Capítulo UM



CAPÍTULO UM (O beijo da discórdia)

- Bella!

Rodolphus Lestrange teve que chamar a jovem Bellatrix mais uma vez.

- Bella, está me ouvindo?

A quintanista da Sonserina finalmente se virou, após ouvir distantemente o seu nome ser soado. Era Rodolphus, para infelicidade de Bellatrix. Praguejou baixinho antes de retrucar:

- O que foi?

- Não quer minha companhia?

- Definitivamente, não - respondeu Bellatrix sem mostrar sorriso. - Não estamos casados ainda e quanto maior for a nossa distância antes do casamento, melhor será para ele.

Mesmo sendo uma jovem de apenas 15 anos, a família de Bellatrix já tinha firmado o seu casamento com um dos filhos do velho Giles Lestrange. Isso a deixava mais frustada, quando o filho daquele bode vellho se aproximava. Era notável que Bellatrix Black não amava Rodolphus.

- Minha querida - disse Rodolphus sem se importar com a frieza de sua futura esposa -, não fique emburrada comigo. Sabe que eu me preocupo com você... - fez uma pausa. - Seu rosto não é dos melhores.

O rosto de Bellatrix continuou impassível, porém seus olhos negros mudaram para um tom mais vermelho. Estava prestes a bufar mais uma vez, mas se tranquilizou a tempo. Seu peito parou de arfar descompassadamente.

- O que há com minha cara?

- Nada, nada - apressou-se Rodolphus em responder.

- Como nada? Agora mesmo disse que o meu rosto não era dos melhores.

Rodolphus se sentou ao lado da jovem, postando-se no braço da poltrona, e passou, em seguida, as mãos por de trás dos ombros dela. Abriu um largo sorriso e explicou, de forma pausada:

- Há uma ruguinha bem aqui no alto de sua testa - ele colocou a ponta do dedo na referida ruguinha - que me dá um sinal. Minha Bella não está bem... Está preocupada com algo. E quando está preocupada com algo, eu também me preocupo. Sou zeloso e você sabe disso. Tenho que cuidar do meu rebanho, pois...

- Ah! Cale a boca, Lestrange! - resmungou Bellatrix, desvencilhando das mãos do garoto. Ela levantou-se da poltrona de súbito. Rodolphus também se levantou.

- Não entendo essa sua rebeldia! - falou ele, quase berrando.

Um calourinho que passava por ali deu uma risada. Sem pestanejar, Rodolphus sacou a varinha e jogou um feitiço estuporante no garotinho. Ele, por sua vez, conseguiu escapar das fagulhas vermelhas e correu para o dormitório, como se fosse um porquinho com o rabo entre as pernas. Rodolphus, depois de satisfeito, arreganhou os dentes para um outro grupinho de Sonserinos que tinha parado para ver a cena. Eles também correram. Pode finalmente continuar sua discussão com Bellatrix.

- Pode me responder?

A resposta foi o silêncio.

Bellatrix já não mais estava ali.

***
(Abertura da Novela)

Lily Evans

James Potter


Bellatrix Black

Elenco em ordem alfabética:

Alice Hendrix, Albus Dumbledore, Andromeda Black

Frank Longbottom, Gwenda Pryde, Lyn Baresford,

Minerva McGonagal, Moira McLaung, Peter Pettygrew,

Remus Lupin, Rita Skeeter, Rodolphus Lestrange

Roxana Finnes, Sirius Black, Severus Snape

Escrita por J. J. King

AMOR E ÓDIO

***

Sirius Black, Peter Pettygrew e James Potter, quartanistas da Grifinória, estavam deitados sobre um monte de almofadas vermelhas, quando Remus Lupin chegou, sentando-se nas mesmas almofadas. James deu um tapinha nas costas do amigo, que estava visivelmente sorumbático, e falou, animado:

- E aí, Aluado amigo? Que cara essa?

- Ela me deu um fora. - Respondeu ele no mesmo instante.

James olhou de Sirius para Peter, constrangido. No entanto, o que era para ser um discurso de pêsames transformou-se num show de gargalhadas. James teve um acesso de riso tão grande que Sirius necessitou dar uma palmada em suas costas. O Black, enquanto acudia o amigo, também gargalhava. Peter, o mais moderado do três, fitou Remus e disparou a pergunta:

- Reminho... Haha! Ai! Acho que nós dois devemos dar as mãos um para o outro.

Remus não gostou na brincadeirinha e fechou ainda mais o cenho. Estava ficando cada vez mais vermelho, parecendo muito a um pimentão. Aproveitando disso, James soltou uma piada, entre risos:

- Talvez ela não estava a procura de um pimentão.
Sirius também aproveitou:

- Ou então ela não gosta de pimentões vermelhos... Vá de verde na próxima vez.

E os três continuaram com as gargalhadas. Remus poderia sair dali, mas sabia que aquilo era parte das malfadadas gozações dos amigos. Cessaria os risos e as piadinhas rapidamente com o estalar dos dedos, se quisesse. Ele deixou os amigos se divertirem mais um pouco.

- Devemos abrir umas aulas para estes dois depois, não é mesmo Almofadinhas? - sugeriu James para Sirius. Os dois eram os conquistadores do grupo. A lábia dos dois para cima das garotas eram invencíveis. Por outro lado, os outros dois marotos não conseguiam absolutamente nada a não ser um "fora" daqueles.

Sirius estalou o dedo, concordando e complementou, depois de mais risadas:

- Que tal: Curso "como conquistar garotas".

- Ótimo! Perfeito! - bradou James, caindo mais uma vez na gargalhada.

Remus então decidiu cortar a onda de risos que instauraram por quase todo salão comunal. Já havia uma pequena aglomeração em torno deles e, consequentemente, os risos já aumentavam, chamando mais e mais curiosos.

- Muito engraçado, muito engraçado!

- Não fique zangado com a gente, Aluado - Peter Pettygrew disse, carinhosamente. - Afinal, eu também só levo foras das meninas. Não fico triste por isso e sim, alegre. Não vê que a gente ri pra caramba...

- Eu sei, Rabicho. Porém chegou a hora de calar a boquinha, pois tem um monte de enxeridos aqui. - Remus deu uma boa olhada nos colegas que estavam mais próximos e que conseguiam ouvir a conversa. Eles entenderam a indireta e dispersaram, dando desculpas.

- Uau! Reminho está poderoso - ironizou Sirius. Fitando o rosto sério de Lupin, continuou: - OK. Vou ficar calado agora...

Remus agradeceu o companheiro com um aceno de cabeça. Esquadrinhou James com os olhos, que ainda ria.

- E você?

- Eu? - exclamou James, sorrindo. - Foi engraçado... Não pude me conter.

- É?

Encabulado, James não entendeu aquele "é" cínico. Remus escondia algo naquele "é" e com certeza, James presumia, era algo relacionado a ele. O que poderia ser? Foi num tom seguro, como se estivesse pisando em ovos, que ele disse:

- Sabe... Acho que fui longe demais. Podia ter minimizado.

- Hogwarts inteira sabe - murmurou Remus, ainda de olhos fixos em James.

Ele deu um sorriso fingido, que logo corou suas bochechas.

- Pelo menos não sabem de quem você tomou o fora! - exclamou Peter, de forma brilhante. Ele estendeu o dedo indicador para o ar como se tivesse matado uma charada.

- Não diga!

O grupo se silenciou.

- Eu não ficaria feliz se eu fosse você, Pontas - alertou Remus, depois de alguns minutos em silêncio.

O outro se assustou. Finalmente Remus contaria o que tinha por de trás daquele ''é''? Franzindo a testa, James inclinou levemente para o lado do amigo.

- O conquistador está perdendo terreno - prosseguiu Lupin, misteriosamente.

- O que está querendo dizer com isso? - questionou Sirius, interessando-se.

O lobisomem abaixou a cabeça e ficou assim por alguns minutos, sem dizer palavra. Aquele silêncio deixava o Potter ainda mais preocupado.

- Conte logo - bradou Peter, num espasmo.

- Eu vi a sua Lily... - recomeçou Remus, de pronto. - Ela estava com o Snape... Ele a beijou.

Sem dúvida, aquela notícia foi um golpe forte no estômago de James.

***

Lily Evans estava com sua amiga Alice Hendrix no dormitório feminino. As duas estavam deitadas em suas respectivas camas, somente elas, naquele recinto encoberto por uma escuridão pálida. Todas as janelas estavam fechadas, exceto uma que abria para o lado norte do castelo. Não passava das onze da manhã de um sábado tristonho.

- Por que você voltou para a cama? - perguntou Alice, abrindo a boca. - Eu vi você saindo hoje pela manhã... Devia ser por volta das nove horas.

- Isso é cedo, Alice?

- Ora, para mim isso é mais do que cedo! Madrugada! - exclamou ela, endireitando agora o travesseiro. - Afinal, por que voltou para a caminha? O travesseiro a chamou? Sabe, algumas vezes eu ouço o meu travesseiro me chamar bem naquelas aulas chatissímas do Binns. Dá uma vontade imensa de sair da sala e correr para ele, afagar suas penas e beijá-lo até quando o sono vier.

Lily riu. Além de ser uma dorminhoca nata, Alice era muito engraçada.

- Você é ótima, senhorita Hendrix - murmurou ela.

- Então? Vai me responder? - indagou Alice, séria.

A outra parou de rir e também assumiu uma fisionomia séria. Franziu o cenho e resolveu falar de uma vez:

- Ele me beijou! - disse, por fim.

De um pulo, Alice saiu de sua cama e postou, interessada, na cama da amiga. Seus olhos castanhos refletiam curiosidade expressa. Colocou suas mãos entre as mãos de Lily e falou, separando em sílabas:

- JA-MES BEI-JOU VO-CÊ?

Com os olhos esbugalhados, Lily abanou a cabeça negativamente e fez uma careta logo depois.

- O Snape... - explicou, enfim. - O Severus me beijou.

Agora quem esbugalhava os olhos era Alice. Ela saiu da cama, também depois de um pulo, e se colocou em movimento. Foi até à porta do dormitório e voltou, com as mãos postas na boca, tapando-a.

- O quê? O Ranhoso?

- Não fale assim dele, Alice - ralhou Lily.

- Como você teve coragem? - indagou Alice, sem se importar com o tom de voz queixoso da amiga. - E o James? Como fica nessa história? Se ele saber disso matará você, ou melhor, matará o Ran... o Sebo..., digo, o Snape. Vocês dois se amam, está na cara que amam...

Lily fungou e, afastando os cabelos cor acaju do pescoço, falou:

- Eu não amo James... No segundo ano, sim... Foi naquele terrível ano que ele me beijou - ela pausou e olhou para o chão. - Naquela época sim, amava-o. Mas agora... depois de tudo que ele fez?

- Aquilo foi armação, menina - retrucou Alice, inconformada com as palavras de Lily. - Alguém separou você do James... E esse beijo do Snape... Só pode ser...

- Não vai me dizer que é armação? Eu não acredito em armações... - Lily saiu da cama e correu para a janela aberta. Continuou, lentamente: - Isso é... isso é fruto de sua imaginação.

- Esteja certa, Lily. O fruto disso tudo é armação de uma mente perigosíssima, que está disposta a separar você e James de uma vez por todas.

***

A figura de uma jovem de cabelos negros entrou, satisfeita, desabando no sofá verde mais a frente. Seus olhos negros refletiam maldade. Uma outra figura acabava de entrar, arrastando os pés, e se sentou numa poltrona, que havia ao lado do sofá ocupada pela jovem. Ela riu, uma gargalhada fria... O outro, no entanto, permaneceu calado.

- Que foi, meu caro? - perguntou ela, fitando a pobre figura do garoto silencioso. - Parece que não gostou nada, nada de nossa empreitada. Você possui um coração tolo, apesar de ser ambicioso. E essa sua ambição faz com que sua tolice seja deixada em segundo plano. Entretanto, vejo que a tolice está agindo sobre você agora.

Asperamente, o garoto de cabelos oleosos respondeu:

- Gosto dela...

- Eu sei que gosta dela... E eu gosto dele. Este é o problema.

O garoto se levantou, fazendo balançar as vestes negras que o encobria. Dirigiu-se para a jovem e a fitou, rancoroso.

- Não toque nela.

- Do que está falando, meu caro? - indagou ela, cinicamente.

- Você sabe do que eu estou falando. Eu sei que não desistirá... Sei que sempre vai haver mais um plano para separá-los. E sei que esses planos se intensificarão de uma forma destruidora, se os outros não surtirem efeito.

E com o olhar paralisante, o Sonserino disse suas últimas palavras:

- Não toque nela!

Retirou-se.

Bellatrix Black sorriu. E gargalhou... Pois seu segundo plano estava prestes a funcionar.

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