Na sala da Minerva



-CAPÍTULO TRÊS-

Na sala da Minerva


Hogwarts não era mais familiar, perdera o sentido, o prazer de ser chamado de segundo lar. Porque havia tanto significado naquele castelo? Ou será que porque em uma das suas torres estava guardado o seu amor? Harry perderia a vontade de voltar um dia a Toca? Jamais poderia pisar lá novamente. Depois de uma semana extremamente tensa, onde Rony o desprezou por completo, Harry teve certeza que o menino não havia contado nada a ninguém – E nem diria nada a Sra. Weasley.

- Rony me disse porque vocês não são mais amigos – Hermione o conflitou quando estavam a sós na sala Comunal da Grifinória, abatido.

- Disse? – Harry corou violentamente. Seria impossível continuar a olhar para Mione se ela sabia a verdade.

- Ah, sim. É completamente compreensível. – Hermione falou – Sei que ele tem ciúmes da Gina, e que ele queria você longe dela. Mas cortar a amizade por uma coisas dessas é muita ignorância...

- Ele disse isso? – Harry tentou ocultar o sorriso aliviador que lhe vinha ao rosto – Bom, é isto mesmo. É melhor assim, se ele prefere que as águas corram para este lado do rio, eu não me importo.

- Sério? – Hermione parecia triste – A amizade de vocês é tão velha. Vale a pena os dois pararem de se falar por uma bobagem destas?

Harry não respondeu. O sinal bateu e ele apanhou sua mochila e correu para a aula de transfiguração da professora Minerva. Durante a aula, ele e Malfoy tiveram dificuldades de concentração. Por não conseguirem executar as lições com sucesso, Minerva os mandou ficar na sala depois da aula, para fazer exercícios extras.

A professora trancou a porta atrás de si e a selou com um feitiço. – Vocês só conseguirão sair daqui quando transformarem a carteira de vocês em um javali! – Disse ela atrás da porta.

Harry ignorou a presença de Draco, sentou-se na cadeira e concentrou-se na mesa a sua frente.

- Exxamilliuns! – Harry ouviu Draco dizer a sua mesa, ele espiou para ver se o garoto havia conseguido. Só pôde acrescentar patas a mesa.

- Exxamilliuns! – Harry disse agitando a varinha de maneira diferente a de Draco. Sua mesa transformou-se em um javali alado, que antes de começar a voar, Harry o transformou novamente em mesa.
Harry caminhou em direção a porta, mas antes de alcançá-la, foi repelido pelo feitiço.

- Que merda! – Harry reclamou – Eu consegui fazer o feitiço!

- Mas eu não – Draco disse atrás dele – Se eu não conseguir, não saímos daqui.

- Você está errando o feitiço de propósito? – Harry se virou contra ele.

- Porque eu faria isso? – Draco riu, nervoso.

Foi só então que Harry percebeu os olhos cansados de Draco, sem brilho e sem arrogância. O menino a sua frente estava de guarda baixa. Deprimido, sofria.

- Qual é o problema com você? – Draco perguntou – Não conseguiu fazer a lição porque brigou com o Rony?

- Quem te disse isso? – Harry quis saber.

- Acho que toda a escola percebeu que vocês não se toleram mais. – Draco falou sem ar de deboche – Não é comum ver a equipe dos sonhos separada. O que aconteceu entre vocês?

- Não é da sua conta – Harry disse – desde quando devo explicações a você?

Se arrependeu imediatamente. Sempre tivera ódio do Malfoy, mas aquele menino a sua frente estava sensibilizado, em depressão. Não pode deixar de ter pena. Não compreendeu muito menos porque estava sentindo-se mal por tratá-lo tão rudemente.

Draco virou as costas e voltou-se para a sua mesa.

- Exxamilliuns! – Malfoy conjurou, mas sem efeito, sua voz tremia levemente, parecia um tanto comovido – Exxamilliuns – Draco já estava engasgando para falar – Exxa...

- Eu... – Harry começou a dizer. Draco virou-se para ele. Tinha os olhos cheios de lágrimas, soluçava muito – Eu sinto muito – Harry conseguiu dizer. Draco ergueu os olhos então Harry pôde perceber o que nunca tinha visto.

Logo no primeiro ano, ainda no expresso que o levaria a Hogwarts, Draco tentou aproximar-se de Harry, mas este o ignorou e declarou-se seu arqui-rival. Depois disso, nunca havia dado ao garoto uma chance de se conhecerem melhor. Malfoy havia então optado por se afastar de Harry, mas durante os anos seguintes, tentava provocá-lo como forma de chamar a atenção de Harry para si.

- É isto mesmo – Draco conseguia ler o que os olhos de Harry estavam dizendo – Não há noite em que eu sonhe com você.

- Porque? – Harry perguntou – Você nunca se perguntou o por que?

- Sabe o que eu me pergunto? – Draco falou – Porque o Harry não gosta de mim? Porque os outros alunos odeiam a mim? Porque eu não pude dançar com você no baile de natal no quarto ano? Porque é difícil fazer novos amigos? Porque tenho saudades de casa? Porque o meu coração dispara quando você olha nos meus olhos? Porque as minhas pernas tremem quando eu ouço a sua voz?

- Eu nunca imaginei... – Harry murmurou, caminhando em direção a Draco.

- Exxamilliuns! – Draco apontou a varinha para a mesa. Um Javali alado saiu voando e a porta se abriu.

Malfoy desviou de Harry e saiu por ela, sem ao menos olhar para trás.

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