cap5
Uma coruja castanha batia com o bico irritantemente na janela naquela manhã cinzenta. Lily acordou e levantou-se da cama ainda meio tonta devido ao sono e a praguejar contra as corujas. Foi até ela e tirou-lhe a carta da pata nem um pouco curiosa por saber que já se tratava da carta de Hogwarts. Abriu a carta e começou a ler a lista dos materiais e como sempre não havia nada de novo, pousou o envelope na cama quando de repente dele caiu um distintivo. Ela pegou nele e arregalou os olhos, com pressa pegou outra vez no envelope e nele havia mais uma carta. Por cada linha que passava os seus olhos iam-se arregalando mais e mais até que quando acabou de ler ela tinha um sorriso muito bonito na cara.
Saiu do quarto e entrou no de Tiago a correr. Ele estava sentado no parapeito da janela, os olhos perdidos no horizonte quando vê a ruiva entrar pelo quarto a dentro e dirigir-se a ele com muita pressa e muito feliz e atirar-se sobre ele. Deu-lhe um abraço muito apertado, soltou-o e desequilibrou-se por ter acabado de acordar no que Tiago a segurou.
-Que se passou?
Ela sorriu mais sem coragem ainda para falar. Ele tirou-lhe uma mecha ruiva que caia pela cara e segurou-lhe no queixo.
-Que se passou? - repetiu
Devagar ela foi-se acalmando.
-Eu…vou ser monitora! – disse e abraçou-o outra vez
Ele arregalou os olhos, já tinha pensado na possibilidade dela ter sido escolhida e realmente não lhe tinha agradado a ideia. Fez uma careta no ombro dela e depois reprimiu-a com um sorriso quando ela olhou para ele.
-Que bom! Estou muito feliz! – e abraçou-a, malditos olhos verdes que não o deixavam mentir
Mas ela não percebeu, ela estava tão feliz que não perceber a alegria fingida do Maroto.
-Já viste Tiago, eu vou ser Monitora, eu Lilian Evans vou ser Monitora, eu nunca pensei na possibilidade de o ser, é fantástico… - e enquanto falava o sorriso de Tiago desapareceu e deu lugar a um olhar triste. Para que ela não visse ele olhou para a janela e ela continuou a falar durante mais algum tempo até que ele deixou de a ouvir e sentiu que ela se tinha sentado sobre os seus joelhos, olhou-a.
Ela observava-o com aqueles olhos verdes brilhantes que o deixavam tonto, que sabia capaz de fazer loucuras por eles, que sempre que ela pedia qualquer coisa e o olhava com aqueles olhos lindos ele cedia, cedia a tudo.
-Que se passa anjo? – ela disse tocando-lhe com as mãos macias a cara
“Anjo”, há quanto tempo não a ouvia chamar assim, ele sentira falta daquele nome, há tanto tempo que ela não o chamava assim. “Anjo”, ela nem percebia que ela é que parecia um verdadeiro anjo, ela é que era o seu anjo com cabelos ruivos e aqueles olhos verdes que o iluminavam no meio da escuridão, para onde quer que fosse. Ela era o seu anjo e nem sequer reparara.
Ele desviou a cara, não lhe poderia dizer o que se passava, não lhe iria contar nada, não dessa vez. Mas ela fez com que ele olhasse para ela, fez com que encarasse os seus olhos verdes para que não mentisse e ele desviou outra vez.
-Anjo…que se passa contigo?
-Nada Lils.
-Nada…se não se passasse nada tu não estavas assim.
Ele abraçou-a para fugir dos seus olhos e sussurrou-lhe:
-Nada com que a minha bonequinha tenha com que se preocupar – e sorriu forçadamente quando ela olhou para ele e abriu um lindo sorriso.
“Bonequinha”, pensou ele, costumava chamar-lhe bonequinha, a sua bonequinha.
-Ficaste mesmo animada com a noticia…até vieste de camisola… - disse mudando de assunto e sorrindo maliciosamente ao vê-la corar e enfiar a cabeça no peito dele, envergonhada. E para a chatear ainda mais disse – muito bonita e curta por sinal. – e ela encolheu-se mais nos braços dele, segurando a camisa com as mãos e escondendo o rosto.
-Tiago…estás-me a envergonhar… - disse ela no que Tiago riu alto.
-Não estou nada, só estou a apreciar as tuas pernas, por falar nisso bonitas pernas Lils – disse brincando
- Tiago!!! – disse puxando as pernas para si e tentado puxar a camisola para baixo, embora não conseguisse.
Ele riu-se
-E tu ris-te
-tem que ser… olha agora que recebemos as cartas podíamos ir ao Beco Diagonal comprar o material. Que achas?
-Bem
-Então tu podias ir chamar a Ana e eu ia mandar uma carta ao Sirius, depois do pequeno-almoço.
Ela fez que sim com a cabeça.
-Então agora vai-te vestir ou queres-te vestir aqui comigo?
Ela corou e murmurou um “Tiago não sejas parvo!” e dando-lhe um beijo no rosto saiu do quarto dele para o seu.
Ele ficou lá, a pensar na sua relação com a ruivinha. Eram amigos inseparáveis, irmãos. Confiavam um no outro a própria vida se fosse preciso, nunca tivera sonhos ou pensamentos diferentes para com ela, ela sempre fora e sempre será a sua irmã. Sorriu ao pensar assim, é o grande Tiago Potter, um dos maiores garanhões de Hogwarts não tem pensamentos impróprios com uma rapariga. Sorriu e foi-se vestir.
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Estavam a tomar pequeno-almoço com os pais de Tiago. No tempo que Lily passara em casa de Tiago apercebeu-se que ele tinha a quem sair. Helena Potter era uma senhora muito simpática e tinha sempre na cara um sorriso como o de Tiago, muito despreocupado. Era divertida e muito, muito marota, para alem de astuciosa.
Quanto ao pai dele, bem era um senhor muito inteligente e agora Lily sabia porque Tiago tirava tão boas notas mesmo sem pegar nos livros.
-Entao receberam as cartas? – perguntou Helena
-Sim e a Lily virou Monitora – disse Tiago para os pais com um sorriso falso.
A mãe percebeu o sorriso dele e ficou a olhar para ele durante uns instantes até que virou a cara para felicitar Lily, mas esta já estava embrenhada numa conversa com Arthur.
-…ser monitora trás muitas responsabilidades, eu próprio fui monitor, mas é muito bom para o teu currículo.
-Eu por acaso não fui, tinha boas notas mas era muito brincalhona e às vezes aprontava pelo castelo, acho que Dumbledore não quis por causa disso – disse Helena
-Sim,sim isto é tudo muito bonito mas agora temos que ir indo porque vamos ao Beco Diagonal. – e pela segunda vez no dia Lily perguntou-se porque Tiago estava tão estranho. – Vens Lily?
-Sim – disse levantando-se da mesa
-Entao eu vou mandar uma carta ao Sirius, vais buscar a Ana?
-Claro
Ele subiu as escadas para o quarto e Lily estava a despedir-se do Sr. e Sr.ª Potter quando Helena a chamou.
-Lily será que podíamos falar um bocado?
Ela abanou positivamente a cabeça e foi com ela até ao escritório.
-O que se passa Sr.ª Potter?
-Lily sabes porque é que o Tiago está tão estranho?
Lily franziu a testa, “então Helena também percebeu”
-Não faço ideia.
-Ele não falou sobre nada? Não sabes quando é que ele ficou assim?
-Ele ficou assim quando eu lhe contei sobre ter sido convidada para …Monitora ela arregalou os olhos verdes – mas…isso não tem lógica
-Como é que ele ficou depois de lhe contares?
Ela começou a andar de um lado para o outro.
-Ele ficou estranho e …n sei… - então ela parou de andar e um pensamento surgiu-lhe na cabeça – será que ele queria o cargo?
Helena riu-se e Lily olhou-a sem entender.
-Não o meu filho, Monitor? Não, não é isso. Eu acho que se ele tivesse o cargo atirava-se da ponte abaixo – e Lily sorriu “Meu Deus, ela é tão dramática como ele!”- decididamente não é isso, é outra coisa. – ela fez uma pausa – vocês costumam andar muito tempo juntos?
Lily franziu a testa sem perceber bem a pergunta – sim andamos, que dizer mais ou menos porque ele anda muito com os Marotos e depois tem sempre aquelas raparigas atrás dele – rolou os olhos e a outra riu – mas sempre que possível sim estamos juntos, damo-nos muito bem…
-Como irmãos eu sei!
-Sim
-Olha Lily eu acho que sei mais ou menos o que se passa mas tenta falar com ele, acho que vais descobrir rapidamente o que é. Agora se calhar é melhor ires buscar a Ana. – disse e saiu do escritório
Lily ficou algum tempo parada tentado perceber o que raios se passava mas desistiu e saiu para ir buscar a Ana.
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Tiago fechou a porta do quarto e tirou o espelho circular do bolso.
-Sirius!
Uma imagem primeiro disforme surgiu no espelho e logo a seguir a face de Sirius.
-Olá!
-Tudo bem Sirius?
-Tudo
-Recebeste as cartas?
-Sim
-Nós vamos ao Beco, então se quisesses podíamos encontrar-nos lá.
-Sim, mas eu vou ter que despistar os meus primos.
-OK, por falar neles como estás com a Bella?
-Melhor impossível – disse sorrindo
-Se ela te ouve dizer isso…
-Não ouve, mas e as coisas com a Lily? Ela está bem?
-Sim, acho que sim.
-Entao encontramo-nos no Beco?
-Sim
Quando Tiago se dirigiu à sala já a Ana e a Lily estavam nela. A ruiva olhou para ele com um olhar estranho e depois desviou os olhos verdes para a lareira.
-Vamos?
Tiago foi o primeiro, meteu-se na lareira e gritou Beco Diagonal. Logo a seguir foi Ana e por ultimo Lily meteu-se na lareira e quando deu conta as chamas verdes lambiam-lhe o corpo e num turbilhão ela começou a rodar, rodar até cair no chão da lareira.
Viu Tiago estender-lhe a mão para a ajudar e ela aceitou e levantou-se, começando a espanar as vestes.
Quando saíram da loja viram Sirius à porta.
-Sirius!!
Ana foi a primeira, atirou-se sobre ele, num grande abraço, depois Lily e por último Tiago.
-Vá eu sei que me amam, mas escusam de mostrar isso publicamente – disse convencido.
-Não mudou nada - disse Lily abanando a cabeça.
-Onde vamos primeiro? – perguntou
-Podíamos ir logo comprar os livros, ao menos ficavam logo comprados.
Os quatro começaram a caminhar até à Floreios e Borrões. No caminho, Sirius pergunta:
-Entao e novidades?
-A Lily vai ser Monitora – disse Ana prontamente
Tiago fez uma careta apenas vista por Sirius e continuou a andar.
-Lily, Lily nunca pensei. Monitora… - e abanou a cabeça negativamente – que vergonha!
Ela corou e ele riu-se. Tinham chegado à Floreios e as meninas entraram para comprar os livros, os rapazes mais atrás.
-Entao Tiago que cara feia foi aquela?
-O quê?
-Que se passa? Não gostaste da novidade da Lily ser Monitora?
-Nem por isso.
-Entao porquê?
Ele passou as mãos pelo cabelo.
-Oh pá vou ser trocado pela Monitoria achas normal? Se eu mal tenho tempo para estar com ela imagina agora.
Sirius soltou uma gargalhada escandalosa.
-Tu estás com cíumes da Monitoria
-Não estou nada.
-Ah estás sim, mas vais ficar pior porque já imaginaste quem vai ser o Monitor? – o outro abanou a cabeça negativamente - Pois é, o Remus provavelmente foi escolhido.
Tiago parou de andar e ficou com a boca aberta muito parvo a olhar para ele.
-Não pode!
Sirius riu-se.
-eu aposto como foi ele.
-Um Maroto Monitor, que vergonha!!
-sim, vou fingir que é isso.
-Hei meninos, estão aí a fazer o quê? – chamou Lily
-Já vamos…
Quando compraram tudo sentaram-se num café a comer um gelado e a falar sobre a volta a Hogwarts. Quando se levantaram para ir dar uma volta, Ana choca em alguém e ia caindo se esse alguém não a segurasse. Ela desprendeu-se rapidamente e com uma cara séria cumprimentou-o.
-Olá Dover.
-Olá Ana
-…Smith – disse
-Eu queria falar contigo.
-Agora não posso, estou com os meus amigos.
-É só um minuto… - pediu
Ana olhou para os amigos. Lily falava qualquer coisa a Sirius e Tiago tinha a cara fechada.
-Está bem, Lily esperas?
-Claro
Ana afastou-se com o rapaz de cabelos louros-acastanhados e Lily, Sirius e Tiago ficaram à espera deles.
-Não gosto nada daquele Dover – disse Tiago enquanto via Ana com uma cara seria falar.
-Tiago nós já falámos sobre isso
-Eu sei Lily mas eu não gosto dele
Lily bufou e rolou os olhos.
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Alguém abriu e fechou a porta do quarto com toda a força e com passos fundos dirigiu-se à sua cama e começou a abana-lo.
-Tiago, acorda. – disse enquanto o abanava
Ele abriu um olho de vagar e espreitou, ao ver tanta luz fechou os olhos.
-Deixa-me dormir!
-Tiago, acorda…
-Só mais um bocadinho... – a pessoa abanou-o outra vez
-Tiago Potter! Levanta-te são 9.30 da manhã e é dia de ir para Hogwarts.
-O quê? – Levantou-se atarantado com todo aquele falatório e olhou a mãe. – não posso dormir mais dez minutos? – e deitou-se outra vez cobrindo-se com os cobertores até ao pescoço.
-Não, levanta-te e vai acordar a Lily, Tiago.
Saiu da cama, resmungou qualquer coisa, foi ao banheiro lavar a cara e entrou no quarto de Lily. Aproximou-se da cama e sentou-se na borda com cuidado para não acorda-la, observou-a.
Não parecia nada a menina de a dois ou três anos atrás. Naquela altura era tudo tão diferente, tinham brincadeiras diferentes, interesses diferentes. Eram como desconhecidos um para o outro e agora, ela estava ali deitada, o cabelo ruivo espalhado sobre a almofada, o corpo esbelto coberto pelo fino lençol, os lábios rosados entreabertos, a respiração controlada, as delicadas mãos pousadas delicadamente debaixo da cabeça. Sim, sem duvida parecia um anjo, um anjo ruivo sem asas, mas um anjo. Um anjo lindo, o seu anjo.
Pousou a mão delicadamente sobre a face dela e percorreu-a pela bochecha até ao pescoço. Abaixou-se, contemplou a sua face e sussurrou-lhe ao ouvido.
-Acorda
Ela voltou-se de lado ficando virada para ele e ele começou a mexer-lhe no cabelo ruivo. Ao sentir o cheiro dele, sorriu ainda sem abrir os olhos, encostou-se mais contra o seu peito e aninhou-se lá, procurando calor. Aos poucos foi abrindo os olhos verdes, até o ver finalmente, sorriu-lhe.
-Bom dia – desejou-lhe
-Bom dia anjo, o que estás aqui a fazer?
-vim acordar-te mas se quiseres vou-me já embora.
-Não, podes ficar aqui mais um bocado, está frio – disse encolhendo-se contra ele.
-Eu até poderia mas nós temos que ir para Hogwarts hoje.
Lily abanou que sim com a cabeça e encolheu-se mais.
-tens razão, vamo-nos vestir, daqui a pouco a Ana está aí para irmos todos juntos, temos que nos despachar. – estalou-lhe um beijo na bochecha e foi para o banheiro.
Ele levantou-se da cama e foi para o seu quarto arrumar-se.
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Eram 11:00, Tiago tinha-se despedido de Lily e Ana à entrada do trem para ir procurar os amigos e elas estavam à procura de uma cabine. Já tinham percorrido o trem todo e as cabines estavam todas cheias, mas quando abriu a porta da última cabine, um rapaz de cabelos loiros e olhos verdes estava sentado com os pés em cima do banco e olhava para a paisagem. Quando as viu, tirou os pés do banco e sentou-se muito direito enquanto olhava para elas.
-Han desculpa, mas todas as cabines estão cheias, será que poderíamos ficar aqui?
-Claro, sentem-se. Sou Miguel Wagner, prazer. – disse estendendo-lhe a mão.
Lily sorriu e apertou-lhe a mão.
-Eu sou Lillian Evans (mas podes tratar-me por Lily) e esta é a minha amiga Ana Smith.
Nesse momento a porta da cabine abre-se outra vez e uma rapariga um bocado mais alta que Lily, de cabelos castanhos até aos ombros, olhos castanhos e um sorriso no rosto entra disparada e atira-se sobre Lily e Ana.
-Alice!!!Há quanto tempo…
-Andei o trem todo à vossa procura e vocês aqui na ultima cabine… - ela continuou a falar até que Miguel a interrompeu.
-Oi! – disse o rapaz dando um pequeno sorriso.
Ela que até então não tinha reparado no loiro, olha para ele encabulada e sorri, calando-se de repente.
-Miguel esta é Alice Whist, uma grande amiga nossa.
-Prazer
-Agora que estão feitas as apresentações, eu tenho que ir à cabine dos monitores, receber as instruções, vocês ficam aqui?
-Sim – repondeu Ana
Ela estava a sair da cabine quando Miguel a para.
-Espera Lily eu também vou, sou Monitor da Corvinal – sorriu
Ela fez que sim com a cabeça e despediu-se das meninas. Os dois foram até à cabine dos Monitores e entraram, já todos estavam lá. Miguel sentou-se com a sua colega da Corvinal e Lily com o da Grifinória : Remus Lupin, um rapaz de cabelos castanhos claros, olhos castanhos- avelãs e um sorriso muito doce. Remus Lupin, o Maroto mais calmo, o que sempre safava os amigos de apanhar um castigo, o que nem sempre alinhava nas brincadeiras (pelo menos não à vista de todos). Remus Lupin, podia-se dizer, era o Maroto certinho.
Sorriu ao rapaz de cabelos castanhos chocolate e virou-se para os Monitores-Chefes, para ouvir o que estes diziam.
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Estava na cabine dos doces à espera dele, à mais de cinco minutos. Cruzou os braços, por cima da camisola vermelha, deitou os cabelos encaracolados para trás e soltou um moxoxo com os lábios.
Ele entrou na cabine sorrateiramente sem ela ver e abraçou-a por trás, beijou-lhe o pescoço.
-Estás atrasado. – disse aborrecida
-Desculpa – disse beijando-lhe os lábios vermelhos. – como foi o resto do Verão em casa da tua mãe?
-Normal, tive que aturar a fútil da Narcisa a encher-me a cabeça a cada cinco minutos, mas de resto, normal. E o teu?
-Tirando algumas discussões com a senhora Dona Úrsula, tudo na mesma.
-À muito tempo que não estávamos assim, juntos. – disse puxando-o contra si, a mão na nuca dele, olhando-o nos olhos pretos, olhos Black.
-É há muito tempo, tive saudades… foste tão má para mim naquele jantar… - disse beijando-lhe o pescoço, apertando-a mais contra si com uma mão na sua cintura, sentindo uma mão dela nos seus cabelos, beijou-lhe os lábios quentes, introduzindo a língua neles com amor, paixão, enquanto na sua cabeça tinha um único pensamento “estar com ela”.
Ela afastou-o uns centímetros sorrindo sedutora.
-Fui mesmo muito má…deixei o meu cachorrinho sozinho, depois não lhe dei atenção…tadinho dele.
-È tadinho dele, ficou horas e horas à espera que a dona dele se dirigi-se ao seu quarto e fosse lá fazer carinho, mas ela não foi. – disse fazendo cara de triste
-Não deu, o Lestrange estava sempre em cima de mim.
A feição dele mudou radicalmente ao ouvir o nome do rapaz, e o seu olhar atingiu o ponto fúria.
- O que é que aquele imbecil quer contigo afinal?
-Eu sei lá, mas que está a começar a meter nojo está.
-Se aquele…aquele…se aquela coisa se meter contigo tu dizes-me sim?
-Está bem…agora será que poderíamos deixar isso um bocado de lado? – disse e colocou as mãos no seu pescoço. Precionou os seus lábios contra os dele, passou a língua sedutoramente por eles e sorriu. Entreabriu os lábios e deixou que as suas línguas se encontrassem, se tocassem. A sua mão escorregou do pescoço para a camisa e a dele estava nas suas costas. Ele empurrou-a contra a parede, precionou o corpo dela contra o dele e vários minutos se passarão enquanto se beijavam. Quando ficaram sem fôlego, eles simplesmente paravam e recomeçavam.
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Lily já tinha voltado da reunião com os Monitores e agora encontrava-se sentada na cabine com as meninas e aproveitava para falar sobre as férias enquanto Miguel ainda estava a vigiar os corredores. Mas, enquanto falava com elas de repente sentiu falta de alguém, sim a sua melhor amiga não estava ali, nem estaria pensou triste. Lily conhecia Ana e Alice desde o primeiro ano, eram da mesma casa e dormiam no mesmo quarto e então ao longo do tempo tornaram-se grandes amigas. Mas ela não, ela era diferente. Conhecera-a por acaso, esbarraram-se sem querer e duma confusão tornaram-se melhores amigas. É, o tempo tinha passado, mas nunca se esqueceria daquele dia.
De repente, viu as suas divagações serem interrompidas por uma voz.
-Olhem só quem eu vejo aqui!
Lily olhou para ela os olhos semicerrados enquanto a observava rodar a varinha entre os dedos. De repente, ouviu-se uma exclamação ou um grito.
-Bella!! – tinha sido Ana que se atirara sobre o pescoço dela, esmagando-a num abraço.
Então nos lábios vermelhos dela, Lily viu formar-se um sorriso e nos olhos saudade. Entrou e fechou a porta, sentou-se no lugar ao seu lado e olhou-a. Sempre achara os olhos dela muito profundos, sempre conseguira perceber o que diziam apenas olhando-a e agora, frente a frente com eles, ela tinha certeza que tinham muito que falar.
-Bella, como foram as férias? – perguntou Alice
-Na medida do possível, boas – sorriu, sim ficava-lhe muito bem aquele sorriso. Normalmente ela não falava com ninguém, era sarcástica e má com todos, mas com elas não, eram amigas afinal, gostavam umas das outras.
A porta abriu-se e ela pôs-se de pé rapidamente a varinha apontada para elas todas. Todos gelaram quando viram a porta abrir-se, ninguém poderia saber que Bellatrix Black da Sonserina, era amiga de Quatro raparigas da Grifinoria. Seria um escândalo e ela iria ser posta de castigo pelos pais. Então, mais uma vez ela decidiu seguir o disfarce. Com a respiração meio ofegante falou.:
-Isto vai ter volta à se vai! – e sem dizer mais nada saiu chocando com Miguel que estava na porta.
Ele entrou e por um momento todas pensaram que ele fosse fazer perguntas mas ele apenas se sentou no sofá, como se soubesse que tudo aquilo era uma farsa. As raparigas continuaram a conversar, e o tempo foi passando lentamente até que já estavam quase no fim da viagem, o sol já se tinha posto no horizonte, quando a porta se abriu outra vez.
-Olá meninas
-Olá Tiago.
Elas continuaram a conversar, umas vezes sozinhas outras vezes com Miguel. Tiago sentou-se ao pé de Lily e enlaçou-a de forma a que ele ficasse sentado e ela sobre os seus joelhos. A cabeça dela no seu peito e as mãos dele na sua barriga, assim podia mexer nos cabelos ruivos dela. Ela olhou a janela, tinha começado a chover.
-Quem é ele? – sussurrou no seu ouvido.
-Miguel Wagner da Corvinal, muito simpático.
Notou a respiração dele alterar-se, e ele bufou xateado.
-Que foi? – perguntou baixo.
-Ele é simpático é?
-É – disse e riu-se, “ciúmes” pensou.
-Ainda bem então, se calhar é melhor ir-me embora e levar as meninas para poderes ficar com a miss simpatia.
-Tiago estás a ser parvo, não é nada disso
-Se calhar…
-Anjo… - chamou ela olhando para ele.
-Isso é injusto Lily eu odeio quando fazes isso.
-Eu sei – sorriu e encostou outra vez a cabeça no peito dele, os olhos perdidos na chuva lá fora, até que adormeceu.
Foi acordada por ele, que lhe mexia no cabelo com carinho chamando-a.
-Já estamos quase a chegar, as meninas já se vestiram (ela já estava vestida).
-Estou com frio, a minha capa está dentro da mala – disse e encolheu-se mais no peito dele enquanto olhava a chuva cair, os olhos ainda fechados. Ele passou a capa dele para ela.
-Estás melhor?
Ela fez que sim com a cabeça – dormi muito tempo anjo?
-Algum, tens andado a dormir mal? – disse tirando-lhe uma madeixa ruiva da cara.
-Não tenho andado a dormir muito bem – disse e ele pode notar olheiras muito claras debaixo dos olhos verdes dela.
-Podias ter dito.
-Não importa, já passou – estalou-lhe um beijo na bochecha e levantou-se com a capa dele aos ombros – vamos? – disse-lhe
-Eu vou ter com o Sirius e o resto.
-Encontramo-nos ao jantar.
-Até já – disse – xau meninas…adeus – acrescentou para Miguel, que lhe acenou com a cabeça.
Passaram-se alguns minutos e o trem parou. Juntos, saíram do trem e caminharam até à carruagem. Lily pôs o capuz do casaco e não pode deixar de pensar em como Tiago deveria estar com frio debaixo daquela chuva. Estendeu a mão para poder sentir as gotas caírem em sintonia umas com as outras, e por um segundo pode saborear aquele momento. Depois, entrou na carruagem com Alice, Ana e Miguel e juntos voaram para Hogwarts.
Quando lá chegaram o castelo parecia mais convidativo do que nunca devido À chuva que batia com força nas janelas sem parar.
As três sentaram-se a meio da mesa, enquanto Miguel rumava para a mesa da Corvinal.
Segundos passaram e risadas foram ouvidas na entrada do salão. À sua passagem, eram cabeças que se viravam na sua direcção, raparigas que suspiravam, rapazes que com olhares os invejavam e amigos que os cumprimentavam a cada passo dado. Lily seguiu com os olhos todo o trajecto dos Marotos. Viu Tiago sussurrar qualquer coisa ao ouvido de uma rapariga loira com um sorriso malicioso, Sirius sorrir para a mesa da Sonserina bem discretamente, Pedro olhar a mesa como se a imaginar se a comida estaria ali e Remus olhando para Ana… olhando para Ana. Lily franziu a testa por um milésimo de segundo e a seguir sorriu para o Maroto de olhos de cor castanhos-avelãns, no que ele retribuiu com um sorriso doce. John Colt, uma rapaz da Grifinoria com cabelos castanhos e olhos pretos, muito bonito veio cumprimenta-la e sentou-se umas cadeiras ao seu lado.
Pedro e Remus sentaram-se à frente de Alice e Ana e Sirius sentou-se à sua frente. Tiago que tinha ficado para trás a conversar com uma sextanista da Grifinoria, sentou-se ao seu lado e a enlaçou-a com um braço pela cintura, beijou-lhe a bochecha.
-O que é que o Colt queria? – perguntou
-Tiago estás todo molhado! – disse afastando-o – só me veio cumprimentar
Ele sorriu ainda mais, passou a mão pelos cabelos marotamente e encostou o seu corpo completamente molhado da chuva no dela.
Entretanto os primeiranistas já tinham entrado no salão e estavam a ser seleccionados.
-Deves ter ficado com frio – comentou para ele, a cabeça encostada no seu peito molhado, os olhos postos nele que olhava um ponto qualquer.
-Um bocado, mas não faz mal – disse e passou um dedo pelo queixo dela.
De repente Lily ouviu a voz do Professor Dumbledor dar as ultimas instruções e no fim a mesa encher-se de comida. Os olhos de Pedro brilharam e passado uns segundos todos comiam, saboreando a maravilhosa comida de Hogwarts.
Para o final, Melanie Cox uma rapariga de cabelos castanhos cortados a baixo do queixo e um corpo a que os rapazes denominavam fenomenal aproximou-se de Tiago, com um sorriso.
-Podemos falar Tiago?
Lily viu Tiago passar a mão pelos cabelos e dizer um “claro”. Melanie sentou-se ao lado dele, ele tirou o braço da cintura de Lily e a mão dos cabelos ruivos dela e ela sentiu o estômago cair-lhe de repente. Baixou os olhos para que ninguém visse a sua cara e deixou de comer. Constantemente lançou alguns olhares aos dois que sorriam enquanto conversavam. Foi numa dessas olhadas que ela encontrou os olhos pretos de John observa-la com atenção. Baixou os olhos para os sapatos e apenas pode ouvir as ultimas palavras de Tiago e da Cox.
-Combinado então.
Ela estalou-lhe um beijo na face e saiu indo para o seu lugar. Tiago voltou a por o seu braço em volta da cintura da ruivinha, mas ela afastou-o sem olha-lo.
-O que se passa Lily? – perguntou confuso
-Nada
Ele aproximou-se e sussurrou-lhe ao ouvido:
-Conta-me…
-Não quero falar sobre isso.
-Va la…
De repente ela levantou-se junto com Remo e começou a encaminhar os alunos para o Dormitório, sem dar mais nenhuma explicação a Tiago.
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Eram por volta das dez menos um quarto, Tiago estava sentado confortavelmente numa poltrona no salão comunal à espera que chegassem as dez horas. Lily estava sentada sobre os seus joelhos, deitada com a cabeça no ombro dele. A chuva ainda não tinha parado, pelo contrário batia mais e mais forte nas janelas.
Tiago olhou para o relógio.
-Vou andando Lily – disse
Ao ve-lo sair Lily sentiu um gosto esquisito na boca, mas apenas se levantou e foi para o dormitório tentar dormir.
“Um salão enorme estendia-se à sua frente. As paredes eram esculpidas de uma pedra vermelha, brilhante e as janelas pareciam que iam partir com a força da chuva. O teto tinha quatro símbolos de varias cores interligadas sobre si e no chão, mesmo no centro do salão, em baixo dela havia um círculo gigante de cor branca. Ela abaixou-se devagar, tocou-lhe. Era quente, macio. Levantou-se assustada ao ouvir um corpo bater violentamente contra uma parede.
Era uma rapariga, os seus cabelos eram castanho e os olhos de um castanho-escuro brilhante. Estava vestida com uma capa, verde escura com capuz. Ela viu-a levantar-se e enfrentar o homem com capa negra, corajosamente. Ele aproximou-se.
-Onde está? – perguntou, a voz gélida.
Ela sorriu, disposta a não contar.
-Os guardiães, onde estão eles?
-Eles já não existem
Sorriu.
-Niera, ninguém me consegue mentir, eles existem e andam por aí escondidos.
Ela não respondeu.
-Diz-me! A Guardiã!Onde está ela?
Continuou sem responder, até que ele farto do silencio aproximou-se dela e agarrou-a pelo pescoço. Ela arregalou os olhos e abriu a boca tentando respirar, então olhou para o lado e sorriu.
A ruiva não sabia o que fazer, havia simplesmente qualquer coisa que a impedia de fazer algo, e então percebeu ela ali era apenas uma mera observadora.
Lily ouviu-a chama-la e de vagar foi caminhando até ela. Viu o outro olhar para ela, a tentar perceber para onde Niera olhava mas ele não a conseguia ver. Ela era pura de mais, o mal não conseguiria vela naquele lugar sagrado, não conseguiria tocar-lhe.
Niera esticou a mão para ela e Lily quaze que consegui toca-la, a barreira apenas separando-as. Na sua mente ouvia-a dizer palavras como. “És a guardiã, nunca te esqueças disso. Encontra os outros e juntos guardem-no, protejam-se mutuamente e no fim destruam-no…para sempre.” Ela falou tudo em latim, e Lily percebeu tudo. Foram apenas segundos, segundos que pareceram ter durado uma eternidade e no fim ela ouviu uma vez mais aquela voz que lhe gelava os ossos.
-Niera é a tua última oportunidade, onde está ela?
Niera voltou mais uma vez os seus olhos brilhantes para Lily e sorriu, então olhou o outro e esse foi o seu erro. O homem ao perceber que ela não iria falar, fez o que melhor sabia fazer: manipular.
E ao olhar nos olhos dela, ele utilizou legilimencia nela. No principio tentou resistir, mas de nada lhe serviu. E por vários minutos ficou lá a vasculhar a memoria dela, até ele ver uma rapariga de cabelos ruivos, muito pequena com os seus três anos. Os seus olhos eram verdes brilhantes, um verdes que ele conhecia muito bem, e então ele soube quem era. Rapidamente saiu da mente dela e da capa tirou um punhal. Sem dar tempo para a outra respirar, ele cortou-lhe a garganta e desapareceu.
Lily gritou um “não!” que ninguém ouviu e do nada a barreira invisível desapareceu e ela pode segurar Niera antes desta cair no chão. Sabia que não havia nada a fazer, o sangue começou a escorrer para as suas mãos e depois pingou para o chão, fazendo aos poucos uma poça. Olhou-a, os olhos estavam arregalados e ela tentava a todo o custo falar, mas não conseguia. Então no momento crucial, ela passou a linha entre a vida e a morte e o sopro de vida que ainda existia nela desapareceu. Os seus olhos deixaram-se ficar parados num sítio, da garganta não surgia nenhum som, à sua volta apenas o silêncio. Dos seus olhos caíram lágrimas e então uma vez mais sentiu tudo negro, tentou apertar com mais força a mão de Niera, tentar senti-la mas a única coisa que conseguiu sentir foi o lençol.”
Sentou-se na cama, ainda havia algumas lágrimas no canto dos olhos. Tocou a camisola toda molhada e levou os dedos aos olhos: sangue. Sangue de Niera, sangue. Um trovão trespassou o céu e ela levantou-se sem sequer se limpar do sangue que encharcava a sua camisola e desceu para o salão comunal.
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Ele estava numa sala de aula vazia à espera dela à mais de cinco minutos. Pensava em Lily e na forma como ela estava estranha, não deixou que a abraçasse e quando estavam os dois na poltrona ela não falava, estava como que chateada com ele.
A porta abriu-se e fechou e Melanie entrou mais produzida do que nunca. Uma saia preta muito curta e um top amarelo com um decote enorme. Tiago pode esquecer por um momento os problemas com Lily e do nada pegou na rapariga e deitou-a na mesa. Lançou-lhe um olhar maroto e precionou os seus lábios contra os finos dela. Explorou-lhe a boca, passou as suas mãos pelas pernas da rapariga e no momento em que a roupa se estava a tornar um fardo, um relâmpago rompeu os céus e iluminou a face dela.
Ele parou, tirou as mãos do corpo dela e olhou para os lados confuso, a debater-se numa luta interior. Ela levantou-se e arranjou a saia, olhou para ele confusa. Ele andava de um lado para o outro despenteando os cabelos, até que parou e a olhou sério.
-Eu tenho que ir Melanie, desculpe. Eu depois explico
E sem dar explicações saiu da sala e correu pelos corredores até ao salão comunal.
Quando lá chegou, ele viu-a sentada no sofá, encolhida, abraçada às pernas, num movimento cíclico para trás e para a frente. Ele aproximou-se, sabia muito bem o que se passava na cabecinha dela. Não era a primeira vez nem a ultima que a via numa situação daquelas. Os trovões assustavam-na, ela tinha medo deles desde criança. Nunca lhe tinha contado porquê, mas sempre que havia trovoada ela ficava assim, distante, confusa. Eram os momentos em que ela mais se mostrava, em que mais se abria, eram os momentos em que todos podiam ver como ela era.
Aproximou-se dela, sentou-se no sofá e abraçou-a, tentando reconforta-la mas ela afastou-o com um braço e ele espantado olhou-a sem se mexer.
-O que se passa Lily?
-Não deverias estar com a Melanie? – perguntou e pode distinguir um tom frio na voz dela, que nunca usara para ele.
Engoliu em seco, sim ele realmente deveria estar com a Melanie, mas ele escolhera estar com ela será que ela não via isso? Ele escolheu estar lá a fazer-lhe companhia naquela noite, a estar aos amassos.
-sim, mas eu pensei que preferisses que eu estivesse contigo por ser …tu sabes…trovoada.
Ao ouvir a última palavra do amigo e ao perceber que ele estava preocupado com ela, Lily abandonou o olhar frio e num sorriso triste abraçou-o. Tiago ficou a olhar para ela sem realmente perceber aquela mudança de atitude. Alguns minutos se passaram quando Tiago a ouve chorar discretamente agarrada à sua camisa. Afasta-a um bocado para a ver, mas repara no sangue e alarma-se.
-Que se passou Lily?
Ela abanou a cabeça, estava decidida a não dizer nada, guardar aquele segredo apenas para ela.
-Nada de mais
-Tu estás coberta de sangue!
Ela olhou para o chão, oh maldito olhar que não a deixava mentir…
-Não se passou nada de mais.
-Tu estas cheia de sangue e queres que eu acredite que não aconteceu nada de mais? – gritou
Nesse momento ela explodiu, será que ele não conseguia perceber que ela não lhe podia dizer? Que era arriscado de mais mete-lo naquela confusão principalmente sabendo agora que Voldemort andava …atrás dela. Como ela lhe queria contar tudo mas não podia, sabia não poder…não queria pô-lo em risco.
-Eu não posso contar ok? Eu não posso…talvez um dia mas não agora.
-O que é que tu fizeste Lillian?
Lillian…é as coisas não estavam muito bem, o nome inteiro, nem Lils, nem Lily, oh ele estava a ficar aborrecido, mas era tudo para o proteger…
-Eu não fiz nada.
-Tu estas à espera que eu acredite?
-Tu devias confiar em mim! – Enervou-se
-Está um bocado difícil se tu não me contares o que se passou…
-Tu devias confiar em mim mesmo eu não contando – levantou-se
-Onde vais?
-Procurar alguém que CONFIE em mim – disse e a passagem do salão comunal já se tinha aberto quando de repente ela se agarra com força à parede, a mão na cabeça, tudo a girar e a voz dela… os seus olhos verdes…sentiu-se ser levada para outra dimensão.
Era tudo tão escuro, não havia uma luz e depois ela à sua frente, a mão estendida, um amuleto com vários símbolos, no centro um circulo branco. Agarrou-o e levou-o ao peito, sim sentia ser algo maravilhosamente lindo e importante.
Depois a voz dela na sua cabeça causando-lhe uma dor enorme “guarda-o”. Abriu os olhos e viu tudo desfocado. Estava deitada no sofá, sobre ela uns olhos castanhos-esverdeados, olhos que ela tão bem conhecia….a mão dele estava sobre a sua, na outra, na outra…
Ela apertou mais a mão, e sentiu o amuleto nela, tão pequenino e frágil.
-Estas melhor? – era carinho na sua voz?
-O que se passou?
-Desmaiaste – passou as mãos pelo cabelo ruivo dela – desculpa o que aconteceu, quando quiseres contar conta. – sorriu-lhe.
Ela abraçou-o – um dia anjo…um dia eu conto-te tudo e nesse dia tu vais perceber.
Um trovão soou lá fora mais uma vez, como odiava trovões, agarrou a camisola dele.
E junto dele, do seu amigo, do seu praticamente irmão, ela pode descansar e tentar esquecer os sonhos e a preocupação que a sua vida se tornara. Deitou a cabeça no seu ombro e ele abraçou-a, os seus pés no sofá, ela estava praticamente deitada em cima dele. Mesmo com os trovões ela não sentia mais medo, perto dele sentia-se protegida. Fechou os olhos verdes, ainda sentindo a mão dele fazer carinho no seu cabelo e rapidamente adormeceu.
Tiago pegou nela ao colo e com cuidado para não a acordar levou-a escadas acima para o seu dormitório.
-Tiago… és tu?
-Sim Sirius.
-É tarde, como correu o encontro com a Melanie? – disse sorrindo maliciosamente
-Não correu – disse apontando a cabeça para Lily.
Sirius olhou para la da janela.
-Percebo, ela adormeceu outra vez não é?
-Sim, não tive coragem de a acordar. – disse deitando-a na cama dele e sentando-se na borda olhando para ela.
-Qualquer dia temos que muda-la definitivamente para aqui.
Tiago riu-se.
-Boa noite Sirius – disse ao ve-lo deitar-se outra vez debaixo dos cobertores.
-Boa noite…
Ele olhou-a dormir, a sua bonequinha, a sua mana, não existia palavras para descreve-la. Parecia tão indefesa, iria protege-la para sempre, para sempre…
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