Estranho Interesse



1.03 - Estranho Interesse


O caminho de volta ao Largo Grimmauld foi dotado de silêncio e constrangimento. Harry e Hermione não conseguiam ao menos se olhar, e quando o faziam ficavam ambos incrivelmente vermelhos.

– Bom, eu, acho que vou dormir – disse Hermione já na sala da mansão Black.

– Er, bem, desculpa ta Mione? – pediu constrangido.

– Não quero desculpas. – disse calmamente, enquanto subia as escadas apressada.

Harry a viu subir e desaparecer virando o corredor no topo da escada. O garoto subiu pro seu quarto, confuso com o que significava aquele comportamento da amiga. O quarto de Hermione ficava de frente pro seu, ele foi verificar se amiga estava ali, mas a porta estava trancada, desistiu e entrou no próprio quarto, se trocou e se deitou, tentando entender o que tinha acontecido.

Ele sabia que tinha beijado a melhor amiga, sabia que fora apenas pra despistar Malfoy, mas sua cabeça parecia não processar as informações, lembrou-se também do beijo de Cho, mas aquele beijo não o confundia tanto como o que trocara com a amiga, horas atrás. O beijo de Cho fora salgado, sem emoção, ele não nutria mais nenhum sentimento por ela, já o de Hermione tinha sido bom, doce, não sabia ao certo se tinha sentimento, mas começava a achar que sim.

O último pensamento confundiu ainda mais o garoto que dormiu lembrando do beijo da amiga.


Na manha seguinte, Harry acordou, se trocou rapidamente, e apesar de não querer ficar sozinho no quarto, tinha medo de descer e ter que encarar Hermione. Ele não sabia ao certo, o que a garota estava pensando dele, não sabia nem o que pensava dela.

Desceu até a sala, porém não havia ninguém, o silêncio que antes não existia ou ao menos não era notado, invadira a casa totalmente, nenhum barulho sequer era ouvido.

– Bom Dia. – o garoto ouviu uma voz doce quebrar o silêncio.

Ele se virou em direção à voz e viu a amiga muito sorridente, descendo o último degrau da escada. Poderia dizer que aquele era o dia mais feliz da vida dela pela sua expressão. Parecia calma e empolgada ao mesmo tempo, mas a única coisa que tinha certeza, é que brava ou irritada ela não estava.

– Acordou agora? – perguntou saindo do estado de transe que se tornara comum nos últimos dias.

– Eu que faço essa pergunta. – disse olhando atentamente os cabelos totalmente desarrumados do amigo – Eu já acordei faz umas duas horas.

– Nossa! – exclamou ainda com sono – Acho que acabei dormindo muito tarde ontem, é isso que dá pensar de mais.

– No que estava pensando? – perguntou curiosa, indo em direção à cozinha.

– No que aconteceu ontem. – murmurou temendo a reação dela.

– Ah! Esquece isso, como já disse não quero suas desculpas.

– Por quê? – perguntou entrando na cozinha e sentando-se à mesa.

– Quer sopa? – perguntou mudando de assunto.

– Não mude de assunto. – disse calmo.

– Ta uma delícia. – insistiu ela.

Ele sabia que ela não daria o braço a torcer, se estava mudando de assunto era porque realmente não queria discutir.

– Ta, quero sim. – disse pegando o prato já farto de sopa – Obrigado.

Ela se serviu e sentou-se de frente pra Harry.

Ele se perguntava qual o problema de esclarecer as coisas, antes isso do que eles ficarem sem se falar.

– Só não to preparada, ta? – perguntou parecendo ler seus pensamentos, ainda com os olhos no próprio prato – Me deixa colocar a cabeça no lugar.

Ele não respondeu, deixando o silêncio invadir novamente a casa.

Depois do almoço, Hermione subiu até seu quarto e abriu o embrulho dos livros que tinha pegado no cofre, não procurou muito, apenas pegou um livro de runas antigas que estava logo em cima e desceu para a sala, ler.

Harry ficou um tempo observando Hermione ler, se irritara ao ver que a amiga ia ler e deixa-lo sem fazer nada, mas vê-la ler com tanta calma, com todo aquele ar de inteligência era muito bom, ficou um bom tempo olhando-a como se fosse uma bela obra de arte.

De repente um ruído ecoa pela sala fazendo os dois se olharem nos olhos pela primeira vez.

– Veio lá de cima. – disse ela vermelha desviando o olhar para a escada.

– Vou lá ver, – disse levantando-se do sofá – fique aqui!

– Mas não mesmo. – disse ela seguindo-o.

O garoto bufou sabendo que ela conseguia ser mais teimosa que ele.

Eles subiram cautelosamente. Hermione duvidava que fosse algo perigoso, mas cedeu ao pedido do amigo de armar a varinha e ter cuidado.

Quando chegaram ao corredor do segundo andar, ouviram novamente o ruído.

– Parece que veio do meu quarto. – disse Harry seguindo lentamente até o quarto.

Hermione, impaciente, correu até a porta do quarto do garoto e sorriu.

– É só a Edwiges querendo entrar. – disse entrando no quarto do garoto.

Ele correu até o quarto guardando a varinha no bolso, e ao chegar lá viu Hermione abrindo a carta que a coruja trazia.

– Ler a correspondência dos outros é feio. – brincou sentando-se na cama ao lado da morena.

– Então lê você. – disse entregando a carta ao garoto – É do Profº Dumbledore.

Harry e Hermione, reuniremos a ordem aí amanhã, peço que preparem a casa para os Weasley que voltam de viagem e os Lovegood que se hospedarão aí por maior segurança, vocês poderão dividir os quartos assim como desejarem. Obrigado, Alvo Dumbledore – leu Harry em voz alta.

– Bom, arrume-se – disse se levantando.

Harry olhou-a incrédulo.

– A gente tem que comprar umas coisinhas. – disse já saindo do quarto.

Meia hora depois, Harry estava no pé da escada esperando Hermione. A garota apareceu trajando uma calça jeans normal, uma blusa branca com algumas estampas atrás e com um rabo de cavalo.

– Você ta bonita. – disse sentindo o rosto corar.

– Obrigada. – disse puxando-o pela mão.

Ela pegou o pote de Pó-de-Flú sobre a mesa, pegou um punhado do pó e deu o pote a Harry antes de entrar na lareira.

– Beco Diagonal. – bradou jogando o pó na lareira e sendo consumida por chamas verdes, em seguida.

Harry fez o mesmo, e do pequeno bar onde saíram, foram ao beco diagonal.

Eles compraram vários legumes e carnes, sabendo que se a Sra. Weasley encontrasse a geladeira fazia teria um ataque.


– Pronto. – disse Harry depois de terminar a última comprar e sair da loja.

– Vamos voltar agora? – perguntou Hermione querendo que a resposta fosse negativa.

– Hum, que tal um sorvete. – arriscou.

– Ótima idéia, vamos? – disse sorrindo.

Eles foram até uma sorveteria próxima e tomaram dois sorvetes, rapidamente, discutindo a separação dos quartos e o que a ordem poderia querer em uma outra reunião.

Voltaram pra casa e arrumaram tudo de acordo com o que haviam planejado. Gina e Luna dormiriam no mesmo quarto com Hermione, e Rony, Fred e Jorge com Harry no quarto à frente.

– Bom, tudo pronto. – disse Harry desabando no sofá – Estou exausto.

– Eu também. – disse sentando ao lado do garoto e apoiando sua cabeça no ombro dele.

Harry estremeceu ao sentir Hermione pousar a cabeça em seu ombro. Ele chegou à conclusão que teria que conversar com Rony, urgentemente.

– Pega o livro pra mim? – pediu ela enquanto deitava no colo dele assustando-o.

– Hum... Ah! Claro.

Hermione passou o resto do dia comentando o quão interessante era aquele livro de runas antigas, mas o garoto apenas a olhava fingindo prestar atenção, estava muito bem ali, admirando-a feliz e satisfeita.

Dormiram ali mesmo, sem ver o tempo passar. Hermione deitada no colo de Harry, e este com a cabeça recostada no encosto do sofá.


– AIIII! QUE AMOR – eles ouvirão a voz de Gina gritar.

Harry abriu os olhos e pode ver a família Weasley na sala, com Luna Lovegood e seu pai ao lado. Ele então notou que dormira ali com Hermione, deitada no seu colo, e com as roupas do corpo.

Hermione também acordou e se levantou depressa, vermelha como um pimentão.

– Er... Oi –ela cumprimentou.

– Oi – disse Harry, também corado.

– Ai, como o amor é lindo – disse Gina empolgada.

– Não é o que você ta pensando – disse impaciente.

Gina fez menção de falar alguma coisa, mas foi interrompida pela mãe, que deu um longo abraço em Hermione, chorando.

– Oh querida, como você está? – perguntou em tom maternal.

– Muito bem, senhora Weasley. – disse sorrindo – Obrigada.

– Olá Hermione. – disse o Sr Weasley, enquanto Molly cumprimentava Harry.

– Mas mi, me conta, desde quando vocês estão namorando? Eu sempre achei que vocês formavam um casal lindo – Disse Luna, animada.

– Não temos nada. – respondeu direcionando um olhar assassino a amiga.

– Hum... Vamos conversar lá em cima. – Disse pegando Hermione pela mão, e subindo sendo seguidas por Gina.

– O que vocês querem? – perguntou Hermione irritada.

– Só que você admita. – disse Gina se empolgando.

– Pelo amor de Deus, eu e o Harry não estamos namorando – disse como se fosse óbvio.

– Explique aquela cena, então. – exigiu Gina.

– Eu tava lendo um livro e conversando com o Harry, daí nós dormimos ali mesmo. – explicou claramente.

– Mas você gosta dele, não gosta? – perguntou Luna.

– Bom, não sei, to confusa. – disse desanimada.

– Como assim confusa? – perguntou a ruiva.

– Eu... De uns tempos pra cá, eu tenho me sentido estranha, estremeço só de vê-lo se aproximar, ele tem parecido mais, tudo, ultimamente, mais bonito, mais inteligente, mais corajoso e...

– AI AMIGA – gritou Gina interrompendo Hermione – Você está apaixonada!!

– Claro que não, Gina, eu...

– Você está louca por ele, Hermione. – concordou Luna, cortando a morena.

– Mas, será? Eu nunca me senti assim com ninguém antes. – disse ansiosa.

– A questão é que você ta apaixonada – disse Gina, terminando a discussão – Agora, tenho que falar da festa de aniversário do Harry.

– É, eu acho que... Meu Deus, eu esqueci completamente!! – disse parecendo ter visto um monstro.

– Não comprou nada? – perguntou Luna

– Nadinha.

– Então vamos ao Beco, amanhã. – disse Gina – Também não comprei o meu e do Rony.

– Amanhã, não. – precipitou-se Hermione – Precisamos ver se o Professor Dumbledore deixa, e ele vai vir só amanhã pra reunião com a ordem.

– Então, depois de amanhã, se ele deixar. – concluiu Luna – Mas o aniversário já é no sábado, então vocês não podem demorar muito, não.

– É. – disseram as outras duas.

– Bom, eu e a mamãe convencemos o papai e deixar a gente fazer uma festa surpresa, vai ser sábado mesmo, à noite – explicou Gina.

– Tudo bem. – confirmou a morena.

– Mas me conta Mione, como foi depois que eu parei de vir? – perguntou Luna.

Hermione contou tudo que havia acontecido desde a chegada de Harry, escondendo apenas o beijo, inventou uma outra historia de como se despistou de Malfoy.

Elas conversavam animadas, sobre a festa de Harry até a Sra. Weasley chamá-las pra almoçar.

Elas desceram e viram que todos já estavam almoçando.

– Bom, queridos, como imagino que estejam sabendo, amanhã haverá uma reunião da ordem, portanto vocês ficarão trancados nos quartos até a reunião acabar.¬ – disse a Sra. Weasley.

Depois do almoço o Sr. e a Sra. Weasley. foram conversar na sala. com o pai de Luna. Hermione, Gina e Luna subiram para o quarto e ficaram conversando com a porta trancada. Rony e Harry subiram e ficaram jogando xadrez bruxo. enquanto os gêmeos faziam alguma nova experiência na cozinha.

– E aí? Como tem sido passar o dia, sozinho, com a Mione? – debochou Rony.

– Maravilhoso. – disse o moreno distraído sem se dar conta do que falava.

– Como? – perguntou incrédulo, achando não ter ouvido direito.

– Digo, eu sei como é duro perder os pais, então, a gente meio que se consolou. – disse inseguro.

– Hum, achei que ela te faria estudar dia e noite. – disse voltando à atenção ao jogo.

– Rony, ela perdeu os pais. – repreendeu Harry.

O ruivo apenas mexeu uma peça do xadrez sem responder.

– Hum... Rony – chamou, desviando o olhar para o tabuleiro.

– Sim? – perguntou distraído.

– Acho que to gostando da Mione. – disse corado.

– O QUE? – perguntou Rony, incrédulo esquecendo o jogo de xadrez.

– Isso que você ouviu.

– Mas... A Hermione é só a nossa melhor amiga, SÓ. – disse parecendo não acreditar na declaração do amigo.

– Rony, o que eu sinto quando eu to perto da Mione, é melhor e maior do que, o que eu senti com a Cho – disse ansioso.

– Bom, você tem certeza? – perguntou calmo.

– Talvez amor seja uma palavra muito... Hum, forte, mas eu sem duvida, to apaixonado por ela – disse convicto.

Rony deu um risinho que mais tarde já se transformava em um grande ataque de risos, o que deixou Harry irritado, pensando que o amigo não estava acreditando nele.

– O que é tão engraçado? – perguntou aborrecido.

– Nada... É que... Ah, você tem que contar pra ela. – disse entre risos.

– Ta louco? – perguntou quase gritando.

– Não, qual o problema? Assim você fica com ela de uma vez. – disse como se fosse óbvio.

– Acontece que a gente encontrou a Cho um dia desses, no beco, e ela me pediu uma segunda chance.

– Sério?

– É.

– Bom, nesse caso dispensa ela e se declara pra Hermione, é só um passo a mais.

– Rony, larga de ser tonto, a Mione ia me dar um tapa na cara e nunca mais, ia querer me ver na frente. – concluiu imaginando a reação da garota.

– Nunca vai saber se não tentar.

– Não! – exclamou – Ela não vai saber de nada, ta ouvindo, nada.

– E você vai voltar com a Cho? – perguntou Rony, indignado.

– Acho que não custa nada a gente tentar.

– Você ta louco Harry, você vai enganar ela, vai ta achando que você gosta dela, sendo que você não ta nem aí pra ela, e sim pra Mione. – explicou não acreditando na decisão do amigo.

– Rony ta decidido. – disse levando um xeque-mate do ruivo.

Rony parecia querer protestar, mas foi interrompido pela porta do quarto, que se abriu atrás de Harry.

– Sua mãe ta chamando a gente pra jantar. – disse uma voz doce, que Harry seria capaz de reconhecer em qualquer circunstância.

A morena saiu pela porta, deixando-a aberta, e desceu.

– Se é essa a garota que faz você pirar, que faz você ser capaz de tudo, então você não pode ficar com nenhuma outra. – disse saindo e deixando um Harry confuso pra traz.

Harry ficou um bom tempo ali, pensando, exatamente na posição que seu amigo o deixara. As palavras dele faziam sentido, muito sentido, mas não poderia contar a ela, Hermione nunca aceitaria, nunca gostaria dele daquela forma. Ele estava decidido, tentaria ficar bem com Cho e esquecê-la, embora duvidasse que fosse possível.

Minutos depois, viu novamente aquela morena que tanto admirava na porta, olhando-o intrigada.

– Você não vai descer? – perguntou simpática.

– Não to com fome. – mentiu.

Ela foi até ele e ficou frente a frente com o rapaz. Ele considerava aquela curta distância muito perigosa, muito ameaçadora.

– Vem jantar sim. – disse pegando a mão do garoto, carinhosamente – Não pode ficar sem jantar.

Ele tentou falar alguma coisa, mas ela apenas o puxou para fora do quarto. Decidido a não contrariá-la, ele apenas apertou a mão dela e a seguiu até a cozinha.

Ela soltou a mão do garoto, e sentou-se entre ele e Luna, que piscou discretamente pra garota.

O jantar foi tranqüilo e muito quieto.

– Agora vocês vão todos dormir, – disse a senhora Weasley – amanha poderão ir ao beco diagonal sob a vigia de alguém que abrirá mão da reunião.

Todos subiram para seus devidos quartos e dormiram, exeto pelas meninas, que ficaram bolando uma forma de Gina e Hermione comprarem o presente de Harry.

– Que ótimo, nem precisamos correr o risco de Dumbledore não nos permitir sair. – disse Luna animada.

– É, mas teremos um auror na nossa cola, e temos que comprar os presentes pro Harry escondidas – lamentou Hermione.

– Simples, eu vou distrair o auror e vocês vão rápido comprar os presentes. – disse Luna.

– Como você vai distrair um auror? – perguntou Gina.

– Isso depende do auror, mas eu consigo. – afirmou confiante.

– Bom, seria mais fácil se já soubéssemos o que comprar, – disse Hermione pensativa – eu não tenho idéia do que dar pra ele.

– Eu já sei o que vou dar. – disse Gina – Nada de especial.

– O que? – perguntaram Luna e Hermione curiosas.

– Um Kit de Quadribol amador.

– Ele vai gostar, mas e eu, meu Deus.

– Ah Mione, sai com a Gina que você encontra algo por lá mesmo. – disse Luna despreocupada.

Elas dormiram depois de bolar muito bem o que fariam.



– Vamos logo, depois meninas que são enroladas. – disse Luna batendo na porta do quarto dos garotos, que se arrumavam para ir ao beco diagonal.

– Pronto, satisfeitas? – perguntou Rony saindo do quarto.

– Cadê o Harry? – perguntou Hermione, ansiosa, atrás de Luna, Gina e Rony.

– Aqui. – disse o moreno, saindo do quarto e fechando a porta.

– Vamos Harry, é a Tonks que vai nos levar, ela já ta lá embaixo. – disse pegando a mão do garoto e deixando Rony, Gina e Luna dando risinhos abafados.

Eles desceram rapidamente e avistaram Tonks, conversando com um auror que nunca haviam visto antes.

– Vai ser mais fácil do que pensei. – murmurou Luna para Hermione.

– Como assim? – perguntou no mesmo tom de voz.

– Acorda Mione, é a Tonks, uma loja de jóias mágicas e você e a Gina podem ficar o dia inteiro procurando o presente.

– Melhor assim. – disse animada.

As garota pararam de cochichar e foram até Tonks perguntar como iriam até o beco.

– Vamos de chaves de portal, – disse pegando um lápis velho, no bolso das vestes – peguem!

Eles obedeceram e no minuto seguinte estavam parados na frente de uma sorveteria.

– Bom, não se separem, ok? – perguntou a auror.

Todos assentiram com a cabeça e seguiram até o interior da sorveteria.

– sorvete de abóbora pra todos, por minha conta.

Tonks, Harry e Rony se serviram rapidamente e se sentaram, enquanto Gina, Luna e Hermione fingiram duvida entre os vários sabores, para confirmar o plano e se prepararem de acordo com o combinado.

– Tonks. – chamou Luna se aproximando da mesa onde estavam sentados – Olha que loja linda de jóias, vamos lá?

– Quando terminarmos os sorvetes.

– Ah... Vamos... Que mal que tem? É em frente. – justificou.

O pano das garotas tinha sem duvida dado certo, ela estava muito tentada a sair de lá, mas sabia que tava em missão.

– Vocês ficam comportados? – perguntou a Rony e Harry.

– Se nos pagar mais sorvete. – chantageou Rony, antes que Harry pudesse responder.

A bruxa jogou algumas moedas em cima da mesa e saiu com Luna, em direção à loja à frente.

Harry nem prestava atenção nelas ou em Rony, estava no momento observando Hermione de longe, observando como aquela garota que sempre estava ao lado dele, sempre o ajudava nos momentos mais difíceis, havia o encantado com um simples beijo, dado com um propósito de salvá-los de Malfoy e de uma comensal.

– Não vão pegar sorvete? – perguntou Gina ao lado de Hermione.

– Vamos. – disse Rony se levantando e sendo seguido por Harry.

Gina e Hermione aproveitaram o momento para saírem despercebidas. Elas foram até uma rua menos movimentada do beco, quase na entrada da travessa do tranco, onde havia uma pequena loja de artigos esportivos.

– Quero um kit de amadores para quadribol – pediu Gina educadamente para a vendedora.

– Um minuto, já volto. – disse a vendedora.

– Pra presente! – exclamou Gina, antes da vendedora sumir atrás de cortinas vermelho fogo, no fundo da loja.

Gina separava o dinheiro que usaria para pagar o presente enquanto Hermione dava uma olhada nas vitrines da loja.

– Não devíamos estar aqui. – disse ela preocupada – Estamos praticamente na travessa do tranco.

– Eu sei, mas é a única loja que tem esse kit. – disse sem desviar os olhos das moedas que tirava de uma pequena bolsa preta, listrada em prata.

Hermione se calou e ficou admirando um par de luvas negras, separadas em uma vitrine num canto melhor iluminado da loja. As luvas pareciam ser de couro, sem as pontas dos dedos.

Nesse momento, a vendedora voltava com o kit de Gina, totalmente embrulhado em um papel preto com um laço prata, muito extravagante.

– Por favor. – Hermione chama a vendedora muito educadamente.

– Sim, posso ajudá-la? – pergunta a vendedora.

– O que são essas luvas? – pergunta apontando as luvas negras na vitrine.

– São luvas de batalha, muito raras, elas impedem de desarmar seu portador e também tem um poder atrativo muito grande em relação a sua arma quando tomada. – explica a vendedora – São feitas de couro de dragão o que as deixa quase indestrutíveis e possuem muita magia, geralmente são confiscadas pelo ministério, mas...

– Elas são ilegais? – interrompe Hermione quase gritando.

– São sim, isso na mão de um bruxo das trevas é uma arma extremamente poderosa.

– Mas, estão á venda? – pergunta interessada.

– Estão sim, mas são muito caras e...

– Tome – disse Hermione dando um saquinho cheio de moedas douradas pra bruxa.

Com um aceno de varinha a bruxa consegue abrir a vitrine e pegar as luva pra Hermione.

– Vou embrulhá-las.

– Não. – pediu Mione – Eu mesma faço isso. Obrigada.

Hermione apenas pegou as luvas e saiu da loja com Gina.

– Bom, vamos? – perguntou Gina.

– Ainda não. – disse uma voz debochada atrás das garotas.

Hermione e Gina se viraram quase que imediatamente, e depararam-se com a mulher que matara Sirius Black meses atrás, acompanhada por cerca de cinco comensais todos encapuzados.

– Belatriz! – Exclamou Hermione surpresa, observando que a rua estava estranhamente escura e vazia, sendo que ainda era de tarde.

– Olá sangue-ruim. – disse com desprezo.

Hermione de imediato armou a varinha e apontou-a para Belatriz, que se encontrava no meio dos comensais.

– Venha conosco. – ordenou.

– Nem morta. – retrucou a morena determinada.

– Quem disse que te queremos morta? – perguntou com desdém.

– Não to entendendo nada Mione. – cochichou Gina.

– Nem eu. – disse calma sem tirar os olhos da varinha de Belatriz, atenta a qualquer movimento – No três, você corre e pede ajuda.

– Mas não mesmo.

– Um.

– Pára Mione.

– Dois. – continuou sem dar atenção à amiga.

– Você não tem chance contra eles.

– TRÊS. – gritou Hermione.

Gina começou a correr desesperadamente pela rua, enquanto uma rajada de faíscas vermelhas, saía das várias varinhas dos comensais atrás dela.

Hermione num movimento ágil, foi na direção dos feitiços.

– PROTEGO – gritou conjurando um escudo, que impediu as faíscas vermelhas, de sequer, chegarem perto de Gina.

– Olha, parece que a sangue-ruim sabe luta.r – debochou Belatriz.

– Sei muito mais do que você imagina. – desafiou Hermione.

– Veremos. – disse tirando o capuz e armando a varinha – Que tal um duelo, entre eu e você?

– Tem certeza? Te dou uma chance de se redimir. – ironizou Hermione tentando ganhar tempo.

– Ora, sua garota insolente, vai se arrepender disso.

– Será?

– CRUCIO. – berrou a comensal.

– PROTEGO – defendeu-se novamente.

– Só sabe se defender? – perguntou à menina com desdém.

– ESTUPEFAÇA – gritou sem se importar com o que ela dizia.

Faíscas vermelhas saíram da varinha de Hermione, mas a comensal desviou com muita facilidade. Hermione estava nervosa e não conseguia raciocinar direito, não sabia mais o que fazer. Talvez Gina tivesse razão, ela não daria conta.

Mais do que rápida, Belatriz lançou um feitiço contra Hermione, que foi atingida em cheio.

– Parece que você não tem escolha, – disse a comensal conjurando cordas que enrolavam em volta do corpo da garota a impedindo de se movimentar – você realmente imaginou que pudesse me derrotar? Você é apenas uma sangue-ruim, nascida de pais trouxas e inúteis.

– Não fale dos meus pais. – disse com os dentes serrados.

– Sabe, não foi muito divertido matá-los, eram muito fracos. – disse friamente – Mas, tudo pelo meu Lord, até porque, era necessário.

Hermione conheceu naquele momento o que, realmente, era o ódio, a maldade... como uma pessoa era capaz de tamanha crueldade, só poderia ser insana, era a única resposta.

– FINITE INCANTATEM – bradou uma voz de longe, quando Hermione já desistia.

As cordas caíram no chão, Hermione se levantou e viu Harry, Rony, Tonks, Luna e Gina.

– Fique longe da garota Bella. – disse Tonks calma.

– Ela vai conosco.

– EXPELLIARMUS – gritou a garota em meio à discussão atirando a varinha de Belatriz longe – ACCIO VARINHA.

A varinha voou até a mão da garota. Os comensais, antes parados atrás de Belatriz, agora disparavam feitiços contra os oponentes.

Havia agora, vários duelos um contra um, porém Belatriz ainda estava parada em frente a garota. A bruxa apenas sorria.

Hermione se levantou, e, inesperadamente, devolveu a varinha a Belatriz, deixando todos a sua volta confusos. Harry foi, por duas vezes, atacado olhando o que a amiga faria, Luna também quase fora atingida por uma Maldição Cruciatos.

– O que pretende? – perguntou a comensal, desconfiada.

– Provar. – disse simplesmente – Provar que sangues-puros podem ser totalmente fracos e inúteis, assim como você.

– SUA IDIOTA. – vociferou Belatriz.

– ESTUPEFAÇA – bradou Hermione muito perto da comensal, de modo que o feitiço a atingisse direto no peito.

A bruxa foi arremessada contra a parede, se levantou com muita dificuldade. O feitiço da garota havia sido estranhamente mais poderoso que um estupefaça comum.

– Chega, se não quer ir por bem, vai por mal. – disse apontando a varinha para a garota – IMPERIUS.

O feitiços acertou Hermione, que parou de sentir o próprio corpo, não conseguia levantar uma mão, ela mandava, mas seu corpo não obedecia.

– Venha. – ordenou – Vamos embora deste lugar.

A garota tentou dizer claramente não, mas, nem ao menos, a boca se moveu, seus pés começaram a andar na direção da bruxa. Hermione sabia que aquele feitiço dominava as pessoas, mas não podia perder aquele duelo, simplesmente não podia. A morena estava determinada a vencer, provar que não era fraca, e que o fato de não ter sangue puro não permitia que ninguém a subjugasse.

Perdida nesses pensamentos, sentiu seus pés tocarem o chão, sentiu a varinha na sua mão, inexplicavelmente, sentia o efeito do feitiço ser extinto.

– Eu não vou com você. – disse parando de andar.

– O que? – disse a comensal não acreditando no que via – IMPERIUS.

O feitiço atingiu Hermione novamente, e ela pôde ouvir novamente as ordens de Belatriz, mas dessa vez, sem perder o controle do corpo, apontou a varinha para a bruxa, deixando-a assustada pela primeira vez.

– Eu disse, que não vou com você. – repetiu claramente.

– Como você...

– IMPEDIMENTA – gritou muito cansada, sustentando o corpo com dificuldade.

De imediato nada aconteceu, porém todos os barulhos e gritos de pessoas conjurando feitiços, e das que eram atingidas, cessaram. O silêncio tomou conta daquela longa rua, cuja luz do sol já abandonara. Uma pequena luz foi projetada na ponta da varinha de Hermione, no segundo seguinte, essa luz avançava velozmente até o peito de Belatriz, que não conseguiu escapar.

Apesar de muito pequena, aquela luz emanava muito poder. Belatriz voou novamente em direção a parede, porém dessa vez estava desacordada. Os comensais a pegaram e rapidamente aparataram.

Hermione cambaleou, não conseguia mais sustentar o próprio corpo, porém sentiu alguém pegá-la, antes que caísse, e a última coisa que viu antes de desmaiar, foi um sorriso preocupado, do moreno que a pegara.



– Hermione, Hermione, acorda. – disse uma voz distante, que se aproximava.

A garota abriu os olhos lentamente, estava em uma cama, na sua cama, na Mansão Black. Seu corpo estava dolorido.

– Mione? Você ta bem? – perguntou Harry, olhando-a preocupado.

– Hã... Sim, brigada. – disse feliz em vê-lo – O que aconteceu? Eu só lembro de ter usado um feitiço e depois desmaiado.

– A gente trouxe você pra cá, mas ta tudo bem, a Gina contou pra Tonks o que aconteceu. – disse calmamente.

– Contou? – perguntou quase gritando.

– Sim, mas não se preocupem, vocês não serão punidas, – disse estranhando a reação da amiga – até porque, não têm culpa de se perderem.

A garota concluiu que Gina, provavelmente, inventara alguma mentira, não podia contar sobre o presente e principalmente sobre o plano.

Ela não disse mais nada, outra pergunta invadiu sua cabeça, e ela não conseguia achar a resposta.

– No que está pensando? – perguntou Harry, curioso e preocupado.

– No porque. – disse deixando uma lagrima escorrer pelo rosto.

O garoto num impulso levou a mão até a face de Hermione e acariciou.

– Não chore. – pediu enxugando a lágrima – Eu sei que você é linda de qualquer jeito, mas eu prefiro sorrindo.

– Obrigada. – disse corada.

– Agora me diz, o porquê do que?

– Dessa perseguição, ela deixou bem claro, Voldemort não me quer morta, é esse, o porque, que eu quero. – disse muito próxima ao garoto – O que afinal ele quer comigo, viva?

– Eu também não sei, mas contei tudo sobre o Malfoy e a comensal pra ordem, ela inclusive estava lá no beco hoje, duelando contra a Tonks – disse tentando acalmá-la – eles vão descobrir o que está acontecendo.

– Eu não tenho tanta certeza. – disse chorando novamente – Eu senti uma coisa forte dentro de mim, quando conjurei aquele feitiço.

– A Tonks contou pro Dumbledore, ele não sabe dizer o que aconteceu, mas disse que foi um impedimenta, anormalmente poderoso.

– Eu me senti estranha, algo me diz que ainda tem muita coisa pra acontecer. – disse chorando desolada.

– Mione, você não pode chorar por Voldemort, não pode deixar de viver. – disse carinhosamente – Isso tudo vai acabar e você vai ficar bem.

– Eu quero que todos fiquem bem, inclusive você Harry, – disse abraçando o amigo – você é muito importante pra mim.

Ele se afastou e olhou no fundo dos olhos castanhos da amiga.

– NÓS, vamos terminar bem, – corrigiu – eu prometo.

– Obrigada. – disse dando um beijo na bochecha do garoto, que enrubesceu furiosamente.

A garota fechou os olhos, cansada, e chegou à conclusão que realmente estava apaixonada pelo melhor amigo, estava, e muito, apaixonada. Adormecendo em seguida sob o seu zelo.

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