O Elfo Desnaturado



Capítulo 1
O Elfo Desnaturado


Tiago Potter era um garoto muito alto para garotos de sua idade. Tinha cabelos negros e rebeldes, e olhos castanhos claro. Vivia em uma bela e enorme mansão em Little Magton, que ficava a algumas milhas de Londres.
Tiago – que só tinha onze anos – estava agora em seu quarto, um belo aposento em que as paredes eram cobertas por pôsteres do Chudley Cannons, seu time de Quadribol, que não ia muito bem na época. Sua cama estava arrumada, com uma colcha laranja que tinha no centro um grande brasão com dois C’s e uma bala de canhão em movimento.
Tiago estava em pé, lendo uma carta que acabara de chegar pelo correio-coruja. Seu rosto abriu-se em um sorriso. Rapidamente dobrou a carta e saiu do quarto correndo, quase caindo enquanto descia as escadas. No meio do caminho, encontrou um elfo doméstico que falava com sua voz fininha:
– Tiago Potter, meu senhor, será que Squize poderia limpar seu quarto agora?
– Não, obrigado, Squize. Já está arrumado. – respondeu Tiago, correndo até a sala de jantar, onde sua mãe, Andrea Potter, tomava café tranqüila. Andrea tinha cabelos castanhos e cacheados, com lindos olhos azuis. Parecia muito jovem, apesar de ter quarenta anos.
– Mandei Squize arrumar seu quarto – comentou Andrea, cortando um pão – Ele foi?
– Foi, mas eu o dispensei, mãe – respondeu Tiago – Tundy já havia arrumado.
Um elfo doméstico gordo e com um pouco de cabelo na cabeça, que estava servindo café com leite na xícara de Andrea, sorriu radiante.
– Sim, meu senhor, Tundy é um bom elfo doméstico. Foi logo arrumar o quarto de Tiago Potter assim que acordou.
– Err... obrigado, Tundy – agradeceu Andrea.
– Mamãe, chegou. Acabei de abrir. – informou Tiago, radiante.
– O quê? – perguntou Andrea, desligada, enquanto passava manteiga no pão.
– Ô, mãe, a carta de Hogwarts! – disse Tiago, entregando a carta à mãe – Pelo menos sabemos que não sou um aborto.
– Eu já sabia disso – falou um homem descendo as escadas. Tinha cabelos negros e olhos castanhos. Os cabelos começavam a ficar grisalho. Vestia um terno trouxa preto, que também era a cor de seu chapéu coco. – Lembra de quando você fez o Squize virar de cabeça pra baixo, quando era menor, porque ele tinha nossas ordens de não lhe dar aquelas varinhas velhas que ficam no sótão?
Tiago sorriu. Marcus Potter era um homem muito divertido, que brincava com tudo. Era muito difícil vê-lo chateado.
– Então, a tão esperada carta de Hogwarts chegou? – perguntou Marcus.
– Sim, pai. Está com a mamãe. – falou Tiago.
– Deixe-me ver querida – disse Marcus, recebendo a carta. Analisou e falou – É, eles não tiveram pena dos pais esse ano. Olhe os materiais! Vai custar um monte! Ano passado o Matthew McGonnagal me falou que estavam baratos. Mas esse ano...
Nesse momento, uma grande coruja preta pousou na mesa, deixando uma carta para Andrea. Andrea pegou a carta, deixou uma moedinha para a coruja (que voou pela janela) e leu a carta. Marcus se virou para Tiago e sussurrou, de maneira que Andrea, que estava lendo a carta, não pôde ouvir:
– Então você finalmente vai poder ter sua própria varinha, não é? E sua própria vassoura...
– Não – falou Tiago, um pouco alto demais. Percebendo o erro, abaixou a voz – Na carta de Hogwarts diz que eu só posso ter uma vassoura ano que vem.
– Mas ninguém precisa saber – disse Marcus, sorrindo marotamente – Você pode treinar escondido.
– O Black vem para cá – disse Andrea, terminando de ler a carta – A Sra. e o sr. Black vão viajar com Régulus, e não querem deixar o garoto com o Monstro.
– Ah, não! – resmungou Tiago – O Sirius vem pra cá?
– Tiago... acabe com essa implicância com o Sirius! – falou Andrea, pegando uma pena e respondendo a carta – Sirius vai ficar aqui até primeiro de setembro, e eu não quero brigas, como da última vez.
– Mas o Sirius é chato! – falou Tiago, ranzinza – Por que você não chama o Remo? Ele sim é legal...
– Porque o Remo é muito tímido, talvez não queira vir...
– Por favor, mãe, tente! – pediu Tiago.
– Tudo bem... Squize! – chamou Andrea. O elfo doméstico que Tiago encontrou próximo à escada chegou andando devagar – Traga as duas corujas mais velozes.
– Sim, senhora... – respondeu Squize, saindo pela porta.
Andrea entregou um pedaço de pergaminho a Tiago, juntamente com uma pena e disse:
– Toma, escreva a Remo. Eu vou responder a Sra. Black.
Tiago pensou um pouco e escreveu:

Remo,

Por que você não vem para cá e fica até o dia primeiro de setembro, dia que iremos à escola? Você recebeu a carta, não recebeu?
Eu sei que você é tímido, mas você precisa me ajudar: o Sirius vem pra cá! Eu não posso passar quase um mês sozinho com aquele chato! Você é minha única salvação!
Por favor, eu te peço!
Caso você venha, peça a sua mãe a chave de seu cofre no Gringotes. Iremos ao Beco Diagonal na terça.
Responda assim que receber, por favor.

Do seu amigo,

Tiago Potter.


Tiago colocou a carta no envelope e amarrou na perna da coruja que Squize havia deixado. Endereçou a carta para a casa dos Lupins e a coruja levantou vôo. Logo após a outra coruja também voou, levando a resposta de Andrea.
– Tomara que a Sra. Black desista de viajar e que o Sirius não venha. – falou Tiago.
– Não adianta. – falou Marcus que estava lendo a carta que Andrea mandou para a Sra. Black. – Sua mãe falou que ficaria feliz se Sirius viesse mesmo que ela não viajasse.
– Mãe! – reclamou Tiago.
– É a Sociedade Bruxa, meu filho, sociedade. Temos que manter os laços com as outras famílias.
Uma outra coruja passou por Tiago e pousou no ombro de Marcus, com um jornal preso na perna. Marcus pegou o jornal (a coruja se foi, sem pedir dinheiro) e abriu, esperançoso. Ao ver a matéria de capa, sorriu radiante.
– Saímos na capa, querida. – disse feliz. – Olhe.
Andrea pegou o jornal e começou a ler. Tiago conseguiu ver uma grande foto que ocupava grande parte da página, nela estavam Marcus e Andrea sorrindo, com uma medalha no peito de cada um, eles sorriam e acenavam. Em baixo da foto achava-se o seguinte texto:


OS POTTERS DERROTAM TREZENTOS DEMENTADORES!


Andrea e Marcus Potter, poderosos aurores do Ministério, derrotaram na noite de sexta-feira trezentos dementadores que atacavam uma pequena cidade no interior da Inglaterra.
“Não fizemos nada mais que nosso trabalho. Mas, preciso admitir que foi difícil derrotar tantos dementadores. Ficávamos fracos logo, por causa do efeito que eles produzem. Então eu ficava descansando enquanto Marcus derrotava-os. Quando Marcus cansava, eu assumia a luta enquanto Marcus descansava, e assim por diante” falou a Senhora Potter, feliz.
Marcus Potter disse que “era fácil atacar os dementadores, mas era difícil resistir por mais de três minutos aos seus efeitos. Os dementadores eram muitos, para onde você olhasse se via dementadores. Eram mais de trezentos, pode acreditar”.
O Senhor e a Senhora Potter ganharam uma medalha do Ministério, por serviços prestados a Comunidade Bruxa, e Ordem de Merlim, Segunda Classe.
O motivo do ataque dos dementadores é desconhecido, mas o Ministério diz que está investigado sobre o caso.



– Então o Profeta já publicou. Apenas dois dias depois. – falou Tiago.
– Eles iam publicar ontem, mas queriam que fosse a matéria de capa, mas ontem a matéria de capa já era sobre a opinião de Dumbledore sobre os preços dos produtos do Beco.
Tiago anunciou que ia para seu quarto e foi. Pegou seu diário e escreveu:

Hoje meus pais foram matéria do jornal. Eles são aurores espetaculares. Fico pensando se eu vou ser tão bom quanto eles. Mamãe diz que sim, mas eu não penso assim.
Sirius vem pra cá amanhã, e provavelmente Remo também vem. Graças a Deus. Eu não vou ter que aturar o Sirius sozinho.
Ah, eu recebi hoje a carta de Hogwarts! Estou muito feliz, sempre quis ir para essa escola. E meu maior desejo por enquanto é: conhecer Dumbledore! O cara é um gênio.
Bom, por enquanto é isso. Depois escreverei mais contando a resposta do Remo.



Algumas horas mais tarde, uma coruja voltou trazendo para Tiago uma carta. Tiago reconheceu a letra caprichosa de Remo, assim que abriu.

Meu amigo Tiago,

Eu na verdade preferia estudar. Mas, como seu caso é grave, largarei um pouco os estudos e a timidez e irei pra sua casa.
Porém, não poderei ir amanhã, pois minha mãe vai sair para o funeral da madrinha dela e não me deixa usar o Flu só. Eu poderia ir hoje?
Bom, se não for hoje só poderá ser semana que vem, já que o funeral é em outra cidade.

Bem, é isso,

Remo J. Lupin.


Tiago escreveu um “Sim, pode ser hoje” e mandou pela coruja de volta.
Mandou mais ou menos cinco elfos domésticos arrumarem toda a casa. Arrumou seu armário, dando espaço para Remo colocar suas roupas (não se preocupou aonde Sirius colocaria suas roupas), e ficou brincando com sua vassoura em miniatura (que voava de verdade) dentro de seu quarto, até Remo chegar. Quando finalmente ouviu um “TOC TOC TOC” na porta, correu para abrir. Remo, um garoto de longos cabelos castanhos estava na porta, sorrindo.
– Remo, você veio!
– Claro que eu vim – disse Remo, abraçando o amigo – O caso é grave. Ele já chegou?
– Não – respondeu Tiago, levando a mala do amigo até a cama – Eu não sei quando ele vem. Ah, e você pode colocar suas roupas no armário, há uma parte vazia, você pode colocar lá.
– Como vão as coisas? – perguntou Remo, indo em direção a cama.
– Normais. – respondeu Tiago – Nada acontece. O máximo que me aconteceu esse ano foi a demissão de um elfo doméstico.
– Demissão, por que? – perguntou Remo.
– Encontramos um saco de galeões no avental dele. – respondeu Tiago.
– E daí? – perguntou Remo – Ele pode ter seu próprio dinheiro, não pode?
– O saco estava com o brasão da nossa família – falou Tiago, como se isso fosse a coisa mais óbvia do mundo – E um saco de galeões exatamente igual havia sumido do escritório do papai, mais cedo.
– Uau – exclamou Remo – E qual elfo foi?
– Era fêmea. Maggie.
– A Maggie? – perguntou Remo, surpreso – Aquela que trabalhava aqui a mais de vinte anos? A que cuidava de você desde que você nasceu?
– Ela mesma.
Remo olhou para o amigo. Viu que ele estava muito triste, parecia que gostava mesmo de Maggie. Vendo isso, Remo achou melhor mudar de assunto.
– Onde eu vou ficar? – perguntou Remo, sentando na cama, estava muito envergonhado.
– No meu quarto – respondeu Tiago – Papai vai conjurar uma cama.
– E ele?
– Não sei – falou Tiago, pela primeira vez pensando nisso – Acho que no quarto de hóspedes. O banheiro fica aqui ao lado, Remo, e a cozinha lá embaixo. Como vão seus pais?
– Nada mal – respondeu Remo – Papai está estudando lobisomens. Vive viajando em busca deles, queria me levar, mas mamãe não deixou. Quando você recebeu a carta?
– Hoje e você?
– Semana passada. – falou Remo – Já pensou na casa em que você gostaria de ficar?
– Sonserina – respondeu Tiago, sentando na cama ao lado de Remo – ou Grifinória e você?
– Corvinal, eu acho. Ou Grifinória também. – respondeu Remo.
– Tomara que a gente fique na mesma casa. – falou Tiago, sorrindo – E que o Sirius não tenha recebido a carta.
– Tomara mesmo – disse Remo – Pode acontecer. Ele pode ser um aborto.
– Você quer alguma coisa para comer? – perguntou Tiago.
– Sim, por favor. – respondeu Remo, levantando-se.


Tiago e Remo estavam descendo as escadas, encontraram Squize limpando os quadros (o que fez escutar-se muitas reclamações dos moradores dos mesmos) e Tundy varrendo a sala.
– Oi Squize! – cumprimentou Remo – Olá, Tundy.
– Olá, senhor Remo Lupin – cumprimentou Squize, lançando um olhar reprovador a Tundy, que não respondeu a Lupin.
Tiago ficou indignado com o elfo doméstico que não respondera e reclamou:
– Você não está ouvindo Remo falar? Ele disse “Oi”.
– Não tem problema, Tiago, ele nunca gostou... – começou Remo.
– Ah, sim, há um problema – disse Tiago, olhando para Tundy com cara de reprovação – Tundy, responda a Remo.
– Tudo bem – disse Tundy – Olá, Lupin.
– Olá, senhor Lupin – corrigiu Squize – Tundy tem que aprender a respeitar os convidados.
– Isso não é da conta de Squize! – resmungou Tundy, olhando de cara feia para Squize.
– Squize está certo – falou Tiago – E agora saia daqui. Eu vou conversar com mamãe sobre seu comportamento.
Tundy se foi. Tiago permaneceu com seus olhos no elfo até ele dobrar o corredor. Depois, olhou satisfeito para Squize.
– Isso deve bastar. Muito bem, Squize, você é um bom elfo doméstico. – ele se virou para Remo – Eu realmente não entendo o motivo pelo qual o Tundy te trata assim.
– Você sabe, Tiago. Ele me trata assim porque eu sou mestiço. Meu pai nasceu trouxa.
– Nasceu trouxa, mas é bruxo. – falou Tiago – E mesmo assim, isso não é motivo para te tratar assim.
– Deixe-o, Tiago – disse Remo – Não quero causar problemas.
Tiago abriu a porta da cozinha e encontrou um belo aposento, com uns dez elfos domésticos andando apressados pela cozinha, levando pratos para a lareira, cozinhando, ou fazendo sobremesas.
– Senhor Tiago deseja alguma coisa? – perguntou um Elfo doméstico, com uma roupa que tinha um brasão da Família Potter, um brasão muito bonito, em forma de faixa, com a letra “P” estampada, em torno da letra “P” encontrava-se um contorno muito bonito, com uma flor desenhada em um canto. A Flor era em homenagem a Flor Potter, avó de Marcus, que fora a primeira pessoa da família a ganhar grande destaque.
– Meu amigo quer algo para comer, você sabe, o Remo... traga algo para ele, sim?
– Claro, senhor Tiago – disse o Elfo, indo em direção ao forno.
Tiago foi até a mesa e se sentou, pedindo para Remo fazer o mesmo. Conversaram ali sobre várias coisas. Sobre Quadribol – assunto que fez Remo gargalhar, já que seu time – os Tornados – estava se saindo muito melhor do que o Chudley Cannons, time de Tiago.
– Ah, mas o campeonato mal começou – disse Tiago, mostrando-se meio irritado – Provavelmente nós passaremos vocês pra trás.
Remo riu alto.
– Até parece. É mais fácil um Unicórnio cantar o hino nacional!
– Com licença, meus senhores – falou um elfo doméstico, trazendo uma bandeja. – Aqui está a comida que pediram.
Remo olhou pasmo. Pediram para “trazer algo”, o que significa trazer uma coisinha pequena, só uma comidinha. Mas os elfos trouxeram muita, muita comida. Na bandeja havia um prato de sopa, duas xícaras, dois bules, um prato com pão, torta de chocolate, de abóbora, bolo de caldeirão, e até alguns sapos de chocolate.
– Obrigado – disse Tiago. O elfo se foi, com um sorriso, e Tiago pegou um pedaço de pão. – Sirva-se.
Remo começou a comer. Primeiro, timidamente, mas depois já estava comendo com gosto. Alguns minutos depois, a porta da cozinha se abriu e Andrea entrou com uma senhora um pouco gorda, com cabelos castanhos e amarrados. Era a Sra. Lupin.
– Filho, estou indo agora. Lembre-se de obedecer a sra. Potter, OK? Ela não hesitará em me comunicar se você aprontar alguma. Escove sempre os dentes e não fique usando sempre a mesma cueca, como você faz em casa – (Remo ficou vermelho) – Te amo, meu docinho de coco. – disse, beijando a cabeça de Remo. Quase chegando na porta, falou:
– E lembre-se: trate o Sirius bem. Regras da sociedade – ela disse a última palavra como se ela já explicasse tudo.
– Ah, sim – disse Tiago em um sorriso maroto – Nós o trataremos bem. Pode acreditar.


Algumas horas depois Tiago e Remo estavam no quarto jogando Snaps Explosivos quando uma coruja entrou pela janela trazendo uma edição do Profeta Noturno. Tiago abriu o jornal e olhou a matéria de capa. A cada linha que lia, ficava mais assustado.
– O que tem aí? – perguntou Remo.
– Assassinato. – respondeu Tiago.
– Sério? – perguntou Remo – Quem foi o coitado?
– Os coitados – corrigiu Tiago – Foram seis.
– SEIS? – perguntou Remo, incrédulo – SEIS ASSASSINATOS?
– Sim, dois trouxas e quatro bruxos.
– E quem matou? – perguntou Remo.
– Bem, ninguém sabe, por enquanto. Mas foi encontrada uma marca flutuando sobre os corpos. Um crânio, com uma cobra saindo pela boca.
– Que sinistro!
– E também foi encontrada uma mensagem, flutuando ao lado da Marca. “Ele esteve aqui”.
– Ele quem?
– Quem sabe – disse Tiago – Mas o Ministério já está procurando.
Nessa hora, Andrea gritou da sala “Hora de Dormir!”. E Tiago e Remo foram dormir, pensando naquela marca e na mensagem.
Quem seria o autor dessa atrocidade? Quem seria capaz de tirar seis vidas? Quem seria capaz de tirar a felicidade de seis famílias, ao ver que um de seus integrantes não chegou em casa?


Tiago acordou cedo no outro dia. Trocou de roupa e desceu para a sala de jantar, deixando Remo dormindo. Ao chegar na sala de jantar, encontrou Marcus conversando com Tundy.
– Então, Maggie está trabalhando em Hogwarts? – perguntou Marcus, colocando chá em sua xícara.
– É, meu senhor – disse Tundy, com um sorriso malicioso – Maggie é uma traidora de seus mestres. Maggie deveria estar sem emprego.
– Eu não consigo acreditar até agora que Maggie tenha nos roubado – disse Marcus, tomando um pouco de chá e recolocando a xícara na mesa ao perceber que o chá ainda estava muito quente – Ela trabalhou aqui por vinte anos! Eu nem queria demiti-la, mas a Andrea fez questão.
– Eu também não acredito – disse Tiago, sentando-se ao lado de Marcus – Pai, preciso ter uma conversinha com você sobre o comportamento do Tundy.
Tundy já estava saindo de fininho, quando Marcus falou “Tundy, você fica aqui”.
– Pai, o Tundy está maltratando o Remo – disse Tiago, meio estressado, depois adicionou: – por ele ser um mestiço.
Marcus pareceu um pouco chateado. Pensou um pouco, olhou para o elfo e perguntou:
– Isso é verdade, Tundy?
– Tundy apenas achou que essa casa não deveria ser habitada por impuros, meu senhor.
– Impuros? – perguntou Marcus, incrédulo – Impuros?
– Tundy apenas...
–SILÊNCIO! – gritou Marcus, com raiva. Era muito difícil de vê-lo assim – EU NÃO ADMITO PRECONCEITO NESSA CASA. EU NÃO ADMITO PRECONCEITO POR PARTE DO MEU PRÓPRIO FILHO, IMAGINE POR PARTE DE UM ELFO-DOMÉSTICO!
– Mas, meu senhor...
– Você sabia... – falou Marcus –... que eu quase me casei com uma nascida trouxa? Só não casei porque ela foi trabalhar no Ministério da Bulgária. Ela era genial. Não é preciso ter um título imbecil para ser genial, ou puro, Tundy. Vá, vá para a cozinha, resolverei o que farei com você.
Remo havia acabado de entrar na sala de jantar, ao mesmo tempo em que Tundy saiu fazendo cara feia, e pareceu muito encabulado.
– Remo, nos desculpe – disse Marcus – Esse elfo doméstico nos dá muito trabalho, às vezes. Eu realmente sinto...
– Não... tudo bem – disse Remo – Eu não me importo.
– Eu realmente sinto muito. Avise-me se isso acontecer novamente, OK?
– Tudo bem...
Tiago de repente lembrou-se do da matéria que saíra no Profeta Noturno na noite anterior.
– Papai, você viu a notícia que saiu ontem no jornal?
– Vi. Tragédia, não é? – disse Marcus – Mas vão encontrar o sujeito que fez isso. Ah, Tiago, seu tio Blake está aqui... chegou de manhã...
– Ah, não – disse Tiago, o tio era um chato que achava que ele era uma criança de cinco anos – E onde ele está?
– No banho. Já deve estar voltando. – disse Marcus.
Nesse exato momento, passos vieram da escada, e momento depois um homem baixo, careca, e com olhinhos miúdos entrou na sala de jantar.
– Ah, ‘lá, Tiago. – cumprimentou o tio, abraçando Tiago, que havia se levantado – Com’vão as coisas?
– Bem... eu acho. – respondeu Tiago.
– ‘Cê cresceu, rapaz. – disse o tio, que estava quase menor do que Tiago – ‘Qui a pouco me passa. Trouxe ‘ma coisa pr’cê. Ta lá em cima.
Blake levantou a varinha e falou: “Accio presente”. Ouviu-se um barulho no andar de cima, parecia que o presente estava voando até chegar nas mãos de Blake.
– Ai! – gritou Andrea, que estava descendo as escadas – Blake, essa coisa bateu em mim. O que é isso?
– ‘Sculpa, Andrea – disse Blake, sorrindo – Só um presente pro Tiago. Tiago, num’abra ‘qui, OK?
Andrea olhou desconfiada, enquanto Marcus apenas sorria.
– OK – respondeu Tiago – Remo, vamos subir.
Tiago e Remo subiram rapidamente até o quarto – que eles perceberam que um elfo doméstico já havia arrumado –, foram até a cama e observaram o presente ainda com embrulho. Era uma caixa em forma de paralelepípedo muito comprida. Tiago desembrulhou o pacote rapidamente, e sorriu feliz ao ver o que era o presente. Era uma Nimbus 1000, a mais nova vassoura da marca Nimbus.
– Uau! – exclamou Remo – E você ainda diz que esse seu tio é chato. Mas... não podemos ter vassouras no primeiro ano.
– Não precisam saber – disse Tiago, com um sorriso maroto.
– Tiago... você já vai começar o ano assim? – perguntou Remo, incrédulo – Contrabandeando vassouras?
– Bom, ninguém vai descobrir. – afirmou Tiago – Eu só vou voar de vez em quando... papai falou que tem uma floresta lá, um lugar ótimo para voar, em cima das árvores...
– Tiago... – advertiu Remo – Isso não é...
Mas nesse momento a porta do quarto se abriu, fazendo Tiago jogar a vassoura para baixo da cama imediatamente. E lá, parado, sorrindo, estava um garoto de cabelos negros e olhos igualmente negros. Sirius Black acabara de chegar.

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