1º Dia de Aula
Gina e Hermione trocaram de dormitório, para poderem ficar junto a Tonks. A auror olhava nostálgica e empolgada para a Sala Comunal da Grifinória, mal acreditando que estava naquela missão.
O único que não parecia feliz por Tonks estar lá era Harry, que a olhava de um jeito desconfiado, da outra ponta do salão. A garota conversava animadamente com Gina, que se policiava para chamá-la de Travis, para não levantar suspeitas.
- Travis, será que eu posso falar com você? - Harry se aproximou das garotas, carrancudo.
Ela assentiu e o seguiu, para fora do salão, rumo a umas salas desocupadas, no corredor próximo. Assim que entraram na saleta, Harry a imperturbalizou e virou-se para ela, inquisidor.
- Quer dizer que agora eu preciso de babá?
- Como é que é? - Tonks não estava preparada para esse ataque.
- A Ordem não confia em mim o suficiente para me deixar sem uma guarda particular, não é?
- Harry, não sei se você sabe, mas o mundo não gira ao seu redor! - irritou-se. - Eu estou aqui, em missão pela Ordem, para ajudar você a proteger seus amigos! É isso!
- É isso mesmo? - retrucou, ainda desconfiado.
- Se você não quiser a minha ajuda, diga logo! Só acho que você está sendo precipitado...
- Claro que quero a sua ajuda! É que... - de repente, percebeu como estava sendo mal-agradecido e ridículo naquela discussão. - Desculpa, Tonks. Estou preocupado demais, e acabei descontando em você!
- Harry, eu sei que você está preocupado, mas isso não é motivo para tratar as pessoas mal, ou afastá-las de você.
Harry percebeu que ela não estava falando apenas em relação a essa discussão deles, e resolveu não retrucar; não ia discutir esse assunto com ela.
- O que você tem em mente? - Tonks perguntou, ao ver que ele não ia falar mais nada.
* * * * * * * * *
A primeira aula para os alunos do sétimo ano era DCAT. Harry tomou o café sozinho, pois Mione e Rony estavam fazendo a ronda, Neville estava na mesa da Corvinal, Liam não tinha aula nesse horário, e Gina sequer aparecera no salão.
Estava tão compenetrado comendo, que não percebeu que quase todos os olhares do salão estavam nele. Alguns poucos cochichavam, mas a maioria apenas o encarava. Levantou-se de súbito e o burburinho acabou, mas ele mal percebeu. Pegou sua mochila e saiu do salão.
Tinha sobre si boa parte dos olhares dos colegas na turma de NIEM de DCAT, e estava extremamente incomodado com isso. Lupin percebeu o que estava acontecendo, e resolveu começar a aula dando matéria nova, para tirar a atenção dos alunos de Harry.
Estava explicando como funcionava o feitiço do Patrono. Hermione mal piscava, e Harry não entendia como ela conseguia prestar atenção tão profundamente à aula, e ainda copiar tudo o que o professor dizia, naquela sua letra minúscula e reta.
Lupin demonstrou o seu patrono, e os alunos o olhavam embasbacados, exceto Harry, que já vira a demonstração, e Tonks, que rabiscava a esmo o pergaminho. O professor chamou Hermione à frente, para tentar fazer o feitiço, quando foram interrompidos pela profª. McGonagall.
- Professor Lupin, desculpe a intromissão, mas será que o Sr. Potter pode me acompanhar?
O professor assentiu e Harry pegou suas coisas, intrigado. Será que já fizera algo errado? Nem acabara a sua primeira aula, ainda. Acompanhou a professora, que andava a passos largos, rumo à enfermaria. Ela não dizia nada, e o garoto mal tinha fôlego para lhe perguntar o que estava acontecendo.
Abriram a porta da ala hospitalar, e Harry sentiu o coração parar, quando viu Gina sentada numa das camas, e Madame Pomfrey conversando com ela. Correu pra onde a ruiva estava, praticamente jogando suas coisas no chão.
- Gina! O que houve? - a garota quase pulou de susto. - Por que você está aqui? Você está bem? - bombardeava a ruiva, que agora se segurava pra não rir.
A professora e a enfermeira trocaram um olhar divertido, e esperaram o desenrolar da cena. Gina pôs uma mão na testa e a outra no estômago, fazendo cara de dor.
- Acho que estou com uma alergia fortíssima! - gemeu.
- E você já foi medicada? O que está sentindo? - preocupou-se ainda mais, sem perceber que as mulheres estavam se divertindo às suas custas.
- Eu estou com alergia a - espirrou. - a Harry Potter! - falou, o mais séria que conseguiu ficar.
Todos na enfermaria desataram a rir, e só então Harry percebeu que Liam estava na cama ao lado, gargalhando, diga-se de passagem.
- Posso saber que palhaçada é essa? - irritou-se, tentando não transparecer o alívio por ela não estar doente.
- Tenha modos, Sr. Potter! - repreendeu-o a professora. - Foi o senhor quem tirou conclusões precipitadas, e não nos culpe por rir de algo que foi realmente engraçado! - deu um meio-sorriso.
- Por que estamos aqui? - perguntou, mais calmo.
As três mulheres se entreolharam, e Harry percebeu-lhes o olhar apontando para o irmão. Então percebeu que Liam tinha um olho roxo, e algumas escoriações. Olhou inquisidor para o irmão, que deu de ombros.
- Não foi nada, Harry! - tentou dar um ar despreocupado à voz.
- Como nada? Você brigando antes mesmo das aulas começarem? O que você acha que mamãe vai dizer?
- Eu já disse que não foi nada de mais! - irritou-se, e encarou o irmão mais velho.
- Acho que é hora de dizer ao seu irmão o que está acontecendo, Liam. - falou no seu tom sempre sereno Dumbledore, que havia acabado de entrar na ala hospitalar.
- O que você está me escondendo? - Harry continuou encarando o irmão, que agora se intimidara.
A enfermeira se afastou da cama, seguida de perto pela professora. Gina percebeu que essa era a sua deixa, e levantou-se discretamente para sair, mas o diretor sinalizou silencioamente para que continuasse lá.
- Você não percebe as coisas, não é, Harry? Sempre imerso nos seus próprios problemas, e não vê o que acontece na sua cara! - explodiu Liam. - Desde o ano passado uns idiotas da Sonserina me perseguem, sempre falando mal de você, da nossa família, mas eu nunca nem dei bola, apesar de isso me irritar profundamente!
- Quem te persegue? - estava boquiaberto. Realmente, não percebera nada disso.
- Eu não quero que você vá lá e dê um jeito neles, Harry! Eu posso lidar com eles sozinho!
- Se você pudesse mesmo lidar com eles, porque está na ala hospitalar, enquanto não vejo mais ninguém aqui?
- Ele está aqui porque eu o trouxe. - falou pela primeira vez, Gina. - Eu vi os dois trasgos indo pra cima dele, mas Liam se saiu muito bem e os estuporou, depois de se esquivar algumas vezes dos murros daqueles idiotas!
- Você estuporou duas pessoas? - olhou para o irmão, francamente impressionado.
- Não é só você quem estuda Defesa contra Arte das Trevas! - retrucou, orgulhoso.
- Quem eram os dois, Gina? - virou-se para a ruiva, sabendo que o irmão não lhe diria.
- Isso é um assunto seu e do seu irmão. - sentenciou.
Harry revirou os olhos, impaciente, e sentou-se ao lado de Liam, que mantinha o rosto altivo, e o irmão não queria demonstrar, mas estava orgulhoso do garoto.
- O cerne da questão, Harry, - começou Dumbledore. - é que esse tipo de provocação, infelizmente, vai acontecer ainda mais neste ano. Você tem acompanhado o Profeta Diário, eu suponho.
- O senhor acha que tem alguém levando a sério as baboseiras que são lançadas naquele jornaleco?
- Optei por não falar nada sobre Tom ontem à noite, justamente para sondar como os alunos reagiam ao bombardeio de mentiras a que o Ministério os submetera. O que aconteceu com Liam esta manhã foi a prova de que eles realmente levaram a sério o que lhes foi impingido.
- Mas Liam disse que desde o ano passado é perseguido por estas duas criaturas, que mudança substancial foi essa?
- Estes teus óculos funcionam mesmo, Harry? - impacientou-se Gina, intrometendo-se. - Você não percebeu que todos na escola só fazem te encarar, esperando que você diga o que aconteceu no labirinto? Somada a essa curiosidade, o fato de o Profeta lançar notas sempre que pode te desmoralizando e falando mal da sua família, ainda se deve levar em consideração o medo de todos pela volta, que eles ainda negam, de Vol-Vol-Voldemort!
- Como eles podem acreditar no Profeta? - revoltou-se.
- Porque é melhor acreditar no Profeta, a viver com medo novamente. - respondeu objetivamente o diretor.
- Por que você não me disse o que estava acontecendo antes, Liam? - voltou-se para o irmão, já cansado desta conversa.
- Esqueceu-se de que você era Campeão da escola? E que tinha que se preocupar com trocentas coisas? - pegou fôlego. - Além do mais, eu não fui o único a ser perseguido... - olhou significativamente para Gina, que enrubesceu e baixou o rosto.
- O que eles fizeram com você? - levantou-se, irado. Foi até onde a ruiva estava, e segurou-lhes os braços firmemente, olhos faiscando de raiva.
- Eu sei me defender, Harry! - retrucou, tentando se desvencilhar dele.
- Eles te machucaram de alguma forma? - perguntou, irado e curioso.
- São uns idiotas! Não se preocupe comigo, eles nunca conseguiram dizer mais do que duas palavras, antes que eu desse um jeito neles! - falou num tom mais calmo.
- Como a escola permite que uma coisa dessas aconteça? - resmungou.
- Harry, meu caro, é necessário que você mantenha o sangue-frio nessa situação. Eu sempre soube do que se passava, mas, no momento em que dermos importância a estas provocações, elas assumirão um patamar ainda pior. - O garoto abriu a boca pra retrucar, mas o diretor não lhe deu oportunidade para falar. - Pedi que Minerva o chamasse, porque já era hora de você saber o que estava se passando com os que lhe são próximos, além de perceber que, há muito, só se fala de você em Hogwarts.
- E o que eu posso fazer? - perguntou, desalentado.
- No momento, ter consciência já é muita coisa! - falou, num tom um pouco cansado. - Agora tenho que ir. Hoje à noite nos veremos. - levantou-se e deixou os três alunos lá, imersos em pensamentos.
* * * * * * * * *
Harry estava mais irritadiço que o de costume, o que já era muito. Teve uma conversa séria com Mione e Rony, e estes lhe confirmaram que "a loucura de Harry Potter" era o assunto em voga na escola.
Diziam que ele havia matado Cho (assim como Cornélio Fudge, na noite em que tudo acontecera), para poder ganhar o Torneio; outros diziam que ele estava querendo chamar a atenção da comunidade bruxa, inventando que Voldemort havia voltado.
Não falavam só dele; Dumbledore também estava na lista de assuntos favoritos. Muitos o taxavam de gagá, e engrossavam as fileiras dos que queriam um novo diretor.
Naquela primeira noite, Dumbledore levantou-se para fazer mais um discurso, e este não era de boas-vindas.
- Meus caros, desculpem-me por iniciar este tão desagradável assunto, mas ele tem que ser dito. Optei por não falar-lhes sobre isso ontem, pois queria que estivessem à vontade, na escola, para que pudéssemos conversar. - deu um longo suspiro, antes de continuar. - Como eu lhes disse em junho passado, reitero agora: a despeito do que o Ministério e o Diário profeta estão apregoando por aí, Lord Voldemort está de volta à ativa.
Uma sucessão de arrepios e gemidos se seguiram à fala do diretor. Alguns derrubaram o suco que ainda estava na mesa. Harry mantinha a cabeça baixa, sentindo todos os olhares sobre ele.
- A fuga em massa dos Comensais no começo do ano foi o primeiro indício de que algo não estava bem. - olhou para a mesa da Grifinória. - Perdão por estar sendo repetitivo, mas há pouco mais de três meses perdemos uma aluna em decorrência do retorno de Voldemort.
A mesa da Corvinal ficou num silêncio tenso. Na Sonserina, o clima era de expectativa. As outras duas casas observavam ora o diretor, ora Harry, que ainda se mantinha de cabeça baixa, como se não quisesse estar ali.
- Não estou aqui para lhes dizer no que devem acreditar; até mesmo os mais novos têm capacidade de discernimento, e este é o momento em que só posso pedir que se unam. Fiquem juntos dos seus amigos, aconteça o que acontecer, pois só assim, juntos, serão fortes.
Poucos aplausos seguiram a fala do diretor, e os alunos seguiram num burburinho baixo até as suas salas comunais.
- Harry? - Liam o chamou, quando ele já ia subindo a escada para o seu dormitório.
- O que você quer?
- Eu quero te agradecer por ter se preocupado hoje comigo, e me desculpar por ter sido tão estúpido com você na ala hospitalar! - falou, num fôlego só.
- Tudo bem. - falou, meio surpreso com o que o irmão dissera. - Você vai me dizer quem foram os dois que te pegaram hoje?
- Não força a barra, Harry! Já pedi desculpas, mas isso não está no trato...
- Que trato? - arqueou as sobrancelhas, desconfiado.
- Putz! - ruborizou. - A ruiva vai me matar, se souber que eu dei com a língua nos dentes!
- O que a Gina tem a ver com isso?
- Ela me pediu pra conversar com você... Mas não diz pra ela, viu? Nem sei em que bicho ela me transfigura, se souber...
- Não se preocupe, Liam... - despediu-se do garoto.
Não conseguiu reprimir o sorriso, apesar de saber que a distância que os dois mantinham agora era mais segura para ambos.
* * * * * * * * *
Tá, o capítulo tá meia boca, mas eu tô sem tempo de escrever! Até o dia 08 de dezembro, estou cheia de cousas no trabalho, e a faculdade realmente saiu da greve... =|
Até lá, capítulos a conta-gotas... Sorry!
p.s. obrigada pelos comments e votos, tá?
p.s. do p.s. não sei o que rola na Floreios e Borrões, mas tem fics que eu ponho pra procurar e não aparecem; acontece com a "Mentindo para o Coração", da Paty Black (que preu ler tenho que entrar pela outra fic dela!), e eu nunca consigo achar a da Morgana ("No País das Fadas")... Se puderem, deixem o link no comment, que eu vou tentar ler! (só pedindo desculpas por não estar acompanhando direito as fics, mas o meu tempo está realmente reduzido!)
p.s. do p.s. do p.s. Vocês já viram o filme? Esse foi, sem dúvida, o mais engraçado dos quatro! Toda vez que me lembro do Dumbledore correndo (aos que não viram, sim, ele "faz carreira", como se diz aqui no Ceará), rio sozinha...
bjos a todos! =D
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