Capítulo 2



CAPITULO 2

Hermione sabia que deveria sentir-se feliz. Quero dizer ALR – All London Radio. Era realmente outra coisa.
Quando Victor lhe contou a novidade, ao fim da tarde, entrou em êxtase – todos os sonhos dele se tornaram realidade. Agora estava ao telefone com os pais, contando-lhes a novidade. Hermione olhou-o por cima do livro que estava a ler; o rosto, suave e elegante, estava animado por uma vida e por uma energia que ela não lhe via há anos, enquanto explicava à mãe-a-rebentar-pelas-costuras-de-orgulho que lhe fora oferecido, a ele, seu filho único, sei doce e precioso Victor Krum, um programa num dos espaços de maior audiência da mais importante rádio de Londres.
Hermione não conseguia ainda imaginar: “Boa Tarde, Londres, bem-vindos ao Victor Krum Show!” O seu Victor, não um DJ sem rosto e indistinto, mas o seu Victor com milhares de pessoas a ouvi-lo, com os seus próprios jingles, as suas próprias entrevistas. O nome dele apareceria na grelha de programação da rádio – “15.30 - 18.30: Victor Krum.” Drive Time seria o nome do programa, Victor ia mesmo ter o seu programa, Drive Time!
Hermione imaginou um cenário clássico, engarrafamento caótico num dia de Verão abrasador, pára-choques colados a outros pára-choques e a voz de Victor soltando-se dos auto-rádios: “Está uma brasa aí fora. Refresquem-se como Drive Time, na ALR”, Antes de pôr no ar a música “Up on the Roof”.
Um ganido quase imperceptível arrancou Hermione aos seus pensamentos. Era onze menos um quarto e, devido à excitação, tinham-se esquecido de Rossane. Estava estoicamente sentada à porta da sala, consciente que aquela noite não era normal, mas a tentar, sem irritar ninguém, passar a mensagem de que, apesar de tudo isto, ela continuava a ter bexiga e já se fazia tarde.
- Oh, querida, esquecemo-nos de ti? – O tom solidário da voz de Hermione fez abanar ligeiramente a causa de Rossane. Movimento que aumentou em velocidade e em força quando Hermione foi buscar a trela ao cabide da entrada.
- Victor, vou levar a Rossane à rua. Anda, querida! Anda, vamos à rua!
Hermione enfiou-se à força no casaco, muito mais apertado nos braços e no peito do que um ano antes, e Rossane aguardou à porta, à espera da dona.
Hermione enfrentou o ar frio da noite com agrado. O aquecimento central, a excitação e o champanhe tinham-lhe dado volta à cabeça. Estava uma bela noite de Outubro e as casas antigas e altas de Almanac Road estavam mais elegantes sobre o céu negro e brilhante, iluminado por uma enorme lua cheia.
Rossane pareceu influenciada pela imensidão da Lua, cheirando o ar de modo incerto, com o brilho da pelagem negra avivado pela luz branca. Foram até ao fim da rua, Hermione imersa nos seus sentimentos. Habituara-se muito ao estilo incolor que e ela e Victor iam arrastando ao longo do tempo. Nunca a preocupara muito o facto de não ter voltado a trabalhar, desde que perdera o emprego num colégio de moda em Londres, onde tinha funções técnicas – nessa altura conseguira tornar o mês menos longo com as comissões que levava por fazer vestidos de noiva e com almofadas feitas à mão, que vendia numa loja de design de interiores em Oxford com isso e com o que Victor ganhava como DJ aos fins-de-semana e a ensinar a dançar “ceroc” no clube Sol y Sombra tinham o suficiente para irem pagando uma hipoteca insignificante e as despesas inerentes a um estilo de vida modesto.
Victor Krum e Hermione Granger – um casal com uma vida em escala reduzida. Era assim que Hermione sempre os vira sabendo que muita gente invejava a vida que levavam e a relação de ambos. E ela nem sequer ansiava por mais – tinham um apartamento encantador, que haviam conseguido comprar por quase nada antes de os preços começarem a subir, uma cadela cocker spaniel linda, amigos que já vinham da universidade, uma relação cheia de alegria e de tranquilidade que era, informavam-nos os mesmos amigos, a mais forte que conheciam, um verdadeiro marco e um exemplo para todos. Nenhum dos dois sofreria a exaustão que abatia os executivos. A ideia de que tudo isto poderia mudar, aterrorizava-a.
Sem que dessem por isso, começaria a ser importante que ela estivesse a engordar, Victor repararia que a vida dela não levava a sítio nenhum. Quando regressasse do Drive Time, excitado, motivado e inchado com a fama e com as parvas canções pop dos Top Ten, iria encontrar a figura volumosa da Hermione derramada no sofá, colada à televisão, com a barriga inchada por uma refeição enorme engolida enquanto ele estava fora, porque ela deixaria de gostar de comer à frente dele, e o que iria Victor pensar?
Continuaria Victor a conduzir o pequeno Embassy preto de 1996, trazido de barco da Índia antes de ele entrar na universidade? Continuaria a usar as velhas calças American Classics com um buraco joelho e os sapatos rasos Bass Weejun, de pele já toda arranhada, que ele tinha pelo menos, desde que ela o conhecia? Calçaria as meias tibetanas de sola de couro, tão engraçadas, quando chegasse a casa para ir fazer chá para os dois e ver documentários no sofá com Rossane ao colo?
Continuaria a amá-la?
Ficou frio – o Inverno desistira de se limitar a bater à porta e entrara à força, instalando-se por completo. Hermione olhou para cima, a tempo de ver uma nuvem violeta e esfarrapada passar à frente da lua e desaparecer depois na escuridão
- Vamos, querida, vamos para casa.
Seguiram ao longo de Almanac Road em direcção à luz e ao calor do número 31. Quando Hermione meteu a mão no bolso do casaco para tirar as chaves, ouviu vozes e viu uma rapariga bonita, de cabelo ruivo, a sair do andar debaixo. Tinham estado a entrar e a sair pessoas toda a tarde e toda a noite e Hermione tinha curiosidade em saber o que se passava.
Tirou a trela a Rossane quando entrou e a cadela disparou em direcção à sala, saltando directamente para o colo de Krum. Victor abraçou-a e deixou-a lamber a cara, com Hermione, parada no átrio, a observar a cena, enquanto tentava desembaraçar-se das mangas demasiado apertadas. Finalmente, fez um sorriso grande e afectuoso só para si própria e deixou a cena instalar-se firmemente no sei espírito, ao lado da alegria da vida que levavam, porque ela sabia, tinha a certeza, que tudo aquilo ia mudar.

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Intão? Gostaram do 2º capitulo!?
Um bocadinho da vida de mione e krum
Este fim de semana vem o 3º capitulo!!

Miaka-Ela: bigada pelos comentários e por gostares da fic =)

bejuxx

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