Capítulo DOIS



CAPÍTULO DOIS (Lyn Baresford)

Ainda de boca aberta, James olhava para Remus de maneira aparvalhada. Sua amada, sim porque Lily era definitivamente sua amada (ele descobrira isso no seu seguno ano em Hogwarts), nos braços do Ranhoso? Impossível. Era certo que Lily gostava do Ranhoso, mas a ponto de ser beijada por aquele miserável... Isso era o cúmulo.

Fechou a boca e a abriu mais uma vez. Levantou-se então das confortáveis almofadas e andou até o centro do salão. Ficou por lá, boquiaberto, querendo entender aquela situação inverossímel.

- O que você vai fazer, Pontas? - gritou Sirius para ele.

James se virou para o amigo e o olhou vagamente.

- Matar aquele Seboso! - respondeu ele, irado.

- Você não vai matá-lo! - reeprendeu Remus Lupin, sensatamente. - Pontas, meu amigo, tenho certeza que não está afim de acabar com sua vida... Até porque... Dumbledore não mais segurará você aqui em Hogwarts!

- Para o inferno com Dumbledore - bufou James, sem pensar na barbaridade que estava gritando.

A face de Remus se contraiu violentamente.

- Não fale assim do diretor de Hogwarts, James! - falou ele, exaltado. Remus Lupin tinha um respeito enorme por Albus Dumbledore.

- A vida é minha - continuou James, aos berros. - Se eu for para Azkaban...
Sirius, prevendo uma outra barbaridade, interrompeu apazigüadoramente:

- Ei, acalme-se. Depois pegaremos o Seboso, depois... - Ele se aproximou de James. - Está de cabeça quente agora! Não queremos ver o nosso amigo preso em Azkaban.

James se encolheu e calou-se.

- Isso... Bom menino! - Sirius olhou zangado para Remus, que estava de braços cruzados, vendo a cena. - Francamente, Aluado, onde estava com a cabeça? Tinha que falar isso para ele desse jeito?

- Como você queria que eu falasse? - retrucou Remus, nervoso.
Uma outra briga sairia ali, se não fosse a chegada de Frank Longbottom para remediar a situação, que começava a ferver. Frank era colega dos marotos.

- O que estão fazendo? Parecem uns loucos... Deixa a professora McGonagall ver isso aqui. E por quê James está com essa cara de trasgo enraivecido?

Peter Pettygrew, com um sorriso sonso no rosto, fez questão de responder Longbottom:

- O Snape beijou a princesa do James, é só isso.

- Fiquem calados vocês dois! - berrou James, irradiando uma nova onda de cólera.

Era muito fácil tirar James do sério, porém a tarefa para controlá-lo levava um bom tempo.

- Eu quero ver a Evans agora mesmo! - continuou ele, esticando os braços horizontalmente. - Onde está aquela franguinha? Oh, como ela ousou fazer isso comigo? - Calou-se, mas não demorou muito... A ladainha recomeçava.

***

- Está escutando algo? - Alice perguntou. Interrompeu a narrativa de Lily sem cerimônia, que contava como tinha sido a cena do beijo com o Sonserino Severus Snape.

- Alguém gritando... Deve ser um calouro louco da vida pelos enormes trabalhos que o professor Kingsley passa sempre depois do Dia das Bruxas.
A outra não se convenceu. Foi até a porta do dormitório e colocou o ouvido junto a madeira. Fitou Lily, que se aproximava.

- Parece o Potter - disse Alice, baixinho.

- O que aquele maluco está aprontando? - indagou Lily, franzindo a alva testa, coberta por uns fios teimosos de cabelo. - Aposto que deve também ter dedo dos outros Marotos.

As duas se silenciaram, afim de ouvirem os gritos que vinham do salão comunal.

- Ouviu seu nome? - Alice exclamou, de repente. - Ele gritou o seu nome...

- Ouvi... e ouvi muito bem. Vou lá agora.

Lily abriu a porta e saiu em disparada, seguida de uma Alice, que tentava se trocar com o auxílio da varinha. As vozes se tornavam mais audíveis a cada degrau vencido. Estava preparada para enfrentar James Potter.

***

Albus Dumbledore olhou amavelmente para a jovem sentada do outro lado de sua escrivaninha. Por trás de seus óculos de meia-lua, o velho diretor de Hogwarts viu uma menina de cabelos pretos na altura dos ombros, olhos também pretos e fundos. Era magra e seus pés não encostavam o chão, que balançavam descoordenados no ar. Depois de um sorriso, fitou o homem robusto, sentado na poltrona ao lado da garota. Parecia-se muito pouco com ela... Tinha olhos azuis e uma expressão de bom grado. Os cabelos eram de um tom castanho claro e encaracolados. Quem os visse, nunca diria que tratavam ser pai e filha.

O sr. Baresford disse num tom animado:

- É muito gratificante voltar aqui. Vejo que nada mudou... O ar sempre sério de Hogwarts ainda continua - sorriu. Possuía bonitos dentes brancos.

- Devo discordá-lo, sr. Baresford. - Dumbledore falou, bondosamente. - Mudou muita coisa, a começar por mim!

- Claro. Na minha época o senhor não era o diretor... Eu queria dizer que a parte física... Acho que não me entenderá.

- Entendo perfeitamente onde o senhor quer chegar! As paredes, o lago da Lula-Gigante, as estufas... Permanecem do mesmo jeito, de forma pitoresca... Do mesmo jeito que o senhor os deixou.

O bruxo sorriu, concordando. Albus Dumbledore era um bruxo muito peculiar, além de inteligente.

- Meu tio não mais leciona aqui, não? - indagou o sr. Baresford.

- Lionel Baresford nos deixou há um ano - respondeu Dumbledore. - Deve estar curtindo as férias, ou melhor, a aposentadoria na Antuérpia ou em um outro lugar bem longe da Inglaterra. Foram muitos anos de trabalho aqui... É uma pena que não esteja mais no nosso corpo docente... Um bruxo formidável.

O sr. Baresford sorriu mais uma vez. Olhou para a filha, de forma convidativa, para que também participasse da conversa. Porém a jovem Baresford desviou o olhar.

- Bem, tratemos de negócios - disse seguro o sr. Baresford. - O senhor deixará a minha pequena Lyn estudar aqui? O senhor sabe que nós mudamos recentemente para a Inglaterra. Lyn estava em pleno vapor na Academia de Magia Beauxbatons e não quero que ela saía dos estudos...

- Absolutamente.

- Sei que não é muito comum - continuou - admitir novos alunos, já que se iniciou há um bom tempo o período letivo. Porém sei que o senhor é bastante flexível quanto a estes assuntos...

Ele pausou e sorriu por fim.

O diretor fitou a jovem e depois voltou a pousar o olhar no pai. Disse, finalmente:

- Não vou deixar uma jovem em potencial, como vejo nos olhos da srta. Baresford, fora do nosso time. Hogwarts abriga muitos alunos e, por isso, é criticada por alguns setores da comunidade mágica, que afirmam ser prejudicial para a formação de novos bruxos. - Pausou. - Não vejo nehum problema nisso, pois é em grupo que um indivíduo galga seu passos. A srta. Baresford se adaptará facilmente em nosso sistema de ensino...

- Ah, muito obrigado! - O sr. Baresford se levantou e cumprimentou o diretor. - Viu filha! Estudará na mesma escola que o papai estudou!

A jovem não se mostrou muito otimista. Cruzou os braços e abaixou a cabeça. O pai, constragido, devolveu um olhar de desculpas ao diretor de Hogwarts. Este, por sua vez, abanou a cabeça em sinal de entendimento.

- Ah, diretor - disse o sr. Baresford. - Desculpe-me em nome de minha filha. Ela é um pouco introspectiva e além disso chegamos de viagem ontem a noite... Deve estar cansada. É isso.

- Não se importe comigo, sr. Baresford. - Dumbledore se levantou da cadeira. Foi até a um armário de mogno muito bonito, encostado na parede. Abriu uma das portas e retirou de lá de dentro um chapéu negro pontudo, com um rasgo perto da aba. O chapéu começou a falar:

- Ei... Não gostei nada disso, diretor. Ficar preso num armário? Um chapéu como eu não fica preso num armário... Oh, Gryffindor tinha um respeito enorme por mim. - Ele cessou o falatório quando Dumbledore o colocou sobre uma cadeira frágil de apenas três pernas.

O velho bruxo encarou Lyn Baresford, que tinha se interessado por aquele falante chapéu. Ele deu um sorriso e falou:

- Este, srta. Baresford é o Chapéu Seletor de Hogwarts - indicou ele com o dedo. - Este Chapéu tem como objetivo escolher, de acordo com o seu perfil, em qual casa ficará em Hogwarts. Temos quatro Casas: a Corvinal, fundada por Rowena Ravenclaw; a Grifinória, fundada por Godric Gryffindor; a Lufa-Lufa, fundada por Helga Hufflepuff e a Sonserina, fundada por Salazar Slytherin. Se não muito me engano, o seu pai foi um Lufa-Lufano!

- Isso mesmo! - concordou, sorrindo para a filha. - O tio Lionel era o diretor da Lufa-Lufa, quando eu estudava aqui.

- Atualmente, quem dirige a Lufa-Lufa é o professor Filius Flitwick... - Fez um aceno com a mão para Lyn. - Sente-se aqui e coloque o nosso nobre Chapéu Seletor em sua cabeça!

Ela, por sua vez, ergueu-se temerosa. Fitou o Chapéu e, então, dirigiu-se para a cadeira.

- Eu sei... - disse ela, ao se aproximar do Chapéu. - A voz tá me dizendo!

- Não começe filhinha! Não há nenhuma voz aqui... - O sr. Baresford ficou um pouco zangado e sua maneiras não eram nada cordeais.

Albus Dumbledore permaneceu calado.

- Ela diz... Diz a verdade! - Lyn disse mais alto. Suas mãos estavam junto ao peito, que arfava velozmente. - Vou para a... Vou para a Casa do mau! Vou para a Casa de Slytherin!

Sentou-se, colocando o chapéu na cabeça. Os olhares dos dois bruxos estavam pousados sobre ela.

O Chapéu Seletor se remexeu... Abriu o rasgo várias vezes, mas sem emitir som. Passado um bom tempo, ele enfim anunciou:
- Sonserina!

***

O embate que poderia se chamar do século acontecia. Lily Evans, de mãos postas na cintura, olhava para o causador da balbúrdia. O jovem, por sua vez, parou imediatamente quando a viu.

- Evans! Evans! - gritou ele. - Estava mesmo a sua procura! - Chegou mais próximo de Lily. - Que história é essa daquele Ranhoso ter lhe dado um beijo?

Lily continuou séria. Não mexeu sequer um músculo da face e isso deixou James visivelmente desconcertado.

- Não vai responder?

Alguns risos se alastravam pelo recinto. O salão comunal estava um pouco mais cheio do que antes, devido aos berros de James, que chamaram muita atenção.

- Responda Evans!

Com desdém, ela enfim se pronunciou. Sua voz era tranqüila, soava baixo e sem nenhuma hesitação:

- Não conheço esta pessoa. Realmente não conheço e mesmo que eu o conhecesse não lhe daria satisfações.

Pasmo, James exclamou no mesmo momento:

- Como não conhece? Todos aqui conhecem o Ranhoso! - Ele olhou ao seu redor, na intenção de confirmar o que estava falando. Sirius, Remus e Peter foram os mais convincentes. - Viu, Lily? É do Snape que estou falando! Não se faça de desentendida. Posso afirmar com certeza que isso não cai bem com sua personalidade.

- É claro que não! - admitiu Lily, impassível.

- Então reconhece! Isso é um bom passo... - Semicerrou os olhos e continuou: - Por que você fez isso comigo?

Lily não trabalhava sobre pressão. Aquele monte de olhos crispando sua cara... Sedentos por uma resposta que, sinceramente, não lhes era de direito. Nem mesmo James tinha o direito de saber de sua vida intima... Porém, com paciência e bondade, queria respondê-lo. Não ali, com aquela gente toda... E, por isso, fez a proposta:

- Se quiser saber a resposta - disse, calmamente - venha comigo até a biblioteca. Lá poderei falar sobre este caso. Eu falarei e você ficará apenas ouvindo. - O tom saiu grave e quase áspero. - Veja o quão grande é a minha paciência e a minha generosidade, ao partilhar com você algo de interesse intimo e exclusivo.

- Na biblioteca? - indagou James. Foi a única coisa que lhe veio à cabeça.
Ela não respondeu. Virou-se e saiu pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, sobre silêncio assustador.

James permaneceu parado. Estava surpreso por não ter tido tanta dificuldade... Lily o surpreendia a todo minuto. Sentiu uma mão pusar em seu ombro. Olhando por trás do ombro viu Sirius e logo atrás vinham Remus e Peter.

- O show não foi dos melhores, porém quanto ao quesito originalidade... - disse Sirius deixando a frase no ar.

- Surpreendi muito com atitude de Lily - falou Remus, participando da conversa. - Tenho a impreensão que vai botar em pratos limpos essa situação caótica de vocês dois.

James abanou a cabeça e, sem dizer nada, saiu do salão comunal.
- É... e nós? Como ficamos nessa história? - perguntou Sirius, olhos fixos no buraco do retrato fechado.

- Vamos esperar! - disse Remus, num suspiro.

- Que tal ouvir a conversa desses dois? - sugeriu Peter, num lampejo assustador.

Os outros dois marotos olharam para Peter. Sirius, instantes depois, esboçou um sorriso diabólico, enquanto Remus franziu momentaneamente a testa.

***
James alcançou Lily apenas no quarto andar. Ela andava resoluta, passos seguros. James sabia muito bem que ela não diria nada ali e, por isso, não investiu qualquer pergunta.

Os dois andavam próximos, como se fossem bons amigos. Algumas vezes as mãos dos dois se enconstavam acidentalmente... Lily não demonstrava desconcerto. James corava as bochechas, mas não passava além disso.
Foi no segundo andar, próximos já da biblioteca (que era nesse mesmo piso), que os dois Grifinorianos se encontraram com Albus Dumbledore, ao lado de um homem e uma garota. O diretor mostrou o seu tradicional sorriso e saudou os dois alunos:

- Srta. Evans e sr. Potter!

- Olá, diretor! - cumprimentou James, alegremente. Lily também fez o mesmo.

- Este é o sr. Baresford - apresentou Dumbledore. - Ele foi um aluno de Hogwarts!

O sr. Baresford inclinou cortesmente.

- E esta aqui - continuou o velho bruxo - é sua filha, srta. Lyn Baresford. Ela estudará aqui, no mesmo ano de vocês, porém na Sonserina.

James sorriu para garota, mas estremeceu logo depois. Algo naquela garota estava fora do lugar... Muito branca, olhos fundos e uma expressão triste. Sua voz era mais assustadora, quando falou:

- Vou me divertir com vocês... Apesar de ter ido para a casa do mau, eu terei um prazer enorme ter ao meu lado jovens tão bons como vocês dois. - Ela pausou e olhou para o chão. - A voz me diz isso - continuou. - A voz diz sempre a verdade... A voz sabe que vocês dois são muito bons.

- Lyn! - O sr. Baresford soltou um rugido forte. - A Sonseria não é uma casa do mau e não existe voz nenhuma aqui.

Dumbledore fez um gesto, afim de conter o homem. Sua voz macia e tranqüila voltou a soar depois de ter controlado o homem.

- Tenho certeza que vocês se darão muito bem! É claro que há outros alunos que darão muito bem com a senhorita, além de funcionários, professores e...
Lyn levantou a cabeça. Com um olhar vago, fitou algo atrás dos garotos.
Ela começou a apontar com o dedo e seus olhos estavam mais esbugalhados do que nunca.

- Ali... A voz tá me dizendo. Ela é certa nisso. Há alguém cuja sombra é negra. Estava bem atrás de vocês.

Lily e James olharam para trás. Não havia nada ou ninguém ali.

- Lyn... - repreendeu o pai mais uma vez.

Lyn Barersford proseguiu sem se importar:

- Está para quebrar a magia que une! Ela não tem alma... vendeu ao diabo! E está disposta a fazer isso. Um ser ardiloso e sem escrúpulos... A voz me diz, me diz claramente tudo isso. - Olhou fixamente para Lily. - É alguém da Casa... da Casa do Mau! Para a mesma Casa que eu vou!

- Francamente, Lyn! - O sr. Baresford disse, um pouco vermelho devido as barbaridades que a filha dizia. - Diretor, é melhor irmos... para a Sonserina! Onde fica mesmo?

Dumbledore concordou.

- Sim, vamos. Até mais ver, garotos!

As três figuras saíram de cena. Lyn Baresford estava mais controlada, mas dizia sem parar sobre a misteriosa voz que lhe dizia algo de muito revelador.

- Puxa, o que foi isso? - questionou James absorto. - É um pouco
maluquinha, não?

Lily demorou dizer algo.

- Não acho... Não acho.

Sem se importar com a cara que James fazia no momento, seguiu seu caminho rumo a biblioteca. James correu logo atrás, alcançando-a somente às portas da biblioteca.

***

E uma sombra saiu de trás do pilar e com um olhar diabólico fitou os dois jovens entrando na biblioteca. Nada naquela aparência demostrava bom humor.

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