cap.8



Ouviu baterem à porta, quem seria? Os seus amigos não precisavam de bater afinal de contas o quarto também era deles. Vestiu a camisola do pijama.

-Entre.

A porta abriu-se, preferia ter ficado calado a fingir que dormia. Ela entrou no quarto.

-Posso entrar?

-Já entraste – porque é que tinha que ser assim?

Ela mergulhou mais fundo nas sombras do quarto, a lua apenas iluminando-a. Virou-se de costas não querendo olhar para ela, afinal o que o incomodava? Sentia um fogo escaldante atingi-lo quando a via com ele, dava-lhe vontade de pegar nela e fugir para longe onde ninguém os pudesse encontrar. O sorriso dela era tão perfeito quando estava com o outro. Porque é que ela não tinha o mesmo sorriso quando estava com ele? Ou será que tinha e ele nunca reparara?
Não tinha coragem de olhar para ela. Como é que um ciúme de amigos pode aumentar desta maneira para tamanho sentimento de possessão? Quando fora a primeira vez que sentira pela amiga aquilo? Queria-a para ele, queria que ela estivesse sempre ao seu lado, queria abraça-la até não ter mais forças. Sentar-se e ficar a olha-la dormir, passar noites a conversar…e aquele Colt, o que é que ele era para ela? Que direito é que ele tinha de chegar de repente na vida dela e tira-la dele? Ele tinha a resposta… NENHUM, não tinha nenhum direito, ela era apenas dele.

- O que queres aqui? – No entanto aquela voz fria saía sem querer.

-Eu queria falar contigo…

- O quê?

Ela correu para ele e ele sentiu que ela o abraçou pelas costas, não se mexeu. Não se virou e não a abraçou de volta, ficou quieto as mãos junto ao corpo quando o que mais queria era passar as mãos pelos cabelos ruivos dela.

-Porque é que me estás a tratar assim? O que foi que fiz? Diz-me! Não quero estar zangada contigo, isso magoa…

Ele virou-se sem lhe tocar, olhando-a nos olhos verde escuros e brilhantes. Magoava-a, sabia disso, tinha noção disso e no fundo ele viu um sorriso dentro de si, o gosto de algo amargo mas que ele gostava…vê-la ali a pedir a amizade dele.
Passou um braço pela cintura fina dela e deixou-o lá ficar, o outro pousou-o no queixo dela.

-Ontem à noite estava tudo bem Tiago, e agora nem olhas para a minha cara.

-Ontem à noite tu não andavas aos beijos com um rapaz qualquer – as palavras começaram a sair sem controlo, a raiva acumulada começou a ser descarregada em cima da rapariga.

Ela estreitou os olhos, olhando-o com os olhos verdes felinos que ele sabia que ela só usava quando estava a começar a enfurecer-se.

-Porque é que isso te incomoda tanto? Não andas com aquela loira para cima e para baixo? Aos beijos com ela, quase a engoli-la?

Ele apertou-a mais contra si. Era diferente, de alguma forma era diferente. Ele não gostava das raparigas com quem andava, eram apenas raparigas e elas sabiam disso… pelo menos a maioria.

Ele riu-se e arrepiou os cabelos.

-Gostas dele?

-O quê?

-Perguntei-te se gostavas dele.

-Eu perguntei primeiro

- E eu depois.

Lily cruzou os braços aborrecida. Não respondeu.

-Ele beija bem é isso Lillian? O que é que vês nele? Ele dá-te o quê que eu não dou? – ela arregalou os olhos e ele prensou-a contra a parede com força, as suas mãos na fina cintura dela. Os corpos tão juntos, a respiração acelerada, os lábios praticamente juntos.

-Tiago, porquê? Nós somos amigos. – Sussurrou-lhe ao ouvido.

Ele calou-a precionando os seus lábios nos dela, sentindo o gosto de morangos, um gosto doce. Os lábios tocavam-se suavemente, mexiam-se de forma sincronizada, foi escasso o momento que assim ficaram, unidos pelos lábios, pelo sentimento que sentiam um pelo outro e que mesmo agora não queriam admitir. A razão parecia ter fugido com o vento que balançava já para longe, onde tinha ficado a culpa? E a amizade deles, como ficaria?
Tiago segurou-a melhor nos seus braços e lentamente desfez o contacto, ela abriu os olhos. O que tinha acabado de acontecer nem ele mesmo podia explicar, queria aquilo há tanto tempo…afagou-lhe os cabelos ruivos.

-Eu queria tanto isto bonequinha, à tanto tempo…

-Nós não devíamos, nós não podemos Tiago. – a razão ouvindo-se mais alto

Ele prensou-a na parede com mais força.

-Porquê? O que nos impede?

-O John, nós andamos e eu gosto dele – baixou a cabeça.

Ele riu-se alto, deitando a cabeça para trás.

-Não, não gostas Lily.

-Gosto sim.

-Então o que estás aqui a fazer? Vieste apenas para me atirar isso à cara? – riu-se – não, não, não Lillian Evans queria apenas divertir-se comigo não é verdade?

Largou-a, as palavras tinham saído sem querer, a raiva tinha chegado levemente e por um momento dominara-o, agora a única sensação que tinha era a dor. Sentou-se na cama, ela estava tão quieta, os olhos arregalados de espanto, horror. Porque tinha que ter sido tão precipitado? Porque tinha que ter sido tão mal-educado, não podia ter-se deixado controlar pela raiva. Ele viu-a desencostar-se da parede em silêncio e sair do quarto batendo a porta sem dizer uma única palavra.
Ele desferiu um murro na parede à sua frente e tremendo de raiva de si mesmo, deitou-se.


***

Bateu a porta do quarto dele e desceu as escadas descontroladamente. Os sentimentos à flor da pele não a deixavam pensar claramente apenas com rapidez, o que se passara ali? Como é que ele tinha podido dizer tamanha barbaridade e…como pode tê-la beijado? Ele não tinha esse direito, e John? Como ficava John no meio daquilo? Não poderia ignorar o beijo que trocara com a pessoa que sempre fora o seu melhor amigo, mas também não pensava naquilo agora. Tudo o que lhe vinha à cabeça era as palavras frias que ele nunca lhe tinha dirigido.

Passou pelo salão comunal sem ver nada porque tudo lhe passava ao lado como se não existisse, como se fosse invisível. Queria estar com John, talvez ele a pudesse ajudar mas não queria complicar a sua cabeça mais do que ela já estava.

-Lily!

Parou, quem é que a chamava? Sirius tinha-se levantado e andado até ela, preocupado com as lágrimas que nunca tinha visto cair do rosto da amiga e que ela nem se apercebera que chorava.

-Tu está bem? – segurou-a pelos ombros – o que aconteceu lá em cima?

Ela deixou-se encostar à parede, fechou os olhos cansada e voltou a abri-los. Precisava tanto que alguém a ajudasse a perceber o que se tinha passado, sentia-se tão frustrada, com raiva.
Sirius puxou-a sem se aperceber, para se sentarem numa poltrona mais afastada dos olhos de Peter e Remo e fê-la sentar-se.

-Entao Lily? Queres contar o que se passou?

-Ele foi tão estúpido Sirius, tão parvo, tão…tão…ele foi … - o seu corpo começou a tremer incontrolavelmente.

Ele passou-lhe uma mão pelos ombros transmitindo conforto.

-Tem calma…

-Ele disse que eu só me queria divertir com ele, que não gostava dele. Quem é que ele pensa que é? Eu não fiz nada, ontem estava tudo tão bem e agora eu tenho tanta raiva dele.

-Ele não tinha intenção, eu conheço o Tiago, ele disse aquilo porque saiu e está com ciúmes de te ver com o John, afinal de contas ele é teu amigo à tanto tempo essas coisas são naturais que aconteçam.

-sim, mas ele não tinha o direito de dizer o que disse…

-Tem calma…

-Não! Não Sirius! Eu não tenho culpa disso, ele que se controle como eu me controlo quando o vejo com alguma menina e ele que nunca mais me dirija a palavra.

Aos poucos ela foi-se acalmando e conseguiu por fim deixar de chorar, desejou boa noite, disse-lhe obrigado e subiu para o quarto. Sirius olhou a lareira por um momento e entao levantou-se, subiu as escadas e entrou no quarto. Tiago estava deitado de costas na cama a olhar para o tecto, Sirius sentou-se na cama em frente.

-Como estás?

-Não quero falar sobre isso.

-Então Tiago? Eu nunca te vi assim por causa de ninguém.

-É, a Lily, não é alguém qualquer Sirius.

-O que é que aconteceu afinal? Ela estava tão…

- Como? Como é que ela estava? – disse olhando para ele de repente

-Estava inconsolável. Afinal de contas, o que aconteceu?

Tiago suspirou.

-Beijei-a – e no quarto uma risada fria foi ouvida – e ela disse-me que gostava do outro – sentou-se na cama – tens noção de que ela mentiu? Não consegui olhar para a cara dela, não me controlei e disse-lhe umas coisas de que depois me arrependi – sorriu secamente - e agora estraguei tudo, agora nem a amizade dela tenho.

-Tu gostas dela Tiago?

-Claro, é como se fosse minha irmã – sorriu

Das sombras alguém se riu e depois aproximou-se do centro do quarto.

-O que o Sirius queria saber era se realmente gostavas da Lily, se ela era especial ou se sentias por ela o que sentias pelas outras. É que se não gostares dela, não me parece que tenha valido a pena estragar uma amizade e magoares alguém que realmente gosta de ti.

-Eu gosto muito dela, sinto uma coisa muito forte por ela que hoje foi impossível de controlar mas ainda não sei o quê, e ela não gosta de mim Remo – disse com desdém.

Remo abanou a cabeça.

-Duvido! E se fosse a ti começava a tentar descobrir que sentimento é esse, antes que a percas, não para o John mas…devias procura-la, um dia pode ser tarde. Isto se realmente gostares dela.

Aquelas palavras ecoaram na sua cabeça e lentamente foram entrando e esconderam-se num canto, martirizaram-no e fazendo-o pensar. Remo saiu do quarto e desceu para o salão Comunal com o sorriso misterioso de sempre no canto dos lábios.

-Tiago, tu estás bem?

-Sim, estou óptimo Sirius. Será que me poderias deixar um bocado?

-Claro eu vou lá para baixo.

Sirius desceu as escadas ainda meio preocupado com o amigo e encontrou Remo sentado no sofá e Peter ainda sentado na mesa a fazer uns trabalhos quais queres.
Dirigiu-se ao Buraco do retrato, disse a senha e ele abriu.

-Vou sair, não esperem por mim – disse

Remo acenou com a cabeça.

Andou pelo corredor e começou a descer para os calabouços do castelo, mais ao menos a meio do caminho entre a sala comunal da Grifinoria e da Sonserina ele parou e ficou de frente para uma parede, disse umas palavras e a parede abriu-se para um corredor feito de pedra, iluminada por archotes. Ele andou até ir dar a uma sala com um chão de vidro, decorada em tons de azul e com um sofá preto encostado à janela e vários pufs espalhados.

Ela já lá estava, deitada no sofá preto encostado à janela a ver as estrelas brilharem para ela, respondendo-lhe às perguntas que lhes fazia inconscientemente e que elas respondiam com sussurros juntamente com o vento que assobiava por uma fresta na janela.

Ele sentou-se ao seu lado e abraçou-a pela cintura, encaracolou os cabelos negros dela e viu-a descair a cabeça para o lado encostando ao ombro dele, ainda observando o céu escuro da noite.

Beijou-lhe o pescoço e os lábios querendo chamar a atenção dela que se virou para ele sorrindo. Como ela ficava linda com aquele sorriso, sem ter que esconder aquilo que sentia, aquilo que pensava, era sempre assim quando estava com ele, pura e sincera, verdadeira até ao último fio de cabelo.

-Boa noite – ele sorriu-lhe – estás aqui à muito tempo?

-Não, cheguei agora.

Beijou-lhe os lábios quentes – passou-se alguma coisa Bella?

-Não, porque se teria passado?

-Porque eu sei que estás a esconder-me alguma coisa.

Ela enterrou a cabeça no peito dele e olhou de novo as estrelas. Começou a desapertar lentamente a camisa até deixar os seus ombros à mostra.

-Talvez tu devesses ver…

-Não sabia que tinhas feito uma tatuagem… é linda. – sorriu

-Mas eu não fiz – abanou a cabeça

-Entao como é que a tens? – perguntou confuso

-Não sei, um dia acordei, olhei-me no espelho e tinha-a.

-Não te preocupes, não deve ser nada – disse mesmo que no fundo ele próprio estivesse intrigado.

-É uma tatuagem magica Sirius

A pequena borboleta azul escura com detalhes azuis-claros, abanou as asas e voou para o seu pescoço.

-É linda, vais ver que foi alguma menina que ta fez enquanto dormias para te pregar uma partida.

-Humm, não sei.

-Não penses nisso – sussurrou-lhe com os lábios colados aos dela. – estou a começar a sentir ciúmes da lua – disse ao vê-la olhar a lua mais uma vez.

Ela riu baixinho, fazendo cócegas no pescoço dele.

-Bobo – e pegando-lhe no queixo beijou-lhe os lábios quentes, sentindo os braços dele à volta do seu corpo, transmitindo-lhe segurança fazendo-a sentir-se bem e quente. Ela deitou-se no sofá e ele olhou para ela contemplando-a, vendo nos seus olhos o reflexo magnífico das estrelas.
Mergulhou no sofá, por cima do corpo dela, capturando os seus lábios, procurando calor e conforto, o sorriso por que esperava todas as noites, como recompensa pelos olhares e palavras frias que um dirigia ao outro durante o dia. Mergulhou nos cabelos negros e acobreados dela tentando permanecer para sempre com o seu perfume na sua roupa, tentando, quando saísse dali naquela noite, relembrar todos os traços dela.
A noite foi passando entre carícias e beijos, momentos em que apenas contemplavam o luar, outros em que permaneciam com os olhos colados um no outro.

Bella encostou a cabeça no peito dele cansada, no entanto um sorriso brincava-lhe nos lábios e olhando dentro dos olhos negros deixou-se entregar ao mundo dos sonhos.


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“ O momento certo não chega, tento encontra-lo, agarra-lo, mas ele foge-me por entre as mãos. Tento esquecer e continuar, tento viver e voltar a sorrir. Olho-me ao espelho e ele sorri para mim, a imagem tão perfeita desvanecesse ao se aperceber na mentira que é aquilo que vivo. Talvez ele acredite na minha felicidade, eu já não acredito nela. Porque anseio por aquele sorriso, anseio pelo seu carinho que nunca me é dirigido, anseio pelo olhar, anseio pelo momento em que ele me vai ver realmente.
O caminho da felicidade é sempre o mais difícil, pergunto-me se não seria muito mais fácil desistir e deixar-me cair naquele poço de escuridão…”

Fechou o caderno e guardou-o na gaveta, Alice entrou no quarto e dirigiu-se à cama dela.

-Está tudo bem Ana? Vieste tão cedo para cima.

-Não te preocupes, estava apenas com sono.

A outra sorriu e estendeu-lhe a mão com um pedaço de pergaminho.

-O Remo pediu para te entregar.

Ana pegou nele e Alice levantou-se desejando boa noite e indo-se deitar. Ela abriu o pergaminho perguntando-se o que Remo quereria com ela.

“A lua brilha eternamente, independentemente de querermos ou não. Há coisas que não escolhemos e que apenas acontecem porque estão destinadas a serem assim, há coisas que estão para lá dos nossos quereres e que acontecem e temos apenas que nos conformar com elas.
O salão comunal está deserto, talvez precises de alguém para conversar”


Talvez ele em duas semanas, começasse a conhece-la melhor do que qualquer outra pessoa em meses, afinal de contas escondia aquilo há tanto tempo…
Ficou bastante tempo a olhar para o papel, indecisa entre ir ou não, Lillian entrara no quarto e trancou-se na casa de banho, depois saiu e deitou-se. Não tinha certeza se ela estava a dormir ou não, mas já se tinha decidido. com um suspiro levantou-se da cama e desceu as escadas até ao salão comunal.
Ele estava lá sentado na poltrona a ver os troncos arder e olhou para ela mal se aproximou. Ela sentou-se ao seu lado, não sabia como começar aquela conversa, talvez nem devesse ter ido ali.

-Como estás?

-Bem – Porque haveria de estar mal? Onde é que ele queria chegar?

Ele deu uma risada fria.

-Oh Ana, escusas de mentir sei muito bem o que se passa na tua cabeça.

-Porque querias que viesse?

-Eu não queria que viesses, vieste porque quiseste.

Cruzou os braços, sim afinal de contas porque fora até ali?

-Nesse caso, então, boa noite – disse decidida a voltar para o quarto.

-Ana…senta-te aqui – ela estreitou os olhos – para que é que vais lá para cima? Encharcar a tua almofada em lágrimas e matares-te com dúvidas?

Ela sentou-se ao seu lado.

-O que queres?

-Eu? Nada! Apenas pensei que precisasses de conversar um pouco.

Ela cruzou os braços irritada.

-O que é que queres? Eu sei que não me chamaste aqui para isso.

-Apenas para isso – corrigiu com um sorriso. – quero-te mostrar uma coisa- e puxando-a pela mão levou-a para fora do salão, atravessou com ela corredores sem se importar com Filch ou com algum professor, até chegarem à porta da biblioteca: fechada.

Voltou a cruzar os braços e com um sorriso trocista olhou para ele.

-Arrastaste-me até aqui para me fazeres ver o quanto os livros são maravilhosos e convencer-me assim a fazer-te companhia para os estudos?

-Haha que piada, cuidado Ana talvez depois de veres o que te vou mostrar esse teu sorrisinho desapareça.

Mas não foi preciso ele mostrar-lhe nada, porque depois daquelas frases ela começou a pensar se teria sido uma boa ideia ter-se deixado arrastar assim sem fazer nada.

-Como é que pretendes abrir a porta?

Foi a vez de ele sorrir. Abanou a varinha lentamente proferindo um feitiço que ela não conhecia e que supôs ser bastante avançado.

-Não te preocupes, logo estes feitiços serão fáceis para uma pessoa como tu.

-Como eu? – perguntou confusa

Sem responder ele entrou na escuridão da biblioteca e ela que não queria ficar no meio da noite sozinha entrou atrás. Estava tudo escuro e à noite, sem ninguém, o cheiro dos livros parecia ser mais acentuado.
Pararam na sessão restrita e ele olhou atentamente para os montes de livros que por todas aquelas colunas se espalhavam, sem passarem nem mesmo cinco minutos tirou um livro pequeno e de capa preta, completamente normal e que passaria despercebido a qualquer um.

Agarrou-lhe no pulso com força e sem a desprender arrastou-a para fora da biblioteca até à sala que tinha descoberto o que era.

-O que estamos aqui a fazer?

Sem lhe responder sentou-se no grande espelho em forma de círculo no centro da sala e abriu o livro em cima dos joelhos.

-Despacha-te Ana, quero mostrar-te isto hoje.

Curiosa sentou-se à frente dele e olhou o livro. Logo se apercebeu que era um livro sobre vampiros que contava tudo sobre eles, desde como nasciam a como morriam, o que eram, como eram. Falava também de um vampiro especial, uma mulher que nascia de 50 em 50 anos dentro de uma família de sangue puro, que era destinada a matar aqueles a quem as pessoas denominavam Guardioes.

-Para que é que queres este livro Remo?

-Mas não sou eu que o quero, és tu!

Irritou-se – será que podias ser mais preciso e deixar de falar como se eu percebesse tudo?

Levantou as mãos com um sorriso irritante.

-Calma! Eu rendo-me, que nervosinha! – ela olhou-o de lado – ok, vamos lá então – ele bateu com a varinha no livro e este aumentou de tamanha e volume – anda cá.

-Repara, este livro é um livro sobre vampiros como podes ver e é o que te vai poder ajudar com o teu problema.

-Mas que problema? Eu sou uma vampira, só isso embora eu ainda não saiba bem como mas está bem.

-Houve, eu já te disse isto: tu não és uma simples vampira, tu és a filha das trevas a sucessora de Luna e como se isso não chegasse és tu a escolhida para matar os quatro guardioes.

-Quem são eles?

-Os quatro guardioes, são duas bruxas e dois bruxos que tal como tu só começam a ter uma ideia de quem são, devido aos inúmeros sonhos que vão tendo, depois dos catorze anos feitos. Esses quatro são os escolhidos para acabar com o mal, quando se adivinha uma possível catástrofe eles são chamados para exterminarem as trevas que fazem frente ao mundo bruxo. Nenhum deles escolhe o seu destino, muitas vezes acabam mortos e ou eu muito me engano ou eles acabaram de ser chamados, mesmo que ainda não saibam que são os quatro guardioes, algo ou alguém está a preparar alguma coisa contra o mundo como assim o conhecemos.

Ela olhou para Remo sedenta por mais informações, mas este que pareceu ter acordado de um transe disse-lhe apenas:

-Mas isso é uma outra história, vamos voltar a ti. Conheço-te à bastante tempo para saber que não queres tornar-te uma filha das trevas, existem duas formas de acabar com um vampiro: matando-o ou purificando-o através de um feitiço e uma poção muito antiga feita numa altura e no lugar certo que retira a alma de vampiro e a manda para outra dimensão.

-E tu sabes o feitiço e a poção? – ele abanou a cabeça

-Para já o que temos a fazer é esperar e evitar Luna, porque ao longo do tempo os sonhos e as premonições serão mais fortes, assim como a sua persuasão. Num momento qualquer ela vai conseguir convencer-te a destruíres os guardioes, assim como te vai ajudar a encontra-los. Só preciso de tempo para encontrar a poção e o feitiço e eu vou encontrar. Prometo-te Ana!

-Entao até lá resta-me ficar sentada e esperar é isso?

-Eu acho que poderíamos começar por te ensinar a bloquear a mente, o que achas?

-E quem me iria ensinar?

-Eu!

Ela sorriu – eu de ti já espero tudo. Começamos agora?

-Não, amanha – levantou-se – agora vamos dormir, acho que já te expliquei o suficiente.


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“As trevas cobriam-no por todo o lado, sorriam-lhe convidativas e cheias de esperança que ele caísse naquele buraco sem fundo que aparecera à frente dele sem saber como nem porquê. Ao fundo aquela rapariga de cabelos completamente ruivos e olhos verdes tristes, estendia-lhe uma mão do outro lado, uma mão desesperada que lhe pedia ajuda, lhe pedia para atravessar aquele abismo negro e a tirar dali.
Quando se apercebeu, viu mais uma vez as trevas cobrirem o vestido dela, seguido do seu corpo, os cabelos ruivos até ficarem apenas os olhos verdes, que brilharam no meio da escuridão, até tudo se tornar negro e ele acordar.”

Sentou-se na cama completamente suado, os cabelos loiros colados à cara, levantou-se e foi com cuidado até à casa de banho para não acordar ninguém. Lavou a cara e apoiou as mãos na banca.
Olhou-se no espelho. A respiração faltava aqui e ali e aqueles olhos verdes que tão bem conhecia mas que ao mesmo tempo não lhe diziam nada, pareciam querer falar com ele a todo o instante, a todo o segundo. Sabia o porquê dos sonhos e porque o atormentavam, à muito que sabia que era “especial” e que descobrira o seu caminho, mas no meio do puzzle sempre lhe faltara uma peça: aqueles olhos verdes que não sabia de quem eram. A rapariga parecia-se tanto com Victória, mas ele sabia que não poderia ser por causa dos seus cabelos ruivos.

Vestiu uma roupa qualquer e saiu do dormitório disposto a ir dar uma volta para pensar um bocado, como fazia sempre que tinha aqueles sonhos.
Sentou-se na beirada de uma janela com vista para o lago e ficou ali a pensar um bocado. Precisava encontrar os outros guardioes e principalmente a guardiã, tinha a certeza que ela iria ajudar. Ficou ali um bom tempo até que adormeceu, um joelho em cima da janela e a cabeça encostada neste. Sentiu uma mão pousada no seu ombro acorda-lo, assim como uma dor horrível tomou parte do seu corpo e ele levou a mão ao braço onde tinha a tatuagem. Virou-se de repente para a pessoa que o acordara.

-Tu estás bem?

-Estou óptimo, obrigada. Não devias andar pelos corredores a esta hora.

-Ela está comigo.

-Ah Lupin – sorriu – nesse caso então tudo bem, obrigada por me terem acordado, boa noite.

-Adeus Miguel.

Saiu dali o mais rápido possível, a borboleta amarela ainda a queimar-lhe o braço. Desceu os andares praticamente todos até às masmorras, percorrendo o castelo frio à procura de um sitio onde ninguém o encontrasse. Escondeu-se de repente atrás de uma estátua.

-Ah Alice estava a ver que nunca mais.

“O que é que ela está aqui a fazer?” – perguntou-se

A rapariga tirou o capuz preto que cobria a sua cabeça e deixou os caracóis caírem suavemente, a sua cara estava contraída numa careta séria de quem não gostava nada de estar ali.

-Longbottom, vamos logo directo ao assunto. Porque é que me chamaste?

-Pensei que te tinha explicado, querida – passou a mão pelos caracóis dela, no que ela se afastou.

-Não não explicaste.

-Tenho uma novidade para ti – o sorriso aumentou e ele olhou para ela o sorriso malicioso aumentando.

-Que é?Anda logo, não estou com vontade nenhuma de estar aqui.

-Alice, sabias que com 16 anos duas pessoas se podem casar? Apenas precisam que os pais autorizem esse casamento.

Ela arregalou os olhos de espanto e horror.

-Isso quer dizer que…

-Exactamente querida!

-E se eu não quiser? – berrou

A risada dele ecoou no corredor frio estalando-lhe os ossos e aproximou-se da garota, pôs os caracóis para trás do pescoço dela e segredou-lhe ao ouvido.

-Sabes o que pode acontecer à tua irmã se o casamento não for feito?

Pôs a mão na boca e os seus olhos castanhos simpáticos encheram-se de lágrimas que escorreram até se perderem nas bochechas.

-Deixem a minha irmã…ela é uma criança. Vocês não eram capazes…

-Alice, Alice, vivemos em tempo difíceis.

-Não é justo!

-A vida não é justa – selou-lhe os lábios num beijo leve – ansiosa pelos 16 não?

E rindo-se virou costas e foi-se embora deixando-a no corredor a olhar a parede fria. Miguel cerrou os punhos, não percebera metade da conversa, e estava muito longe para ler a mente de qualquer um deles. Sentia um nervoso miudinho começar a apoderar-se dele, era a terceira vez que encontrava Alice com o Longbottom sempre com conversas estranhas. E a miúda por mais que ele dissesse que não, começava a mexer com ele de uma maneira estranha.
Ela passou por ele no corredor e ele agarrou-a pela cintura encostando-a na parede, o seu capuz caiu mais uma vez e ele pode ver as lágrimas continuarem a escorrer no que ele as limpou.

-Miguel?

-Oi

-O que estás aqui a fazer?

-Eu sou monitor!

-Ahh…

-E tu? O que estás aqui a fazer? Não é por aqui o salão comunal para a Sonserina?

-Eu estava sem sono e vim dar uma volta pelo castelo.

-Sabes escusavas de mentir, eu vi-te com o Longbottom.

Alice fechou os olhos.

-E ouviste a conversa toda?

Ele sorriu calmo – não, fica descansada. O que quer que estivessem a falar eu não percebi. Mas Porquê? Era assim tão secreto? Pensei que não gostasses do Longbottom.

-E não gosto!

Ele nem lhe perguntou porquê, achou um buraco na mente dela e tentou entrar, mas sentiu um vento imaginário puxa-lo para trás e ela muito perto dizer-lhe ao ouvido:

-Será que podes parar? Isso não é nada agradável

Desviou os olhos, surpreso.

-Claro, não sabia que conseguias…

-Bloquear a mente? Desde pequena – sorriu – tive que aprender…

-Passa-se alguma coisa com o Longbottom? É a terceira vez que vos vejo com conversas estranhas e em que tu pareces sempre tão apavorada.

Ela aconchegou-se mais, inconscientemente, junto dele e ele sentiu-se entre ela e a parede, os pelos da nuca arrepiando-se.

-Houve, não me peças para contar o que se passa porque eu não vou. Por coincidência tu estás sempre perto – sorriu – e só te tenho a agradecer por isso – disse passando as mãos pelos cabelos longos e loiros dele.

-Eu só quero ajudar-te.

-Não é preciso, eu mesma vou conseguir resolver tudo.

Sentiu-a tremer entre os seus braços o que o fez desviar os olhos para a parede.

-Houve bem – disse pondo a mão dela no queixo dele fazendo com que ele a olhasse – eu vou conseguir sair disso, não te preocupes comigo ok?

Miguel não disse mais nada, a cabeça ainda lhe doía e talvez por isso ele se tenha precipitado e a agarrara pela nuca juntando os lábios nos dela. No principio, pensou que ela o ia empurrar e bater, mas para sua completa surpresa, ela agarrou com mais força a camisa dele e deu continuidade ao movimente do pequeno toque de lábios com que tudo começara. Num gesto de paixão (que nem ele mesmo sabia que podia sentir), mudou as posições e encostou-a na parede com alento. Sugou-lhe o pescoço e ouviu sair da garganta dela, um gemido que nunca imaginou poder alguma vez sair. E de repente, tão rápido como começou, os dois afastaram-se arquejantes, ansiosos, olhando um para o outro sem saber que reacção adoptar.

Abriu a boca para se tentar justificar mas não havia justificação possível, aquilo tinha apenas…acontecido. Mesmo assim queria dizer alguma coisa mas as palavras não lhe saíram.

-Engraçado…mal te conheço e foi acontecer uma coisa destas – o riso sincero dela trouxe-o para a realidade.

-Eu não queria que….

-Acontecesse? – “Porque é que ela tem sempre que acabar as minhas frases?” , assustou-se quando a viu perto dele outra vez – Pois, se calhar não, se calhar é melhor eu ir-me embora e não falarmos. Obrigada por tudo mesmo assim.

A voz suave dela que sempre parecia encanta-lo e traze-la de encontro a ele, naquele momento pareceu afasta-lo e essa distância naquele momento pareceu-lhe completamente assustadora…
Ela virou costas e ele agarrou-a pelo pulso e virou-a. Ficaram durante algum tempo olhando-se como se não se conhecessem. Nenhum deles soube quem começou, de repente estavam apenas a olhar-se, a seguir estavam enredados em mais um beijo envolvente, as mãos dele subiram até aos caracóis dela e as dela até ao tórax dele. Separaram-se rindo.

-Parece que está difícil.

-É parece que sim.

Ficaram durante um tempo parados a olhar um para o outro até o silencio se tornar desconfortável, então ela apenas virou costas.
E contrariando o que a sua cabeça lhe dizia que seria segura-la ali mesmo e beija-la até o mundo acabar, ele deixou-se escorregar até ao chão de pedra, vendo-a afastar-se pelo corredor, um sorriso estúpido formou-se na sua cara e ainda com mais duvidas foi para o seu dormitório e adormeceu.


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O despertador tocou ao seu lado e ela desligou-o. Passara a noite acordada, vira Ana entrar no quarto às 2:00 da manha mas nem se mexera e ela não se apercebeu que a amiga estava acordada. Viu também Alice chegar com um sorriso na cara e deitar-se sem perceber que era observada, agora todas dormiam sossegadas indiferentes ao que ela sentia.
Vestiu-se sem grande pressa, não acordou ninguém não queria companhia, queria apenas sair dali o mais rapidamente possível e esperar lá em baixo por um abraço do seu namorado e uma certeza de que tudo o que sentia ia passar. Desceu as escadas, sorumbática. Alguns já se encontravam em frente à lareira apagada, ou nas mesas a fazer um trabalho à pressa antes das aulas.

Sentou-se quieta à espera de John, respondendo com um sorriso aos bons dias de quem passava e lhe sorria, tão felizes e contente com a vida que agora parecia ser tão medíocre.
Sentiu um cheiro especial mal ele se aproximou, e virou a cara para comprovar que era ele. Sorriu-lhe, ela sabia que ele iria entende-la. Ele beijou-lhe os lábios de leve, fe-la levantar-se, sentou-se e ela sentou-se na perna dele encostado ao seu ombro.

-Bom dia.

-Bom dia, dormiste bem?

-Muito! Tive saudades tuas sabias?

-Eu também John, não sabes quanto.

John puxou-a pela mão para fora do salão comunal até um corredor mais afastado do caminho para o salão principal. Encostou-a na parede e ficou a olha-la durante um tempo, apenas a observa-la. Gostava dela, tanto que nem sabia. Estava tão feliz por tê-la ao seu lado, por ela ter aceitado estar com ele, no entanto sentia que alguma coisa a perturbava. Não era como no dia anterior, que sentira que ela só tinha a cabeça voltada para ele, sentia que havia mais alguma coisa a pairar pela sua cabeça e que ela não queria contar.

-Lily, tu estiveste a chorar?

Ela não respondeu, oh a resposta era tão óbvia. Não entendia como não percebera antes.

-Tu não dormiste hoje à noite pois não?

-Não.

Ele pôs a mão no seu queixo fazendo com que ela o olhasse e sorriu-lhe compreensivo.

-O que é que o Potter fez?

-Como é que sabes que foi ele?

-Conheço-te melhor do que o que tu pensas. – ela abraçou-o.

-Não quero falar sobre isso – depois sorriu – agora dá-me um beijo decente de bom dia.

Ele puxou-a pela cintura sem ela estar à espera o que a fez cair sobre ele sem apoio nenhum, sorriu-lhe e retirou algumas madeixas ruivas da cara dela, puxou a face dela contra a sua e quando os seus lábios se tocaram ela fechou os olhos, embora ele preferisse que ficassem sempre abertos tinha que admitir que era muito mais confortável. Deixou que a sua língua explorasse de vagar todos os recantos dos lábios dela sem pressa, enquanto que aos poucos a via perder a calma toda que ela tinha. Sorriu, ia tortura-la mais um pouco. Passou a língua pelos lábios dela tranquilamente e mordiscou-lhe o lábio inferior, ela suspirou impaciente. Beijou-lhe o queixo e o pescoço e toda aquela linha que ia do pescoço até à sua orelha, mordiscou-lhe a orelha.

-Perdendo a calma? – perguntou suavemente ao ouvido dela, ela riu-se.

-Só um bocadinho.

Beijou-lhe o pescoço e demorou-se no ombro.

-Aposto o que quiseres que por dentro estás a chamar-me um monte de nomes, é mentira?

-A verdade é que tu és um malvado, tirano, que me está aqui a ver sofrer apenas para seu bel-prazer.

Beijou-lhe novamente o pescoço.

-Será?

E sem esperar resposta ele introduziu rapidamente a sua língua na boca dela, explorando todos os seus recantos possíveis e imaginários até a deixar sem ar. Largou-a e riu-se pegando na mão dela.

-Vem vamos tomar o pequeno-almoço.

Quando chegaram ao salão principal, Ana e Alice já estavam lá a comer. Ela beijou John, no que sentiu as cabeças todas virarem-se para eles muito chocados. Esquecera-se completamente que ainda ninguém sabia do seu namoro.

-Vai tomar o pequeno-almoço com os teus amigos Lily, sei muito bem que o Potter e tu chatearam-se por minha causa, eu vou ficar com os meus amigos, depois vou lá roubar-te sim?

-Eu estou-me pouco interessada para ele, mas vai lá, depois vemo-nos. – deu-lhe outro beijo, desta vez na cara.

Dirigiu-se à mesa dela e sentou-se. Desejou os bons dias mas nenhuma a ouvir. Alice estava com um sorriso muito mal disfarçado na cara e Ana com um olhar muito compenetrado na comida.

-Boa dia meninas!

As duas viraram-se para ela.

-Boa dia! – disseram em coro e depois voltaram ao ar anterior. Ela sorriu para elas.

-Entao o que se passou meninas?

-O quê? – perguntaram outra vez em coro

-O que se passou.

Suspiraram. – Ah nada

-Pois vê-se.

-E tu Lily? Conseguiste falar com o Tiago? – perguntou Alice

-Não, nós…

Calou-se e olhou o prato à sua frente vazio, começou a enche-lo com pressa. Os Maratos chegaram e sentaram-se nos seus lugares de sempre, Remo à frente de Ana, Sirius à frente de Alice e Pedro ao seu lado, ao lado de Lily sobrou um lugar. Ela não olhou para o lado, pois sabia muito bem que todos olhavam para eles, para ver a reacção de Tiago e a esse, a ele ela nem sequer dirigiu um olhar.
Ele sentou-se ao lado dela sem nada dizer. Os dois comeram sem dizer nada a ninguém, os dois com o beijo da noite anterior e a discussão ainda a rondarem-lhe a cabeça.

-Passas-me o sumo Lily?

-Toma Sirius.

Ela pousou os talheres no prato e olhou para os outros, eles conversavam alegres sobre alguma coisa que ela não percebia nem fizera questão de perceber, apenas Tiago parecia tão calado como ela.

-Lily, vens?

-Sim – ninguém pareceu perceber a chegada de uma outra pessoa na mesa, olhou para o lado, Tiago estava a olhar para ela e para John com aqueles olhos de “vou tirar-te as tripas e comer-te os olhos” que ele fazia quando não gostava de algo. Olhou para ele seriamente, à espera que dissesse alguma coisa mas ele virou a cara.


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Miguel, que olhava atentamente a mesa da grifinória provavelmente por causa de uma certa menina de cabelos encaracolados, viu sair com um brilho nos olhos Lily e John de mãos dadas. Levantou-se de repente da cadeira, aquele cabelo ruivo brilhou de repente de uma maneira especial e aqueles olhos verdes, com aquela mesma tristeza fizeram-no lembrar de Victória e com um sorriso na cara saiu da mesa muito contente por ter finalmente descoberto.

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“ Esperança, sentimento profundo que sempre me fez sentir tão bem, tão realizada, tão uniformemente perfeita. A esperança que sempre aqueceu o meu coração e deixou que ele batesse, porque era por ela que eu esperava e esperava e voltava a esperar mesmo que às vezes não encontrasse nada. A esperança que sempre fora minha amiga e protectora, escapou-me por entre os dedos, deslizou e escondeu-se num buraco pequeno e apertado com medo do que eu senti, sinto e sentirei e agora que a quero de volta aqui ao meu lado ela não consegue sair e grita por mim mas eu não a consigo ir lá buscar…”

-Ana está na hora, vamos?

-Vou só vestir a capa Lily.

Fechou o caderno e vestiu a capa preta que estava em cima da cama a seus pés. Tirou a pequena carta, quase um telegrama que Remo lhe mandara e releu-a.

“ Ana, hoje não vai dar para ir. Desculpa. Amanha, no sítio de sempre às mesmas horas de sempre.”

Passaram-se duas semanas desde que começara a ter aulas de Oclumencia com Remo. As aulas eram extremamente difíceis para ela, não é que ele não fosse um bom professor porque era, mas era muito exigente e devido ao temperamento muito diferente de um e de outro, nem sempre os dois estavam de acordo e as aulas às vezes acabavam por ser bastante difíceis do ponto de vista psicológico para ela.
Se calhar, a culpa nem era de Remo por não a perceber mas dela e daquela maneira dela em que não admitia que ninguém se metesse na vida dela, muito menos vasculhar a sua vida privada e a sua mente.

-Onde é que é, sabes Alice?

-Não, a Lily é que sabe, a Bella falou com ela.

-Vamos está na hora.

Lily abriu a porta do quarto e desceram as escadas em espiral até ao salao comunal, não havia ninguém. As três sairam do salao comunal e entraram numa sala de aulas normal, lá dentro estava Bella já à espera delas.
Bella e Lilly, as mais especializadas naquele tipo de feitiços, fizeram feitiços especiais de ilusão para quem pensasse por ali pensasse que era uma parede ou para que não as ouvissem a falar. Entao, as quatro conjuraram cada um uma poltrona e sentaram-se. Sorriram.

-O que vamos fazer hoje? – perguntou Bella.

-O de sempre, falarmos sobre rapazes e do que se tem passado ao longo do mês.

Bella olhou Lily.

-Entao parece que temos muito que falar.

E como todos os meses em que uma vez por mês as quatro se reuniam, as quatro falaram sobre tudo o que lhes apetecia e riram-se umas com as outras, aqueles eram os momentos em que conseguiam ser felizes e não havia a pressão do mundo exterior, a varinha de alguém a espreitar o mundo magico…

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Ele olhou com um brilho estranho nos olhos, Lily, Ana e Alice saírem pelo retrato da Dama Gorda e tentou segui-las quando sentiu um puxão no seu casaco.

-Deixa-as Tiago, temos que nos despaxar.

-Mas para onde é que elas irão Sirius?

-Não te preocupes Tiago, elas ficam bem – disse Remo – e agora vamos que eu não tenho muito tempo.

Debaixo do manto os quatro correram sorrateiramente até à entrada do castelo e depois até ao Salgueiro.

-Pedro despacha-te, a lua hoje está morta por nascer.

E Pedro que já não era Pedro mas sim um ratinho gordo e amarelo, tocou com as patinhas no tronco do velho Salgueiro até este paralisar e dar passagem para os outros dois Marotos e um Remo a arrastar-se, cansado.
Tiraram o manto de invisibilidade quando chegaram ao quarto com a mobília partida e as janelas fechadas por madeira e logo Sirius transformou-se num grande cão preto e Tiago num cervo elegante. Remo sentou-se na cama o olhar preso nos três amigos agradecendo-lhes interiormente por tudo aquilo. Tiago olhou a lua cheia levantar-se e com todo o seu esplendor espalhar os raios de luar pela noite, iluminando e dando um sinal de partida para todos aqueles para quem uma vida nocturna fazia sentido.
Pousou uma pata no casaco do ombro do amigo e viu Almofadinhas fazer o mesmo, Rabicho como sempre olhava para eles e para Aluado sem nada fazer. O Amigo soltou um gemido de repente e os seus olhos dilataram-se e toda aquela transformação a que estava habituado ver mas que sempre o incomodava aconteceu novamente e quando olhou para Aluado outra vez este não era Aluado mas sim um monstro de garras afiadas.
Almofadinhas soltou um latido contente e Tiago raspou a pata no chão, Pedro guinchou ao fundo e o lobisomem seguiu-lhes o olhar até à porta. A noite seria longa…e divertida.

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Quando chegou ao quarto Ana e Alice caíram as duas na cama, cansadas e ela afundou-se na dela a olhar o tecto. Não iria conseguir dormir, sabia disso. Virou-se e revirou-se na cama mas não conseguia. Pensou em John, queria ir ter com ele mas o que lhe poderia dizer? Que sentia falta do melhor amigo e que não conseguia deixar de pensar nele? Por mais magoada que estivesse sentia muito a falta das conversas e de todos os momentos por que passaram. A sua pulseira brilhou de repente e ela levantou-se e tirou o livro da mesinha de cabeceira abrindo-o.

“Vem ter comigo ao salão comunal, precisamos de falar. Gosto muito de ti.”

Saiu da cama e abriu a porta do quarto sem nem pensar duas vezes e desceu as escadas apreçada, ele estava sentado na poltrona virado para o fogo e o caderno em cima das suas pernas. Olhou para ela mal se apercebeu da sua presença e levantou-se.

-Senta-te aqui.

-O que é que me querias dizer?

Odiava mostrar tanta indiferença, mas o que fazer quando sentia o coração tão carcomido por dentro com a lembrança das palavras dele?
No entanto, sentou-se ao lado dele mas sem os seus corpos se tocarem como que com medo do seu corpo trair a sua mente.
Longos foram os segundos que os dois ficaram calados, segundos que pareceram talvez uma eternidade, mas que não a incomodou. Sentira tanto a falta dele…qualquer momento ao seu lado, mesmo que apenas o silêncio fosse o seu eterno amigo, mesmo assim ela apreciava aquele momento por dentro.
Sentiu no meio às suas divagações, a mão dele agarrar a sua primeiro levemente depois com força e aproximar-se dela até apoiar a cabeça no pescoço dela, assim como antes ele descansava junto à pele alva dela enquanto juntos os dois contavam os seus problemas.
O corpo dela tremeu levemente tal como previu e a sua cabeça começou a dar voltas ao som da respiração arfante no seu pescoço.

-Bonequinha…não me trates assim…

-Assim como? Eu não fiz nada, fiz?

-Por favor, não fiques tão aborrecida, eu adoro-te.

-Eu não tenho razoes para ficar, pois não?

-Tens, eu sei que tens.

-Óptimo, então hás-de perceber que eu não quero falar contigo e…

-Ouve-me, não faças isso. Eu senti a tua falta nestes dias sabias?

Silencio.

-Tu sabes que és muito importante para mim, mais do que qualquer coisa, não te quero perder agora por uma estupidez.

-Uma estupidez? – gargalhou – é só isso?

-Oh Lils, eu sei que errei, desculpa é isso que querias ouvir não é? Eu não devia ter dito o que disse, mas eu não suporto perder-te para alguém que não conheço de lado nenhum.

-Tiago tu não tinhas o direito de…

-Eu sei! Tu tens razão, mas perdoa-me por favor. Esquece o que aconteceu, pela nossa amizade.

Ela olhou-o por um momento, não tinha forças para lhe dizer que não e não queria dizer-lhe não, sentia falta de mais da presença dele para o rejeitar. Deixou a cabeça pender para o ombro dele, os cabelos sedosos misturarem-se com os dedos dele, os corpos misturarem-se ao som do crepitar da lareira e o sorriso, o sorriso e a felicidade que transbordava dela e que ela tanto desejava.

-Perdoa-me bonequinha, perdoa-me.

-Está tudo bem, vai voltar tudo ao normal. Amigos para sempre anjo.

-Amigos para sempre Lily.


N.A- Olá a todos, bem não tenho muito para dizer. Não gostei muito deste capítulo, ando aqui a enrolar. Vou tentar por um pouco de mais acção e revelações no próximo capítulo. E estou a tentar também postar de mês a mês =) portanto mandem REVIEWS por favor.
Se quiserem podem ver as minhas fics tambem no fanfiction. estou com o nome de perolasverdes

beijos para todos e mais uma ves: REVIEWS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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