Desvaneios com Snape

Desvaneios com Snape



-CAPÍTULO SEIS-

Devaneios com Snape

O mundo estava dividido em duas partes – Os que já amaram e nunca foram felizes e os que nunca amaram e são verdadeiramente felizes. Em outras palavras, para Rony, ninguém poderia ser feliz já tendo amado um alguém. Paixão e nada mais... Será que Harry realmente amava outra pessoa? Paixão é igual um nó que não se desfaz, então seria justo ele dar a Harry uma poção do esquecimento? E se Harry estivesse apenas enganando a si mesmo? E se Harry estivesse com outra pessoa apenas com a intenção de esquecê-lo?

Acabaria com isto no momento final, onde indagaria a Harry se existia outro alguém. Ergueu os olhos e viu que o dia já amanhecera. Passara mais uma madrugada acordado, ao menos já tinha um plano traçado – Traria Harry de volta para os seus braços. Mesmo que o amigo jamais tenha sido seu, embora em desejos mais ardentes ele já o havia possuído, em suas solitárias experiências.

- Você está com uma aparência péssima – Hermione disse a mesa do café da manhã – E não é só você – ela apontou para Harry, que vinha entrando sorridente no salão principal – Tenho a impressão que ele está melhor a cada dia, enquanto você está definhando...

- Como você consegue ser tão insolente? – Rony se virou para amiga – Porque se intromete tanto na vida dos outros? Nem os malditos Elfos têm paz, sabia? Porque você não os deixa também como estão?

- Rony! Eu me importo com você! – Hermione disse injuriada, sem mostrar fraqueza ou sinal de choro.

- Então me abrace! – Rony murmurou, esticando a mão sobre a mesa, fazendo uma súplica quase teatral. – Me abrace, estou sentindo um frio na alma, Hermione! Oh, Mione... Tenho medo, medo de mim mesmo às vezes...

A garota se levantou, chegou por trás de Rony e o abraçou. O menino lutou para segurar as lágrimas.

- Porque eu estraguei a minha vida? – Rony se perguntou enquanto descobria-se embalado pelo abraço da amiga.

- Quer falar sobre isso? – Hermione sugeriu – Talvez em um outro lugar, Harry está chegando, creio que não seria bom ele o ver assim.

- Em partes, estou sentido-me assim por não ter mais a amizade dele – Rony falou – A culpa foi toda minha.

- Quer que eu fale com ele? – Hermione perguntou, havia ganhado tempo porque Harry havia parado na mesa da Lufa-Lufa para falar com a Luna.

- Obrigado, mas quero eu mesmo resolver isto – Rony respondeu, levantando-se da mesa – Nos vemos na aula do Snape.

O menino jogou a mochila nas costas, e saiu do salão principal cabisbaixo. Harry sentou-se na mesa para acompanhar Hermione no desjejum.

- Rony está bem? – Harry questionou de imediato.

- Não muito – Hermione pareceu preocupada – Ele está passando por um momento difícil.

Harry não respondeu. Concentrou-se no prato de mingau de aveia regado com mel, comeu algumas colheres e ficou pensativo. Ele estava tão bem emocionalmente, que havia se esquecido de tentar fazer as pazes com o Weasley. Será que o amigo estaria doente por sua causa? “Pouco provável” – Harry disse para si – “Ele me repugnou, além do mais, eu só estava iludido, nunca cheguei a amá-lo como eu amo ao Draco”.

- O sinal já bateu – Hermione o avisou – Hoje tem prova, você não vai querer chegar atrasado, vai?

Quando Harry entrou na classe, percebeu que havia um certo tumulto na mesa de Snape. Algo inusitado estava acontecendo, Draco estava discutindo acaloradamente com o professor de poções.

- Três semanas de detenção – Snape sentenciou, um pouco contrariado.

Draco não respondeu. Fuzilou o professor com o olhar e começou a caminhar em direção ao lugar onde Harry estava. Sentou-se ao lado dele, tirou os livros da mochila e os colocou na mesa. Estupefatos, os alunos estavam assombrados por ver Draco fazer dupla com Potter, e pior, por Harry não mostrar relutância.

- O sinal já bateu – Snape berrou para a classe, que ainda contemplavam Draco e Harry – Já vou passar a prova...

A classe acalmou-se. O professor agitou a varinha e uma complicadíssima e espinhosa receita de poção apareceu no quadro negro, as instruções estavam escritas em letras miúdas, tudo dividido em três partes. Rony e Hermione fizeram dupla no caldeirão. Sem perguntar nada, Harry começou a ajudar Draco, que descascava o Liconito de Lapêlo. A receita era de uma avançada poção mata-lobo, fabricada somente por alunos a partir do quinto ano e Aurores do esquadrão de combate a Criaturas Mágicas.

- Está tudo bem? – Harry perguntou baixinho depois de quase meia hora.

Draco passou a colher de madeira para Harry e o mandou mexer cinqüenta vezes no sentido horário. – Depois eu lhe explico tudo. Só posso te adiantar que Snape está muito decepcionado comigo, mas não a ponto de contar sobre a gente para os meus pais.

- Ele sabe? – Harry falou um pouco alto, mas depois abaixou a voz outra vez, e continuou com um tom conspiratório – Como foi?

- Depois eu explico – Draco disse levemente irritado – Você está levando mais de cinco segundos para dar cada volta na poção, me dê isto – Ele apanhou a colher da mão de Harry e começou a mexer na poção mais rapidamente – Vá acrescentando pó de chifre de unicórnio aos poucos, até a poção atingir uma coloração azul fosco.

Harry fez o ordenado. O pó de chifre de unicórnio do seu Kit de poções havia acabado, então ele foi silenciosamente até o armário de ingredientes dos alunos e reabasteceu o seu frasco. No curto caminho de volta para o seu lugar na classe, percebeu que Rony não desgrudava os olhos dele, tanto que havia deixado tudo para Hermione fazer. Passara-se mais de uma hora e meia, e finalmente Snape mandou que todos encerrassem as atividades.

Harry encheu dois frascos com a poção mata-lobo. Mandaria um frasco de presente para Lupin, virou-se para Hermione e percebeu que ela havia pensado o mesmo. Sorriram.

- Não se esqueçam de colocar o nome da dupla no frasco – Snape disse a classe, em seguida lançou um olhar de desagrado para Harry. – Sr. Draco, esteja hoje a noite em meu escritório para cumprir a sua detenção. Estão todos dispensados, por hoje é só. Não tem lição de casa.

Alguns alunos deram vivas por ganharem quinze minutos extras para o horário do almoço, outros estavam felizes por não haver lição de casa naquele dia. Enquanto saiam da masmorra, Draco chamou Harry para um rápido passeio nos jardins de Hogwarts.

Quando estavam um pouco afastados de um grupo de alunos do primeiro ano da Corvinal, Draco começou a falar.

- Ele estava desconfiado – Malfoy disse olhando para o chão – Eu lhe dei poção da verdade intencionalmente para lhe perguntar o que ele sabia, então ele confessou que havia visto eu e você saindo de mãos dadas da sala precisa.

- Que droga! – Harry exclamou. – E porque levou detenção?

- Ele colheu amostras de sua própria urina e realizou alguns testes. Eu havia lhe ministrado a poção através de um chá ontem a noite, na sala comunal. Hoje pela manhã ele desconfiou de algo, com certeza ele sentiu algum efeito colateral, e depois de verificar que um frasco de poção da verdade havia sido roubado de seu escritório, me chamou para falar com ele assim que eu entrei na masmorra hoje cedo.

- E porque resolveu mostrar a todos que somos amigos? – Harry perguntou.

- Senti desejo de desafiar o velho Snape. O que fiz, sentar-se com você, foi um tapa na cara dele. – Draco riu.

- Tudo é muito divertido, mas precisamos manter as aparências – Harry disse sabidamente.

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