Em Jogo

- ELE TE VIU SÓ DE CALCINHA?

- Mione, dá pra você gritar mais alto? Acho que o pessoal que está tendo aula de Astronomia não escutou direito! - resmungou Gina.

As duas estavam se preparando pra dormir; Tonks estava no banheiro, e Gina acabara de contar para a amiga o que tinha acontecido n’A Toca há dois dias. Obviamente, não entrara em detalhes, especialmente, em como os dois ficaram "afetados" com o ocorrido.

- Ele te viu nua? - Mione sussurrou, estupefata.

- Praticamente! - completou, categórica. - E a culpa foi toda sua!

- Minha?! - rebateu, constrangida e vermelha.

- Lógico que foi sua! Trocou de lugar com ele, não foi?

- Mas eu... - não sabia o que dizer.

- Valeu a pena?

- O quê valeu a pena?

- A sua noite. - deu um sorriso malicioso. - Valeu a pena ter feito a felicidade daquele pervertido, mesmo que fosse eu quem tivesse que pagar o preço?

Apesar de estar chateada com Mione, mal conseguia segurar o riso. Se possível, a amiga ficou ainda mais vermelha, e balbuciava sem sentido, claramente envergonhada por ter sido pega no flagra.

- Claro que valeu a pena! - admitiu, num tom muito baixo, depois de um silêncio constrangido em que torcera as mãos furiosamente.

- Dessa vez, Hermione Granger, - começou, num tom solene. - desta vez eu te perdoo, porque fazia muito tempo que eu torcia pra que você o Rony se entendessem, só não imaginava que tudo correria tão rápido! - provocou, rindo.

- Gina! - tentou repreender a amiga, mas não conseguiu ficar séria. - Desculpa ter te posto nessa situação, ruiva!

- Não vamos mais falar desse assunto, certo? - cortou a amiga, ciente de que não ia conseguir segurar o sorrisinho idiota que dançava no seu rosto, sempre que se lembrava do que acontecera.

* * * * * * * * *

A primeira semana de aula estava no fim, mas Harry achava que tinham se passado meses. "Às vezes, a ignorância é uma bênção." - pensava, todas as vezes em que percebia que tinha os olhares sobre si, ou ouvia cochichos nada discretos às suas costas.

Sacudiu a cabeça, impaciente. Era a última aula de sexta, e a profª. McGonagall não estava dando trégua aos alunos. Poucos faziam NIEM de Transfiguração, e a aula estava sendo particularmente cansativa. Ela fizera uma explanação rígida sobre a importância dos exames do fim do ano, e começou a dar Transfiguração Humana. Só se ouvia na sala a voz da professora e o arranhar frenético das penas nos pergaminhos.

Harry estava começando a se desesperar. Tinha muitas coisas a fazer, e não contava que Hogwarts fosse tão puxada no sétimo ano. Não foi por falta de avisos, já que Mione desde o quinto ano era a imagem da neurastenia, quando se falava na palavra "exames". Nesse momento, ele queria ter levado a amiga mais a sério.

Parecia que durante o recesso, nada que não fosse relacionado a Defesa Contra Artes das Trevas havia ficado na sua cabeça. Estava sendo injusto; havia outro assunto que não lhe dava trégua, mas tudo o que ele não precisava era se lembrar daquela ruiva louca durante uma aula particularmente difícil.

Arriscou olhar para os lados, e ficou um pouco mais tranquilo ao ver que não era o único que estava com dificuldades; fora Mione, que mantinha sua habitual atenção total nas palavras da professora, e Tonks, que além de ser auror formada era, "por acaso", metamorfomaga, o resto dos alunos não conseguia deixar de transparecer seu desespero perante a matéria.

Rony coçava a cabeça, desalentado. Justino Finch-Fletchey quebrara duas penas, na ânsia de acompanhar as palavras da professora. Neville mantinha um olhar impassível, mas Harry sabia que ele ficava assim sempre que prestava muita atenção, especialmente a algo que não entendia. Era assim que ele ficava com Luna, antes de eles começarem a namorar. Ou a garota havia conseguido ficar mais coerente com o tempo, ou o namorado se acostumara com o tresloucamento natural dela.

- Sr. Potter, por favor, posso ter uma palavrinha? - a professora pediu, quando a aula terminou. - Sr. Weasley, fique também; tenho certeza que o assunto o interessará.

Os garotos assentiram, e esperam os demais alunos saírem da sala. Mione lhes lançou um olhar invejoso; queria ficar pra saber da conversa, mas saiu com Tonks, junto aos demais.

- Chamei os senhores aqui, - começou a professora, depois que se sentou à sua mesa, e os garotos se acomodaram à sua frente. - para que possamos decidir sobre o time de Quadribol da Grifinória.

Os garotos sorriram. Por um momento, acharam que a professora fosse lhes chamar a atenção pelo desempenho fraco na sua disciplina.

- Espero mais que sorrisos para que mantenhamos a Taça na minha sala; - continuou. - Como devem estar cientes, o time se reduziu aos senhores. A Grifinória foi o time que mais sofreu baixas; perdemos três artilheiras e dois batedores praticamente insubstituíveis, enquanto que os outros times tiveram desfalques de, no máximo, três jogadores. - suspirou, preocupada. - Harry, você é o novo capitão.

- Oi? - sobressaltou-se com a súbita nomeação.

- Parabéns, cara! - Rony sorriu. - Você é o mais experiente, deve ser o capitão, mesmo.

- Obrigado. - falou, ainda atordoado. Não pensava em Quadribol há muito tempo, e como não houvera campeonato no ano anterior, nem lembrava que estavam sem Angelina, Katie, Alicia, Fred e Jorge.

- O primeiro jogo de vocês será no primeiro fim de semana de outubro, contra a Lufa-Lufa, que é a franca favorita para esse ano. Estão treinando duro desde o ano passado, e o time está bastante entrosado. - suspirou novamente. - Reservei o campo de Quadribol para o sábado seguinte a este, Potter, para que seja a feita a seleção. Conto com vocês dois para defender a taça!

Os garotos saíram ainda atordoados da sala da diretora da Grifinória, mas felizes. Passaram o fim de semana confeccionando e pregando cartazes, anunciando a seleção para o time para o próximo sábado. Estavam preocupados, pois sabiam que não seria nada fácil começar um time praticamente do nada, mas arriscavam as apostas.

- Quem você acha que vai tentar para batedor? - perguntou Harry, depois de fazer a sua torre comer um peão indefeso no tabuleiro de Rony, na Sala Comunal.

- Este é o meu medo; não imagino ninguém pra batedor. Pros artilheiros vai ser menos difícil, já que temos Gina como certeza! - falou, antes de comer a torre do amigo com um cavalo.

- Você vai deixar Gina jogar? - não conseguiu reprimir a pergunta.

- E desde quando eu mando nela? - o ruivo franziu o cenho.

- Ron, uma coisa foi ela jogar com a gente, lá em casa; outra, muito diferente, é ela jogar contra aqueles trasgos de estimação da Sonserina, por exemplo!

- Por isso eu me preocupo com os batedores; terão que ser muito bons, pra que Gina não seja massacrada no ar... - falou aéreo, dando um xeque com o bispo.

- Mas Ron, ela - mexeu a peça de qualquer jeito.

- Mate! - o rei foi quebrado com estrondo. - Não adianta, Harry, não podemos impedi-la de jogar!

"Eu posso, Ronald Weasley! De que adianta ser capitão, se eu não posso mandar no time?" - pensou, contrafeito. "No que depender de mim, a ruiva nem passa na seleção!"

* * * * * * * * *

Harry e Rony chegaram mais cedo ao campo de quadribol, ansiosos. A semana passara tensa, onde muitos alunos vieram se inscrever, inclusive a ruiva. Tentavam não pensar que seria praticamente impossível compor um time tão bom quanto o de dois anos atrás, mas tentavam não fazer especulações.

Aos poucos, as arquibancadas foram enchendo de gente; muitos grifinórios tinham vindo para prestigiar e torcer pelos amigos, e alguns de outras casas tinham vindo, para vislumbrar o que enfrentariam no campeonato.

Havia mais de vinte inscritos para artilheiro, e uns cinco, apenas, para batedor. Harry estava nervoso; odiava falar em público, ainda mais sabendo que boa parte dos que estavam ali era da turma dos que "cochichavam" dele.

Respirou fundo, e começou a seleção pelos batedores. Depois de uns dez minutos, olhou desalentado para Rony, enquanto conversavam, próximos à trave central.

- Rony, estamos perdidos! - gemeu, acompanhado pelo amigo, desalentado. - Eles são péssimos!

- Temos que ser objetivos, Harry! Dos cinco, os que têm a mira "menos pior" são Juca Sloper e André Kirke. Se os treinarmos, eles podem melhorar... Os outros são desastrosos!

- Será que alguém que tá pra seleção de artilharia não toparia ser batedor, hein?

- Acho muito difícil... Melhor irmos logos para a outra fase da seleção, senão sairemos daqui de noite, apenas.

Separaram os artilheiros em trios, para ver se conseguiam se entrosar e passar pelo goleiro. Por mais que Harry não quisesse admitir, Gina era a melhor que estava ali, e isso o deixava ainda mais consternado.

Depois desta primeira parte, selecionaram os cinco que se saíram melhor, e os levaram para bater pênaltis. Além de Gina, estavam Dênis Creevey, do quinto ano; Simas Finnigan e Dino Thomas, do sétimo, e Eric White, do sexto ano. Liam também tentara entrar para o time, mas ainda precisa treinar muito.

- Certo, Harry, e agora? - perguntou ao amigo, quando entraram no vestiário, para decidir quem entraria ou não no time.

- Dênis Creevey é muito bom. Ele tá dentro. - falou, com a voz arrastada.

- E de quem é a outra vaga?

- São três vagas, Ron. - corrigiu.

- Eu sei que são três; uma do Dênis, uma da Gina, e a outra é de quem?

- Quem disse que a sua irmã tá no time? - retrucou, seco.

- Achei que seria óbvio, a melhor jogadora passar na seleção. - rebateu, irônico.

- Como capitão, tenho que zelar pela segurança dos jogadores, e Gina não estará segura no jogo, com estes nossos batedores...

- Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas a Gina sabe se cuidar muito bem. Se você duvida, façamos um treino com os batedores junto!

- Droga! - resmungou, ao ver que não tinha mais argumentos. Sabia que ela era perfeitamente capaz de estar no time, mas ainda não se sentia seguro. - Certo, a vaga é dela! - revirou os olhos, diante do sorriso no rosto do ruivo. - O que nos dá outro problema; dos três que sobraram, o melhor é o Dino.

- Você tem algum problema com ele? - Ron foi objetivo.

- Depois do que ele falou de mim e da sua irmã, - corou, lembrando-se do episódio da toalha. - mal nos falamos. Ele pediu desculpas a nós dois, mas de lá pra cá, só nos cumprimentamos.

- Então vamos perguntá-la se é um problema pra ela, ele entra no time.

Harry saiu resmungando atrás do amigo, revoltado por nunca conseguir pensar objetivamente quando o assunto envolvia Gina Weasley. Ron foi ao ouvido da irmã discretamente, e Harry pode ouvi-la dizer um sem importância "Por mim, tudo bem.".

Depois de a escalação oficial ser dada, Dino foi agradecer a Harry e Rony, que tentaram quebrar o clima de animosidade que se instalara entre eles desde o baile no Natal passado. Dênis estava orgulhoso, sendo fotografado freneticamente pelo irmão, que já estava praticamente abrindo um fã-clube para o novo artilheiro.

Harry foi ajudar Rony para guardar os balaços nas caixas, quando foi interpelado por um grupinho de garotas dando risadinhas. Arqueou as sobrancelhas; isso não acontecia desde que anunciara a volta de Voldemort. Ron se segurava para não rir.

- Oi, Harry! - a garota o cumprimentou. - Eu só queria te dar os parabéns por ser o novo capitão do time!

- Ah, obrigado, - agradeceu sem jeito, olhando para a menina sem nem saber o nome dela.

- Cindy Watson. - percebeu-lhe a hesitação, e se apresentou. - Acho que vou indo, então. Mais uma vez, parabéns! - despediu-se com um beijo na bochecha de Harry.

- "O garanhão volta a atacar!" - ironizou Ron com voz impostada, rindo da cara surpresa do amigo.

- Não enche, Ron! - resmungou, voltando-se para fechar a caixa com as bolas, e percebendo que Gina escutara tudo.

* * * * * * * * *

As três semanas subsequentes foram exaustivas. Como o time estava muito pouco ambientado a jogar junto, os treinos eram praticamente diários. Harry se mostrara um capitão carrasco, já que estava sempre cobrando do time mais do que, aparentemente, podiam oferecer.

Os batedores treinavam separados. A mira deles era tão ruim, que Harry optou por um treinamento alternativo. Conjurou uma espécie de esfera onde eles tinham que rebater os balaços em alvos, isolados do time. No ar, ele sempre pegava no pé de Gina, que, desde a seleção, era só monossílabos com ele em campo. Fora, nem olhava na sua cara.

- Assim você não vai conseguir essa Finta, ruiva! - gritou, depois de eles treinarem exaustivamente um ataque novo.

- O problema, precioso capitão, é que os seus artilheiros não estão passando a bola direito pra mim! - gritou em resposta, apontando a vassoura para baixo, descendo em seguida.

- Um bom jogador é o que recebe uma jogada ruim e consegue convertê-la! - desceu atrás dela.

- O que é que você quer, Potter? Que eu jogue pelos três artilheiros? - virou-se pra ele, irada.

- Se você fosse mais atenta, veria que dá pra fazer a Finta, sem precisar dar esse chilique!

- Quem está dando chilique aqui é você! - tremia de raiva, dedo em riste na cara dele. - Por que não se preocupa em chamar a atenção de quem não está jogando direito, ao invés de ficar me atazanando?

- Vamos parar com essa discussão aqui! - Ron desceu, ficando entre os dois. - Gina, por favor, vá para o vestiário, que eu quero ter uma conversa com Harry.

A contragosto, a ruiva se afastou, ainda tremendo por tentar conter a gana de estrangular o capitão. O resto do time também aproveitou pra fugir, correndo para o vestiário.

- O que está acontecendo? - começou o ruivo, num tom amigável.

Harry ofegava, de raiva. "Essa ruiva me tira do sério!" - pensou, ainda indignado com o topete com que ela o enfrentou.

- Você não pode tratar a Gina assim! - o ruivo continuou, depois do silêncio de Harry. - O time já não é essa maravilha, e se o seu plano é fazer com que ela desista de jogar, saiba que não vai contar nem com o meu apoio nem com o do resto do time.

- Eu me preocupo com ela! - tentou se justificar.

- Disso eu não duvido. Só acho que você devia se preocupar com você, de agora por diante! Se eu não tivesse chegado a tempo, era capaz de ela ter te azarado tão forte, que provavelmente você não jogaria na próxima semana... E você sabe como eu me preocupo com quadr - ops! - com a sua saúde! - emendou, fazendo graça.

Voltaram ao vestiário, e Harry pediu desculpas de uma maneira automática a todos, dizendo que estava tenso para o primeiro jogo. Assim que dispensou o time, Gina se levantou e saiu da sala, batendo a porta com estrondo.

* * * * * * * * *

Harry apenas brincava com a comida. Em pouco tempo teriam o tal jogo contra a Lufa-Lufa, e o time havia melhorado, é verdade, mas não chegava nem aos pés do que tinham há dois anos. O clima entre os jogadores havia melhorado, apesar de Harry e Gina falarem entre si apenas o essencial.

Foi direto para o vestiário, nervoso. Era seu primeiro jogo como capitão, além de ser o primeiro oficial em dois anos. Sentou-se já de uniforme, e encostou-se no espaldar reto do banco na saleta. Ficou nesta posição por longos minutos, pensando neste último mês.

Mesmo com a sombra de Voldemort pairando sobre a escola, todos se esforçavam para que a rotina de Hogwarts não fosse alterada. Harry tinha que admitir que estava dando certo, ao menos à primeira vista. Há duas semanas, só se falava em quadribol, apesar de, de vez em quando, as pessoas ainda falarem dele na sua frente.

Gina foi a última a chegar na saleta, e sentou-se entre Rony e Dino. Harry arqueou as sobrancelhas, mas não disse nada. Dino sempre tratava a ruiva de maneira respeitosa, e quanto a isso, não podia fazer nada.

Fez um breve discurso sobre a importância do jogo, e então liderou os jogadores até o gramado. Ouviram as vaias da Sonserina e a torcida da Grifinória, acompanhada pelo rugido do já conhecido chapéu de leão da Luna.

O time da Lufa-Lufa começou o jogo, e já de cara fez dois gols. Rony gritava com os batedores, que conseguiram se embananar ainda mais com os bastões, quase acertando Dênis Creevey quando este passou por perto.

Os adversários acompanharam secretamente os treinos da Grifinória, e fizeram uma marcação cerrada para Gina, que estava irritada com as faltas que estava sofrendo. Mesmo com o cerco, a ruiva ainda conseguiu fazer quatro gols.

Harry já estava rouco, e não conseguia se concentrar para procurar o pomo. Gina fez sinal pra que ele pedisse tempo, descendo logo em seguida. Madame Hooch lhes deu um minuto, e os sete se reuniram ao pé do terceiro aro.

- Harry, esqueça que é capitão e vá procurar o pomo! - pediu Gina.

- Eu não posso, você -

- Escute, estamos passando vergonha aqui! Se tem um jogador aqui que é bom é o nosso apanhador! Faça a sua parte, que tentaremos dar trabalho a eles, certo? - olhou para os outros, que apoiaram a ruiva.

- Tenha cuidado, Foguinho! - sussurrou só para que ela ouvisse, antes de dar impulso e voltar para o ar.

Para desespero da torcida vermelho-ouro, Lufa-Lufa tinha uma linha de artilheiros muito boa, e a diferença só aumentava; já estava de 200 a 80, e Gina, sempre que podia, gritava para que Harry procurasse o pomo logo.

Harry não escutava mais nada, concentrado. Não sabia se os gritos que entreouvia eram pró ou contra seu time, esquadrinhando com o olhar o campo. Então viu o pomo, voando baixo, a cerca de vinte metros. Não teve tempo de pensar; guinou sua Firebolt Ultra para baixo, e venceu a distância em poucos segundos, desmontando em seguida, com o pomo na mão.

A vitória foi apertada: 230 a 220, mas se salvaram do vexame. Sabiam que teriam que treinar muito mais agora, já que o jogo seguinte, marcado para janeiro, era contra a Sonserina.

* * * * * * * * *

Os jogadores puderam respirar um pouco mais aliviados, podendo agora se dedicar melhor às suas matérias. Harry e Rony dormiam pouco mais de quatro horas por dia, pra poder colocar as matérias em dia, acompanhados por Dino, e, às vezes, Gina.

Para o sábado seguinte ao jogo foi marcado uma visita a Hogsmead. Harry sabia que Dumbledore havia reforçado a segurança da cidadela, para não frustrar os alunos, tampouco criar um clima de medo ainda maior.

Harry acordou com as risadas de Neville e Rony, no sábado pela manhã. Os dois já estavam quase prontos para encontrar as namoradas, e Harry, caindo pelas tabelas, perguntou numa voz engrolada que horas eram.

- Hora de levantar, rapazinho! - Rony fez uma imitação quase perfeita de sua própria mãe.

- É Harry, você não vai querer perder esse passeio, não é? - completou Neville. - Ainda mais, se você tem uma garota à sua espera lá embaixo.

- Garota? À minha espera? - intrigou-se.

- É surpresa! - Ron riu e abriu a porta do quarto. - A gente se vê em Hogsmead!

Os amigos saíram, e Harry correu para se arrumar, esperançoso que uma certa ruiva estivesse lá embaixo, linda como só ela conseguia ser, dando aquele sorriso que o deixava louco. Desceu quase correndo as escadas.

- Oi, Harry! Eu estava à sua espera!

- Ah, oi, Cindy. - não conseguiu esconder o desapontamento.

- Eu queria saber se - gaguejou. - se você tem companhia para ir à Hogsmead...

- Eu... Er... - lembrou-se mais uma vez de Gina, e uma tristeza instaurou-se no seu peito.

- Tudo bem, Harry, a gente se vê, então. - a garota falou, triste.

- Olhe, se você quiser companhia até lá, tudo bem, mas depois eu fiquei de encontrar meus amigos... - sentiu-se na obrigação de dizer.

A vida ia ser tão fácil se ele gostasse de alguém que gostasse dele, que não fosse tão turrona... Mas era da ruiva que ele gostava, e não adiantava se enganar com a loira que estava ao seu lado.

Andavam a passos lentos pela rua principal da cidade, e a garota falava pelos cotovelos, tentando mostrar que entendia de quadribol, que torcera por ela durante o Torneio Tribruxo etc. Harry estava constrangido. Apesar de, em nenhum momento, ter dado alguma esperança à loira, ela estava agindo como se estivessem num encontro.

Passaram em frente ao pub Madame Puddifoot, e ela o convidou para entrar. Harry já não aguentava mais o papo sem sal da garota, e balbuciou uma desculpa qualquer, dizendo que ela fosse e pegasse uma mesa, que, em instantes, ele iria.

Gina estava fumaçando, mas não admitiria para as amigas que estava daquele jeito porque Harry estava com a desmilinguida da Watson. Da vitrine de onde estavam, Gina pôde ver Cindy arrastando o garoto para o Madame Puddifoot. Revirou os olhos, e deu uma desculpa qualquer, saindo de perto das amigas.

Andou a esmo pelas calçadas, que ela não percebeu que estavam estranhamente vazias. Ouviu um grito ao longe, para então perceber que havia algo esquisito acontecendo. Ouviu mais gritos, e virou-se, tentando ver o que estava havendo. Então foi agarrada firmemente, onde seus braços estavam seguros, e a boca tampada, impedindo que escutassem seu pedido de socorro.

* * * * * * * * *

Gente, essa semana foi o cão, mas agora tudo está melhor! Estou com net de novo em casa e, em breve, mais um capítulo, tá? (breve mesmo!)

Obrigada pelos votos e comments, bjos a todos! =D

p.s. sou de Fortaleza, sim! E a cena que o Dumbie corre é a exatamente depois que o nome do Harry sai do Cálice! =D (resposta ao comment da Marina).

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