar cansado, e com essa história do Dobby na cabeça e tudo o mais, não andou, sabe como é... vendo coisas? – perguntou Hermione timidamente.
Harry não respondeu de imediato, primeiro ele ponderou sobre as palavras dela e percebendo que seria inútil tentar convence-los disse num muxoxo:
- Pode ser.
Finalmente as carruagens chegaram em frente as portas de entrada do castelo e os alunos desembarcaram se preparando pra entrar.
Harry, Rony e Hermione ficaram ao lado da carruagem e logo avistaram seus colegas de classe, Neville Longboton e Simas Finigan, um pouco mais a frente de onde eles estavam.
Os três foram ao encontro deles, mas inesperadamente Rony, que foi caminhando atrás de Harry tropeçou em seus cadarços que tinham desamarrado novamente e caiu em cima dele, fazendo-o perder o equilíbrio e se chocar contra um dos trestálios invisíveis que puxavam as carruagens assustando-o. Os trestálios começaram a corcovear prendendo uma mão de Harry nos estribos com os solavancos.
Rony se levantou rapidamente do chão e quando viu o amigo sendo sacudido violentamente no ar foi imediatamente em sua ajuda, porém, quando deu o segundo passo em direção a ele, acabou tropeçando novamente e caiu agitando as mãos no ar na tentativa de se agarrar em algo para evitar a queda, e para seu enorme azar, sem querer sua mão esbofeteou a anca do trestálio que prendera a mão de Harry, fazendo o animal partir numa disparada sem direção para desespero dos alunos que tentavam escapar da rota de colisão alucinada dos animais.
Harry balançava no ar sem poder fazer nada enquanto as criaturas invisíveis continuavam sua furiosa corrida. Ele tentou desesperadamente alcançar sua varinha com a mão livre para fazer qualquer coisa para parar os animais que deram mais uma violenta guinada mudando de direção. Faltava pouco agora, as pontas de seus dedos já tocavam a varinha, quando os animais deram outro solavanco forte ele pegou a varinha a apontou para eles tentando pensar em algum feitiço útil para lançar, e de repente eles deram outra guinada brusca mudando novamente sua direção rente as paredes do castelo, a carruagem que já estava abalada com os fortes trancos não agüentou esta última mudança de rota, derrapou sobre suas rodas e se arrebentou na parede do castelo. Com o baque a mão de Harry soltou-se do estribo e ele foi rolando pelo chão até parar com a cara completamente suja de poeira e os óculos tortos bem em frente a um par de sapatos que estavam diante dele.
Harry levantou sua cabeça dolorida vagarosamente e viu o manto negro que estava acima dos sapatos e acima deste viu uma cara pálida de nariz adunco, olhos negros e cabelos pretos sebosos escorridos que olhava para baixo em sua direção com uma expressão arrogante.
- Ora, ora, ora! Parece que o senhor Potter fez mais uma de suas entradas mirabolantes, não é senhor Potter?
Parado ali a sua frente, cercado pelos alunos da sonserina e com Malfoy a seu lado estava o professor que Harry mais detestava, Severo Snape, que continuava a olha-lo com escárnio.
- É, eu tava pensando em me pintar de vermelho e dançar hula-hula aqui na frente, mas acho que isso não chamaria muita atenção sabe? – respondeu Harry se levantando e retribuindo o olhar do professor nos olhos enquanto batia o pó de sua roupa.
Os olhos de Snape faiscaram, ele deu um sorriso de canto de boca, e disse com satisfação na voz:
- Parabéns senhor Potter! O senhor acaba de quebrar seu próprio recorde de detenção mais rápida do ano.
- Legal, se eu tivesse rojões comigo eu os estouraria agora pra comemorar esse recorde estúpido.
Harry já tinha se acostumado com as detenções de início de ano que Snape lhe aplicava, mas desta vez ele resolveu não baixar a cabeça diante das ameaças dele.
- Meça suas palavras Potter, se quiser continuar estudando em Hogwarts lembre-se de quem são seus superiores. – Snape disse entre os dentes sem mudar sua expressão, mas Harry percebeu que o professor teve que lutar muito contra a vontade de pegar sua varinha e lançar o pior feitiço que conhecia em cima dele.
Snape se virou e voltou com passos apressados e o manto esvoaçando agourento atrás de si para dentro do castelo.
- Pense bem Potter, se for expulso da escola você poderá virar peão de rodeios no mundo dos trouxas. – Malfoy disse ironicamente.
- Eu não estou ouvindo o Snape cacarejando Draco, por que você não segue o exemplo dele e desinfeta da minha frente? –atalho Harry olhando o sonserino nos olhos.
- O seu está guardado Potter, guarde minhas palavras. – esbravejou Draco dando meia volta e se dirigindo para o castelo com os demais estudantes da sonserina atrás dele.
- Harry, você enlouqueceu? – começou Hermione – Você teve muita sorte de não ter sido expulso agora mesmo, o professor Snape é louco pra te botar pra fora daqui desde o primeiro ano.
- Ah, dá um tempo Hermione, já tava mais do que na hora do ranhoso do Snape ouvir umas boas. – disse Rony apoiando Harry – Além do mais se alguém devia ter sido expulso era eu, que acabei provocando toda essa confusão, eu fui um idiota desastrado como sempre.
- Gente, vocês não perceberam o principal, o professor Snape tava tremendo de vontade de me expulsar , mas acho que ele teve medo de fazer isso. – comentou Harry.
- O Snape com medo? Medo de quê? – perguntou Hermione.
- Acho que o que Dobby me contou na casa dos meus tios era verdade, e o Snape teve medo de por pra fora da escola a única pessoa que pode salva-la. – concluiu ele.
- Estou cercada de malucos. – suspirou Hermione.
Os três seguiram com os outros alunos para entrar no castelo e assistir a cerimônia de abertura do ano.
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