Capítulo 3 - Parte II
N/a: desculpem esse capitulo ser um bocado maior que os outros Bjs
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CAPITULO 3 – PARTE II
No que dizia respeito a Draco, as coisas não se tinham alterado muito desde a chegada de Gina, uma semana antes. Na maior parte das noites, Gina estava fora e, mesmo que estivesse em casa, mal se daria por ela. Surgiram algumas coisas estranhas na casa de banho, como bolas de algodão e caixas gigantescas de Tampax, e, de um dia para o outro, o frigorífico continha vegetais frescos, peitos de frango e leite magro. Mas fora as mudanças registadas à superfície, o apartamento ainda era o mesmo.
Só que parecia diferente. A dinâmica mudara. Draco já não se sentia confortável quando andava por casa só de boxers vestidos. E , Draco tornara-se curioso. Havia uma pessoa estranha em sua casa, da qual ele não sabia mais do que o primeiro nome, e, ainda por cima, uma mulher, com toda a parafernália exótica e deliciosa que era típica das mulheres – cuecas, soutiens, maquilhagem, saltos, altos, desodorizantes roll on em frasquinhos cor-de-rosa, escovas de cabelo, coisas com lacinhos, coisas com sedas e coisas muito macias. Draco tinha passado horas a fio a extrair diversos graus de prazer de todas as mulheres da sua vida, mas nunca, nos seus trinta anos de vida, tinha vivido com uma em sua casa.
E agora havia uma lá em casa, onde ele morava. A curiosidade atiçara-se, mas , na realidade, só se permitira espreitar uma vez para o quarto dela. Não lhe pesquisara a roupa nem lhe abrira as gavetas, apenas se tinha limitado a passear pelo quarto e a ver, com a certeza muito grande de que não havia nada de errado no que estava a fazer. Se houvesse alguma coisa que ela não quisesse que se visse, tê-la-ia escondido em qualquer sítio, bem longe da vista, não era? E , além do mais, deixara a porta aberta. Draco não gostava de se ver como um bisbilhoteiro, mas começava a sentir-se ligeiramente culpado pelo que encarava como uma pequena investigação.
Draco chegara a encarar a hipótese de passar a semana toda no estúdio, depois de ter deixado passar três meses sem lá ir. Fizera o trabalho de design da brochura da agência de viagens durar mais do que quinze dias, quando podia tê-lo feito numa semana, e depois passara os últimos dez dias fechado no quarto, como um casulo, a tentar alcançar o trigésimo - terceiro nível de um jogo de computador qualquer. Nessa manhã chegara ao fim e, depois de se ter extinto o programa de parabéns e de elogios com que o computador o brindou entusiasticamente, tinha-se recostado na cadeira a verificar, com alguma tristeza, que, oficialmente, já não tinha nada para fazer.
Depois, às vinte para o meio-dia, acabou por se convencer de que já era demasiado tarde para ir para o estúdio e decidiu que iria lá, sem falta, no dia seguinte. Ainda pensou na possibilidade de telefonar a Cláudia, para o emprego, mas decidiu não o fazer, visto que a única coisa que geralmente conseguia era telefonar-lhe na altura errada e obter respostas como “Agora não Draco, estou a meio de uma coisa”, “Agora não Draco, estuo a sair” ou “Agora não Draco, acabei de chegar”.
Uma nuvem de aborrecimento, já habitual nestas ocasiões, desceu sobre ele e levou-o a decidir-se por um passeio a pé. À medida que descia a Northcote Road, por entres bancas de flores de Outono muito coloridas, brinquedos de plástico, pauzinhos de incenso e missangas africanas, foi começando a pensar em Gina. Por vontade dele não teriam mais uma pessoa no apartamento - Draco gostava de estilo de vida que levava com Harry: sem sobressaltos, pedrado diante do televisor -, mas o apartamento era de Harry e, portanto, ele só podia estar de acordo. De qualquer modo, Gina parecia muito simpática e ele confiava no julgamento de Harry.
Pensando no assunto pensou que a primeira semana tinha sido bizarra: Harry e ele não eram muito bons nos esforços que faziam para se darem com estranhos e ele sentira-se culpado por mandar vir comida chinesa sem perguntar a Gina se ela queria. Nessa noite ela oferecera-se para cozinhar e, se bem que ele agradecesse o gesto, sentira-se de forma algo egoísta, ressentido com a ruptura da sua rotina normal. As noites de segunda-feira passava-as em casa e Draco não queria ter um compromisso social que exigisse muito dele. Quando Harry não estava, por exemplo, ele ligava o atendedor automático e limitava-se a ver televisão o resto da noite. Mas, enfim, a oferta de Gina era simpática e ele tentaria portar-se à altura da ocasião.
Para tentar justificar o passeio, foi à loja da esquina, comprou um maço de Marlboro, apesar de ter dois em casa, e regressou a Almanac Road.
A televisão da hora de almoço apresentava uma série de programas sobre culinária e telenovelas estrangeiras. Desligou a televisão e sentiu o silêncio a envolver a sala. Sentiu-se vazio e inútil. Não tinha nada para fazer. Foi buscar uma caneco com chá ainda morno que tinha feito e um pacote de bolachas e vagueou sem destino pela casa. Foi quando deu por si, quase inconscientemente, a abrir a porta do quarto de Gina.
Era estranho ver o quarto de hóspedes, até então sempre vazio, com as coisas de outra pessoa lá dentro. Tinha uma cheiro que não lhe era familiar. As coisas de Gina estavam espalhadas pelos cantos do quarto, dentro e fora de caixas, algumas delas já vazias, e amontoadas perto da porta. A cama estava por fazer e tinha por cima um roupão de algodão azul, com um dragão chinês bordado nas costas.
Draco penetrou um pouco mais no quarto para examinar de perto a pilha de CD’s que se mantinha em equilíbrio na mesa perto da cama. Ficou impressionado com os gostos musicais de Gina, era muito parecido ao dele, até podia perguntar-lhe se ela lhos emprestava. Perto dos CD’s estava uma foto emoldurada de Gina, a abraçar um elegante pastor alemão. Draco olhou atentamente para a foto, reparando que não conseguia lembrar-se da cara de Gina (não lhe tinha mostrado muita atenção) e viu que ela era extremamente gira. Embora não fosse o seu tipo. Ele preferia louras, em especial aqueles com pernas compridas, como Cláudia.
Em contraste, Gina era pequena e insolitamente bonita. Tinha bom gosto em música e mantinha a fotografia do cão perto da cama. Também era simpática e bem-educada e dava impressão de que seria um prazer estar com ela. Mas não era o seu tipo.
Draco deu uma dentada na bolacha e deixou cair uma migalha. Quando se baixou para a apanhar, deu por uma pilha de livros debaixo da mesa, muito usados e maltratados, com anos diversos inscritos nas lombadas, em letras douradas impressas ou escritas à mão com esferográfica e marcadores. Eram diários e pelo aspecto, não eram agendas impessoais de secretária, mas sim verdadeiros diários de rapariga, sinceros e altamente pessoais, de 1999 a 2004. Começou a pensar no que teria acontecido a 2005, o diário actual, e viu-o então a espreitar debaixo do roupão.
O livro estava aberto. Mas parcialmente tapado. Podia ver-se a data e bocados dispersos de escrita, numa caligrafia pequena e encaracolada, como a própria Gina: “... belo apartamento... pode ser tímido – estou certa de que eles não... este é o meu destino – estou tão excitada... Harry podia ser o tal, mas parece um pouco... Draco...” Draco parou. Mas que raio estava ele a fazer, bisbilhotar no quarto da pobre rapariga, e ainda por cima, a ler a merda do diário?! Esteve prestes a sair, mas o seu interesse tinha sido estimulado.
Com o coração a bater muito depressa, pôs a descoberto todo o diário e ficou boquiaberto ao ler aquela entrada na íntegra. Parecia que Gina pensava que estava ali por causa de um sonho e porque estava a seguir o próprio destino já traçado, excitada porque pensava que Harry ou ele próprio seriam, literalmente, o homem dos seus sonhos. Draco sentiu-se tentado a pensar que Gina era doida, mas, à medida eu foi lendo, sentiu-se mais identificado com o sonho ou com o destino.
E a verdade é que não só estava na corrida, como parecia ter uma vantagem inicial. Ela escrevera: “O Harry perece um pouco tenso, e para ser sincera, não é realmente o meu tipo. O Draco tem mais a ver comigo – magro e sexy e com uma espécie de olhar perigoso” – o estômago de Draco deu uma reviravolta – “e julgo que deve ser mais divertido estar com ele. O problema é que tem namorada.”
Aquilo era tudo verdade, pensou Draco – exceptuando a parte em que Cláudia é um problema. Ele era de facto uma companhia mais engraçada do que Harry, que não fora sempre assim, mas que, ao longo dos últimos anos, perdera a autoconfiança e o brilho desde que ficara obcecado por Cho.
Não havia mais nenhuma entrada depois dessa. Draco pousou o livro e respirou fundo, resistindo à tentação de recuar páginas e ler mais. Pousou o diário na cama, no mesmo ângulo em que o encontrara, colocando por cima, com imenso cuidado, o roupão azul, esperando que Gina não desconfiasse de nada.
Sentou-se na cama amarrotada, tão diferente da de Cláudia, que demorava dez minutos a fazê-la, com novos lençóis todos os dias. Um dos soutiens de Gina estava metido entre os lençóis. Era preto e simples e parecia velho. Pegou nele e examinou a etiqueta – afinal a pequena Gina não era assim tão pequena: 38! Como é que ela “os” escondia? Cláudia tinha os seios pequenos e pontiagudos e incapazes de se tocarem mesmo quando pressionados um contra o outro. Draco percebeu que tinha saudades de seios, daquela projecção suave e volumosa da feminilidade que se movia ao sabor do toque e que era sempre quente e acolhedora. Outras partes do corpo feminino pareciam por vezes ameaçadoras, como se pudessem morder, estrangular, mas os seios nunca – esses eram amigáveis e tranquilizadores.
Draco ficou perturbado ao perceber que estava a passar a alça do soutien de Gina pelo seu lábio superior e a cheirar a tira fina de elástico preto. Afastou-o muito depressa e pousou-o no colo, fechou a mão e meteu-a no côncavo. Cabia lá muito bem e ainda deixava espaço para um segundo punho. Meu Deus, pensou, Gina era mesmo aquilo que Cláudia descrevia como uma pessoa “esperta ao servir”, um lenço colocado estrategicamente ou uma camisola diferente, podia mudar uma mulher, como homem, ignorava todos os truques empregues pelas mulheres. Mas talvez Cláudia tivesse razão, pensou, admirado na capacidade do soutien de Gina. De facto não notara antes.
Enfiou o soutien no esconderijo dos lençóis. Estava a sentir-se um bocadinho sujo e desconfortável consigo próprio e ficou aliviado ao perceber que não tinha nenhuma erecção. Era uma tentação ficar no quarto de Gina, porque estava a gostar do ambiente feminino e agradável que ali encontrara.
Queria ver o que ela tinha nas gavetas, destapar o desodorizante e cheirar a bola do frasquinho, ler-lhe os diários todos e descobrir o que ela andava a fazer em determinados dias de outros anos, deitar-se na cama, cobri-se com os lençóis deitar a cabeça nas almofadas, procurar o cheiro dela e sentir o eco do seu calor.
Em vez de isso, levantou-se vagarosamente, ajeitou o edredão, certificou-se que não ficavam rastos da sua visita, deixou a porta como a encontrara e regressou à sala. Aquela noite ia ser mesmo interessante.
Quando voltou à sua secretária, tentando pensar em algo de construtivo para fazer que não o obrigasse a sair de casa, ou a usar o telefone, ou a despender demasiada energia, os pensamentos de Draco regressavam insistentemente aos bocadinhos que lera do diário de Gina, envolvendo-o numa onda avassaladora de intriga e de curiosidade. O que seria aquilo dos sonhos e do destino? E, sobretudo, que outras coisas teria ela escrito sobre ele? Não conseguia explicar muito bem porquê, mas teve, de repente, a sensação de que a sua vida estava prestes a complicar-se bastante.
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xii o draco é mm muito bisbilhoteiro
tão goxtando da fic???
Bigada a toda a gent k tá comentando....
Proximo capitulo mais hermione e krum
bejux
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