cap7
Cap-7
Era de noite, haviam passado duas longas semanas, a lua minguante brilhava lá fora e ela andava pelo castelo com Remo fazendo a ronda da semana. O castelo estava praticamente silencioso e apenas se ouvia as vozes deles os dois que conversavam baixinho. Os fantasmas passavam por eles, atravessando-os quase sem os verem e um ou outro gato espreitava de trás de uma estatua. Viraram uma esquina, os professores dormiam nos seus quartos, não havia ninguém, apenas eles os dois. Viraram noutro corredor e no fim deste viram uma porta de uma sala de aulas aberta. O som das suas vozes deixou de ecoar rapidamente, enquanto eles se dirigiam em passos de lã para a sala. Desta, sons abafados ressoavam, ela sentiu que Remo lhe agarrava a mão.
-Lily, vamos, deve ser só mais um casalzinho.
-Mas por isso mesmo Remo, por ser mais um é que devemos interferir, eles não deviam estar aqui a estas horas.
-Sim mas…
Lily parou para olhar para ele.
-a não ser…tu sabes quem está ali?
Ele olhou para o chão e ela andou o mais rápido possível até à sala. Espreitou, pela porta aberta e estancou com a mão na boca. Um rapaz e uma rapariga estavam virados de costas para a porta. A rapariga de cabelo loiro sentada na secretaria enlaçava o rapaz de cabelos despenteados pela nuca, enquanto este lhe segurava a cintura com uma mão e a outra subia-lhe pelas pernas, por baixo da saia. Tentou desviar os olhos daquela cena, mas não conseguiu, apenas conseguia sentir nojo enquanto via a língua dele enrolar-se na dela, os lábios deles tocarem-se insistentemente e a rapariga soltar leves gemidos.
Sentiu que alguém lhe tocou no ombro e abriu a porta. Remo estava atrás de si, nada surpreendido. Ele abriu ainda mais a porta e fazendo barulho para que os dois os ouvissem. Separaram-se de repente, Tiago com a mão nos cabelos olhar preso em Lily e a rapariga com a mão na saia tentando arranja-la o melhor possível.
Um silêncio constrangedor caiu sobre a sala, ninguém falava…ela tentou desviar o olhar dele, dos cabelos que ele continuava a despentear, dos lábios inchados, dos olhos dele que tentavam incansavelmente encontrar os dela.
Sentia o estômago revirar-se, por um momento pensou que ia despejar o jantar. Sentia nojo daquilo, nojo dele, não percebia porquê mas…as entranhas dela reviravam-se quando ela revia a cena mentalmente. Tentou racionalizar o que se passara mas não conseguia…. Como conseguia ele usar todas aquelas raparigas e deita-las fora como se não fossem nada quando lhes apetecesse? Sentiu raiva e uma vontade louca de lhe dizer tudo o que pensava mas…porquê? Ela nunca se incomodara com isso, sempre soube que era importante na vida dele independentemente das raparigas com quem ele saia.
Mas agora…
Olhou finalmente para ele encarando-o.
-Remo será que poderias tratar disto? – perguntou-lhe a voz extremamente calma
-Tudo bem…
-Lily? – chamou-a mas ela ignorou-o
-Eu estou lá fora à espera
-Lily… - ele voltou a chamar mas ela ignorou-o e saiu.
Encostou-se à parede. O coração batia rápido, dentro da sala podia ouvir Remo a tirar 20 pontos de cada um e os passos dele a ecoarem no chão para fora da sala. Ele apertou-lhe o ombro.
-Estás bem?
Forçou um sorriso – claro!
Ele apareceu por trás dela e sentiu que o sorriso desaparecia, não conseguiu olha-lo agora que estava tão perto.
-Lily…
-Entao está tudo tratado? – Ninguém disse nada – óptimo! Boa noite Remo.
E despedindo-se do amigo, começou a andar rapidamente.
-Lily? Onde vais?
-Dar uma volta – respondeu.
Andou pelos corredores, os passos a ecoarem pelo chão de pedra, subiu um andar e entrou numa sala. Olhou o relógio, ela estava atrasada. Sentou-se numa das cadeiras e esperou. Passado algum tempo ela entra, cabelos pretos amarrados num rabo-de-cavalo e vestes pretas com o brasão da sonserina verde e prateado. Levantou-se, precisava mesmo de falar com alguém e ela era a pessoa indicada.
-Olá – tentou sorrir
-Que se passa?
Como conseguia ela conhece-la tão bem? De qualquer maneira já estava habituada, ela sempre a conhecera melhor do que ela própria, com o seu jeito misterioso sempre a fazia sentir melhor independentemente de tudo, não valia a pena engana-la, era pura perda de tempo. Mas sempre sentia necessidade de mentir…
-Nada
-Humm…nada…. – ela olhou-a com um sorriso no canto dos lábios.
-Já soube do Sirius – disse a ruiva mudando de assunto.
-É, eu supus que sim, és demasiado observadora para deixar escapar uma dessas.
-Já deu para ver que estás feliz…
Deitou os cabelos negros para trás – não mudes de assunto
-Mas eu não estou a mudar de assun…
Mas ela não pode concluir a frase. Rapidamente, Bellatrix pegou-lhe pelo pulso e ela sentiu-se girar rapidamente. Via algo que parecia vento passar-lhe a toda a velocidade arrepiando-lhe a nuca e despenteando-lhe os cabelos e depois sentiu-se cair no gelado chão de pedra.
Rapidamente Bella puxou-a para trás de uma estátua e instantes depois ela pode ver o seu próprio corpo e Remo conversando baixinho enquanto faziam a ronda. Os olhos arregalaram-se sem querer e um grito que foi abafado pela mão de Bella, escapou da sua boca.
-Como?
-shsss – pediu ela
Lily olhou-a zangada e a outra fez-lhe sinal para que se calasse. Saíram de trás da estatua e seguiram Remo e a outra Lily. Eles viraram num corredor e pararam, no fim deste encontrava-se uma porta aberta. Mais a frente viram a outra Lily avançar para a porta e abri-la.
Bella lançou um feitiço de camuflagem e as duas seguiram até à sala, Lily sabendo o que ia encontrar e quando lá chegou pode ver tudo de novo. A língua dele introduzir-se na boca da outra, enquanto lhe acariciava as pernas com avidez. E depois…Remo chegou e eles separaram-se, ela envergonhada e Tiago surpreso por Lily estar ali. Olhou para a parede não conseguia viver aquilo outra vez.
Bellatrix olhava aquilo como se tivesse descoberto a resposta para uma pergunta extremamente difícil e estava quase feliz por estar certa. Os olhos negros dela brilhavam incansavelmente enquanto olhavam Tiago olhar a outra Lily desajeitadamente e esta olhar o chão completamente concentrada. Um sorriso formou-se e ela segurou no pulso de Lily de repente e no minuto a seguir estava outra vez na sala de aula em que se encontrara com Bella.
Aborrecida por ter visto Tiago beijar a outra rapariga e confusa com o que se passara ela caminhou até uma secretaria com passos fundos e sentou-se.
-Explica-te! –exigiu
-Porque estás tão aborrecida Lily? – perguntou com um sorriso enquanto calmamente se sentava numa mesa.
A outra bufou cruzando os braços.
-Não desconverses Bellatrix.
-Ok – disse sentando-se na mesa – vou explicar-te tudo, mas depois não digas que não te avisei…vais ficar chocada! – e sorrindo misteriosamente começou a contar-lhe tudo o que se passara desde o principio das ferias.
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Lily disse a senha e o retrato do salão rolou para o lado deixando-a passar. A conversa com Bella ainda a latejar-lhe no cérebro e o medalhão a queimar-lhe por qualquer razão desconhecida no seu bolso.
Entrou na protecção da sua sala comunal e sentou-se na poltrona em frente à lareira, fechou os olhos tentando descansar e acabou por ver flashes de Tiago que a sua memória traiçoeira lhe mandava.
“ o que esta acontecendo comigo?”
“nada de mais, você apenas gosta do seu melhor amigo”
“não gosto nada, ele é só meu amigo…”
“então porquê aquela cena toda?”
“eu…eu…eu sou é muito ciumenta, não estou habituada a ver o Tiago com meninas é só isso”
“se queres acreditar nisso…”
Ela abriu os olhos terminando a conversa com o seu subconsciente e teve um susto ao deparar-se com o moreno sentado no sofá ao seu lado, passando as mãos pelos cabelos o que a irritou profundamente.
Ele olhou para ela, quando se apercebeu de que ela dera conta da sua presença e abriu um sorriso.
-Lily… - murmurou
Ela olhou para ele e levantou-se “o que me faltava agora era ter que falar com ele”, começou a subir as escadas quando sentiu que ele lhe segurou no braço. Ela afastou-se sem dizer uma palavra apenas olhando o maroto à sua frente.
-Lily eu queria explicar-me…
-Explicar o quê?
Ele calou-se.
-Não há nada para explicar. – continuou ela de forma fria e sem olhar para ele voltou costas e começou a subir as escadas.
-Desculpa
Ela virou-se e olhou-o. Os seus olhos pareciam tão sinceros, tão verdadeiros, ele estava verdadeiramente arrependido, mas arrependido do quê? Ele não lhe fizera nada ou fizera? Nem ele próprio sabia, sabia apenas que pedia desculpa porque não queria ficar chateado com ela.
Ela sorriu, desceu as escadas lentamente e abraçou-o. Ele envolveu-a nos seus braços, rodeando-lhe a cintura fina. “Bonequinha…” chamou e ela voltou a sorrir, o sorriso delicado…
Beijou-lhe a testa e puxou-a para se sentar no sofá, no seu colo enquanto viam os troncos arder na lareira.
-Então… estou perdoado?
-Do quê?
-Não sei, mas estou?
Abanou a cabeça em sinal positivo, “ quem resiste aos olhos marotos deste menino?” e juntos passaram metade da noite a conversar, esquecendo o que se tinha passado, os pensamentos que a cada um surgiu, relembrando as promessas que à uns anos os dois proferiram, ouvindo a chuva cair suavemente selando a amizade dos dois.
Nas escadas alguém olhava os dois, e os seus olhos encheram-se de lágrimas ao ver os dois sorrir, ao ver os dois juntarem as mãos, ao ver a cumplicidade e simplicidade daquela amizade. Levantou-se não iria ficar ali a magoar-se mais uma vez, não, iria subir e voltar a dormir.
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Levantou-se. Não sabia porque acordara, talvez fosse aquele pressentimento de que algo não estivesse bem que lhe perseguia há dias, ou simplesmente a insónia. Tirou o cabelo da face e apertou-o num coque mal feito, foi até à cama de Lily, esta suava. Tapou-a com o cobertor e passou a mão na testa da amiga, o seu sonho agitado não parava, o que a incomodava afinal? No pescoço desta viu um medalhão, tentou tocar-lhe mas uma voz lá no fundo disse para não o fazer e afastou-se com a mão a tremer. Abriu a porta e olhou em volta para o resto das amigas que dormiam silenciosamente, saiu. Apenas uma parecia compartilhar da insónia…
Desceu as escadas da torre feminina para o salão, estava tudo escuro e ninguém se encontrava lá a essa hora. Aproximou-se para se sentar numa poltrona quando uma voz a sobressaltou…
-Que fazes aqui?
Virou-se rapidamente, sobressaltada.
-Estou sem sono.
Ele saiu das sombras aproximando-se deixando que ela lhe visse os olhos azuis, rodeou a poltrona e sentou-se na beirada da janela mergulhando nas sombras.
Ela recostou a cabeça no braço da poltrona, o braço sempre enfaixado no seu colo. Olhou-o. Por tantos dias tivera vontade de tirar aquele pano que cobria o seu pulso, aquela marca, a sua marca, a marca de algo, de alguém…
O que significava aquilo tudo? Ela não sabia. Pesquisas e mais pesquisas foram feitas e nada foi encontrado, os dias foram passando, um mês… e até agora nada, nada! Nem uma simples linha falava daquele símbolo, do que ela tinha.
Deixou o cabelo negro cair pelas costas quando sentiu o frio que se instalara na sala e aproximou o robe do seu corpo. Na janela, ele não se mexia, não dizia nada. Parecia mesmo sozinho, apenas a lua e as sombras como companhia. Levantou-se, caminhou lentamente até ele, não querendo assusta-lo, parecia tão concentrado…
Mas quando chegou perto dele, já este virara a cara para a olhar, os olhos azuis perguntando o que queria.
Sentou-se do outro lado do parapeito, de frente para ele, que olhou para a noite novamente.
-O que fazes aqui? – perguntou meio a medo, mesmo os olhos esverdeados mostrando-se confiantes.
-Talvez o mesmo que tu.
Deixou de sorrir, porque é que ele tinha que falar sempre por enigmas? Não podia ser directo como os outros? E porque não conseguia simplesmente virar costas? Ela sabia a resposta: aqueles olhos azuis…aqueles olhos azuis que a atraíam tanto…que a perseguiam.
- e porque é que estou aqui? – disse cruzando os braços
Ele olhou para ela, inclinou a cabeça e sorriu levemente.
-Porque é que não consegues dormir?
-Porque… - baixou os olhos, não iria falar daquilo. O que é que ele tinha a ver com o que ela estava ou não a fazer ali? – não interessa.
-Tens estado tanto tempo na biblioteca… pensei que já tivesses encontrado o que procuravas. Não, parece que não. Não te preocupes tu vais encontrar…
Ela estreitou os olhos.
-O que é que tu sabes?
Silencio.
-Isso diz-me respeito sabias? Pensei que me quisesses ajudar.
-E quero – sorriu – mas vais ter que ser tu a encontrar.
-Encontrar o quê?
-As respostas. – levantou-se
O desespero invadiu-a, sentia-se perdida no meio de algo que não conhecia. Que respostas? Ela não sabia o que tinha que procurar, nem por onde começar.
-Ajuda-me – a sua voz saiu fraca e tremida, a respiração descompassada dizia o quanto ela estava nervosa.
Sentia o medo no ar, a vontade de saber o que se passava, o que fazer? Queria ajuda-la, queria mesmo. Abanou a cabeça, sabendo que se arrependeria do que ia fazer.
-Eu preciso de uma pista por onde começar, saber que sinal é este, o que sou?
-chsss, não fales aqui, não é seguro. Vamos! – e pegando na mão dela arrastou-a para fora do salão comunal, levando-a por passagens secretas, caminhos escuros e corredores sombrios até chegar a uma sala e mandar-lhe entrar.
A sala era vazia, completamente vazia. Por um momento pôs a hipótese de não se encontrar em Hogwarts, mas era impossível, sentia-se a magia no ar.
Olhou para o chão, um espelho negro e liso estendia-se, nunca vira mármore tão polido. No centro, um espelho liso e redondo estava no chão, nas bordas havia runas antigas e talhadas por alguém à mão. Olhou Remo, este olhava para ela tentando decifrar a sua reacção. Tentou perguntar-lhe o que tinha que fazer e ele apontou para o espelho.
-Ajoelha-te e olha para ele.
Ela olhou. Ajoelhou-se junto dele, colocou uma mão aqui outra ali e finalmente olhou o espelho brilhante. O que viu deixou-a sem fala, parecia tão inacreditável…
-Que espelho é este?
-O espelho da verdade – ele aproximou-se por trás dela e sussurrou-lhe – não querias saber o que eras? Então…
Ela engoliu em seco, custava-lhe a acreditar. Endireitou as costas e levantou a cabeça, tinha que se mostrar forte. Olhou uma vez mais o espelho. O corpo esbelto, o cabelo negro mais comprido, os olhos muito brilhantes mas ao mesmo tempo tão…vazios! E aquele vestido vermelho, vermelho-sangue. No pulso uma lua crescente fora marcada por cima do sinal da cruz e a feição dela? O seu sorriso era cruel, os seus olhos malévolos, o que era ela? O quê?
-Não percebo…explica-me!
-Não posso – e dessa vez ele parecia tão arrependido, como se quisesse mesmo ajudar mas houvesse alguma coisa que o impedia.
-Não podes? E se eu tirar isto – disse apontando para o pano que lhe cobria o pulso – han? E se eu tirar, continuas sem poder? Eu preciso de saber Remo, conta-me!
-Não posso e tu prometeste-me que não tirarias isso.
-não quero saber
O pano foi arrancado facilmente do seu pulso, o símbolo facilmente visionado por ela e então sem poder fazer nada, ele viu-a cair no chão desmaiada.
“ onde estava? Aquele caminho outra vez? Escuridão, dor, magoa, tristeza, sangue… parecia um caminho doloroso, doloroso de mais. Era isso que a esperava?
Viu-se novamente naquela sala, a mulher e o homem à sua frente, o sorriso maldoso brincando-lhes nos lábios e aqueles lábios tão vermelhos…era sangue que lhe escorria dos lábios rosa, sangue!
Por um motivo que ela não percebeu aquilo não a incomodou, parecia até…normal. O sangue a escorrer da sua boca, as mãos tensas e a presa inconsciente à sua frente, dobrada num ângulo esquisito, a jugular perfurada por presas…dela e o símbolo da cruz queimando-lhe no pulso.
A voz gelada de Luna…
-Vem…és a filha das trevas, fica comigo. Saboreia o sangue que te escorre dos lábios, a tua primeira presa, o teu primeiro assassinato. – ela estendeu-lhe a mão. – Senta-te ao nosso lado, um dia governaras este mundo do subsolo, um dia serás a rainha dos dois mundos…um dia, tu governarás, vem!
Deu um passo em frente mas sentiu alguém puxar-lhe a manga do vestido. Remo. Largou a pessoa que matara no chão e olhou-o. Dentro da sua cabeça parecia haver duas forças em conflito, duas vozes…
A voz de Remo ouviu-se gelada.
-Boa noite Luna
-Boa noite, Filho da escuridão, comemora a vinda dela a este mundo de trevas, senta-te connosco.
Sem responder a Luna, pegou Ana pela manga do vestido vermelho e começou a arrasta-la para fora daquele salão que parecia apenas transmitir dor e maldade enquanto a voz da mulher elegantemente sentada se fazia ouvir, rapidamente todas as portas do salão se fecharam.
-Luna, Luna… não é assim que nos vais conseguir prender. Vamos embora Ana.
-Já lhe contaste Remo? – disse fazendo-o parar – quem ela é. Já lhe contaste?
-Não há nada para contar – retrucou de dentes serrados. – fecha os olhos Ana…
-Remo do que é que ela está a falar? Eu não quero ir, eu quero ficar aqui. – e livrando-se do braço de Remo dirigiu-se até ao meio do salão.
Remo correu até ela, o olhar preso no sorriso de Luna e puxou-a pelo braço fazendo-a ficar virada para ele.
-Nós vamos embora agora Ana, por favor não complique as coisas.
-Hahahaha, Remo, Remo é uma batalha perdida deixe-a ficar, o lugar dela é aqui!
Estendeu-lhe a mão no que Ana esticou o braço para a agarrar.
-NÃO!
Remo interpôs-se no meio das duas. Um olhar de suplica para Ana, para que não aceitasse a mão de Luna.
-Não Ana, por favor, vamos embora.
-mas…
-Não à mas…feche os olhos pense no Tiago, em Lily, na Alice, estão todos à sua espera.
Ela fechou os olhos…Tiago… Lily …. todos eles estariam lá, mas estava ali tão bem…sentia que ali era a sua casa, estava ali tão bem…mas…
Um monte de dúvidas cercou-a de repente. O que fazer?
Sentiu que Remo lhe pegou na mão e lhe sussurrou ao ouvido para tentar sair dali, ela sorriu, iria embora afinal eles estavam todos à sua espera!
Ouvia a voz de Luna também, como uma musica de fundo, algo que não podia desaparecer, que permanecia na sua mente mesmo sem ela querer.
Sorriu.
Ela conseguiria sair dali porque estavam todos à espera dela, e Remo estava ali também a ajuda-la. Abriu os olhos, remo estava a seu lado, a mão por cima da sua, os olhos azuis mostrando preocupação. Quando se apercebeu que ela tinha acordado, largou-a de repente e sentou-se na varanda, olhar fixo no céu estrelado sem nuvens.
-Já tens as tuas respostas? Estás satisfeita?
Ana levantou-se de vagar e sentou-se ao lado de Remo, tocou-lhe no ombro mas ele afastou-se e virou-se para o outro lado, quando captou um pequeno olhar percebeu que ele estava magoado e sem saber porquê sentiu necessidade de…
-Desculpa
-Podia ter acontecido uma tragédia Ana! Será que não tens noção disso?
-Desculpa não foi por mal.
Ele suspirou fundo e deitou-se com os braços atrás da cabeça.
-Descobriste?
-Eu não tenho a certeza…mas acho que…mas não é possível…
-Ana tu és um vampiro, a filha das trevas, a princesa da escuridão, és a vampira escolhida para… - a sua voz perdeu-se
-Para…
-és muito mais do que um simples vampiro, tu serás a rainha deles um dia… tu foste a escolhida para destruir os quatro guardioes.
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Acordou a suar, uma lágrima no canto do olho. Levantou-se e trancou-se na casa de banho, onde no lavatório despejou o jantar do dia anterior. Olhou-se ao espelho, estava tão perto, tão perto de perceber o que era e qual o seu papel, tão perto de perceber porque é que Voldemort andava atrás de si.
Tirou o amuleto do bolso “the four tears “ tinha-lhe chamado a rapariga de cabelos negros e olhos verdes, que se chamava Victória.
“The Four Tears”, por ter quatro lágrimas, uma azul, verde, vermelha, amarela. Ainda não percebia o que era aquilo, mas sabia estar tão perto.
Tinha-se passado duas semana, duas longas semanas de aulas e sonhos cada vez mais confusos. Desde a conversa que tivera com Bella que percebera que ela era uma das guardiãs mas tinha-lhe faltado coragem para contar o que quer que fosse. Desde então, a lágrima azul não parava de brilhar.
Quando saiu da casa de banho, já Alice tinha vestido o uniforme de Hogwarts e preparava-se para sair.
-Bom dia! – desejou com um sorriso
-Bom dia, a Ana?
-não sei Lily, já deve ter saído, vamos?
Juntas desceram para tomar o pequeno-almoço e encontraram Ana sentada ao lado de Remo, a comer uma torrada enquanto olhava para a porta do salão. Sirius estava ao lado de Remo comendo e falando sobre alguma coisa. As duas meninas sentaram-se ao lado deles e começaram a tomar o pequeno-almoço conversando sobre as primeiras aulas, quando Tiago chegou e se sentou ao lado de Lily.
-Bom dia
-Bom dia – responderam
-Eu vou indo, ainda tenho que ir à torre da Grifinória porque me esqueci de um livro. – disse Ana
-Eu também vou, preciso de ir lá porque me esqueci de uma carta que tenho que enviar.
Juntos Ana e Remo levantaram-se e saíram do salão principal. Nesse instante Lily vê a uma rapariga loira aproximar-se da mesa e pedir para falar com Tiago. Lily estreitou os olhos, sem ninguém ver e olhou para o lado como se não tivesse acontecido nada. Tiago despediu-se e levantou-se para falar com a menina que muito sorridente o seguiu para fora do salão.
John Colt sentou-se ao seu lado nesse momento e sorriu-lhe.
-Olá
-Bom dia Lily. Será que podia falar contigo um momento? – ela olhou para ele sem perceber – é que eu tenho uma duvida em Transfiguração – explicou
-Claro, vamos lá então. Vemo-nos na aula Alice, xau Sirius.
-Até – disse o moreno sem mal a ouvir.
Os dois seguiram até um corredor perto da sala de Historia de Magia que teriam a seguir. Ele fê-la parar e ela encostou-se na parede à espera que ele falasse, o coração batendo rápido, rápido de mais. Olhou para ele, mas ele olhava para ela e ela abaixou a cabeça corando.
-Porque é que paramos aqui?
-Porque …eu não queria tirar duvida nenhuma, queria apenas perguntar-te uma coisa.
-E o que é? – perguntou olhando para ele timidamente.
-Aquele passeio ainda está de pé?
Ela abriu um sorriso e sentiu o coração bater-lhe ainda mais rápido.
-Claro
-Pode ser hoje depois das aulas?
Ela abanou a cabeça afirmativamente e desencostou-se da parede feliz. Iria ter um encontro com um rapaz lindo, simpático, atencioso e que muito provavelmente sentia que estava a começar a gostar dele.
Disse-lhe que ia para as aulas e ia-se despedir dele quando ele vira a cara de repente e ela sentiu os lábios dele tocarem os seus, os braços dele rodearem-na pela cintura enquanto fechava os olhos e punha uma mão no pescoço dele puxando-o para si. Ele tocou-lhe a face com uma das mãos de vagar e ela entreabriu os lábios dando passagem para que a língua dele percorresse os cantos da sua boca. Os perfumes dos dois misturaram-se, ela soltou um pequeno suspiro e por um momento pensou que ia cair, as pernas tremeram-lhe e nem sequer pensou em abrir os olhos porque achava que ia ver tudo à roda. Ele segurou-a melhor e eles separaram-se, respirando.
-Desculpa – ele disse mesmo que um sorriso lhe brincasse nos lábios, embora imperceptível.
-Estás arrependido? – ela perguntou sentindo de repente o coração cair-lhe, deixar de bater.
-Não mas…
-Então… - ela nem lhe deu tempo para dizer mais nada, segurando-o pelo pescoço puxou-o para outro beijo carinhoso.
O sino tocou nesse momento fazendo com que todos começassem a entrar e Sirius, Remo e Tiago que vinham a conversar alegremente pararam ao ver os dois. Ela encostada na parede e ele com uma mão na cintura dela.
Sirius riu-se da cara de Tiago e deu-lhe várias palmadinhas nas costas enquanto ele olhava para Sirius com uma sobrancelha levantada e Remo fazendo os possíveis para não se rir da cara do amigo entrou na sala junto com Sirius.
-Que se passa Tiago? – perguntou Ana que vinha com Alice logo atrás, mas ele não lhe respondeu.
Ao ver os dois ela sorri – estava a ver que não! – disse e entrou na sala.
Tiago ainda estupefacto deixou-se encostar na parede enquanto muito pálido a via sorrir para ele e dar-lhe um outro beijo, despedindo-se. Virou-se e viu-o olhar para eles. Mordeu o lábio inferior. O que é que ele tinha? Decidida andou até ele e sorriu-lhe mas ele virou-lhe costas e entrou na sala. Quando ela entrou já todos estavam sentados embora a professora ainda não estivesse na sala. Apercebeu-se que o único lugar livre era ao lado de Tiago, sentou-se.
Ele nem olhou para ela, limitou-se a conversar com Sirius sobre a próxima que os dois iam aprontar.
Ela encostou-se na cadeira ouvindo a professora e directora de sua casa, explicar a matéria. Um papel foi lançado e caiu sobre a carteira, Tiago olhou para o papel, levantou uma sobrancelha e voltou a conversar com Sirius.
Lily apanhou-o e leu-o.
“As coisas com o Colt são serias?
Ana e Alice”
Ela virou-o e respondeu
“Falamos lá fora.
Lily”
Com um suspiro voltou a encostar-se na cadeira, porque é que Tiago não olhava para ela?
-Tiago… o que é que se passa? – disse mudando de assunto
-Nada Sirius
-Vai falar com ela.
-Não tenho nada para lhe dizer.
-Então porque estás com essa cara? A rapariga não fez nada!
-Humph
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O sino tocou finalmente para o final das aulas, o dia tinha sido cansativo mas ainda não acabara. Sorriu ao pensar no encontro que teria com John dali a meia hora. Alguém passou e lhe deu um encontrou, ela virou-se e olhou Tiago sair com Sirius da sala. Passara o resto da manha e a tarde toda a tentar perceber Tiago mas realmente não percebia. Ficara as aulas todas ao lado dele mas ele nem lhe dirigiu a palavra. Caminhou com as amigas, Remo e Peter para o salão para comer qualquer coisa, mas quando se dirigia para lá, na entrada viu Tiago e a rapariga loira agarrados um ao outro, os lábios colados, a mão dela no peito dele, ele beijando-a sem delicadeza nenhuma, parecia que se iam engolir ali.
Andando mais depressa e deixando os outros para trás ela passa pelos dois dando um encontrão em Tiago e cinicamente dizendo.
-Desculpa
Tiago olhou para ela, passou a mão pelos cabelos e encolheu os ombros para Remo quando este passou e olhou para ele.
Beijou a rapariga à sua frente fazendo o possível para que a raiva se fosse.
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Ela andava pelo corredor a caminho para a biblioteca, Remo e Ana já lá estavam, ela fora apenas buscar uns livros ao dormitório. Lily tinha ido encontrar-se com John, Sirius estava por aí aprontando alguma coisa ou estava com alguma menina e Peter estava na cozinha entretido a comer.
Ela parou de andar, os passos que antes ecoavam sozinhos no corredor, ecoavam agora com alguém. Virou-se para trás e lá estava ele, os olhos escuros brilhando ao passear pelo corpo dela. Metia-lhe nojo a forma como ele a olhava, a forma como ele falava com ela. Virou-se para a frente novamente, não queria falar com ele, começou a andar o mais rapidamente possível mas ele apanhou-a pelo braço e fê-la virar-se para ele.
-Olá
Ela não respondeu.
-Querida Alice…
-Whist!
-Sim sim – disse meneando a cabeça displicentemente.
-O que queres Longbottom? – disse tentando soltar-se do braço dele.
-Nada de mais – sorriu, um sorriso doce, falso. Encostou-a contra a parede e agarrou-lhe o pulso com força – apenas um pouco de diversão.
Ela arregalou os olhos, e tentou soltar-se ao mesmo tempo que falava cada vez mais alto para que quem passasse a pudesse ouvir.
-Larga-me, estás a aleijar-me.
-Desculpa – e apertou um pouco mais
-Eu pedi para me largares Longbottom – os olhos meigos de sempre transformaram-se em duas pedras de gelo.
-O que te incomoda tanto Alice? Será que não percebes? Mais tempo, menos tempo…
-Larga-a Longbottom
O rapaz girou lentamente a cabeça e encarou os olhos azuis esverdeados de Miguel, a varinha apontada às costas dele.
-Porque deveria? – perguntou com um sorriso trocista.
-Porque eu mandei e sou Monitor e antes que eu desconte pontos de sua casa , era preferível que largasse a senhorita Whist.
O rapaz largou-a e olhou desafiadoramente para Miguel, levantou as mãos.
-Pode baixar a varinha, não vou fazer nada. – e virando-se para Alice – aproveita agora querida Alice, porque depois… – soltou uma gargalhada e virando costas desapareceu no corredor.
Miguel olhou para ela.
-Estás bem?
-Sim…vou ficar.
-Ele aleijou-te?
-Não... obrigada
Ele sorriu – não tens que agradecer. – e sentiu o seu corpo arrepiar-se – adeus, cuida-te.
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Eram exactamente 9:00 horas e faltava uma hora para que os corredores de Hogwarts estivessem interditos a alunos. O sol já se tinha praticamente posto e Lily Evans caminhava pelos corredores de mãos dadas com John Colt com um sorriso maravilhoso à muito não visto no seu rosto.
Ele disse a senha e o quadro rolou para o lado, os dois entraram para a sala comunal. Despediram-se com um beijo e um “Boa Noite” e Lily caminhou para as poltronas do salão comunal sentindo os olhos de todos os seus amigos presos em si, enquanto John subia para o dormitório do 6º ano.
Sentou-se no sofá ao lado de Ana.
-Olá, de que é que estavam a falar? – perguntou sorrindo
Depois da surpresa inicial, os amigos recompuseram-se e foi Remo quem respondeu.
-Quadribol.
Nesse instante Tiago levantou-se resmungando qualquer coisa baixinho e subindo as escadas para o dormitório.
-O que é que se passa com ele? – perguntou quando ele tinha já desaparecido, o sorriso desaparecendo.
Um silêncio incómodo instalou-se no salão e ficaram todos calados. Será que era assim tão óbvio? Então porque é que ela não via? Gostaria de perceber o que se passava com o melhor amigo, embora sentisse muita raiva por ele sem saber exactamente porquê, ainda queria ajuda-lo.
-Ele tem ciúmes – disse Peter muito despreocupadamente
-Peter! – Repreendeu Sirius
O pequeno rapaz de cabelos castanhos-claros e olhos pequenos encolheu os ombros e desapareceu outra vez atrás dos deveres de Feitiços.
Ana levantou-se e disse que ia subir para o quarto e Remo olhou para Lily com os olhos azuis simpáticos.
-Talvez devesses ir falar com ele – sugeriu
-Talvez…
Rabiscou qualquer coisa num bocado de pergaminho que tinha arrancado de Pedro, fez um gesto com a varinha selando-o e entregou-o a Alice com os olhos fixos num ponto qualquer na lareira.
-Será que poderias entregar isto à Ana? - Ela afirmou com a cabeça e ele sorriu levantando-se e indo sentar-se numa mesa para acabar uns deveres quais queres.
Alice levantou-se e subiu para o dormitório perguntando primeiro se Lily ia, no que ela respondeu que não. Pedro juntou-se a Remo e Lily ficou sozinha ao pé da lareira com Sirius. Talvez ele pudesse ajuda-la…
-Sirius, tu sabes o que é que o Tiago tem?
Ele olhou para ela de repente, estivera desatento a noite toda a pensar em Bella. Aquela pergunta no entanto trouxera-o à realidade. Sabia muito bem o que Tiago tinha, sabia também que o amigo não queria admitir. Nem Lily, nem Tiago e os dois ainda sofreriam muito com isso, mas também não seria ele que interferiria naquilo, eles iriam abrir os olhos mais cedo ou mais tarde.
-Sim – disse deitando os cabelos negros para trás
-E…?
-Porque não vais falar com ele Lily? Tenho a certeza que vocês conseguem resolver as coisas – sorriu
-Sim.- sorriu – vais ter com a Bella?
-Daqui a pouco – e o sorriso aumentou gradativamente dando a Sirius uma expressão que Lily não estava costumada a ver na cara dele.
Sorrindo ela levantou-se.
-Diz-lhe que temos muito que falar e manda-lhe os comprimentos sim? – beijou-lhe a bochecha e começou a subir as escadas.
-Onde vais?
-Falar com Tiago, posso?
-Claro! Boa sorte
Ela continuou a subir as escadas. “Bem vou precisar…”, pensou.
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