Meteoros



Os dragões bufavam furiosamente. A rajada de luz havia sido provocada por uma labareda de algum deles. Estavam a no máximo quinze metros de distância. Harry contou dois Rabos-Córneos Húngaros, três Meteoros-Chineses, um Negro das Ilhas Hébridas e um Dorso-Cristado Norueguês. Sete espécimes das mais violentas raças de dragões. E com certeza famintos. Harry fica imobilizado e cochicha aos outros dois:
_Fiquem - quietos... - mas somente quando os dragões começam a trotar em sua direção é que ele percebe que ambos já estavam correndo. Harry corre em outra direção, na intenção de evitar os dragões de seus amigos e se depara com muitas pilastras de pedra que íam do piso ao teto não muito alto do Salão. Harry se mete atrás de uma a tempo de se desviar de uma grande labareda dourada e segue a corrida para a esquerda, na direção oposta da seguida por Rony e Gina. Num vislumbre repentino, Harry vê que seis dragões os seguiam, quatro trotando violentamente rápidos e dois voando, provocando ventos muito fortes. Mais labaredas douradas e rubro-azuladas são exaladas com fúria pelas feras. Harry contorna uma pilastra à direita, derrapando no chão úmido e tomando espaço das feras que já estavam praticamente sob seus calcanhares.

Rony puxa Gina para a mesma pilastra, abaixa-se puxando-a também e prende a respiração, tapando a da irmã. Um bafo quente passa pelo local vagarosamente. Rony e Gina se encolhem ainda mais para as sombras. O dragão se desvia deles e dá alguns passos, soltando uma fortíssima labareda dourada. Pelo couro negro e as cristas no dorso, Rony o reconhece como um Dorso-Cristado Norueguês, a raça cuja um espécime Hagrid surrupiara para dentro de sua cabana anos atrás. Eles se arrastam vagarosamente pelo chão para longe do dragão, contornam outra pilastra e ao se virarem, deparam-se com um Meteoro-Chinês, que majestosamente inclina a cabeça para o alto e solta um de seus belos cogumelos de fogo, exibindo um brilho anormal no queixo.
_Meu Deus! - berra Gryffindor, cuja uma pequena parte do retrato saía do bolso de Rony, na qual ele se expremia para ver alguma coisa. Gina e Rony se viram rapidamente e começam a correr derrapando no piso molhado, o dragão abre as asas e os alcança com facilidade, se agarrando às golas da parte de trás das blusas dos irmãos, passando por um triz da carne de suas nucas, e içando-os violentamente no ar em seu vôo.

Harry se encolhe às sombras úmidas da pilastra e vê um Rabo-Córneo passando como se farejasse à sua frente. Ele prende a respiração e espera. O rabo do dragão, uma de suas armas mais perigosas por causa de seus muitos e fortes cornos, balança ameaçadoramente próximo a Harry e bate na pilastra de pedra, a um palmo da cabeça de Harry. Ele se assusta mas prende o suspiro de surpresa, bem na hora em que a fera se vira rapidamente, abre as asas, e prossegue voando entre as pilastras, majestosamente. Harry vê o vulto de um outro dragão voando muito adiante, atrás de muitas pilastras... se a escuridão não o enganava... o bicho levava presas às suas garras. Presas que se debatiam furiosamente. Harry se vira e observa o Rabo-Córneo se distanciar bastante, se levanta desajeitado e corre em diração à fera que levava seus amigos. Estavam se distanciando muito rapidamente... mas os garotos resistiam com muita corajem, esperneando e se debatendo. O dragão freara mais de uma vez para manter o equilíbrio, até que um dos garotos consegue se soltar das garras da fera e correra, tentando se refugiar. Harry corre na direção do que se soltara e percebe que é Rony, agora atrás de uma pilastra, bufando sem parar. Ele se aproxima mais e vê - ainda a uma boa distância, o dragão procurar por Rony, até que se aproxima um outro Meteoro e o ajuda na caçada. Harry vai de pilastra em pilastra se aproximando de Rony, mas à umas quinze delas de distância ainda, ele vê o Meteoro que chegara depois agarrar Rony novamente pelo pano da gola na nuca e levantar vôo com sua caça presa a suas garras.
_Não! - grita Harry desesparado, correndo atrás do dragão. Rony se debatia muito e o Meteoro retarda a velocidade, até que Harry o alcança e se agarra às pernas de Rony, puxando-o.
_É isso aí, jovem Potter! - incentiva Godric Gryffindor, com dificuldades para ver de dentro do bolso. Mas eis que então surge o terceiro Meteoro-Chinês e agarra Harry pelo mesmo lugar que os outros dois, fazendo-o soltar do amigo, e levanta vôo. Harry então se lembra da fraternidade entre os Meteoro-Chineses com os parceiros de espécie. Os três voam rapidamente para o centro do salão, se distanciando das pilastras. Harry sente as garras fecharem-se ligeiramente sobre seus ombros e a dor, como se um trator passasse por cima dele. Ele não se lembrava do hábito de pegar suas vítimas humanas dessa maneira, mas quanto ao se distanciarem, Harry tinha certeza de que era para não dividirem o jantar.
Não deu em outra. Os outros quatro espécimes apareceram voando pelas pilastras antes que os Meteoros chegassem ao centro do Salão. Alguns feiches de luz passavam por brechas do teto no meio do Salão, e as três presas viram com clareza os Rabos-Córneos se aproximarem, caudas em guarda, assim como seu correspondente Hébrido, cuja cauda terminava - Harry confirmou com tristeza - em um espigão em forma de flecha, e o Dorso-Cristado, soltando fumegantes labaredas perigosamente douradas freneticamente enquanto se aproximava. Os Meteoros chegaram ao centro do Salão, e foram cercados pelos outros quatro, que avançavam, cada um ameaçando com sua pior arma - cauda, cauda, cauda e chamas - fazendo os Chineses recuarem até praticamente se encostarem. Harry viu os três dragões içarem a cabeça com certa determinação no olhar, baterem perigosamente suas asas, e levantarem altura rapidamente, até se chocarem com o teto do Salão, fazendo-o desmoronar, e saindo ao céu aberto e claro. Era possível perceber os olhos das feras se estreitarem por causa da luz solar, a qual com certeza não viam há muitos anos. Harry calculou que as feras já estivessem cientes das condições do teto, mas temessem de alguma forma o castigo de Voldemort se fugissem. Mas estavam - infelizmente - desesperadamente famintos. Os três Meteoros pararam de subir tão verticalmente e começaram a voar na horizontal quando lá embaixo saíram pela cratera os outros dragões. Gryffindor solta um grito de excitação.
Harry viu Rony e Gina, um a cada lado seu, e depois viu Hogsmeade, centenas de metros à frente e muitas dezenas abaixo. Estavam voando naquela direção. Os Meteoros alcançaram mais e mais altitude, e na altura em que sobrevoavam a Casa dos Gritos, muitas nuvens os camuflavam de Hogsmeade. Logo que saíram da brancura úmida das nuvens, Harry olhou para o horizonte, e nas brechas entre o bater das asas, viu as trilhas do trem e a estrada de chão, mais a frente um monumentoso e belíssimo castelo, o lago, e o topo das árvores negras da Floresta Proibida. Os três tinham certeza de que era para lá que íam. Harry olhou para trás e viu os outros quatro dragões saírem das nuvens que estavam sobre Hogsmeade, seguindo-os furiosamente. Agora Harry temia muito seu futuro.
Mas do que eles não se lembravam era da barreira que protegia as propriedades de Hogwarts de se entrar voando em altas velocidades, e ao alcançá-las, os três dragões frearam bruscamente e desviaram como contornando uma parede de vidro, o castelo de Hogwarts; sobrevoando assim o lago. Harry viu as três majestosas sombras serem projetadas nas águas agora inquietas com a passagem do vento provocado pelos dragões. Harry viu ao longe o belo campo de Quadribol, as balizas que mesmo altas, estavam muito abaixo de Harry, e os escombros negros da pequena cabana de Hagrid. Com a brecada, a distância entre os sete dragões diminuiu muito, e eles agora tentavam os acertar com suas perigosas labaredas de fogo. Os Meteoros desviavam-se magnificamente, com sua agilidade teatral.
Alcançaram a Floresta, Harry viu as copas das árvores dançarem ao vento das asas, muitos metros abaixo. Quando é que iam parar? Ele viu os Meteoros começarem a atacar também os outros, enquanto fugiam. Suas belas labaredas em formas de cogumelos quase acertaram os outros dragões, qté que depois de muitas tentativas, o dragão que prendia Harry acertou em cheio uma labareda no Dorso-Cristado, que perdeu o controle e caiu rodopiando até a floresta. Avançavam muito, mais do que Harry nunca havia ido naquela floresta. O dragão que agarrara Rony derrubou um Rabo-Córneo, e o de Gina o outro. Os Meteoros tentaram muitas vezes acertar o Negro, mas este se desviava com uma incrível agilidade e beleza, e igualmente buscava acertar os Meteoros, que se esquivavam como em uma dança. Harry viu o dragão Negro se aproximar mais e mais, suas garras a ponto de alcançar a cauda do Meteoro que o agarrara... então algo zuni no ar. Mais uma vez. E outra. Então algo acerta o dragão Negro na barriga,e logo em seguida no pescoço. O dragão pára no ar agoniado, mais flechas sendo lançadas e o desferindo... e desaba.
Rony e Gina olham significamente a Harry. Mais flechas conntinuam a zunir pelo ar. Os Meteoros desviam-se magnificamente, até que o de Harry recebe uma flechada no estômago, à centímetros de Harry, outras flechas o acertam em seguida e ele desaba, seu queixo brilhando em um último raio de sol antes da escuridão da mata. Harry só tem tempo de ver os outros dois Meteoros serem acertados também, e cai atravessando a fronteira céu/floresta, agora solto do Meteoro, e cai sobre sua barriga, felizmente a parte mais macia de seu corpo - mas não tão macia assim.
_Ahhh!!! - grita Gryffindor à distância.
Harry ouve mais galhos se partindo, e os outros dois dragões desabando metros a frente, Rony e Gina caindo sobre suas barrigas, assim como Harry. Os Dragões parecem mortos. Harry exausto permanece sobre seu enorme corpo, mas de repente percebe os olhos amarelos do dragão se abrindo.

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