A loucura de Nina



-Scot! Scot! – Scot ouvia ao longe alguém lhe chamando mas ñ parecia estar raciocinando no momento - É ñ tem jeito. – ele ñ escutou o que a voz que agora sabia que era de Sam, só estava todo molhado e cuspia água.
-Cara, corre! As aulas começaram já tem quinze minutos! – disse Eddy.
-Como? – disse Scot com o pouco de raiva – E a Nina?
-Sumiu! Não veio acordar a gente. E o safado do Kayuh foi embora sem fazer o mesmo. E adivinha de que é a primeira aula? – disse Sam.
-Poções! – respondeu Scot levantando rapidamente e já tirando o pijama.
-Atrasados. Sempre atrasados! – disse Snape bravo.
-É a primeira vez que chegamos atrasados na sua... – começou a defender-se Sam.
-Nem mais um pio Cast! Sentem-se, se ñ quiserem perder mais o pouco tempo de aula que lhes sobraram. – disse Snape.
-Faltam mais da metade da... – começou Sam de novo.
-Agora Cast! – disse Snape sem paciência.
-Por que ñ foi nos acordar? Perdemos a hora! – gritou Sam com Nina.
-É cara, mais que droga! Ainda tivemos que ficar ouvindo o interrogatório do Snape! Tinha que escolher logo hoje que a primeira aula de poções é a primeira? – brigou Eddy também.
-É! A ñ ser que tenha sido de propósito! – disse Sam olhando ela como se ela estivesse mentindo para eles.
-Eu não sou um despertador! Nem sou obrigada a acordar vocês! O Kayuh chegou na hora! E eu ñ fiz de propósito! – disse Nina chorando e saindo correndo pelo corredor.
-O que deu nela? – perguntou Eddy assustado com a reação dela.
-Eu vou ver! – disse Scot preocupado correndo na direção dela.

-Scot, ontem eu ouvi você e os meninos conversando. – disse Nina para Scot.
-Ouviu? – perguntou Scot encabulado.
-Ouvi, e as meninas também estavam me importunando por causa disso.
-Estavam?
-Estavam, agora todo mundo fica falando essas coisas. Até nossos pais, ñ deixam mais a gente ficar em casa sozinhos pensando que a gente vai fazer besteira.
-Eu sei, mas Nina é um preço a se pagar pela nossa condição agora.
-Scot isso ta acabando com a nossa amizade.
-Como assim acabando com a nossa amizade, a gente nunca esteve tão unido.
-Não Scot, a gente ta mais separado. A gente ñ se diverte mais, ñ rir por causa de besteira, ñ fala em coisa sem nexo, é a gente ficar sozinho para se beijar, e se beijar...
-Mas é isso que um casal faz, e não é assim, a gente conversa também.
-Conversa com os outros, e quando a gente conversa sozinho é para decidir o futuro. Eu ñ gosto tanto de você como meu noivo, mas adoro você como amigo, talvez nós ñ tenhamos um futuro tão unidos.
-Nina você viu, você viu os nossos filhos! – disse Scot nervoso.
-Scot, eu ñ ia te contar, mas é que...
-Que...
-O futuro que o vira tempo mostra é o futuro do momento, por isso eu disse que a gente pode mudar o futuro. A gente tinha acabado de ficar noivo...
-Acabado? A gente estava noivo há um mês!
-Mas ainda estava curtindo a novidade. Naquele momento aquele era o nosso futuro, mas agora se a gente voltar lá pode ter mudado. Quer ver um exemplo? Se eu tivesse ido para o futuro quando tava namorando o Maycck o menino ia chamar Pendragon e ter cabelo prata!
-O que você quer dizer com essa história toda? – perguntou Scot apreensivo.
-Que eu ñ me importo de perder um noivo, mas vou me importar muito se eu perder meu amigo.
-Olha a burrice que você está falando Nina! Eu sempre vou ser seu amigo!
-Mas se a gente continuar namorando... Quer dizer noivando os problemas que vão surgir, nós vamos ficar um contra o outro e se formos só amigos os problemas vão diminuir.
-Nina você quer terminar comigo, é isso?
-Quero meu amigo de volta. Quero poder deitar na mesma cama que você sem as pessoas pensarem que a gente quer antecipar nossos filhos! Quero poder ficar na sua casa enquanto nossos pais vão trabalhar só com você, sem ninguém para me vigiar!
-Você ñ me ama? – perguntou Scot enquanto uma lágrima caia dos seus olhos.
-Eu ñ sei, eu acha que te amava pelo menos. Mas eu me vi perdendo uma coisa que eu tive a minha vida inteira. Eu quero meu amigo, meu amiguinho, aquele cara magrelo de óculos, ñ esse homem alto, forte, que me cobre só com os braços.
-Nina a gente cresceu! Você também ñ é mais aquela coisinha pequena cheia de sardas que me seguia! Você virou uma mulher, uma mulher linda! – agora os dois já choravam – Eu ñ posso voltar a ser criança Nina! E eu quero você!
-Viu? Você ñ quer mais o que eu sou, você quer a mulher que eu virei, você ñ me vê mais do jeito puro que me via, me vê como um homem que está só a espera de eu estar pronta!
-Claro que ñ é isso! Claro que ñ! Eu ñ te vejo mais como menina, te vejo como mulher sim, quero você sim, mas eu ñ sou um bicho esperando a caça dar mole! Mas e você, como você me vê?
-Eu só queria poder ver o meu amigo de novo! Não queria ver na minha frente o homem. Isso me assusta! Eu to com medo, medo de perder minha infância.
-Você ñ é mais criança! – disse Scot.
-O que você acha? Que se a gente faz doze anos já é adolescente? Cada pessoa tem o seu tempo Scot!
-Eu conheço gente que cresceu e nem por causa disso virou um chato! – tentou ele justificar sua resposta.
-Eu ñ quero crescer por enquanto. – disse Nina, ela agora chorava muito.
-É por que eu te pedi em casamento? – tentou entender Scot.
-Talvez... seja, mas.... agora eu... eu quero ficar... livre,... quero só... meu amigo. – disse ela entre milhões de soluços.
-Eu ñ posso te obrigar a nada. – disse Scot. Ele estava assustado, mas antes de olhar nos seus olhos tentou parar de chorar, e quando conseguiu com um forte suspiro, resolveu que ñ iria mais brigar contra ela, ñ queria ver ela chorando de novo e saber que de longe a culpa era sua. E por isso, mesmo sem entender consentiu abraçou ela e depois olhando nos seus olhos disse – Eu gosto de você. Mas ñ posso obrigar você a me amar ñ é?
-Eu te amo. Mas acho que ñ do jeito que você quer. Pelo menos por enquanto. Eu ñ sei mais Scot... – ela continuava chorando, molhava o peito de Scot, mas aprecia estar mais calma. Mesmo assim ela tremia por causa do choro, e ele a apertava tentando lhe passar segurança. Logo ele lembrou do que ela tinha acabado de lhe dizer, e viu que realmente era verdade, ele a cobria só com os braços.
-Lembra que eu te disse que te esperava pelo resto da minha vida, porque eu te amo mais que qualquer homem nesse mundo? Eu vou te esperar. – disse ele sorrindo, ainda com os olhos vermelhos de chorar.
-Mas você vai ter que me prometer uma coisa. – disse Nina levantando a cabeça ainda encostada nele.
-O que? – perguntou ele com o sorriso ainda no rosto.
-Que ñ vai se fechar para o mundo, que se gostar de alguma garota ñ vai reprimir a sua vontade por minha causa. – disse ela um pouco encabulada.
-Nina você está gostando de outro homem? – perguntou Scot achando que finalmente a história tinha lógica.
-Você me conhece, eu ñ ia inventar essa história toda à toa! Eu ia chegar em você e dizer que estava gostando de outra pessoa, só isso. Mas se eu ñ consigo amar meu melhor amigo, eu ñ ia amar um outro menino. – explicou ela.
-Aí é que você se engana. É muito mais fácil amar um outro qualquer do que sua melhor amiga. – disse Scot soltando Nina – Agora eu já vou indo, a professora McGonagall quer falar comigo. – e saiu andando.
Era tudo mentira, Minerva ñ queria falar com ele, nem sabia onde ela estava. Queria ficar sozinho e pensar. Foi caminhando até o jardim, sem ninguém para controlar por onde ia já que usou todas as passagens secretas que existiam pelo caminho.
-Vô! Vô! Cadê você vovô? – gritou ele quando se viu sozinho e longe o bastante de qualquer lugar que alguém pudesse escutar – Eu sei que eu ñ estou louco! Eu sei! Eu sei que você consegue falar comigo! Eu sei! Não adianta se esconder! Eu sei que você olha por mim! Aparece vovô! Aparece para me ajudar! Aparece! Eu ñ sou louco! Eu sei que você ta ai em algum lugar! – mas nada acontecia, ele se irritou com isso e voltou a gritar – Tiago Potter! Seu safado mal acabado! Cafajeste de meia tigela! Aparece agora! Aparece aqui agora! Tiago! Vô! Aparece! Aparece por favor! – ele caiu ali e continuou chorando.
-Não é muito confortável é? – perguntou um homem para ele. Scot levantou em um pulo.
-Eu sabia! Eu sabia! Você virou um anjo! Virou um anjo ñ virou? – perguntou Scot vendo um homem idêntico a ele e ao pai, só diferente pelos olhos que eram castanhos, todo vestido de branco.
-Você acha realmente que eu sou um safado mal acabado e um cafajeste de meia tigela? – perguntou o homem com um sorriso.
-Desculpa. Eu to irritado. – disse Scot.
-Desculpa? Nossa quanta educação! – exclamou Tiago rindo – Parece até a chata da sua avó!
-Você achava minha avó chata?
-Você ñ acha a Nina chata?
-Às vezes.
-Mas mesmo assim ainda gosta dela, ñ gosta?
-Claro!
-Então, viu?
-Viu o que?
-Mas que lerdeza! Mesmo a Nina tendo os defeitos dela você ainda gosta dela. Ela é meio complicada né?
-Meio? Totalmente! Ela... Ela do nada resolveu que quer ser só minha amiga. Não quer trocar a amizade pelo amor! Ela é louca! Louca! Mas ainda sim a amo! Que raiva!
-Raiva. A raiva faz a gente fazer besteiras sem pensar direito. Cuidado Scot.
-Eu ñ sei o que eu faço! A Nina é muito confusa. Às vezes está de bem com a vida ao estremo, outras vezes mata todo mundo só com o olhar, e para piorar ñ sabe diferenciar o amor da amizade.
-Scot você tem que ajudar ela. Com paciência, principalmente nesses dias. – disse Tiago.
-Nesses dias? Que dias? – perguntou Scot sem entender.
-Cara, depois você entende. Mas o mais importante, desiste da tática de fazer com ela ñ tenha escapatória dos seus pedidos. Assim você mostra que você gosta dela e ela ñ descobre que também gosta de você.
-Vô, nosso futuro era aquele mesmo?
-Não sei, eu ñ vejo o futuro. Só sei que gosto de Zech. E que eu era um gato quando tinha dezessete anos e você ñ era mais bonito do que eu mesmo, o Sirius estava acordado. – disse Tiago arrancando risos de Scot.
-É claro que eu sou mais bonito que você!
-É claro que ñ! Você gosta é de me imitar!
-Te imitar? Fala sério!
-Tinha que se apaixonar por uma ruiva? Não tem imaginação ñ? E eu sou mais bonito e pronto.
-Você ñ é mais bonito porque usa óculos é ainda na frente desses olhos sem graça!
-Quem foi que disse que estava acabando com uma tradição de família quando ñ precisou usar mais os óculos?
-Mas ainda tenho dois lindos olhos verdes.
-É, tenho que admitir seus olhos são lindos. Não que eu ache olho de homem lindo, mas tecnicamente os olhos são da sua avó mesmo!
-Vovô, você é hilário. – disse Scot olhando para baixo, quando voltou a olhar para cima ñ viu mais Tiago.
Scot levantou e foi andando em direção ao castelo.

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