É Fato



Capítulo 19 – É Fato

Ela estava quase adormecendo sobre Harry. Seus olhos pesavam, mas não queria dormir.

-Hey – murmurou ficando de fronte para ele. – Não faça isso – o rapaz franziu a testa de modo interrogativo. – mexer em meus cabelos... Assim sinto sono.

-Então durma – ele retrucou sorrindo.

-Não. Eu não quero dormir.

-Que mocinha chata – disse rindo-se. – Mas se você não quer – continuou com um sorriso maroto. – Eu não faço... – então o rapaz deixou seu olhar cair no dela, a morena o sustentou. E, ainda com um sorriso jocoso, o rapaz acariciou suas bochechas e, depois, passou a contornar os lábios dela.

-Harry James...

-Você não falou nada sobre isso. Não me diga que lhe dá sono – falou erguendo a sobrancelha. – Ou esse toque lhe causa um certo frisson? – perguntou quando a moça abria a boca para retrucar. Hermione arregalou os olhos, Harry riu. – Sabia que iria ceder – ela virou os olhos.

-Só acho, Harry Potter, que isso não é um comportamento de um ex – disse sarcasticamente.

-Me processe – contestou divertido. – E, eu acho, Hermione Granger, que não estou fazendo nada de mais – ela ergueu a sobrancelha incrédula. – E se alguém nos encontrar aqui assim... O problema é desse alguém, que, por sinal, não tem nada a ver com nossa vida.

-Simples assim, não?

-Exatamente.

-Bom. Rapaz prático – ela falou sentando-se. – Eu não creio que seja algo tão simples. Porque, ainda estou tentando convencer meio mundo sobre o nosso “término”. Por isso, só por isso, já basta – ela suspirou. – Eu vou subir. Daqui a pouco já é o horário do café e tenho que organizar algumas coisas.

E a morena saíra dali o mais rapidamente que suas pernas puderam, sem, no entanto, fazer alarde aos olhos de Harry.


Por que ele insistia em atormentá-la? Por que, aos seus olhos, Harry Potter tornara-se irresistível? Por que conseguia se alimentar nos olhos dele? Como conseguia estar constantemente com a mente nele? Por que, definitivamente, não gostava da aproximação de Parvati?
“Amor”. Hermione fechou os olhos, gemendo baixinho. Ela queria poder desmentir, mas seus lábios teimavam em lhe desobedecer.

A garota se levantou da cama com impaciência. Já era sábado e, para piorar, havia passeio a Hogsmead. Na verdade, ele estava acontecendo nesse instante, enquanto ela própria estava trancada em seu quarto. Hermione bufou olhando para Bichento, este dormia a sono solto – obscuramente sentiu vontade de gritar, só para assustá-lo, não o fez, entretanto.

O problema não era de certo a ida a Hogsmead. Na verdade, ela, na noite anterior, estava bem animada com esse passeio. Pelo simples fato de o trio ter combinado de fazer um dia só para eles, entre amigos. E ela, no fundo, sabia que Rony Weasley daria um belo de um bolo nela e em Harry – o que, tranqüilamente, ignoraria depois de falar qualquer coisa sobre “palavra”. – E então isto significaria mais tempo para com o moreno.

Acontece que as coisas não transcorreram tão bem assim... Quando encontrara Harry, perto da fila para sair, fora ao seu encontro.

-Harry, vamos – ela segurou seu ombro. – Não quer se atrasar não é? Esqueceu que combinamos com Rony no Três vassouras? – indagou sorrindo.

-Ah Mione. Não vou poder ir...

-Como assim? Quero dizer, por que? – perguntou franzindo a testa.

Ele corou. – Eu prometi a Fátima, da Corvinal, que a ajudaria em alguns feitiços – ele acenou olhando para frente, para a fila, a morena supôs que para a tal Fátima.

Hermione ergueu a sobrancelha. – Em Hogsmead?

O rapaz deu de ombros. – O sábado está lindo, não podemos perdê-lo. Então, quando terminamos, iremos tomar alguma coisa – alguém o chamou. – Eu tenho que ir – a morena ficou parada ali, sem ação, enquanto Harry se afastava. Sua vontade de sair de onde estava se esvaindo.

De repente, ela não tinha mais vontade de nada. Não queria ir a Hogsmead e correr o risco de vê-lo com aquela garota. Não queria.
Não queria entrar naquela fila, ou estar nos jardins do colégio. Olhando mais uma vez para Filch, deu as costas e se dirigiu para o castelo.


Então Hermione não gostou da Fátima da Corvinal, percebendo, segundos depois, que não era apenas Parvati que ela não suportava. Era qualquer garota que o tocasse. Qualquer uma que o olhasse. Que pudesse estar a pelo menos cinco metros de distância dele. Que estivesse inalando o mesmo ar que Harry...

“Ah Merlim. Estou perdida” pensou sentando-se na cama novamente, sua cabeça trabalhando a mil.

Se soubesse o que o futuro lhe reservava... O faria diferente. Todo ele. Ela olhou para o quarto sem realmente enxergá-lo. O ar do lugar parecia-lhe raro-efeito e certas vezes sentia dificuldade de respirar normalmente.

“Onde está aquela Hermione?” Pensou olhando para as mãos. “Aquela que prometera nunca se apaixonar... Que jurava de pés juntos que não o faria? Que não tinha tempo para isso?” Ela as fechou com força. “Será que Harry esteve todo esse tempo certo?” Não conseguia acreditar.

A voz do rapaz ecoou em sua mente. “O que estou tentando dizer, é que, cedo ou tarde, isso vai acontecer com você e não poderá impedir” dizia um tanto sério “Um dia você vai acordar e vai perceber que sonhou mais uma vez com aquele certo rapaz e-”

“E vou perceber que estou completamente desajustada” pensou desgostosa. “Como se não me bastasse te notar todos os dias, em todos os lugares” suspirou frustrada.

Já não agüentava ficar ali. Pensando e pensando sem chegar nunca a um lugar. A morena concentrou todas suas forças para se orientar.

-H-Ele é a questão – disse rispidamente, lembrando-se de não pronunciar seu nome. – Você está apaixonada por ele. É só isso, não é o fim do mundo – continuou tentando por o quanto menos de emoção conseguisse.

“Como se pudesse ser apenas isso” uma voz comentou ironicamente. “E aquela sua promessa? Esqueceu dela, Hermione Granger?”

-Não, definitivamente não a esqueci – respondeu irritada. – Só não posso ignorar o que está na minha frente há muito tempo. Não posso esperar que esse sentimento desapareça de mim assim como surgiu, porque eu não sei se isso pode acontecer.

“Ora! Faça-me o favor! Aonde se encontra aquela garota que não acreditava no amor?” Indagou mordaz.

-Ela morreu. Morreu assim que... – respondeu roucamente. – Assim que um tal de Potter tocou seus lábios.

“Certo... E o que você pretende fazer com isso?” A vozinha perguntou seriamente. “Como pretende não se ferir? Não se ferir ainda mais, quero dizer”

Hermione balançou a cabeça - já bastava ela mesma para fazer indagações. -, não queria ficar mais tempo ali. Não queria ponderar mais, não queria armar um plano.
Uma vida totalmente estruturada caindo água abaixo, junto a sua promessa. O que tinha agora? Um futuro novo onde deveria descobrir aos poucos, talvez...
**

O salão principal estava cheio de alunos que não tinham autorização para ir a Hogsmead. E alguns alunos do sétimo ano, certamente enjoados de ir àquele vilarejo.

-O que faz aqui, sozinha?

Hermione levantou os olhos. Era Gina. – Vim jantar.

-Não foi ao passeio?

-Não. Não quis ir. E você?

Gina sorriu. - Cheguei há pouco. Estou morta de fome... Importa-se que me sente?

-Bobagem Gina. Nem deveria perguntar – retrucou a morena.

-Onde está o Harry?

Hermione olhou para Gina como se não a conhecesse. – Eu não sei. A única coisa que sei é que foi para Hogsmead.

A ruiva suspirou. - Ainda não posso acreditar que estejam separados.

-Não sei por que – a morena disse num sorriso forçado.

-Eu vou dizer o porquê. Vocês talvez nem saibam... Mas é que quanto eu os olhava – Gina franziu a testa. – Era um momento único. Entende? Quero dizer, você sabe o quanto gosto dele – disse diminuindo o tom de voz. – Mas sei que eu nunca terei a relação que vocês têm.

-Do que você está falando, Gina?

-Olá! - Deu um beijinho no topo da cabeça de Gina. - Olá! – Harry disse sentando-se entre elas, sem cerimônia. Ele então beijou o rosto de Hermione, segurando sua mão na dele. – Como passou o dia? Não lhe vi em Hosgmead. Está tudo bem? – indagou fitando-a.

-Justamente isso – Gina falou com um pequeno sorriso.

Hermione olhou um segundo para a amiga antes de se voltar para Harry. – Tudo! – disse sustentando o olhar que o moreno lhe lançara. – Estive apenas cansada demais para ver as mesmas coisas no vilarejo.

Harry ergueu a sobrancelha. – Cansada?

-Sim, Harry – suspirou. – Além do que, a escola ficaria sem nenhum monitor, não achei recomendável – disse, por fim, desviando o olhar. – E como foi a sua aula? – perguntou tentando não soar ofensiva ou irônica.

Harry virou os olhos. – Sabe o que é se sentir no zoológico? Como se fosse um animal em extinção?

Hermione prendeu o riso. – Foi tão mal assim?

-Ela não me chamou ali para ser exatamente seu professor de feitiços. Entende? - a morena fez uma careta.

-Creio que sim. Mas o que esperava? Estar em Hogsmead para estudar feitiços? – falou rindo-se. – às vezes, você é tão ingênuo, Harry – murmurou observando-o, balançando a cabeça negativamente.

-Talvez sim – respondeu com um sorriso leve. – Não posso fazer nada se nem todas as garotas são como você, minha cara...

-Isso é um elogio?

Harry ponderou. – Não... – retrucou, seus lábios curvando-se em um sorriso. – Mas isso... – disse fitando-a - Sim: – se aproximou perigosamente dela. – Você tem lábios lindos, Srta. Granger – murmurou, desviando os olhos para a boca da garota por um instante que ela achou interminável. – E eu estou realmente tentado... – ele levantou os olhos. –... a mordiscá-los. Será que eles têm o gosto que aparentam ter? - o sorriso maior ainda, quando simplesmente se afastou.

Buscando autocontrole, Hermione baixou a vista, para, rapidamente, levantá-la novamente. Ergueu a sobrancelha de modo arrogante, “Você não deveria brincar assim” pensou.
E para o espanto do rapaz, foi a vez dela de se aproximar. Hermione desviou dos lábios de Harry pouco antes de se encontrarem – Até parece, Senhor Potter, que não conhece o gosto deles – sussurrou em seu ouvido maliciosamente.

Ela não se afastou, esperando que o rapaz o fizesse. Harry sorriu. – Xeque Mate – retrucou deixando-se inebriar pelo perfume dela. – Como sempre, está certa, Mione – Harry se afastou. Seus olhos brincando com os dela.
**
(continua)
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