Confusões



1.04 - Confusões


Harry ficou cerca de uma hora ali, observando Hermione dormindo tranquilamente. Ficar a observando era muito bom, ele estava realmente gostando dela, que estava mais linda do que nunca, o trabalho que Luna fizera na aparência da garota fora muito bem sucedido, mas aos olhos do rapaz, ela ficava linda de qualquer jeito.

– Ela ta bem? – perguntou Rony, colocando a cabeça para dentro do quarto.

– Ta sim. – disse distraído, sorrindo, admirando a garota – Entra!

O ruivo adentrou o quarto e sentou-se em uma cadeira nos pés da cama da garota, enquanto Harry apenas acariciava-lhe os cabelos, numa poltrona ao lado direito da cama.

– O professor Dumbledore quer conversar com vocês quando ela acordar – informou.

– Ele quer falar comigo também? – perguntou desviando a atenção da amiga – O que?

– Não tenho a mínima idéia, ele apenas pediu para avisa-lo – disse olhando a expressão de medo que o rosto da amiga assumira.

– Sabe Rony, agora, mais do que nunca, eu não posso me declarar pra Mione. – disse triste, abaixando o tom de voz para não acordar a garota.

Rony teve a impressão de ver algumas lágrimas escorrerem pelo rosto do amigo, ao virar-se e encarar Hermione novamente.

– Por que diz isso? – perguntou abaixando o tom de voz assim como o amigo.

– Por que você acha que a Mione foi atacada, Rony? – pergunta sem olhar o amigo.

– Você acha que...

– Que Voldemort quer me atingir por todos os lados. – disse com a voz embargada – E se tentou machucá-la sem saber que eu... Bem, gosto dela de uma maneira diferente, imagina o que faria se nós namorássemos, aliás, só se soubesse que eu gosto dela, ele provavelmente a mataria.

– Harry, nada vai acontecer com a Hermione, a ordem não vai deixar. – incentivou o ruivo – Até porque, depois da surra que a Hermione deu na Belatriz, você-sabe-quem deve ter medo dela. – disse mudando o tom de voz pra um mais divertido.

Harry abriu um pequeno sorriso e levou a mão aos olhos, enxugando-os.

– Eu não sei como ela fez aquilo, mas a Belatriz bem que mereceu. – disse Rony, tentando animá-lo.

– Aquilo não foi algo comum. – disse relembrando a cena em que Hermione usara um impedimenta mais poderoso que o comum.

– O professor Dumbledore já disse isso.

– Eu quero que ele explique tudo. – disse dando ênfase na última palavra – Eu não entendo disso, mas pelo que a Mione disse, não é normal.

– Vamos dormir. – chamou levantando-se da cadeira e indo até a porta – Ela não acorda hoje.

– Não mesmo. – disse voltando o olhar à morena – Fico aqui até ela acordar.

O ruivo não disse mais nada, apenas saiu deixando a porta entreaberta.



Hermione abriu os olhos ainda sonolenta, encostou-se na cabeceira da cama e olhou o quarto onde estava, quando notou Harry dormindo na poltrona ao lado da cama.

– Harry, – chamou, mas ele continuava dormindo – Harry?

– Ah? – perguntou acordando – O... Oi Mione.

– Oi. – disse sorrindo – O que você ta fazendo aqui?

– Eu fiquei aqui, enquanto você dormia. – disse corando – Olhando, pra ver se você não teria pesadelos. – mentiu, não queria dizer que ficara admirando-a.

– Ah! Brigada, você é demais Harry. – disse abraçando o amigo.

O corpo da garota, antes dolorido, agora já estava relaxado, ela se sentia travada, como se tivesse dormindo a muitos dias.

– Faz quanto tempo que estou dormindo?

– Umas 5 horas, ao todo. – disse parecendo pensar.

– Hum, me sinto tão... sei lá, dura, travada. – disse massageando os ombros.

– Isso é efeito da poção, eu acho.

Ela apenas afirmou com a cabeça e ficou observando o lugar, não querendo deixar seus olhos encontrarem os do garoto, mas pereceu ser inevitável. Harry a olhou com uma expressão estranha, que ela julgaria apaixonada.

– Será que já posso me levantar? – perguntou.

– Acho que sim, afinal o professor Dumbledore nos chamou lá em baixo.

– Então vamos.

A garota tentou se levantar com muita dificuldade, mas seu corpo parecia travado. Harry passou o braço dela em seu pescoço e ajudou-a, a levantar-se, depois seguiram até o andar debaixo, ainda apoiados um no outro.

– Mi! Que bom que acordou! – exclamou Gina, animada ao vê-los descendo a escada até a sala.

Ali estavam sentados o Sr. e a Sra. Weasley, o Sr. Lovegood e alguns membros da ordem. Dumbledore que conversava animadamente com Lupin, ao vê-los levantou e foi até eles.

– Venham, preciso falar com a Srta. – disse calmo, seguindo até a cozinha.

Hermione olhou Harry pedindo socorro, temia ter uma conversa com Dumbledore depois daquela expressão. O garoto assentiu com a cabeça e seguiu com ela até a cozinha, sob olhares curiosos e risadinhas abafadas.

– O que o senhor quer falar conosco? – perguntou fechando a porta.

– Bem, sobre o que aconteceu hoje. – disse observando Harry ao lado de Hermione.

– Desculpe se atrapalhamos a reunião. – disse receosa

– A reunião já havia terminado. – tranqüilizou-a – O maior problema é com a sua segurança.

– O que aconteceu exatamente? – perguntou, lembrando do que Harry dissera sobre o feitiço.

– Suponho que esteja se referindo ao feitiço, que segundo Ninfadora, foi muito forte para um impedimenta comum.

– Isso mesmo.

– Foi um acontecimento peculiar, eu serei sincero Srta. Granger, não sei o que aconteceu.

– Hum, mais alguma coisa? – perguntou educada.

– Só gostaria de te perguntar uma coisa. – disse calmo.

– Sim?

– Como se sentiu no momento em que conjurou o feitiço? – perguntou posicionando-se melhor na cadeira como se quisesse dar uma atenção especial à resposta.

– Me senti boa. – disse simplesmente, relembrando o momento – Cansada, mas muito boa.

– Sentiu-se bem?

– Não professor, me senti boa, cheia de, sei lá... Paz, não senti ódio, nem raiva como pensei que faria depois de tudo que ela me disse.

– Entendo, algo mais?

– Senti uma sensação muito boa. – disse corando – Sei lá, amor eu acho.

Ao proferir estas palavras Harry a olhou surpreso e ciumento ao mesmo tempo. Por pouco não cometeu nenhuma besteira, mas ouvir Hermione dizer que sentiu amor forte ao usar o feitiço o fez tremer as pernas.

O professor ao notar a reação de Harry, decidiu dar aquele assunto por encerrado.

– Mudando de assunto, está tudo certo para o que nós combinamos? – perguntou olhando-a por cima dos óculos.

– Sim. – respondeu tensa.

– Do que estão falando? – intrometeu-se Harry curioso.

– Nada. – disse Hermione ainda encarando Dumbledore com um olhar significativo – Mais alguma coisa professor?

– Sim, – disse virando-se para o garoto ao lado dela – sabe Harry, Sirius morreu lutando bravamente, mas aos olhos da comunidade bruxa era um comensal. Eu marquei uma audiência que irá tentar absolve-lo e julgá-lo inocente.

O garoto não respondeu, apenas ficou em silêncio, indicando que o professor deveria continuar.

– Você gostaria de assistir a essa audiência?

– Gostaria sim. – disse enfim.

– Ótimo, depois segunda-feira, as 9:00h, esteja pronto.

– Estarei.

– Obrigado aos dois, – disse se levantando e indo a direção à sala – era tudo que eu queria.

O professor saiu e Hermione lançou um olhar indecifrável à Harry, o garoto, no entanto apenas pensava no “amor” de Hermione, se roendo de ciúmes por dentro.

– Por que não me contou que está apaixonada? – perguntou ciumento – Pensei ser seu melhor amigo.

– Acredite você é mais do que isso. – disse sorrindo – Não disse, por que tenho vergonha.

Ela agora corava furiosamente.

– Não precisa ter vergonha de mim. – disse ainda enciumado.

– Mas tenho e não falo quem é. – disse alargando o sorriso.

– Três perguntas? – arriscou numa tentativa desesperada pra saber quem era o sortudo.

– Ta. – deu-se por vencida

– Espere, deixe-me ver. – disse pensando – Já sei, de que casa em Hogwarts ele é?

– Grifinória.

– Hum, que ano?

– Sexto. – disse provocando uma grande surpresa no garoto.

– É o Rony? – perguntou desconfiado

– Claro que não. – disse aliviando-o – Agora chega de conversa, vamos.

A garota se levantou e já sem muitas dores, pegou a mão dele e o puxou até a sala.

Todos que antes se encontravam conversando animadamente, agora olhavam curiosos para eles. Hermione foi até uma poltrona perto de Rony, Gina e Luna, sentou-se e Harry se sentou no braço da mesma.

No segundo seguinte voltaram a conversar animadamente, porém ainda olhando os garotos, parecendo desconfiados.

– Porque todo mundo ta olhando pra gente?¬ – pergunta Hermione, levemente irritada.

– Acho que pela conversa a sós com Dumbledore. – disse Rony sentado no sofá a frente da garota com Luna e Gina.

Eles ficaram em silêncio um minuto, encarando os que os encaravam. Depois Hermione voltou a encarar os amigos, notando uma expressão diferente neles.

– O que foi? – perguntou referindo-se a estranha reação dos amigos.

– Queremos saber o que aconteceu lá. – murmuraram em uníssono.

– Nada de mais. – disse Harry antes que Hermione pudesse dizer qualquer coisa – Ele só queria saber o que ela sentiu ao conjurar o feitiço e me avisar de uma audiência que tentará inocentar Sirius.

– E o que ela... – dizia Rony ao ser interrompido por Harry

– Nada gente. – insistiu – Não é o melhor assunto pra conversar.

Depois daquilo todos ficaram calados por um bom tempo, só ouvindo os membros da ordem conversarem animadamente. Hermione, porém não deixou de notar uma troca de olharem entre Gina e Luna e sentiu que aquilo era sobre ela.

– Bom, acho que vou subir. – disse vendo sorrisos discretos de Gina e Luna – Não quero ficar aqui só ouvindo eles conversarem.

– Vou também. – disse a ruiva se levantando – Vamos Luna?

– Claro!

As três se levantaram e subiram rapidamente, exceto Hermione, que antes de subir deu um beijo no rosto de Harry e sussurrou um “obrigado” ao moreno, provocando nele um arrepio.

Chegando no quarto, Gina trancou a porta antes de entrarem.

– O que queriam? – perguntou finalmente a morena.

– Dizer que hoje, mais precisamente, às 11 vamos descer e sortear, alguém que vai ter que distrair o Harry no dia do niver dele, aqui em cima, enquanto arrumamos aqui. – disse calma.

– O QUE? – exclamou surpresa.

– O que você ouviu. – confirmou Luna – E você vai participar.

– Mas gente, mantê-lo o dia inteiro aqui em cima. – rebateu – Vai ser impossível.

– Não importa. – Disse Gina decidida – Vou te contar os detalhes da festa e depois descemos.

– Ta. – consentiu vencida – Mas, e ai... como vai ser?

– Vamos arrumar tudo enquanto a pessoa sorteada vai estar com o Harry aqui em cima, tem que ficar até as oito, o fazer tomar um banho, se vestir bem e descer. – explicou.

– Mas como essa pessoa vai se arrumar? – perguntou a morena

– Enquanto ele toma banho, mas isso não é importante agora. – disse Luna encerrando o assunto – Me diga, como foi com o Harry?

– Como assim? – perguntou observando a expressão curiosa das amigas, e, entendendo em seguida o porquê do interesse – Ai, que coisa, eu acordei com ele do meu lado, nós conversamos, mas nada de especial.

– Sério? – perguntou Luna desapontada.

– Sério, mas quero saber das luvas que comprei? – perguntou preocupada.

– Calma, eu guardei pra você. – disse Gina, apontando para as luvas na cômoda.

– Como conseguiu? – pegou as luvas e observou-as intactas.

– Tenho meus métodos. – respondeu a ruiva sorrindo.

Hermione continuou conversando animadamente ao mesmo tempo em que embrulhava o presente que daria a Harry, elas não viram o tempo passar e desceram após ver o relógio.

– Que bom que chegaram! – disse a Sra. Weasley na sala.

– Desculpe a demora. – desculpou-se a garota – É ai que vamos sortear? Tem todos os nomes? – perguntou referindo-se a um saquinho de pano amarelo em cima da mesa.

– Sim. – respondeu Rony – Vamos logo com isso, o Harry não vai ficar muito tempo sozinho lá em cima.

– Pensei que estivesse com ele, Rony. – disse Luna.

– É, mas eu que vou pegar. – disse pegando o saco com os papéis.

Hermione sentou-se no sofá sem prestar muita atenção.

– Bom, vamos ver. – dizia enfiando a mão dentro do saco e retirando um papel muito bem dobrado, e desdobrando-o em seguida.

O garoto leu e olhou para alguém que parecia estar longe dali, todos olharam para a mesma pessoa, Gina e Luna dando risinhos empolgados.

– HERMIONE GRANGER! – leu em voz alta chamando a atenção da morena.

– O QUE? – perguntou quase gritando – Gente, como eu vou distrair o Harry?

– Ah! Isso eu não sei. – disse o ruivo guardando o saquinho – Bom, vou subir, se não ele desce.

– Vamos dormir também. – disse a Sra. e o Sr. Weasley – Não durmam tarde.

Todos subiram, exceto as três garotas.

– Gente. – disse Hermione depois de um longo tempo calada – Quero que uma de vocês vá pegar o Harry amanhã, sabe lá encima e trazê-lo pra festa.

– Por quê? – perguntaram juntas.

– Quero fazer uma surpresa. – disse sorrindo.

– Vamos subir, lá você nos conta o que pretende.

Elas subiram ao quarto e ficaram boa parte da noite discutindo a surpresa de Hermione. Ela explicara o plano e as outras duas prometeram segui-lo.

Adormeceram já de madrugada, após longas conversas sobre o aniversário surpresa de Harry.




Harry acordou preocupado naquela manhã. Não era mentira que estava preocupado com a audiência de Sírius, mas não queria deixar isso transparecer, não queria deixar ninguém notar sua preocupação e ficar torrando-lhe a paciência com “calma, tudo vai ficar bem”.

Quando desceu encontrou todos conversando animadamente no andar de baixo, no entanto, ao vê-lo no topo da escada, mudaram instantaneamente de assunto.

– Por que mudaram de assunto? – perguntou irritado.

– Não mudamos de assunto. – disse Gina, com um sorriso falso no rosto.

– Magina, de forma alguma – disse sarcástico.

– Harry, para com isso vai. – disse Hermione sorrindo.

O garoto mudou a expressão imediatamente, estava, pela primeira vez, preocupado com o que ela pensaria dele.

– Ta. – disse tentando sorrir.

Rony se aproximou do garoto e o puxou pelo braço até o canto da sala.

– Depois dessa cara de garotinho apaixonado você ainda quer ficar com a Cho? – pergunta incrédulo referindo-se a reação de Harry com Hermione.

– Não. – disse olhando Hermione conversar alegremente com Luna – Mas vou dar a chance de sermos amigos, até porque, eu estaria enganando a Cho se ficasse com ela gostando da Mione.

– Aleluia, você pensou! – comemorou elevando a voz.

– Fale baixo, e vamos voltar, pra elas não desconfiarem.

– O que? Quer dizer que não vai ficar com a Cho, mas também não vai tentar nada com a Mione? – pergunta surpreso

– Isso mesmo. – pegou o braço do ruivo e o levou até as garotas – E esquece isso.

Os dois se uniram às garotas e passaram o tempo até a hora do almoço, conversando animadamente.

O almoço foi tranqüilo, nem todos estavam lá, o que causava certo silêncio à mesa, que chegava a ser irritante.

Outra coisa estranha naquele dia foi Hermione que agia diferente com Harry, ela pegava a mão do garoto às vezes, apertava suas bochechas chamando-o de “fofinho e lindinho”. Harry estranhava por ela ter perdido o tom mandão e porte rigoroso, mas sentia-se muito bem com os agrados dela.

O dia passou rápido, e embora Harry tivesse a impressão de que os amigos escondiam alguma coisa, os carinhos especiais da amiga o distraiam da preocupação. Ele não se conformava da forma como aquela garota conseguia mexer com ele, ela conseguia colocá-lo ou tirá-lo de seus devaneios, com apenas gestos ou palavras como ninguém nunca fizera antes.

Ao anoitecer foi o último a subir pro quarto e por isso ficou muito tempo sozinho, pensando, como não conseguira fazer, com Hermione por perto. Ela havia deitado antes de todos os outros, estranhamente cedo.

Nada lhe parecia normal, mas como o dia já estava por acabar, ele subiu e dormiu rapidamente.




O garoto acordou novamente sozinho naquele dia, mas ao sair do quarto para descer encontrou Hermione.

– Bom dia. – disse ela, sorrindo.

– Bom dia. – respondeu ainda sonolento – Vamos descer?

– Não.

– Como? Por quê? – perguntou estranhando a resposta da garota.

– Vamos ficar aqui um pouco, aproveitando que os outros não estão aqui. – disse calma.

– Quer ficar sozinha? Comigo? – perguntou arregalando os olhos e quase deixando o queixo cair.

– É. Por quê? Algum problema eu querer ficar sozinha com você? – perguntou satisfeita, ao ver a surpresa do amigo.

– Ah... Não, eu... Acho. – disse confuso.

– Ótimo, então onde podemos conversar? – perguntou sorrindo.

– Ah... Vamos ao quarto do Sírius. – disse seguindo o corredor.

– Ta. – disse indo atrás do garoto.

Ao chegar à frente do quarto de Sírius, Harry hesitou por um momento, mas ao lembrar da morena que esperava ao seu lado, abriu a porta e entrou no quarto.

Ele pensava que a sensação ao entrar naquele quarto seria horrível, mas ao sentir uma mão quente pegar a sua, todos os pensamentos ruins esvaíram da cabeça dele.

– Sobre o que, exatamente, você quer falar? – perguntou desconfortável com aquela situação.

– Não seja grosso. – respondeu ela, sem olhá-lo com magoa na voz – Não entendo, desde ontem você procura não ficar muito do meu lado, quando estamos sozinhos você tenta fugir de mim, e se não consegue me trata desse jeito.

– Eu...

– Harry eu te fiz alguma coisa? – pergunta encarando-o – Sempre que conversava com o Rony, ficava me olhando, não to entendendo o que ta acontecendo.

– Desculpe se fiz isso Mione. – disse abraçando ela – Mas não sei onde estou com a cabeça, essa audiência ta me preocupando.

– Não se preocupe, vai dar tudo certo. – tranqüilizou agarrada a ele.

– Você vai comigo? – pediu carinhoso

– Eu... Ah... Não posso Harry. – disse tensa.

– Por quê? – perguntou fazendo cara de cachorro sem dono.

– Para de brincadeira Harry. – afastou-se sorrindo – Eu tenho coisas pra fazer, não garanto que eu vá, mas vou tentar.

– Ta bem. – disse sem entender exatamente o que a garota queria dizer.

Ele, inesperadamente, puxou a menina pela mão até a cama de Sirius e sentou-se com ela ao lado.

Ele pensa no que dizer, mas prefere apenas olhá-la, calado.

Hermione, por um momento, pode mergulhar no profundo dos olhos do garoto, o silêncio de ambos parecia ser mortal e salvador ao mesmo tempo. Eles ficariam ali, somente se olhando, pra sempre se pudessem. Harry abaixou os olhos até os lábios dela lembrando-se do dia em que, acidentalmente, havia beijado-os e temendo perder a razão e beijá-los novamente, decidiu que aquela situação de silêncio mútuo teria que ser rompida.

– Mione? – chamou-a tentando tirar os olhos da boca da garota.

– Que? – disse ela, também com dificuldade, em parar de olhar os olhos do amigo.

Ela sentiu um sensação estranha, que primeiramente, a fez achar estar sendo hipnotizada pelo olhar do garoto que amava, no entanto, essa sensação tornou-se ruim, como um frio na barriga, que começava gostoso, mas ia se tornando torturante.

– Você ta bem? – perguntou conseguindo se livrar daquela tentação e notando a expressão estranha da amiga.

– Eu, eu... – dizia agora com tontura.

Ela sentia mais força invadindo seu corpo, mas ao contrario do lógico, perdeu o controle do corpo, como se ao invez de ganhar forças estivesse perdendo.

– Hermione, Hermione, – dizia desesperado – você ta bem, pelo amor de Mérlin, acorde.

Sentiu seu corpo cair inerte na cama, embora consciente. O barulho do vento estava mais rápido, o que Harry dizia passava muito veloz pelos próprios ouvidos. Porém, por um momento, tudo parou.

– Ninguém consegue fugir do rei da escuridão – disse uma voz fria que Hermione nunca ouvira antes.

– EU VOU ME VINGAR, TODESENGEL – Gritou uma voz feminina histérica – AVERNUS RESURGO!

Depois do grito o barulho voltou, assim como antes.

Ela sentiu o corpo esquentar, algo caia e escorria pelo corpo, parecia água. Ela sentiu a mesma força de antes fugir de seu corpo, e também ao contrario de antes, assumiu novamente o controle deste.

Abriu os olhos e se viu nua, debaixo do chuveiro, no banheiro do seu quarto. Assustada saiu depressa e ao chegar ao quarto viu as roupas que usaria na festa e o presente de Harry, em cima da cama.


– Rony, cadê a Hermione? – perguntou Harry preocupado.

Estava vestido em trajes muito elegantes, nada formal, mas muito elegante.

– Sei não. – disse olhando ao redor.

– Ali ela. – disse Luna, com um vestido amarelo muito extravagante atrás dos garotos, elas apontavam pra escada.

O garoto dirigiu o olhar para onde elas apontavam e pode ver uma linda morena descendo. Ela usava uma blusa de seda rosa claro de alça, os cabelos agora mais cacheados do que nunca caiam levemente sobre os ombros e usava uma calça jeans com detalhes em relevo e partes desbotadas. Ela, assim como ele, optara por nada formal, mas estava a garota mais linda e elegante da festa.

– Parabéns! – disse abraçando o amigo e depois entregando-lhe um embrulho dourado com um enorme laço prateado – Pra você.

Obrigado. – disse desembrulhando e vendo um par de luvas de couro negro sem as pontas dos dedos – O que é exatamente?

– Luvas de batalha. – respondeu sorrindo – Tem muitas utilidades em uma batalha.

– Comprou pensando em...

– Fica quieto. – disse colocando o dedo na boca do garoto, provocando-lhe um tremor – Hoje é dia de festa, ta?

Eles seguiram pra uma mesa no canto da sala.

Todos conversavam animadamente, exceto Hermione, que permanecia calada, pensando no mais recente acontecimento. As vozes ainda soavam claramente na sua mente, como se ainda não tivessem saído de lá, e também tinham os fatos do tempo ter passado rápido demais e Harry não se lembrar do desmaio dela.

– Hum, gente. – chamou baixo atraindo a atenção de todos.

– Qual o problema? – perguntou Gina vendo a tensão expressa claramente no rosto da garota.

– Como foi a nossa tarde Harry? – perguntou sem ouvir direito a pergunta da ruiva.

– Como assim? – perguntou o garoto confuso.

– Eu, não lembro exatamente o que aconteceu. – explicou calma – Eu desmaiei?

– Não, mas como assim não se lembra? – perguntou espantado assim como os outros.

– Eu, eu me lembro de uma tarde um tanto quanto diferente da sua. – explicou abaixando o tom de voz para que ninguém mais ouvisse.

– Dá pra se explicar melhor? – pediu Luna aflita – A gente ta ficando preocupado com você.

– Acontece, que, bom... – ela tentava descrever o que acontecera, mas pareciam lhe faltar palavras – Hoje de manhã, eu acordei e encontrei o Harry no corredor e...

– Claro que não. – disse estranhando tudo que ela dizia – Te vi na cozinha pela primeira vez.

– Não na minha cabeça, na minha memória. – disse nervosa – Agora posso terminar?

– Desculpe, fala então.

– Bom, acordei de manhã, achei você no corredor e fomos para o quarto do Sírius – explicou vendo os amigos se entre olharem – Quando chegamos lá, bom, eu comecei a me sentir mal, caí na cama sem conseguir me mexer, daí tudo parecia passar mais rápido, até que por último, tudo parou e eu ouvi duas vozes falar coisas estranhas. Bem, no final, abri meus olhos e estava no banho, pra vir pra festa.

– Tem certeza que não foi um sonho? – perguntou Luna espantada

– Bom, eu nunca dormi no chuveiro antes. – disse sarcástica.

– O que essas vozes disseram? – perguntou Rony

– Uma de homem disse que ninguém escapava do rei da escuridão, acho que se referindo a si mesmo. – explicou ouvindo as vozes ainda ecoarem pela sua cabeça – E uma mulher muito escandalosa gritou que iria se vingar, ele chamou a outra voz de Todesengel e por último disse umas palavras estranhas, que pareciam um feitiço.

– Que palavras? – perguntou Gina descrente.

A garota não disse nada, apenas pegou um guardanapo, uma pena, molhou a pena no vinho vermelho sangue do próprio copo e escreveu as palavras no guardanapo, o entregado em seguida aos amigos.

– Avern... – Rony lia o que estava escrito antes de ser interrompido

– Não fala Rony! – repreendeu-o

– Por quê?

– Pelo mesmo motivo que eu não falei. – disse como se fosse obvio – Se for um feitiço e nós falarmos, poderemos conjurá-lo, não sabemos o que ele faz, nem quais seriam as conseqüências.

– Ainda acho que foi um sonho Mione. – declarou Gina – Esquece isso

– Mas...

– Esquece. – disseram Gina e Luna juntas.

A garota calou-se, olhando revoltada, para os amigos que voltaram a conversar.

Harry sabia que aquilo poderia ser sério e não se sentia confortável com ‘esquecer aquilo’.

– Vem aqui um pouco. – disse Harry levantando-se e puxando-a até um canto da sala – O que você pretende fazer?

– Então você acredita que não estou ficando louca?

– Depois do ano passado, isso pra mim é inteiramente normal. – brincou.

– Não é hora pra brincadeiras, Harry. – repreendeu – Eu não sei o que fazer.

– Quer conselho?

– Magina, claro que não, resolvo tudo isso sozinha. – disse sarcástica.

– Diga ao professor Dumbledore e veja o que ele te diz.

– Ta, tenho que ficar calma. – disse, mais para si mesma, do que para o moreno.

A garota fechou os olhos e tentou esquecer aquilo, queria festejar o aniversário do amigo, quando se lembrou que ele ainda estava ali.

Ela abriu os olhos e viu-o observando-a com carinho, sentiu uma imensa vontade de dizer o quanto sentia por ele, mas essa vontade foi rapidamente reprimida pelo medo, medo de perder a amizade da pessoa mais importante da sua vida. Ela sabia que dizer aquilo mudaria tudo, eles não conseguiriam mais se olhar, no entanto, uma vontade falou mais alto que o medo.

– Brigada. – disse parecendo mais calma – Gosto muito de você Harry, mais do que você pode imaginar.

Se aproximou e beijou o garoto como nunca fizera antes com ninguém. Achou realmente que ele iria empurrá-la, xingá-la ou brigar feio com ela, mas ele apenas correspondeu envolvendo-a pela cintura. Ela colocou uma mão na nuca dele enquanto a outra percorria as costas.

Ela procurava demonstrar tudo o que sentia por ele ali, sem palavras, sem constrangimento, apenas por um gesto.

Algum tempo depois, tempo que eles julgariam uma eternidade, ela se afastou sorrindo, ainda agarrada a ele. Ele fez o mesmo estampando um largo sorriso no rosto.

– Conversamos depois. – declarou sorrindo, antes de dar um selinho no garoto e correr para a mesa junto aos outros.

O resto da festa transcorreu muito bem. Todos esqueceram o ‘sonho’ de Hermione, apenas ela e Harry acreditavam que aquilo era mais que um simples sonho.

A noite se passou estranha e gostosa para os dois, foi cheia de troca de olhares e sorrisos bobos.

A preocupação de Harry em ficar com Hermione não estava presente naquele momento, os sorrisos da garota, ora bobos ora apaixonados, o distraíram completamente, ele só queria naquele momento beijá-la novamente, o que não foi difícil, sempre que Hermione ia pegar alguma bebida na mesa, que ficava em um dos cantos da sala, ele a abraçava por trás e a beijava.

Assim foi durante toda a noite, sem palavras, apenas com gestos.

A festa terminou tarde e todos foram se deitar com as cabeças em ordem e pensamentos mais organizados, o que não havia acontecido muito ultimamente.






N/A¹ Brigadu Nay, você ta ajudando um bocado,


N/A² Comenta bastante ta povo, preciso saber o que estão achando....


N/A³ Obrigado tb à Lety, que criou um fâ blog da fic, ela mesma que vai administrar... Lílium Blog

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