Seus Botões
Capítulo 18– Seus Botões
-Sim é verdade – ela disse pela qüinquagésima vez naquele dia, monotonamente. – Nós terminamos.
-Mas eu não disse nada – Gina falou surpresa.
Hermione levantou os olhos para a amiga. – O que foi então?
-Não se cansa de estudar? Você está nisso a mais de quatro horas... O que foi Mione?
-Não sei do que está falando, Gina – retrucou dando de ombros, voltando a ler seu livro.
-Claro que sabe – falou franzindo a testa e fechando o livro da garota, Hermione a encarou indignada. – Só espere um minuto, estou falando com você.
A morena bufou. – O que é?
-O que é, pergunto eu. Você não está nada legal, é o Harry não é?
Hermione ergueu a sobrancelha. – Estou bem.
-Pois acho que não. Mas se você mesma, Srta. “Cabeça dura”, não quer admitir... Acho que é desnecessário insistir.
-Isso significa que posso voltar a ler meu livro – indagou apontando para ele.
-Claro, iria mesmo dormir – a morena abriu novamente o livro. - Tenha uma boa noite.
Erguendo os olhos, Hermione respondeu - Você também – a ruivinha deu uma última olhada na amiga antes de subir as escadas para o dormitório.
Suspirando, Hermione fechou o livro e então pôde constatar que ela era a única no salão comunal da grifinória agora. Ela guardou o material de estudo na bolsa e se recostou na poltrona onde estava, sua cabeça não ia mesmo assimilar mais coisa alguma sobre seja lá o que quer que estivesse tentando ler nas últimas quatro horas.
Havia acontecido há apenas dois dias. Naquele maldito sábado.
“E toda Hgwarts já sabe” pensou engolindo duro. “Parvati nem esperou o lugar esfriar, já estava se jogando nele assim que soube” A morena anelou, desviando o olhar para a janela do salão. Ela odiava Parvati com toda sua força naquele momento...
Fechou os olhos, ouvindo apenas sua respiração e o crepitar do fogo na lareira. Hoje havia sido um dia péssimo, não conseguira se concentrar quase em nada – porque, para onde quer que olhasse, a garota asiática estava ao alcance, e, só pra variar, no encalço de Harry Potter.
A voz de Parvati ecoava irritantemente em sua cabeça, Hermione só não queria mais ouvir, mas parecia impossível.
“Harry você pode me ajudar nisso?” Talvez estivesse pirando de vez... “Eu não consigo... Como é, Harry?” Não era para se importar. Ou melhor, ela não queria se importar. “Assim? Ah. Com você como meu professor tudo fica bem mais simples...” Era mais forte que ela, no entanto. “Bem que você poderia me dar aulas particulares, hein?” Como aquela garota podia ser tão cínica?! “Pense nisso, viu?!” Hermione sabia muito bem o que ela queria estudar... E sentia seu sangue ferver só de pensar.
Harry podia escolher qualquer uma. Qualquer. Mas não tinha certeza que conseguia admitir Parvati. Não que sua opinião contasse quando Harry fosse escolher outra namorada. Mas sabia que Parvati não era alguém para ele. E nunca poderia ser.
A morena abriu os olhos novamente, sua cabeça estrondando. “Como se alguém pudesse ser suficientemente boa para você, Harry...” pensou com um sorriso amargo.
**
Ela acordou num sobressalto, não tinha certeza se fora o sonho que a despertara ou a trovoada lá fora, indicando o mau tempo. Sabia apenas, que não queria continuar naquele lugar. Ofegante, saiu do quarto trôpega, descendo as escadas com pressa.
Não era a primeira vez que aquele pesadelo a atormentava e nem seria a última... Hermione sentou-se numa das poltronas do salão comunal da grifinória, juntou os joelhos ao seu corpo e os enlaçou, abraçando-os.
“Está tudo bem” ela repetia mentalmente. “Tudo bem” tremia dos pés à cabeça. Às vezes, aquele pesadelo lhe parecia tão real... “Lembre-se: Já acabou. Acabou” a morena respirou fundo e apoiando a cabeça na poltrona, estremeceu por causa do frio.
Ela se deixou ficar, por quanto tempo não sabia... Tinha a impressão que ainda era muito cedo para alguém estar de pé, mas não queria voltar para cama. Talvez por medo de sonhos ruins.
Tirando da cabeça qualquer hipótese de pesadelo, pensou em Gina. A ruiva aparentava estar bem, pelo menos atrás de Harry não fora... E Hermione não podia negar, estava muito satisfeita com isso. Fizera um bom trabalho, Oh sim!
Pelo que via, Gina estava curada da maldição. Se é que o amor tem cura. Ou qualquer que tenha sido – ou é – o sentimento que a ruiva nutria – ou nutre – por Harry. A questão é apenas uma: cumprira sua parte.
“Minha parte” pensou franzindo a testa. “Como se eu tivesse uma dívida para com ele. Como se tivesse o dever de me prestar àquela armação”
Armação, armação, armação... Era apenas isso - Um plano sem nenhuma pretensão de dar certo, que Harry bolara em um momento de desconforto. - E veja no que resultara! Num total emaranhado de atos e pensamentos seus sobre um certo moreno.
Ela ponderou um instante sobre Harry, seu rosto adquirindo um tom rosado. Seu melhor amigo. Perpassou levemente o dedo na boca, contornando-a. “Meu melhor amigo a quem beijei, algumas muitas vezes...” corrigiu.
“... Talvez não o suficiente” uma vozinha completou de modo insinuante, Hermione não a repreendeu. “Sim, talvez não o suficiente” ponderou reticente, deitando-se. A morena ofereceu ao lugar um sorriso estranho enquanto voltava seu olhar para a lareira; esta já esta acesa.
O motivo do sorriso... Apenas uma chance para adivinhar. Sim, era toda aquela doçura que, certas vezes, ela tinha certeza, só encontraria nele, no gosto dele.
Fato era que Hermione tentava esquecer tudo do último mês. Mas então, seus pensamentos a traiam e ela voltava ao passado, que nem era tão distante assim. Sentia tanta falta – em determinados momentos causava-lhe até dor.
Aquele mar, ora revolto ora sereno. Impetuoso. Quase transparente, talvez, até demais. Seu olhar, seu gosto, seu toque... Seus corpos tão instintivamente próximos.
Ah, Deus... Qual era afinal seu problema?
Nesses últimos dias, ela estava evitando ficar a sós com ele, para o próprio bem de Harry e para a sanidadedela não ser mais atingida... Porque ela tremia quando o tinha por perto e dificilmente não se arrepiava quando, acidentalmente, qualquer parte de seus corpos se encontrava. Sentia todo lugar esquentar quando encontrava os olhos de Harry. E aquele sorriso... era torturante demais.
O que esta a levando pensar sobre o assunto? Sabia que não era esta a pergunta certa, entretanto, ainda não tinha coragem de pensar, quiçá indagar sobre esta.
E enquanto a chuva caia lá fora, seus olhos estavam presos a ela. Aquele lugar persistia em estar vazio, mas, se quer saber, esse silêncio apenas a consolava. Talvez precisasse mesmo estar sozinha, talvez precisasse apenas esquecer. E ela queria, tanto...
-Isso – ela deu um passo a frente, sorriu ligeiramente pela surpresa dele e lhe deu um leve beijo em seus lábios. Rapidamente se afastando.
-Já que você pediu... – ele murmurou e então a puxou pela mão que ainda segurava, a outra mão dele ao encontra da cintura dela, apertando-a contra si. Hermione ofegou antes que pudesse pensar – Acho que não vai se importar de eu também tiver um pedido... – e a beijou.
-Posso saber o que a Srta. Granger está fazendo tão cedo fora da cama? – a morena mordeu o lábio inferior. – Hum? – Harry acabara de se sentar a sua frente, ao chão.
-Estou sem sono.
-E perdida em pensamentos – ele retrucou com um pequeno sorriso. – Está tudo bem?
-Por que não estaria, Harry? E o que, se posso saber, você faz aqui?
Ele pareceu ponderar. – Você pode... Só não queria ficar na cama, sozinho. Então desci...
-Como se nesse horário pudesse haver alguém por aqui.
-Há sim. Você está aqui, e, pra mim, já basta – disse se levantando. – Pode me ceder um pequeno espaço? – indagou com um sorriso maroto.
-Tem um monte de cadeiras e sofás nesse lugar, Potter – ela disse erguendo a sobrancelha.
-Mas eu gosto especificamente deste sofá, Granger – revidou. – Me processe – disse dando de ombros, ela sorriu, encolhendo a perna.
-Eu estava pensando... eu gosto mais dessa parte – falou apontando para onde a cabeça dela estava.
-Você não está sugerindo que eu me levante para que sente não é?
-Não exatamente.
Ela rolou os olhos. - Dois corpos não podem ocupam o mesmo espaço, mocinho.
-Posso resolver isso. Levante.
-Por que?
-Já vai saber - a morena o olhou de lado, mas fez o que Harry pedira. Harry sentou-se onde ela estava e antes que Hermione começasse a reclamar. E a fez sentar-se e a pôs deitada. Sua cabeça nas pernas dele. – Problema resolvido.
-Eu preferia como era antes e que você sentasse ou deitasse em outra poltrona.
-Mentirosa! – murmurou acariciando o cabelo dela.
-Como pôde me chamar de mentirosa? – indagou fingindo-se de ofendida, enquanto fechava os olhos.
-Porque eu conheço você. Demais – retrucou displicente. – Então, gostaria de mais uma discussão sobre amor?
-Definitivamente “amor” é o último assunto que gostaria de debater hoje.
-Por que essa repulsa?
-Deixa-me apenas ficar em silêncio?
-Como quiser – respondeu, sua atenção voltada para o perfil da moça. – Como quiser, Mione – repetiu suspirando. “Será que ela nunca irá aprender?”
“O que deu errado naquele plano?” Hermione pensou finalmente. Sabia, no entanto, a solução daquilo. Não era especificamente o plano que falhara... Era a promessa que fizera.
É. Talvez houvesse um problema no plano “bem embasado” de Harry Potter. Ele não contou que Hermione Granger, sua melhor amiga, pudesse se apaixonar. Mas já é tarde demais.
“A vida não deixa de ser irônica...”.
**
(continua)
**
Obrigado pelos comentários! Fico superfeliz. E eu sei que fui bem malvada... Acabando naquela parte. Rsrsrs! Mas eu tinha que acabar o capítulo e veio a calhar aquela cena^^.
Vocês não sabem o quanto foi difícil de sair esse capítulo! Putz... só pra variar eu o odiei.
Capítulo minúsculo. Desculpem algum erro. Desculpem a porcaria disso aqui. E se der, comentem...
E Vó, ta explicado porque eu disse sobre não esperar algo romântico da parte deles?^^ - Não queira me matar!
Bom, ‘té mais.
Yasmin
***
Mais uma coisa:
"Eu não consigo parar de pensar
Nesses seus olhos, seu jeito de andar
E a cada instante te sinto aqui
Repetindo palavras que eu não quero ouvir
E agora como é que eu vou fazer
Quando eu te encontrar
Eu vou ter que fingir que estou bem
Pra você não notar
Me diga mentiras, maltrata, improvisa
Faça o lhe que vier na cabeça
Mas algo bem feito pra que eu te odeie
Ou que pelo menos, amor, eu te esqueça
Já não é o bastante você não me amar
E eu fico aqui sem ter o que fazer
Eu tenho motivos pra te odiar
Mas eu te amo mais que tudo sem querer"
"Karynn - Me Odeio Por Te Amar"
Eu estava no orkut... Passeando por comunidades alheias ^^’.
E de repente, não mais que de repente, encontrei uma comunidade chamada: "Me odeio por te amar". E vi esse poema lindo (que eu não conhecia!). E achei super a cara de Uti Possidetis...^^
Por isso está aqui!
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