Briga de Casal



Capítulo 16 – Briga de Casal

Hermione estava atônita no meio do salão comunal. Ela caiu sentada em uma das poltronas antes que percebesse, cruzou os braços, aproximando-os do corpo, repentinamente sentindo frio.
Suspirou profundamente enquanto tentava se acalmar. Ela não deveria se sentir culpada, Harry fora muito grosseiro e sem motivo algum.

-Sim, a culpa é toda sua, Har... – ela parou no momento, ela não queria que Harry soubesse que ela estava falando dele, ou que estava o chamando. – Você é mesmo estúpida, Granger.

“O que você estava pensando?” indagou mentalmente. “Que ele iria dizer que teve vontade de beijá-la? Faça-me o favor” Hermione abaixou os olhos. Ela estava bastante assustada com o rumo de seus pensamentos. Aquilo estava tornando-se mais constante do que poderia desejar, do que sabia ser bom para sua sanidade.

“Será que é pedir demais um pouco de consideração?”

Certamente “consideração” não tinha nada com o caso.
Ela poderia não admitir, mas Harry Potter lhe deixava louca, e não em apenas um dos sentidos conotativos...
A garota poderia odiá-lo, mas passava rápido demais para ser levado em conta... Ela poderia se irritar, mas quando este lhe pedia desculpas... O que mais havia de fazer, a não ser desculpá-lo? Ela sorria com ele, para ele, dele. Ela gostava de estar ao seu lado. Gostava de tocá-lo... decididamente. E, a cada momento, mais facilmente poderia ser magoada por Harry. Não que ele o fizesse querendo. Só... acontecia.

Como agora. Ela só queria que ele dissesse uma frase, uma simples frase, mas ele não o fez. E nem poderia... Besteira seria pensar nisso também.
Por isso ela ignorava. Uma parte sua, uma parte coerente – ou o mais próximo disso. -, sabia que aquilo só lhe traria dor de cabeça. Uma outra, teimosa, até insistia, entretanto, a parte mais racional da garota era muito centrada, ou se considerava assim, para apenas ponderar tudo.
Ela, na verdade, já tinha tudo bem em mente, vários argumentos para Hermione não pular (e afundar) nesse barco de divagação. Sua mente, de certo, havia criado um grande bloqueio com a palavra “sentimento”, evitando usá-la constantemente, para, quem sabe assim, nunca despertar Hermione... Que estava mais ciente do que gostaria. Fato.

“Vontade de beijá-la?” Ainda persistia em sua cabeça. - Por que iria querer que ele falasse um absurdo desses?

“Talvez porque...” Mas Hermione não deixou que sua mente completasse a frase, se levantou determinada. Se Harry queria um fim, ele o teria.

-Porque, além do mais, em nada me afetará. Ainda terei minhas aulas de Dcat – “as malditas aulas” a voz de Harry veio como um sussurro, enquanto subia as escadas.
**

Quando Harry desceu as escadas, naquela manhã da segunda-feira, encontrou Rony que não estava lá essas coisas de animação. Era relativamente cedo, o rapaz não pôde deixar de se surpreender ao encontrar o amigo já de pé.

-Não vamos esperar a M-mione? – ele bocejou vendo Harry se dirigir a passagem.

-Estou com fome. Além do que, ela sabe o caminho não é? – Rony assentiu dando de ombros. – Onde está a Lilá.

-Espero que já esteja no salão principal, ela vai me matar se eu não tiver esperado por ela... – Harry riu.
*

-Bom dia – a garota disse sem levantar os olhos do livro.

-Por Merlim, Hermione – Rony exclamou exasperado, sentando-se ao seu lado. – Como você pode desejar um “bom dia” assim?

A morena ergueu os olhos, eles encontraram-se momentaneamente com os de Harry, para apenas depois estudar Rony. – Do que está falando, Ronald?

Ele fez uma careta. – Apenas que eu mal acordo e você já estava com um livro embutido em seus braços.

-Na verdade, isso não tem nenhuma importância realmente para você. Afinal, você mal toca em um livro – retrucou ironicamente. - E se minha presença te incomoda – ela ergueu a sobrancelha. – Eu sinto muitíssimo lhe informar que isso pouco me importa. E, a propósito, - ela franziu a testa, observando-o com mais cuidado. – Você está péssimo.

-E-eu apenas não tive uma boa noite de sono – falou corando furiosamente.

-Eu posso imaginar – ela contrapôs com um sorriso enviesado, fazendo-o corar ainda mais.

-Parece que as cordialidades acabaram. Finalmente – Harry resmungou enquanto pegava a primeira coisa que via pela frente. Ele realmente achou que poderia estar no salão principal mais cedo que Hermione. Estava enganado.

-Sabe, Rony – Hermione continuou, ignorando o moreno. – Não creio que Lilá ficará muito feliz de ver que você não a esperou...

Rony, que tinha uma torrada a meio caminho da boca, olhou para os lados. – Ah. Droga – murmurou irritado, pondo a torrada no mesmo lugar, não antes de lhe dar uma abocanhada. – Eu preciso ir – sem mais, ele saiu rapidamente do salão.

Isso deixou Harry e Hermione a uma distância de uma pessoa no banco onde estavam. Harry comeu como se nada tivesse acontecido, Hermione se voltou para seu livro, e nenhum dos dois falou mais nada.
Era muito óbvio que estavam magoados um com o outro, mas eles não repararam, ou melhor, não quiseram (se forçaram a não) reparar.

O salão estava começando a encher e Harry e Hermione, vez ou outra, levantavam seus olhos para cumprimentar alguém, logo voltando ao que faziam, isto é, Harry a comer lentamente e Hermione voltava a ler o mais rapidamente possível que sua concentração poderia suprir.
Rony chegou e, desta vez, estava com a namorada. Ele não voltou a sentar-se entre os outros dois e sim, a frente deles, ou quase, ao lado de Lilá. Ambos se entreolharam depois de desejarem “bom dia” para os amigos.

“Que estranho...” pensava Rony olhando para Harry e Hermione simplesmente confuso. Por que ainda estavam afastados? Se perguntava ele. Quer dizer, quando o mesmo (Rony) estava no lugar, eles não puderam estar juntos - “como sempre ficavam por sinal”. – porque ele estava entre os dois. Mas depois que saíra nada os impedia de se aproximar... Mas, ainda assim, o lugar entre eles permanecia vago.
Antes, no entanto, que o ruivo ou Lilá comentasse sobre esse estranho fato, Partavi chegou, desejando bom dia a todos, especialmente para Harry, ao qual deu um beijo demoradamente exagerado no bochecha. Antes que pudesse perceber coerentemente o que fazia, Hermione havia se deslocado para junto de Harry, impedindo que a garota asiática senta-se ao lado do moreno. Harry a olhou por um momento, completamente agradecido. Ela - Hermione -, no entanto, já estava com a atenção em seu livro novamente. Lilá sorriu levemente, ouvindo Parvati reclamar por não ter sido acordada mais cedo.

Vinte minutos depois, as pessoas estavam se dispersando, pelo menos os alunos do sétimo ano. Alguns foram para suas aulas, outros para seus respectivos salões comunais...

-Temos mesmo que ir a aula? – Rony indagou olhando Hermione. Ela deu um muxoxo, pegando seu material.

-‘To indo – ela falou, Rony passou a segui-la derrotado, pelo menos até notar que Harry estava no mesmo lugar.

-Você vai se atrasar, cara. Não que o Binns note alguma coisa... Ma-

-Eu não vou – Hermione virou o rosto para vê-lo, estava brincando certo? – Ainda não sei por que a professora Minerva me manteve nesse curso... Minha nota foi lastimável, não que eu tenha me esforçado, de toda forma – Hermione parecia querer falar algo, mas quando Harry a olhou, quase desafiadoramente, ela apenas lhe deu as costas e retomou sua caminhada.

-Você vem, Ron? – indagou ela.

-Er... deixe-me pensar um pouco mais – Harry riu. A garota virou os olhos, andando. – O que está havendo?

-Do que está falando?

-Você e Hermione. E não negue – falou franzindo a testa. – O que houve?

-Nós discutimos.

-O que? Como? Por que?

-Besteiras – disse virando os olhos.

-Dificilmente vocês discutem por besteiras, Harry. O que você acha que sou?

-Espero que não esteja esperando uma resposta... – disse sarcástico.

Rony bateu no ombro dele. – Tudo bem. Bom, eu vou pra aula – Harry ergueu as sobrancelhas. – Ei! Não me olhe assim! Se vocês estavam brigados, as coisas podem sobrar para mim. Não vou arriscar. Me acompanha?

-Até fora do salão. Quero dar uma olhada na biblioteca.

-Você quem sabe.
**

Antes que Hermione pudesse se dar conta, já estava em plena aula de poções e alguém, que segurou seu ombro, estava sentando-se ao seu lado.
O rosto dela levantou, tirando os olhos de seu material por um momento, sua testa franzida enquanto olhava a volta, a tempo de ver Justino – que estava de pé com o material em mãos olhando para seu lado; se sentar onde, ela tinha certeza, a pouco estava.
E aí que ela percebeu Harry. Na verdade, com a atitude de Justino tivera apenas certeza que se tratava de Harry. Por que, muito antes, quando “alguém” sentava-se ao seu lado, ela sentiu o toque dele. Hermione o ignorou por todo tempo depois disso e ele não fez esforço algum para falar...

Rony sentou-se logo atrás deles e ainda parecia anestesiado com a aula “ultra-entediante” de Binns. Enquanto o professor de poções não chegava, ele simplesmente sentou-se e cochilou.
Harry o cutucou minutos depois, o professor entrava em sala.

-Por favor, montem seus caldeirões – disse sorrindo. Então ele olhou para Harry e Hermione como se eles fossem seu principal objetivo. – Bom dia.

Foi então que Hermione lembrou do convite para a “reuniãozinha” com Slughorn. “Que sorte” pensou irônica.
*

Já em meados da aula, Harry observou que tinha alguma coisa errada no caldeirão de Rony, atrás deles, definitivamente aquela poção não deveria estar tão borbulhante e da cor vermelha. Momentos antes de tudo acontecer, Harry, que estava completamente desconfortável com a poção feita pelo amigo, vez ou outra olhando para trás. E então ele teve certeza absoluta da deficiência da poção quando, de repente, Rony se afastou mais que rápido de seu próprio caldeirão gritando “cuidado”. No instante que Rony corria, o rapaz puxou Hermione para si em um abraço protetor e a encobriu. E então, a coisa toda explodiu.
Com a explosão, ele foi jogado sobre ela no chão, derrubando, por sua vez, seu caldeirão e o de Hermione. E então alguém estava gritando e tudo estava caótico.

-Você está bem? – ela arfou com o rosto entre o pescoço e o ombro dele. Harry enrijeceu e ela soube o porquê. “Parte sensível”. – Desculpe – murmurou tentando afastar o rosto do dele, em vão. – Você está bem? – indagou novamente, mais alto desta vez e sem se importar com arrepio dele. Ela não podia fazer nada se estava presa entre o corpo dele e o chão. Ele não respondeu. – Harry?! Harry, por favor! – ela se exasperou, ainda impossibilitada. As alunas ainda gritavam escandalosas. – Você não pode estar mal! Você está me sentindo – ela retrucou ruborizando.

-Se eu me mexer, isso modo tocar você e não tenho idéia do que seja essa “poção” que o Rony fez. Por sorte, minha capa recebeu todo o impacto disso. Por conseguinte, eu não sei qual reação isso tem na pele.

-Por que você não respondeu, eu pensei que pudesse estar ferido – o moreno se calou novamente.

-Hermione! Hermione, você está bem? – Justino retirou Harry de cima dela bruscamente.

A garota não respondeu ao lufa-lufa, encarou Harry seriamente. - Valeu Justino – Harry disse mordaz. – Dá próxima vez, mais cuidado. Você não quer se ferir... – disse sem expressão. - Com uma poção é claro – continuou. Estranhamente, amedrontar e desencorajar o garoto havia virado um bom passa tempo para Harry.

Justino tentou ignorar Harry e esperou que Hermione se pronunciasse. Ela não o fez, sacou a varinha e limpou a capa de Harry. – Agora pode se mover – o rapaz não deixou de notar o tom pungente dela.

-Obrigado.

-Sr. Potter! Srta. Granger – Slughorn exclamou caminhando rapidamente para eles, empurrando Justino, para estar de fronte para ambos. – Está tudo bem? Ah. Merlim, a culpa foi minha... Vamos à enfermaria.

-Professor, não é necessário. Não se preocupe - Harry respondeu. – Nós estamos bem.

O senhor sorriu. – Eu vi seu ato de coragem. A Srta. Granger deve estar orgulhosa por ter um namorado tão cauteloso.

-Muito orgulhosa – Hermione falou sem emoção alguma.

-Devido a condição atual da sala e dos alunos – ele olhou feio para Rony. – Dou minha aula por encerrada – Rony já estava saindo de fininho quando o professor falou. – E, sr. Weasley, um metro de pergaminho sobre essa poção que o senhor fez e como esta deveria ter ficado.

-Sim professor...
**
(continua)
**

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