Capítulo 3 - Parte I
CAPITULO 3--Parte I
Draco e Harry consideravam-se há quinze anos o melhor amigo um do outro.
Antes disso, tinham sido inimigos durante quatro anos, desde o primeiro dia em que estiveram juntos no secundário, Harry ofendido pela aura criativa e pelos modos vagamente efeminados de Draco e Draco a sentir-se ameaçado pela popularidade e pelo sucesso académico que Harry conseguia alcançar sem esforço. Mantinham ambos diferente círculos de amigos e, nas raras ocasiões em que os seus caminhos se cruzavam, cheiravam-se e rosnavam-se, como dois cães que antipatizam uns com os outros na rua, obrigando os amigos a manterem-nos afastados, como donos impacientes a puxar as trelas.
Nessa altura foi necessária uma rapariga para os aproximar. Era uma aluna inscrita num programa de intercâmbio de estudantes estrangeiros, chamava-se Shirelle, e foi morar com Harry e a família dele durante dois meses. Shrielle chegara a Londres em Maio. O cabelo era muito comprido e liso como o seu rosto.
Shirelle viu Draco pela primeira vez quando ele saía do autocarro, na primeira manhã que passou na escola de Croydon. Aquele cabelo louro era o mais atraente dele. Shirelle apaixonou-se. Perseguia Draco para tudo quanto era sítio.
Harry, também ele um jovem de 16 anos cheio de hormonas, sentiu-se simultaneamente atraído e repelido.
Depois de Shirelle ter saído da casa de Harry foi viver para casa de uma amiga, consumindo heroína e morrendo de overdose, depois disso Harry e Draco tornaram-se amigos.
A amizade dos dois desenvolveu-se com base na capacidade que ambos tinham de passar horas a fio juntos sem sentirem necessidade nenhuma de falarem ou de se mexerem. Continuavam, como já acontecera na escola, a manter diferentes círculos de amigos, embora o tempo que passassem juntos marcado por todas as oportunidades que conseguiam descobrir para não fazerem um único esforço, tempo precioso para eles, mas comportamento inaceitável quer para eles, quer para os amigos noutras circunstâncias.
Nem sempre se mantinham silencioso. Por vezes discutiam sobre o canal que deviam ver e chegavam a alterar por causa disso, disputando o telecomando quando um pensava que faltava ao outro a capacidade de discernir sobre o uso adequado dessa ferramenta tão importante. E, às vezes, falavam de mulheres.
Para eles, elas eram uma chatice, umas verdadeiras grilhetas com as bolas de ferro da ordem, nunca satisfeitas e sempre desgostosas. Até porque Harry e Draco se viam como tipos simpáticos. Não eram uns filhos-da-mãe, não mantinham casos amorosos às escondidas nem lhes mentiam, não as afrontavam, não lhes batiam e não esperavam que elas fizessem as tarefas mais servis. Não ignoravam as suas mulheres se estavam com os amigos, nem saiam com eles, recusando-se a vê-las, e não penduravam fotografias de mulheres famosas por cima das camas. Eram mesmo tipo simpáticos, telefonavam quando diziam que telefonariam, davam boleia às namoradas, pagavam as despesas, não exigiam sexo e até, de vez em quando, lhes dirigiam elogios. Draco e Harry tentavam tratá-las como iguais.
Draco, abençoado com uma líbido insaciável, não podia passar sem sexo e ia regularmente à luta, saindo maior parte das batalhas todo partido e magoado, manquejar, mas com o órgão sexual superentusiástico e orgulhoso em riste, como uma baioneta a caminho do confronto seguinte. Quanto a Harry, há muitos anos que desistira de tomar parte nessa assustadora versão dos anos 90 da guerra dos sexos, retirando-se para o seu canto, intacto.
É que, dizia Harry, ele estava a poupar-se. O objectivo era uma mulher de quem ele não sabia quase anda, com quem não foram além de uma troca desajeitada e ocasional de sorrisos, de acenos de mão e de cabeça, uma mulher que, na sua opinião, era o compêndio absoluto da beleza feminina numa combinação única e feliz de células, órgãos, pigmentos e genes. Durante cinco anos, Harry imaginara o dia em que os seus caminhos se cruzariam. Nessa ocasião oferecer-lhe-ia um sorriso encantador, todo ele dentes e autoconfiança, prendê-la-ia com uma conversa cheia de graça, dirigir-lhe-ia um convite para jantar no restaurante maravilhoso que acabara de abrir em Londres, sorriria de novo ao ouvi-la dizer que sim, cobrir-lhe-ia os ombros com o sobretudo e deitar-se-ia ao caminho com um passo emproado.
Em vez disso, passara cinco anos a atira-lhe caretas arrepiantes como se não passasse de um adulador servil, social e intelectualmente inapto, acenando-lhe uma mão mole e suada se a visse à distância ou piorando a sua triste condição tropeçando em obstáculos, deixando cair objectos frágeis, falhando degraus e não encontrar as suas próprias chaves. Ele estava, de facto, apaixonado por uma visão de beleza morena, uma imagem alta, elegante e de voz a condizer, da perfeição em estado puro, que nunca tinha conseguido encontrar, nem de perto nem de longe, em nenhuma outra rapariga. Harry estava apaixonado por uma mulher de nome Cho Chang, que vivia dois andares acima do seu, mesmo no topo da casa, partilhando com ele o mesmo endereço. E até que ele conseguisse fazer do endereço dela o seu próprio, nenhuma rapariga serviria.
O amor de Harry por Cho mantinha-se firme apesar da arrogância altiva e da indiferença trocista com que ela reagia às suas tentativas de aproximação. E mantinha-se imaculado também, apesar da frequência com que os homens a visitavam em casa, estacionando em fila dupla os seus BMW a Porsches, Harry pensando nas mulheres que eles deixavam abandonadas em casa enquanto adoravam a sua amante, oferecendo-lhe jóias, perfumes jantares nos melhores restaurantes de Londres. Harry não conseguia ver para lá da beleza de Cho – tudo conhecia era o seu exterior frio e as camadas de pele autoprotectora que ela usava para esconder o nada que vivia dentro de si.
E, enquanto Harry ficava à espera de uma fantasia que era emocionalmente incapaz de transformar em realidade, Draco ia preenchendo a vida com um secessão de louras, vazias de conteúdo, mas com camas acolhedoras, e os dois iam passando o tempo...até que acontecesse o quê? Até que fossem velhos demais? Até que todas as oportunidades de vida fossem ter às mãos de outras pessoas. Como acontece com os prémios de um sorteio que ninguém reclama?
Harry percebia que eles precisavam de mudar e que as coisas se tinham mantido nestes termos tempo de mais. Estavam ambos a desgastar-se. Por isso, pusera um anúncio no jornal e outro na vitrine de um quiosque. E eis que aparece Gina...
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então gostaram? Mais um pouquinho sobre a vida de harry e draco...
como este capitulo era muito grande e disseram-me que não gostavam de capitulos grandes dividi o 3 capitulo em duas partes....
capitulo 3 – parte 2 em breve!!!!
Bejux =)
Miaka-ELA e Julliet Samage Riddle:brigada por estarem a gostar da fic…=)
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