O Grupo Voe Bem

Capítulo 2
O Grupo Voe Bem

Tiago olhou para Sirius com uma cara rabugenta. Remo apenas olhava para o teto, apreciando-o como se fosse a coisa mais interessante do mundo.
– Não vão me cumprimentar? – perguntou Sirius, indo até a cama e estendendo a mão para Tiago, que o ignorou. – Remo...?
– Sim? – perguntou Remo, com uma voz seca.
– O que houve com vocês?
Tiago e Remo o ignoraram. Sirius abriu um sorriso.
– Ahhh – disse Sirius, com uma voz de alguém que acabara de perceber uma coisa – Então vocês ainda estão com raiva por eu ter dedurado para a sra. Potter que vocês quebraram a varinha dela...
Tiago se levantou.
– É? Só isso, não é? – perguntou Tiago – Sabe quanto tempo eu fiquei de castigo por isso? Sabe o quanto que o Remo sofreu por causa dessa sua boca enorme? Ele apanhou da mãe! E eu ia apanhar também, se não fosse pelo meu pai... ahhh, mas aposto que você ficou muito satisfeito, não é?
– Na verdade... fiquei – disse Sirius – Eu só dedurei porque você não quis que eu participasse do jogo.
– Ah, cale a boca – retrucou Tiago – Você roubou todas as minhas figurinhas de Sapos de Chocolate, que eu passei quase um ano para juntar!
– Não fui...
– Você – continuou Tiago – inventou toda aquela história da Maggie para o papai...
– Ei, espere aí – falou Sirius – Eu não fiz isso. Se você tinha um elfo doméstico ladrão, nada posso fazer...
– Você – continuou Tiago, como se Sirius não tivesse falado – quase nos ferrou naquela vez que o medalhão da mamãe sumiu, falando para ela que nós tínhamos pegado para fingir que era um tesouro.
– Tiago – falou Remo, baixinho – a gente fez isso...
– O Remo ficou no quarto por duas semanas, comendo apenas pão e água, praticamente. E a mãe dele ainda bateu nele. E tudo isso porque você tem uma língua maior que o Everest!
Sirius pareceu levemente aborrecido.
– Oras, sua mãe perguntou onde estava e eu respondi! – disse Sirius, ainda em pé – Eu ainda não entendi porque ela se aborreceu tanto... o que aquele medalhão tem demais?
Tiago não respondeu Sirius, apenas pegou seu diário e começou a escrever...

O porco do Sirius acabou de chegar. Ele é realmente insuportável. Já chegou aqui procurando confusão. Ah, mas ele me paga. Eu vou aprontar uma com ele, só como Tiago Potter sabe fazer. Bem, mas aconteceu uma coisa boa hoje. Boa não, ótima. Ganhei uma vassoura! Uma vassoura de primeira! Uma Nimbus 1000, quem me deu foi o tio Blake. Ele não está sendo tão chato assim... mal posso esperar para voar nela. Daqui a pouco eu e Remo jogaremos quadribol lá no quintal. Ah, sim... o elfo Tundy continua tratando o Remo mal... mas dessa vez papai deu a maior bronca nele... acho que se ele fizer isso de novo ele será demitido. Bem, voltarei a escrever em breve.

Ele mal fechou o diário e uma coruja chegou deixando uma carta para ele. Tiago abriu a carta e reconheceu a bonita letra de sua mãe. Curioso, leu o que ela dizia.

Tiago,

Seu pai, seu tio e eu recebemos um chamado urgente do ministério. Parece que houve mais assassinatos, e dessa vez houve muita magia negra. Não sei de que horas voltaremos, nem se voltaremos hoje, então, não nos espere. Chegou uma carta para você, está com o Squize.

Com amor,

Mamãe.

– Mamãe não vem hoje... – disse Tiago – Espere aí, tem um P.S: “Trate Sirius bem. Sociedade, meu filho”.
– Ouviu? – disse Sirius, rindo – Me trate bem...
– Remo, – falou Tiago, como se Sirius não tivesse falado nada – ela disse que chegou uma carta para mim, vamos lá ver.
Remo e Tiago saíram do quarto, deixando Sirius sozinho. Descendo as escadas, encontraram Tundy com um espanador de pó na mão, espanando os objetos do corredor, os quadros e as fotografias. Andando mais um pouco, entraram na sala de estar, procurando Squize. Ele não estava lá. Foram na cozinha, Squize também não estava lá. Quando finalmente foram no porão, Squize estava lá, lendo um papel, que eles escondeu ao ver que Tiago e Remo chegaram.
– Squize, onde está... – disse Tiago – Ei o que você tem aí?
– É só uma carta que Squize recebeu, meu senhor.
– Isso por acaso seria a carta que chegou para mim? – perguntou Tiago, desconfiado.
– Não, meu senhor. A carta que chegou para Tiago Potter está na mesa da sala de jantar, meu senhor. Squize jamais se atreveria a ler as cartas de seus mestres, meu senhor, jamais...
Tiago ficou meio cabisbaixo por desconfiar do elfo, que agora olhava para Tiago com seus grandes olhos cheio de lágrimas.
– Tudo bem, Squize, desculpe. Mas de quem é a carta que você recebeu?
– De Maggie, meu senhor.
– Maggie? – perguntou Tiago, feliz – O que ela diz? O que ela quer?
– Nada! – respondeu Squize – Nada, meu senhor... só pergunta a Squize como ele está.
Tiago olhou desconfiado, mas apenas falou um “OK” para o elfo e foi com Remo até a sala de jantar, onde um envelope azul claro com alguns desenhos de nuvens se encontrava na mesa. Tiago foi até ele e abriu, revelando um enorme pedaço de pergaminho, que ele deixou em uma posição em que Remo também pudesse ver...


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Olá, Tiago Potter!

Recebemos a informação que você recebeu uma vassoura! Parabéns! Você já sabe voar? Não?Então ficaremos felizes em te ensinar. O Voe Bem é a melhor maneira de aprender a voar por correspondência. Nossos preços são altamente acessíveis e ainda garantimos o completo sigilo de nossos alunos, para evitar qualquer constrangimento por não saber voar.
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– Você pretende mesmo se inscrever nisso? – perguntou Remo, ao ver Tiago responder a carta, e colocar dez galeões no envelope – Cara, isso é roubada. Como você espera aprender a voar lendo cartas? E além do mais, em Hogwarts nós teremos aulas de vôo.
– Que são péssimas, pelo que papai diz – disse Tiago, amarrando a carta na perna de uma coruja – E além do mais, apenas estarei complementando aquelas aulas. Ah, não reclama, Remo. Você também vai poder ler as lições, satisfeito?
– Eu não quero ler essas lições... – retrucou Remo.
A coruja se foi. Tiago se virou para Remo com um sorriso maroto.
– Agora... cuidaremos de um certo garoto chamado Sirius Black.
Remo sorriu.
– Tiago... o que você pretende fazer?
– Você verá... você verá...


– Tiago, você realmente vai fazer isso? – perguntou Remo, incrédulo – Eu quero dizer, isso é maldade!
– Não é, não! – disse Tiago – Estamos falando do Sirius, não estamos? Pense em tudo que ele fez conosco... isso não é nada, comparado ao que ele fez.
– Tiago, dizer que ele roubou o precioso medalhão da sua mãe é demais! – disse Remo – Você não pensa no que pode acontecer depois... com o Sirius?
– OK, OK, tudo bem, você venceu. Vamos preparar outra pegadinha para Sirius! Uma mais leve, porém mais divertida – disse Tiago, sorrindo marotamente.


Tiago encheu um balde de cola, e cuidadosamente colocou em cima da porta, que estava entreaberta. Depois, ele e Remo foram até o quarto dos elfos e pegaram uma tesoura de costura, voltaram para o quarto e rasgaram quatro almofadas de plumas, colocando as plumas em um saco plástico.
– Agora? – perguntou Tiago.
– Agora – respondeu Remo.
– SIRIUS! – berrou Tiago, do quarto – VEM AQUI NO QUARTO, RÁPIDO!
Ouviram-se passos da escada, e aconteceu.
A porta se abriu e o balde de cola caiu em cima de Sirius. Imediatamente, Tiago e Remo jogaram penas e mais penas em Sirius, que logo ficou coberto de cola e penas.
Tiago e Remo riram alto. Sirius estava furioso. Tiago começou a imitar uma galinha, enquanto falava repetidamente “Sirius galinha, Sirius galinha!”.
– Ah, mas vocês me pagam – disse Sirius, furioso.
Remo começou a imitar Tiago e ambos começaram a cantar:
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Potter, isso não vai ficar assim, escute-me bem!
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Eu vou me vingar, e vocês vão desejar...
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Vocês vão desejar...
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Vocês vão ver, eu vou...
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Eu vou contar tudo para...
– Sirius galinha, Sirius galinha!
– Ah, calem a boca!
– SIRIUS GALINHA! SIRIUS GALINHA!
O rosto de Sirius ficou vermelho de raiva e ele se foi do quarto, deixando Tiago e Remo rindo no quarto.
– Você viu a cara dele? – perguntou Remo, fazendo esforço para conseguir parar de rir – Ele ficou furioso.
– É bem feito, para ver se ele aprende – disse Tiago, rindo – Ah, e ele disse que vai se vingar. Ha! Até parece! Mas fique ligado, hein, Remo...
– Eu sei – disse Remo, enxugando as lágrimas que ele soltou enquanto ria.


O resto da tarde passou tranqüilamente, eles não viram Sirius, o que poderia ser um sinal que ele estaria aprontando alguma coisa.
– E quando o balde caiu, você viu o rosto dele? – perguntou Remo, ainda rindo.
– Ah, mas a cara dele quando cantávamos “Sirius galinha” foi demais. – disse Tiago – Mas sabe o que me preocupa? O que ele pode estar tramando...
– Talvez ele estivesse apenas blefando, quando disse que ia se vingar – disse Remo – Para nos dar medo...
Ouviu-se uma batida na porta e Holy, um elfo doméstico extremamente magro, apareceu e anunciou:
– O jantar está pronto, mestre Tiago – e, depois de fazer uma reverência, se foi.
Tiago e Remo desceram as escadas e encontraram Sirius na cozinha. Quando o garoto viu os outros chegarem, levantou-se, virou o rosto e foi embora, sem falar uma só palavra.
– Ele parece furioso – disse Remo.
– Remo, eu acho que você está esquecendo tudo que ele fez conosco. – disse Tiago – Ele fez várias coisas e depois, quando nós revidamos, ele não gosta...
Remo se calou, Tiago estava certo. Ainda se lembrava o quanto sofreu quando sua mãe soube que ele havia brincado com o precioso medalhão da sra. Potter.
– É, tem razão.


Após o jantar, Tiago e Remo subiram para o quarto de Andrea (para procurar um livro que falava sobre vassouras, que Marcus tinha), que estava um pouco desarrumado.
– Tundy – chamou Tiago, para que o elfo arrumasse o quarto.
– Tiago, você já perguntou a sua mãe o motivo pelo qual aquele medalhão é tão valioso?
– Não, toda vez que eu falo nesse medalhão, minha mãe muda de assunto.
– Isso é realmente estranho. Tipo, o que um medalhão pode ter para ser tão valioso? – perguntou Remo.
– Talvez seja de família – disse Tiago.
– Mas se fosse de família por que sua mãe desconversaria toda vez que você fala nele?
– Tem razão. Mas sua mãe também sabe, Remo. – disse Tiago – Lembra como ela ficou com raiva quando o galinha dedurou que a gente tinha brincado com ele.
– É, mas toda vez que eu falo sobre ele ela grita, diz que não é da minha conta e me manda para meu quarto.
– Tundy! – disse Tiago, ainda mais alto – Esse elfo doméstico, não obedece a mais ninguém.
– Se vocês soubessem porque esse medalhão é tão valioso... – disse um quadro atrás deles. Era o quadro de Flor Potter, bisavó de Tiago. Era uma senhora muito velha, de cabelos brancos e rosto enrugado. Vestia um belo vestido dourado e prateado.
– A senhora sabe, bisavó? – perguntou Tiago.
– Ah sim, sei. – respondeu a senhora – O velho medalhão que eu guardei tanto...
– Então é de família? – perguntou Tiago.
– Não, não é de nossa família. Consegui em uma batalha, e desde então, tenho guardado. Quando morri, o medalhão ficou com meu neto, seu pai.
– Mas o que ele tem de tão especial? – perguntou Remo.
– Infelizmente não posso contar para vocês. Vocês são muito novos, não entenderiam. E agora, com sua licença, vou dormir.
Tiago olhou para a bisavó que agora apoiava sua cabeça na moldura do quadro e dormia. Sem fazer barulho, Remo continuou a procurar o livro, achando na gaveta do criado-mudo de Marcus, e eles saíram do quarto, pensando em tudo que ouviram sobre o medalhão. Então, a sra. Flor Potter havia conseguido em uma batalha, talvez como recompensa? Ou tirou do adversário?
– TUNDY! – berrou Tiago. – Onde está esse maldito elfo?
Tiago disse para Remo esperar e desceu até a cozinha. Parou Holy, o elfo, e perguntou se ele havia visto Tundy.
– Tundy saiu daqui dizendo que ia ao porão, mestre Tiago Potter. Mestre, você deseja algo? Um bolo? Um suco? Uma...
– Não, obrigado.
Tiago desceu furioso até o porão. Era um aposento escuro, empoeirado e cheio de tralhas. Havia brinquedos velhos, vassouras antigas e até varinhas. Tudo que era velho e não funcionava mais os Potter guardavam no porão.
Tiago encontrou o elfo e já ia gritar, mas se calou ao ver que ele não estava sozinho. Squize estava com ele, e segurava seu braço.
– Maggie diz que não foi ela que roubou o dinheiro – disse Squize – Maggie diz que Tundy colocou o dinheiro no avental de Maggie.
– Tundy não fez isso. É melhor Squize soltar o braço de Tundy. – disse Tundy, tentando se soltar.
– Squize não vai soltar até Tundy falar a verdade para os mestres.
– Tundy não vai falar, porque Tundy não fez isso.
– Tundy fez isso sim, e vai ficar aqui até falar a verdade.
– Tundy só não desaparece porque os mestres mandaram não desaparecer em casa. Mas Tundy vai falar tudo que Squize está fazendo para mestre Tiago.
– Então Tundy também vai falar que fez Maggie ser demitida?
– Isso é verdade, Tundy? – perguntou Tiago, acabando de descer as escadas.
Os elfos olharam surpresos para Tiago. Squize parecia triunfante, enquanto Tundy olhou com medo.
– Isso é verdade, Tundy? – repetiu Tiago – Estou esperando a resposta.
Tundy estalou os dedos e desapareceu. Tiago olhou surpreso pela desobediência do elfo, mas sabia que ele se castigaria depois.
– Squize, posso ver a carta da Maggie?
– Pode, com certeza, mestre Tiago. Mas Squize deixou lá em cima, amanhã Squize mostrará para o senhor.
– Tudo bem, então.
E depois Tiago subiu as escadas, pensando. Será que Tundy teria coragem de fazer tal ato? Se teve, por que?

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